O exército israelita afirma estar a levar a cabo nova vaga de ataques de larga escala no sul do Líbano e na zona do vale de Beca. Ofensiva vem depois de ter sido intercetado um missíl libanês que tinha a sede da Mossad como alvo.
As tensões entre Israel e o grupo Hezbollah estão a intensificar-se, com as forças israelitas a anunciarem esta quarta-feira que estão a conduzir um ataque de larga escala contra o sul do Líbano e na área do vale de Beca, depois de o Hezbollah ter lançado um missíl contra sede da Mossad.
O Ministério da Saúde libanês já contabilizou a morte de dez pessoas nas últimas horas.
Na terça-feira, Israel matou um dos principais comandantes do Hezbollah no âmbito de uma campanha de bombardeamento de dois dias que causou a morte de mais de 560 pessoas no Líbano e levou milhares no sul do país a procurarem refúgio, para escaparem ao conflito que se está a agravar.
Com as duas partes à beira da guerra total, o Hezbollah lançou dezenas de rockets contra Israel, incluindo um projétil de longo alcance que fez disparar as sirenes de alerta para ataques aéreos em Telavive e também no centro do território israelita. Foi o ataque mais distante conduzido pelo grupo em quase um ano de troca de fogo. Israel afirmou ter intercetado o projétil e não houve relatos de vítimas ou danos.
O Hezbollah precisou ter disparado um míssil balístico contra o quartel-general da agência de informação israelita Mossad que, segundo o grupo libanês, é responsável pelo homicídio dos seus principais dirigentes. Já Israel afirmou ter atingido o local de onde o míssil foi lançado, no sul do Líbano.
Retaliação pela morte de Kobeisi
Na terça-feira, as forças israelitas revelaram que um ataque em Beirute matara Ibrahim Kobeisi, que garantem tratar-se de um dos principais comandantes do Hezbollah na unidade de mísseis e rockets do grupo. Segundo as autoridades militares, Kobeisi era responsável pelos lançamentos contra Israel e planeou um ataque em 2000, no qual três soldados israelitas foram raptados e mortos. O Hezbollah confirmou entretanto a morte de Kobeisi.
Foi o último de uma série de assassínios e reveses para o Hezbollah, o mais forte ator político e militar do Líbano, amplamente considerado a principal força paramilitar do mundo árabe.
Israel declarou na terça-feira que os seus caças conduziram “ataques extensos” contra as armas e os lança-rockets do Hezbollah no sul do Líbano e na região de Beca, a norte.
Questionado sobre a duração das operações israelitas no Líbano, o porta-voz militar israelita, contra-almirante Daniel Hagari, disse em conferência de imprensa que o objetivo é mantê-las "tão curtas quanto possível, e é por isso que estamos a atacar com grande força. Ao mesmo tempo, temos de estar preparados para que o processo se prolongue".
Famílias que fugiram do Sul do Líbano, a área onde Israel tem conduzido o maior número de ataques, afluíram a Beirute e à cidade costeira de Sidon, dormindo em escolas transformadas em abrigos, bem como em automóveis, parques e junto à praia. Alguns tentaram abandonar o país, o que provocou engarrafamentos na fronteira com a Síria.
As tensões entre Israel e o grupo militante libanês Hezbollah têm vindo a agravar-se nos últimos 11 meses. O Hezbollah tem disparado rockets, mísseis e drones contra o norte de Israel, em solidariedade com os palestinianos em Gaza e com o seu aliado Hamas, grupo militante apoiado pelo Irão.
Israel tem respondido com ataques aéreos cada vez mais pesados e com o homicídio de comandantes do Hezbollah, ameaçando com uma operação mais alargada.
Conselho de Segurança da ONU reúne-se de emergência
O Conselho de Segurança da ONU agendou para esta quarta-feira uma reunião de emergência sobre o Líbano, a pedido de França.
O Ministério da Saúde libanês afirmou que, desde segunda-feira, pelo menos 564 pessoas foram mortas em ataques israelitas, incluindo 50 crianças e 94 mulheres, e que mais de 1800 ficaram feridas.
Israel diz ter como alvos no Líbano os locais onde o Hezbollah tenha armazenado armas. Dados de satélites americanos de monitorizção de incêndios, analisados na terça-feira pela AP, mostraram uma vasta gama de ataques aéreos israelitas dirigidos ao sul do Líbano, cobrindo uma área de mais de 1.700 quilómetros quadrados.