O homem acusado de matar o diretor-executivo da UnitedHealthcare, Brian Thompson, foi acusado por um grande júri de homicídio como "um ato de terrorismo".
Um grande júri de Manhattan acusou formalmente Luigi Mangione, o suspeito de ter assassinado o diretor-executivo da UnitedHealthcare, Brian Thompson, a 4 de dezembro. Mangione foi alvo de uma acusação de homicídio em primeiro grau e de duas acusações de homicídio em segundo grau - uma das quais em que o homicídio é considerado "um ato de terrorismo". O suspeito já tinha sido acusado pelo assassínio, mas a alegação de terrorismo é nova.
A lei de Nova Iorque estipula que uma acusação deste tipo só pode ser feita quando existem provas razoáveis da intenção de "intimidar ou coagir uma população civil, influenciar as políticas de uma unidade de governo através de intimidação ou coação e afetar a conduta de uma unidade de governo através de homicídio, assassinato ou rapto".
Mangione visou e matou Thompson a tiro quando este regressava ao seu hotel em Manhattan, onde estava a realizar uma conferência de investidores. O executivo de 50 anos, que vivia no Minnesota, era o diretor da maior seguradora médica dos Estados Unidos.
"Este foi um assassínio assustador, bem planeado e orientado, que pretendia causar choque, atenção e intimidação. Ocorreu numa das zonas mais movimentadas da nossa cidade, ameaçando a segurança dos residentes locais e dos turistas, dos trabalhadores pendulares e dos empresários que estavam a começar o seu dia", afirmou Alvin Bragg, Procurador Distrital de Manhattan.
Mangione está atualmente detido numa prisão da Pensilvânia, sem direito a fiança, enquanto aguarda a sentença final. Foi detido num McDonald's na Pensilvânia, onde estava na posse de uma arma "fantasma", uma arma não rastreável montada por componentes adquiridos separadamente ou como parte de um kit, e um documento manuscrito de três páginas que, segundo a polícia, mostrava a "motivação e a mentalidade" para o assassínio de Thompson. Pouco depois de ter sido detido pela primeira vez, Mangione foi acusado de homicídio e de quatro outros crimes.
Os investigadores que trabalham no caso acreditam que o motivo de Mangione é a animosidade contra o sector da saúde. O Departamento de Polícia de Nova Iorque afirma que Mangione sofreu uma lesão nas costas em meados de 2023, que exigiu intervenção médica imediata e, subsequentemente, uma cirurgia com parafusos na coluna vertebral.
A polícia de Nova Iorque afirma que Mangione estava na posse de notas escritas à mão que exprimiam "desdém pela América empresarial", em particular pelo sector da saúde.
Autoridades criticam elogios "doentios" do público
Bragg, acompanhado pela comissária do Departamento de Polícia de Nova Iorque, Jessica Tisch, criticou a receção pública positiva de Mangione.
O assassino do diretor-executivo da UnitedHealthcare foi celebrado em várias plataformas das redes sociais pela sua "coragem", "luta contra o sistema" e "bom aspeto".
"Deixem-me ser perfeitamente clara. Nas quase duas semanas que se seguiram ao assassínio do Sr. Thompson, assistimos a uma celebração chocante e terrível de um assassínio a sangue frio. As redes sociais explodiram em elogios a este ataque cobarde. As pessoas colaram cartazes ameaçando outros CEOs com um 'X' sobre a foto do Sr. Thompson, como se ele fosse uma espécie de troféu doentio", disse Tisch na conferência de imprensa conjunta com Bragg.
"Não celebramos os assassínios e não fazemos a apologia do assassínio de ninguém", continuou.
Tisch referiu ainda que qualquer tentativa de racionalizar este assassínio é vil, considerando-a "imprudente e ofensiva" para os princípios de justiça que muitos americanos prezam.
O que sabemos sobre Luigi Mangione
Mangione é oriundo de uma família abastada, frequentou um liceu de elite, só para rapazes, em Baltimore, onde se formou e foi melhor aluno.
Um colega seu do liceu, Freddie Leatherbury, disse à Associated Press sobre Mangione: "Sinceramente, ele tinha tudo a seu favor".
O seu pai, Nick Mangione, era um agente imobiliário de sucesso, conhecido pelo Turf Valley Resort, um retiro de luxo e centro de conferências nos arredores de Baltimore, que adquiriu em 1978. Um dos seus primos é o legislador republicano do estado de Maryland, Nino Mangione.
Mangione licenciou-se e pós-graduou-se em ciências informáticas na Universidade da Pensilvânia, que faz parte da Ivy League, onde aprendeu a programar e ajudou a fundar um clube para pessoas interessadas em jogos.
Desde que se formou, Mangione trabalhou como engenheiro de dados para o site de venda a retalho digital TrueCar e como estagiário para o criador de jogos de vídeo Firaxis.
O que se segue para Mangione?
Mangione tem duas audiências em tribunal marcadas para quinta-feira na Pensilvânia, incluindo uma audiência de extradição, referiu Bragg.
Segundo informações anteriores, Mangione poderá tentar lutar legalmente contra a extradição para Nova Iorque, preferindo cumprir a sua pena na Pensilvânia.
Mas a CNN conseguiu chegar à fala com a advogada de Mangione, Karen Friedman Agnifilo, que desmentiu esses rumores e confirmou que a defesa do suspeito não iria tentar lutar contra a extradição.
Mangione é atualmente acusado de 11 crimes e, se for condenado por todos, o jovem de 26 anos, natural de Maryland, poderá ser condenado a uma pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.