Presidente norte-americano terá autorizado a Ucrânia a atacar o interior da Rússia com mísseis de longo alcance. Rússia já tinha avisado para o perigo de escalada na guerra caso EUA supendessem a proibição.
O presidente Joe Biden terá autorizado, pela primeira vez, a utilização pela Ucrânia de mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia, segundo avançam vários orgãos de comunicação, nomeadamente a Associated Press, que cita fontes ligadas ao tema. A informação também é avançada pela agência Reuters e pelo jornal The New York Times.
A decisão, se confirmada, representa uma importante mudança na política dos EUA e ocorre no momento em que Biden está prestes a deixar o cargo para dar lugar ao presidente eleito, Donald Trump, que prometeu limitar o apoio americano à Ucrânia e acabar com a guerra o mais rápido possível.
As armas serão, provavelmente, usadas em resposta à decisão da Coreia do Norte de enviar milhares de tropas para a Rússia em apoio à invasão da Ucrânia, segundo explica a AP, que dá conta de que as fontes citadas falaram sob condição de anonimato.
A decisão representa uma mudança importante em tudo o que foi estabelecido até ao momento. Apesar dos repetidos apelos de Volodymyr Zelenskyy, os países ocidentais, nomeadamente os EUA, que fornecem este tipo de armas à Ucrânica, sempre impediram a sua utilização para atacar o interior do território russo.
Alguns apoiantes argumentaram que esta e outras restrições dos EUA poderiam custar à Ucrânia a guerra.
O debate tornou-se uma fonte de desacordo entre os aliados da Ucrânia na NATO.
Biden manteve-se contra, determinado a manter a linha contra qualquer escalada que, na sua opinião, poderia levar os EUA e outros membros da NATO a um conflito direto com a Rússia, algo que parece ter mudado.
O Kremlim advertiu várias vezes que ceder à vontade dos ucranianos significaria uma escalada no conflito. Os primeiros ataques poderão começar brevemente com o lançamento de mísseis com um alcance superior a 300 quilómetros.
A alegada decisão de Joe Biden, que a Casa Branca recusou comentar, acontece no mesmo dia em que a Ucrânia foi visada por vários lançamentos de mísseis russos que danificaram uma importante infraestrutura de energia do país.
Coreia do Norte entra no conflito
A Coreia do Norte enviou milhares de tropas para a Rússia para ajudar Moscovo a tentar recuperar o território da região de Kursk que a Ucrânia tomou este ano.
A introdução de tropas norte-coreanas no conflito surge no momento em que Moscovo assiste a uma mudança de rumo favorável.
De acordo com as avaliações dos EUA, da Coreia do Sul e da Ucrânia, foram enviados para a Rússia cerca de 12.000 soldados norte-coreanos.
Os serviços secretos americanos e sul-coreanos afirmam que a Coreia do Norte também forneceu à Rússia quantidades significativas de munições para reabastecer as suas reservas de armas cada vez mais reduzidas.
O presidente eleito Trump deu a entender que poderia pressionar a Ucrânia a aceitar entregar algumas terras apreendidas pela Rússia para pôr fim ao conflito.
Trump, que assume o cargo em janeiro, falou durante meses, enquanto candidato, sobre o desejo de que a guerra da Rússia na Ucrânia terminasse, mas na maioria das vezes esquivou-se a perguntas sobre se queria que a Ucrânia, aliada dos EUA, ganhasse.
Também criticou repetidamente a istração Biden por ter dado a Kiev dezenas de milhares de milhões de dólares em ajuda.
A sua vitória eleitoral preocupa os apoiantes internacionais da Ucrânia, que receiam que qualquer acordo apressado beneficie sobretudo Putin.
Desconhece-se ainda a posição de Donald Trump sobre os mais recentes desenvolvimentos.