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Papa Francisco viaja ao "coração da Europa" em pleno escândalo de abusos

O Papa Francisco no Luxemburgo com o arcebispo local, Cardeal Jean-Claude Hollerich, na quinta-feira, 26 de setembro de 2024
O Papa Francisco no Luxemburgo com o arcebispo local, Cardeal Jean-Claude Hollerich, na quinta-feira, 26 de setembro de 2024 Direitos de autor AP/Omar Havana
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De Alessio Dell'Anna
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Durante a sua estada na Bélgica, o Papa Francisco terá de enfrentar uma reação negativa das autoridades eclesiásticas locais face aos escândalos de abuso de menores. O Vaticano espera que a visita ajude a UE a "reencontrar as suas raízes".

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Depois de visitar o Luxemburgo, o Papa Francisco chegou à Bélgica para uma viagem de quatro dias que terminará em Bruxelas no domingo, na sua 46ª viagem apostólica ao estrangeiro.

A visita - celebrada com o lema "Em caminho, com esperança" - é a primeira de um pontífice ao país desde a viagem do Papa João Paulo II em 1985.

Desta vez, o ambiente é muito mais sombrio.

Durante a visita, o Papa Francisco deverá discutir três das suas prioridades: paz, migração e clima. No entanto, toda a gente parece estar concentrada em assuntos completamente diferentes.

Onde é que o Papa vai fazer escala na Bélgica?

O Papa inicia o périplo pela Bélgica na sexta-feira, quando cumprimentar o Rei Filipe I da Bélgica no Castelo de Laeken, a residência oficial da realeza belga, a norte de Bruxelas.

Mais tarde, deslocar-se-á à Universidade Católica de Lovaina (KU Leuven) para celebrar o 600º aniversário da instituição.

Os preparativos decorreram a todo o vapor, disse o porta-voz da universidade, Emmanuel Rottey, à Euronews, acrescentando, no entanto, que "a vida continua normalmente".

"Na sexta-feira de manhã, vai continuar a realizar-se o mercado semanal no centro da cidade, nos mesmos locais onde, algumas horas mais tarde, o Papa vai saudar as pessoas", disse Rottey.

No sábado, o Papa Francisco visitará a Basilique du Sacré-Coeur, em Bruxelas, a sexta maior igreja do mundo, para um encontro com bispos, padres e freiras, bem como com refugiados.

No domingo, o Papa celebrará uma missa no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, onde fará a homilia do Angelus e beatificará a freira carmelita Ana de Jesus, do século XVI.

Abuso de crianças na igreja belga: O que é que o Papa vai dizer?

Juntamente com a França, o Reino Unido e a Irlanda, a Bélgica foi atingida por um dos piores escândalos de abusos na história recente da Igreja.

No sábado, Francisco vai encontrar-se com 15 sobreviventes num local não revelado, que alegadamente lhe entregarão uma carta aberta. Durante o ano ado, o parlamento belga tem estado a "investigar" testemunhos que recordam histórias de violência por parte de padres predadores.

O porta-voz do Vaticano, Nicola Bruni, reconheceu, numa rara apresentação, que o Papa Francisco irá certamente abordar o historial de abusos na Bélgica.

O esforço de reforma do pontífice também tem como objetivo aliviar a praga do abuso de menores na Igreja. Os bispos belgas afirmam que deve haver tolerância zero e que qualquer clérigo que tente encobrir histórias de abusos deve ser destituído do cargo.

O pontífice criou uma plataforma digital global para os católicos denunciarem suspeitas de abusos ou encobrimentos por parte dos bispos, bem como instituiu a Pontificia commissio pro tutela minorum, a primeira comissão papal de alto nível a ocupar-se dos abusos do clero.

Mas alguns ativistas dizem que as medidas só são boas "no papel" e não estão a ser implementadas eficazmente.

Porque é que os católicos ultraconservadores estão zangados com o Papa?

O Papa regressou recentemente de uma viagem a quatro países do sul da Ásia - Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura - onde falou sobre a liberdade religiosa em termos radicalmente libertários, em comparação com os seus antecessores.

Em Singapura, um país que alberga pelo menos cinco fés diferentes, afirmou que "todas as religiões são um caminho para Deus".

"São como línguas diferentes para chegar a Deus, mas Deus é Deus para todos".

A declaração foi considerada por alguns como "inaceitável".

"O discurso do Papa é enganador, no sentido em que as pessoas que não são cristãs não precisam de se converter para seguir o caminho que Deus deu ao mundo", afirmou o Padre Gerald Murray, da Arquidiocese de Nova Iorque.

Esta não é a primeira vez que as palavras do Papa sobre a liberdade de escolha e a diversidade causam polémica. As suas posições de tolerância em relação à comunidade LGBTQ+ foram também mal recebidas por algumas franjas da Igreja Católica, que são hostis às tentativas de reforma do Papa Francisco.

Uma tentativa de reavivar os "valores fundamentais" da Europa?

Por sua vez, os principais clérigos do Vaticano esperam que a visita ao país que mais personifica as instituições europeias ajude a reavivar as raízes cristãs do continente.

Numa entrevista publicada na quarta-feira pelo Vatican News, o Secretário de Estado da Santa Sé, Pietro Parolin, acusou subtilmente a UE de se ter afastado da sua "tradição judaico-cristã" desde a sua fundação, "provocando assim uma certa confusão" que não ajuda à criação de uma identidade europeia.

"A Europa precisa muito de redescobrir as suas raízes", afirmou, "se pretende ser uma voz que se faça ouvir e que tenha autoridade no mundo atual".

No entanto, não foi anunciado qualquer encontro oficial entre o Papa e os diplomatas da UE para esta viagem.

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