Esta segunda-feira, o Bundestag alemão vai votar uma moção de confiança. A Euronews resumiu o que é exatamente e o que acontece depois.
Hoje é o dia: o Bundestag vai votar a moção de confiança que o chanceler Olaf Scholz apresentou ao presidente do Bundestag, Bärbel Bas, no dia 11 de dezembro. Depois do colapso da coligação "semáforo" e de Scholz governar com um executivo minoritário constituído pelo SPD e pelos Verdes, o chanceler tinha prometido convocar uma moção de confiança.
O que é a moção de confiança?
É um meio político através do qual o chanceler federal pode verificar se o Bundestag confia nele e na sua política - ou não. Foi introduzido na Lei Fundamental da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial para garantir que o chanceler não pudesse dissolver o Bundestag por conta própria. Até à data, a moção de confiança foi convocada cinco vezes na história da República Federal da Alemanha. A última vez foi há quase 20 anos, pelo antigo chanceler do SPD, Gerhard Schröder.
A moção de confiança está regulamentada no artigo 68º da Lei Fundamental, que estipula que deve ser recebida pelo menos 48 horas antes da votação. Scholz cumpriu este prazo ao apresentar a sua moção na ada quarta-feira.
Esta segunda-feira, Scholz justificará a sua moção num breve discurso perante o Bundestag. A moção será decidida através de uma votação nominal. É expetável que Scholz perca a votação, ou seja, que a maioria do Bundestag deixe de ter confiança nele e no seu governo.
O SPD de Scholz tem atualmente 207 lugares no Bundestag. O outro partido da coligação, a Aliança 90/Os Verdes, tem 117 lugares. No total, os deputados dos dois partidos não atingiriam, portanto, a maioria de 367. Para além disso, alguns deputados dos Verdes já anunciaram que se vão abster.
O que acontece depois da moção de confiança?
Se Scholz perder a moção de confiança, como previsto, proporá então ao presidente Frank-Walter Steinmeier a dissolução do parlamento. Steinmeier pode decidir se dissolve ou não o Bundestag. No entanto, o presidente já indicou num discurso em novembro que o Bundestag seria dissolvido.
Segundo a imprensa alemã, ainda não se sabe quando é que Steinmeier vai tomar a sua decisão. Na sequência de um pedido de dissolução, Steinmeier tem de dissolver o Bundestag no prazo de 21 dias. Em seguida, devem ser realizadas novas eleições no prazo de 60 dias, como estipulado no artigo 39 da Constituição. A data das novas eleições já foi fixada para 23 de fevereiro de 2025. Para cumprir este prazo, os media alemães esperam que Steinmeier dissolva o Bundestag após as férias de Natal, a 27 de dezembro.
Com a perspetiva de novas eleições, a campanha eleitoral arrancará verdadeiramente após a moção de confiança. Os projetos de programas eleitorais dos partidos já estão disponíveis e o SPD, o FDP e a CDU/CSU tencionam adotar e publicar os seus programas na terça-feira.
Nas sondagens atuais, a CDU/CSU está muito à frente do SPD de Olaf Scholz. De acordo com o professor de política Hajo Funke, o FDP é o maior perdedor da moção de confiança: "O SPD e os Verdes parecem estar a beneficiar do fim da coligação e o líder do SPD, Olaf Scholz, sente-se libertado com a dissolução da coligação".
Em relação à campanha eleitoral, Funke diz: "As três questões centrais - gestão da crise económica, justiça social e guerra/paz - vão dominar a campanha eleitoral".
Poucas horas depois de Donald Trump ter sido oficialmente eleito presidente dos EUA pela segunda vez, o governo alemão entrou em colapso. Scholz demitiu o ministro das Finanças, Christian Lindner. A conferência de imprensa que se seguiu foi, surpreendentemente para a população, marcada pela emoção. Desde então, o chanceler Scholz tem governado com um governo minoritário composto pelo seu SPD e pelos Verdes.