Guido Crosetto reiterou a firme condenação de Roma em relação aos ataques do exército israelita às bases da missão de paz da ONU no Líbano.
"Estamos e continuamos no Líbano. O direito internacional deve ser respeitado por todos, incluindo Israel. Se Telavive tem queixas a fazer, faça-as na ONU, não pedindo-nos para nos mudarmos. Estamos lá para defender a paz, com base numa decisão tomada pela ONU e assinada por todos os países, incluindo o Líbano e Israel. Portanto, não nos vamos mexer".
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, reiterou assim a posição da Itália de firme condenação não só dos ataques às estruturas da missão de manutenção de paz da ONU (UNIFIL), que foram novamente atingidas pelo exército israelita, mas também dos pedidos vindos do próprio comando do Estado judaico.
"Aplicar integralmente a resolução 1701 das Nações Unidas".
Em declarações feitas no Kosovo, onde está a visitar as tropas italianas, Crosetto reiterou que os soldados da missão da UNIFIL não vão abandonar a zona tampão entre Israel e o Líbano. O ministro sublinhou que "esse território não está sob controlo libanês, mas é concedido pela ONU".
Quanto aos ataques, o membro do Governo de Georgia Meloni disse estar "zangado, por não compreender as razões militares dos disparos", sublinhando que Itália está à espera de explicações oficiais.
No entanto, a questão das regras de empenhamento continua em aberto, ou seja, a forma como os capacetes azuis no terreno devem reagir em caso de novos ataques. Sobre esta questão, Crosetto reiterou uma posição já adotada pelo governo italiano, nomeadamente o pedido de "aplicação da resolução 1701 da ONU".
"Na Cisjordânia, apenas em segurança e para construir a solução de dois Estados".
Já no dia 1 de outubro, o Ministério da Defesa de Itália tinha, de facto, reiterado que "seria necessário aplicar efetiva e imediatamente a resolução, que prevê uma faixa de território a sul do (rio) Litani e a norte da Linha Azul, na qual só estão presentes as armas das Forças Armadas libanesas e da UNIFIL, modificando também as regras de empenhamento que não deram os frutos desejados". A questão vai ser discutida nas Nações Unidas na próxima semana.
Quanto a uma eventual missão na Cisjordânia, o ministro explicou que a questão está a ser avaliada, mas avisou que Itália não ia enviar "uma única pessoa sem verificar previamente as condições de segurança".
Além disso defende que esta missão "deve ser efetuada com o acordo de todas as partes". Crosetto especificou ainda que "todos devem saber que os Carabinieri (polícia militarizada italiana) vão estar lá para lançar as bases de um futuro com dois povos e dois Estados".
Crosetto telefonou ao presidente da Ucei, Noemi Di Segni
Entretanto, numa mensagem publicada na rede social X, o ministro fez saber que tinha telefonado à presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Noemi Di Segni.
"Agradeci-lhe as suas palavras de proximidade aos militares italianos e à missão da UNIFIL no Líbano, mas também as suas palavras de gratidão ao Governo italiano pelo empenho na segurança dos seus cidadãos em Itália e no estrangeiro", escreveu Guido Crosetto.
Crosetto disse ainda que, durante o telefonema, assegurou a "firme e muito forte condenação do que aconteceu contra o contingente da UNIFIL no Líbano nunca vai ser separada da ação constante da minha parte, da Defesa e de todo o Governo contra qualquer ressurgimento do antissemitismo, de forma óbvia ou sub-reptícia."