{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2024/06/27/bolivia-recupera-do-golpe-falhado-e-aparente-calma-retorna-a-la-paz" }, "headline": "Detidas mais 17 pessoas na Bol\u00edvia ap\u00f3s tentativa de golpe de Estado", "description": "Soldados sa\u00edram \u00e0 rua e chegaram mesmo a entrar no pal\u00e1cio presidencial, antes de desmobilizarem. General que liderou tentativa de golpe alegou que a\u00e7\u00e3o foi combinada com o Presidente, mas pode ser condenado a 20 anos de pris\u00e3o.", "articleBody": "O governo da Bol\u00edvia anunciou esta tarde a deten\u00e7\u00e3o de mais 17 pessoas pelo alegado envolvimento na tentativa de golpe que abalou o pa\u00eds sul-americano na quarta-feira. 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Detidas mais 17 pessoas na Bolívia após tentativa de golpe de Estado

O Presidente da Bolívia Luis Arce pediu que a população se mobilizasse em defesa da democracia
O Presidente da Bolívia Luis Arce pediu que a população se mobilizasse em defesa da democracia Direitos de autor Juan Karita/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
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Soldados saíram à rua e chegaram mesmo a entrar no palácio presidencial, antes de desmobilizarem. General que liderou tentativa de golpe alegou que ação foi combinada com o Presidente, mas pode ser condenado a 20 anos de prisão.

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O governo da Bolívia anunciou esta tarde a detenção de mais 17 pessoas pelo alegado envolvimento na tentativa de golpe que abalou o país sul-americano na quarta-feira.

O gabinete do ministro Eduardo del Castillo não avançou com detalhes sobre os detidos, mas identificou Aníbal Aguilar Gómez, um civil, como o "cérebro" do golpe frustrado liderado pelo chefe do exército do país, o Gen. Juan José Zúñiga.

Zúñiga e o ex-vice da marinha o Almirante Juan Arnez Salvador, acusados de conspirarem contra o governo, foram detidos na quarta-feira.

A calma retornou à capital da Bolívia na quinta-feira depois de um grupo de tropas liderado por um general de topo ter invadido o palácio presidencial.

A nação de 12 milhões de pessoas assistiu em choque, na quarta-feira, as forças militares bolivianas unirem-se contra o governo do presidente Luis Arce, tomando o controlo da praça principal da capital com veículos blindados.

O chefe do exército do país, o Gen. Juan José Zúñiga, dirigiu-se a um grupo de jornalistas, prometendo "restaurar a democracia", substituir o executivo e libertar os presos políticos.

Quando os líderes da oposição condenaram a aparente tentativa de golpe, ficou claro que o golpe não tinha apoio político significativo.

Arce recusou-se a ceder e nomeou um novo comandante do exército, que imediatamente ordenou que as tropas se retirassem, terminando a rebelião ao fim de apenas três horas. Centenas de apoiantes de Arce correram para a praça no exterior do palácio, agitando bandeiras bolivianas e cantando o hino nacional.

"Aqui estamos, firmes, no palácio presidencial, para enfrentar qualquer tentativa de golpe", declarou Arce, pedindo aos bolivianos que se mobilizassem em defesa da democracia.

Zúñiga foi rapidamente detido enquanto os seus soldados se retiravam do centro de La Paz.

"O objetivo era derrubar a autoridade democraticamente eleita", denunciou o ministro do governo, Eduardo del Castillo, em declarações aos jornalistas, confirmando as detenções de Zúñiga e a do ex-vice da marinha, o Almirante Juan Arnez Salvador.

A rebelião de curta duração segue-se a meses de tensões crescentes entre Arce e o seu antigo aliado, o ex-presidente Evo Morales. O primeiro presidente indígena da Bolívia, Morales, continua a ser uma figura proeminente de esquerda na política nacional, mesmo anos após os grandes protestos que o levaram a renunciar e a fugir em 2019.

Desde que voltou do exílio, Morales encenou um retorno político. Ameaçando desafiar Arce em 2025 nas primárias, Morales provocou uma rutura sem precedentes no partido socialista que está no poder.

A disputa paralisou os esforços para resolver a crise económica no país, com as reservas de moeda estrangeira do país em queda, as exportações de gás natural em declínio e a moeda do país a entrar em colapso.

Enquanto a polícia de choque estabelecia bloqueios fora do palácio presidencial, os bolivianos - mais que habituados a conflitos políticos num país que testemunhou cerca de 190 golpes desde a independência, há 200 anos, - correram às caixas de multibanco, formaram longas filas em postos de gasolina e esvaziaram prateleiras em supermercados e farmácias.

Ladeado pelos recém-nomeados chefes militares, o ministro da Defesa Edmundo Novillo procurou tranquilizar a população. De acordo com Novillo, a turbulência começou no início desta semana, quando Arce demitiu Zuñiga durante uma reunião privada na terça-feira após o chefe do exército ter ameaçado deter Morales se ele prosseguisse com a candidatura presidencial em 2025.

Na reunião, Zuñiga não terá dado nenhum sinal de que estaria a preparar-se para tomar o poder.

"Ele itiu ter cometido alguns excessos", adiantou Novillo sobre Zuñiga. "Despedimo-nos da maneira mais amigável, com abraços e Zuñiga disse que estaria sempre ao lado do presidente", acrescentou.

A invasão ao palácio presidencial começou horas depois. Seguido por veículos blindados e apoiantes, Zuñiga invadiu a sede do governo e declarou que estava cansado de lutas políticas internas. "As forças armadas pretendem restaurar a democracia", declarou.

Membros da oposição fragmentada do país, que Zuñiga alegou apoiar, rejeitaram o golpe antes de este fracassar. A ex-presidente interina Jeanine Ãñez, detida pela intervenção na destituição de Morales em 2019, disse que os soldados procuravam "destruir a ordem constitucional", mas apelou a que Arce e Morales não concorressem nas eleições de 2025.

Pouco antes de ser detido, Zúñiga alegou que o próprio presidente Arce lhe tinha pedido para invadir o palácio numa manobra para aumentar a popularidade do líder em apuros.

"O presidente disse-me: 'A situação é muito confusa, muito crítica. É necessário preparar algo para aumentar a minha popularidade'", alegou Zúñiga, citando o líder boliviano.

O ministro da Justiça, Iván Lima, negou as alegações de Zúñiga, insistindo que o general estava a mentir para justificar as suas ações. Segundo Lima, os procuradores vão pedir a pena máxima de 15 a 20 anos de prisão para Zúñiga sob a acusação de "atacar a Constituição".

Alguns analistas, cita a AP, consideram que, mais do que tudo, os eventos de quarta-feira pam a nu a fragilidade das instituições democráticas da Bolívia.

"Isto concede controlo aos militares e corrói a democracia e é um importante sinal de que os problemas do golpe de 2019 não foram abordados", disse Kathryn Ledebur, diretora da Rede de Informação Andina, um grupo de investigação com sede na Bolívia. "A democracia da Bolívia continua muito frágil, e definitivamente muito mais frágil hoje do que ontem."

Notícia atualizada pelas 19h45 com informação das novas detenções

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