{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2024/12/10/politica-de-exterminio-como-era-a-maior-prisao-da-ditadura-dos-assad" }, "headline": "\u0022Pol\u00edtica de exterm\u00ednio\u0022: como era a maior pris\u00e3o da ditadura dos Assad", "description": "H\u00e1 relatos de tortura, viola\u00e7\u00f5es, enforcamentos, corpos queimados e esmagados em prensas. A Amnistia Internacional chamou-lhe um \u0022matadouro humano\u0022.", "articleBody": "Quando o regime de Bashar Al-Assad caiu, no domingo, em apenas 11 dias, houve cenas de j\u00fabilo no centro de Damasco e um pouco por toda a S\u00edria, mas para os familiares dos presos os festejos n\u00e3o eram a prioridade. 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Celas subterr\u00e2neas?\u201cH\u00e1 centenas, talvez milhares, de prisioneiros detidos em dois ou tr\u00eas andares subterr\u00e2neos, atr\u00e1s de fechaduras eletr\u00f3nicas\u201d, alerta Charles Lister, do Middle East Institute.A SP afirmou que as alega\u00e7\u00f5es sobre os detidos presos no subsolo eram \u201cinfundadas\u201d e \u201cinexatas\u201d, sublinhando num comunicado que o edif\u00edcio estava vazio e que n\u00e3o havia \u201cqualquer ind\u00edcio de prisioneiros no subsolo\u201d.O regime de Assad negou sempre as acusa\u00e7\u00f5es feitas pelas organiza\u00e7\u00f5es internacionais, considerando-as \u201cinfundadas\u201d e \u201cdesprovidas de verdade\u201d.Raed Saleh, que dirige os Capacetes Brancos, descreveu a pris\u00e3o como um \u201cinferno\u201d e disse que foram libertados 20 a 25 mil prisioneiros de Saydnaya na segunda-feira, acrescentando que os socorristas viram corpos em fornos. Entre as pessoas libertadas de Saydnaya contam-se dezenas de mulheres e crian\u00e7as, como atesta um v\u00eddeo verificado pelo jornal The Guardian. Alguns sobreviventes revelaram a este jornal brit\u00e2nico que foram sujeitos a todo o tipo de sev\u00edcias, incluindo viola\u00e7\u00f5es e choques el\u00e9ctricos. Muitos ter\u00e3o sido torturados at\u00e9 \u00e0 morte.Encontrado corpo de Mazen al-HamadaO corpo do ativista s\u00edrio Mazen al-Hamada foi encontrado na morgue do Hospital Harasta, que est\u00e1 ligado \u00e0 pris\u00e3o de Saydnaya. A BBC noticiou que, na segunda-feira, imagens e v\u00eddeos mostravam corpos envoltos em mortalhas brancas manchadas de sangue, empilhados numa c\u00e2mara frigor\u00edfica do hospital. Muitos dos cad\u00e1veres apresentavam feridas e contus\u00f5es no rosto e na parte superior do tronco. O corpo do ativista tamb\u00e9m teria sinais vis\u00edveis de tortura. 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"Política de extermínio": como era a maior prisão da ditadura dos Assad

Homem tenta entrar numa cela da prisão de Saydnaya, nos arredores de Damasco, na Síria
Homem tenta entrar numa cela da prisão de Saydnaya, nos arredores de Damasco, na Síria Direitos de autor Hussein Malla/AP
Direitos de autor Hussein Malla/AP
De João Azevedo
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Há relatos de tortura, violações, enforcamentos, corpos queimados e esmagados em prensas. A Amnistia Internacional chamou-lhe um "matadouro humano".

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Quando o regime de Bashar Al-Assad caiu, no domingo, em apenas 11 dias, houve cenas de júbilo no centro de Damasco e um pouco por toda a Síria, mas para os familiares dos presos os festejos não eram a prioridade.

Enquanto se celebrava a queda de cinco décadas de ditadura da família Assad na Síria - primeiro com o pai Hafez e, depois, com o filho Bashar - milhares de pessoas dirigiram-se à maior prisão política do regime, a mais secreta de todas, nos arredores da capital, para tentar saber o que tinha acontecido aos entes queridos que não viam há anos, em alguns casos há décadas.

Os rebeldes libertaram os presos políticos que sobreviveram na cadeia e, ajudados por outros civis, usaram escavadoras para perfurar o solo e tentar encontrar mais reclusos em possíveis celas subterrâneas.

As equipas da Defesa Civil Síria, conhecidas como Capacetes Brancos, estão a trabalhar para aceder aos alegados compartimentos no subsolo, onde se acredita que dezenas de milhares de pessoas estejam detidas.

Segundo a Associação dos Detidos e Desaparecidos da Prisão de Saydnaya (SP), todos os presos tinham sido libertados ao fim da tarde da última segunda-feira.

Corpos esmagados em prensa

A prisão de Saydnaya foi qualificada num relatório de 2017 da Amnistia Internacional como um “matadouro humano” - milhares de pessoas terão sido detidas, torturadas e executadas neste estabelecimento prisional desde o início da guerra civil síria em 2011.

Numa das salas, os corpos dos presos eram esmagados numa prensa, contaram os rebeldes a uma equipa de reportagem da CNN Brasil que entrou no local.

Depois do esmagamento, segundo relatos dos rebeldes, o que sobrava dos cadáveres era dissolvido em ácido.

A Amnistia Internacional denuncia “uma verdadeira política de extermínio” em Saydnaya. Entre 2011 e 2015, 13 mil pessoas foram enforcadas nesta prisão, de acordo com a Amnistia Internacional - várias dezenas de execuções por enforcamento foram ali consumadas todas as semanas, geralmente à noite e fora de vista.

