O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a conversa entre Trump e Putin abrangeu grande parte dos principais temas mundiais, como o Médio Oriente e o Irão, mas a paz na Ucrânia foi o foco principal.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pôs em causa três anos de política norte-americana em relação à Ucrânia na quarta-feira, ao dizer que ele e o líder russo, Vladimir Putin, tinham concordado em iniciar negociações para terminar a guerra, na sequência da troca de prisioneiros.
Trump disse que ou mais de uma hora ao telefone com Putin e sugeriu que, após as negociações estariam "a caminho da paz". Revelou ainda que, mais tarde, falou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, mas não se comprometeu - ao dizer que a Ucrânia seria um participante igual nas negociações dos EUA com a Rússia.
"Acho que o presidente Putin quer a paz e o presidente Zelenskyy quer a paz e eu quero a paz", disse Trump aos repórteres no Sala Oval. "Eu só quero que pessoas pararem de ser mortas".
Sobre a sua conversa com Putin, Trump disse: "As pessoas não sabiam realmente quais eram os pensamentos do presidente Putin. Mas acho que posso dizer com grande confiança que ele também quer ver o fim do conflito, o que é bom - e vamos trabalhar para o acabar o mais rapidamente possível".
Trump observou que "provavelmente" se encontraria pessoalmente com Putin em breve, sugerindo que isso poderia acontecer na Arábia Saudita.
Trump ao falar com Putin enviou um sinal de que Washington e Moscovo poderiam trabalhar para acabar com os combates na Ucrânia, contornando o governo do país. Esta posição irá contra a istração Biden, que insistiu firmemente que Kiev seria um participante de pleno direito em quaisquer decisões tomadas.
Questionado especificamente sobre o facto de a Ucrânia ser um membro igual no processo de paz, Trump respondeu: "Pergunta interessante. Acho que eles têm de fazer a paz".
O secretário da Defesa, Pete Hegseth, afirmou na sede da NATO, em Bruxelas, que a adesão à NATO não é realista para a Ucrânia.
"Pessoalmente, não acho que seja prático tê-la", disse Trump mais tarde sobre a adesão da Ucrânia à NATO. Trump acrescentou que Hegseth tinha dito que "é improvável ou impraticável. Acho que provavelmente isso é verdade".
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, o governo de Biden juntou-se a outros membros da NATO e jurou que a adesão ucraniana à aliança militar ocidental era "inevitável".
Trump disse, na quarta-feira, sobre a posição da Rússia: "Acho que muito antes do presidente Putin, eles disseram que não permitiriam isso de forma alguma" e acrescentou, "há muito tempo que eles dizem que a Ucrânia não pode entrar na NATO", "e eu estou de acordo com isso".
Zelenskyy procurou adotar uma postura de coragem, ao que muitos ucranianos verão como uma grande deceção. Nas suas redes sociais, o presidente ucraniano disse que teve "uma conversa significativa" com Trump, que incluiu a discussão de "oportunidades para alcançar a paz" e a "prontidão de Kiev para trabalhar em conjunto".
"Estou grato ao presidente Trump", afirmou.