Um homem mostra duas cordas encontradas na prisão de Saydnaya, a norte de Damasco, na Síria, segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
Um homem mostra duas cordas encontradas na prisão de Saydnaya, a norte de Damasco, na Síria, segunda-feira, 9 de dezembro de 2024Hussein Malla/Copyright 2024 The AP. All right reserved

Estabelecida no início da década de 1980 numa pequena localidade, cerca de 30 quilómetros a norte da capital Damasco, Saydnaya é o local onde a família Assad manteve os opositores do regime.

O local foi durante décadas istrado pela polícia militar síria e pelos serviços secretos militares. Os primeiros detidos chegaram às instalações de 1,4 quilómetros quadrados em 1987, ou seja, 16 anos após o início do governo de Hafez al-Assad.

Um antigo oficial disse à Amnistia Internacional que, a partir de 2011, Saydnaya ou a ser a "principal prisão política da Síria".

Mais de 30 mil detidos foram executados ou morreram devido a tortura, falta de cuidados médicos ou fome entre 2011 e 2018, segundo as estimativas de alguns grupos de defesa de direitos humanos. Os poucos reclusos que iam sendo libertados adiantaram que pelo menos mais 500 detidos foram executados entre 2018 e 2021, afirmou em 2022 a SP.

Casa de horrores

A disposição de Saydnaya tem sido um segredo bem guardado e nunca antes tinham sido vistas imagens do interior da prisão.

O complexo prisional é composto por dois grandes espaços de detenção, capazes de acolher entre 10 a 20 mil pessoas. O Edifício Branco foi, segundo ativistas dos direitos humanos, construído principalmente para deter oficiais militares e tropas suspeitas de traição ao regime.

A prisão principal situa-se no Edifício Vermelho, destinado aos opositores do regime, que acolheu inicialmente os suspeitos de pertencerem a grupos islamistas. Esta ala caracterizava-se pela sua forma em Y, com três corredores que se estendiam a partir de um núcleo central.

Vista aérea da prisão de Saydnaya, a norte de Damasco, na Síria, segunda-feira, 9 de dezembro de 2024.
Vista aérea da prisão de Saydnaya, a norte de Damasco, na Síria, segunda-feira, 9 de dezembro de 2024.Ghaith Alsayed/Copyright 2024 The AP. All right reserved

Aymeric Elluin, da Amnistia Internacional França, revela que as execuções ocorriam geralmente às segundas e quartas-feiras. Os "enforcamentos em massa" aconteciam na cave do Edifício Vermelho, "após julgamentos fictícios que não duravam mais de três minutos". "As vítimas eram espancadas, enforcadas e eliminadas em segredo”, avança Elluin, citado pela 24.

Além das execuções e da tortura, a prisão de Saydnaya ficou marcada por desaparecimentos forçados. A ONU estima que, desde 2011, mais de 100 mil sírios desapareceram em todo o país. Suspeita-se que muitos deles tenham estado detidos em Saydnaya em algum momento.

Celas subterrâneas?

“Há centenas, talvez milhares, de prisioneiros detidos em dois ou três andares subterrâneos, atrás de fechaduras eletrónicas”, alerta Charles Lister, do Middle East Institute.

A SP afirmou que as alegações sobre os detidos presos no subsolo eram “infundadas” e “inexatas”, sublinhando num comunicado que o edifício estava vazio e que não havia “qualquer indício de prisioneiros no subsolo”.

O regime de Assad negou sempre as acusações feitas pelas organizações internacionais, considerando-as “infundadas” e “desprovidas de verdade”.

Raed Saleh, que dirige os Capacetes Brancos, descreveu a prisão como um “inferno” e disse que foram libertados 20 a 25 mil prisioneiros de Saydnaya na segunda-feira, acrescentando que os socorristas viram corpos em fornos.

Entre as pessoas libertadas de Saydnaya contam-se dezenas de mulheres e crianças, como atesta um vídeo verificado pelo jornal The Guardian. Alguns sobreviventes revelaram a este jornal britânico que foram sujeitos a todo o tipo de sevícias, incluindo violações e choques eléctricos. Muitos terão sido torturados até à morte.

Uma mulher olha para uma sala da prisão de Saydnaya, a norte de Damasco, na Síria, segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
Uma mulher olha para uma sala da prisão de Saydnaya, a norte de Damasco, na Síria, segunda-feira, 9 de dezembro de 2024Hussein Malla/Copyright 2024 The AP. All right reserved

Encontrado corpo de Mazen al-Hamada

O corpo do ativista sírio Mazen al-Hamada foi encontrado na morgue do Hospital Harasta, que está ligado à prisão de Saydnaya. A BBC noticiou que, na segunda-feira, imagens e vídeos mostravam corpos envoltos em mortalhas brancas manchadas de sangue, empilhados numa câmara frigorífica do hospital.

Muitos dos cadáveres apresentavam feridas e contusões no rosto e na parte superior do tronco. O corpo do ativista também teria sinais visíveis de tortura.

Mazen al-Hamada, um dos mais proeminentes ativistas da Síria e crítico acérrimo da ditadura, ou anos no estrangeiro a chamar a atenção para as atrocidades cometidas pelo regime de Assad. Nas várias apresentações que fez, contou os abusos físicos e psicológicos sofridos na prisão de Saydnaya, onde esteve detido durante mais de um ano e meio.

Depois de ter conseguido asilo nos Países Baixos, Hamada surpreendeu todos quando decidiu regressar a Damasco no início de 2020.

Sakir Khader, um artista plástico palestiniano que vivia perto de Hamada nos Países Baixos, acusa o governo neerlandês de ser “corresponsável” pela morte do ativista.

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