Empresários da restauração e do ramo hoteleiro vão beneficiar do elevado número de adeptos estrangeiros e a UEFA também ganhará muito dinheiro. Mas, segundo os especialistas, o impacto do Europeu de futebol na economia alemã será mínimo.
Apesar das enormes expectativas e dos milhões de adeptos que gastam muito dinheiro, os especialistas concordam que o Campeonato Europeu de Futebol não será capaz de tirar a economia alemã de anos de estagnação.
De acordo com um economista da Universidade de Colónia, conhecedor do fenómeno desportivo, os estudos mostram que, em termos globais, eventos desportivos semelhantes ao Euro têm um impacto económico mínimo, e o saldo pode até ser negativo.
""Existem mecanismos de substituição em jogo, que consistem basicamente no facto de as pessoas não gastarem necessariamente mais dinheiro, mas apenas o gastarem de uma forma diferente. Isso significa que, enquanto normalmente as pessoas iam ao cinema ou ao teatro, agora vão apenas aos jogos, gastam talvez dinheiro nos bares ou na preparação de churrascos em casa"." explica Jonas Froch.
Lucros avultados para a UEFA
O Instituto Alemão de Investigação Económica chegou a uma conclusão semelhante. O diretor do instituto disse à Reuters que as pessoas podem comprar um novo televisor por causa do Campeonato da Europa, mas vão poupar o dinheiro que gastariam noutros artigos ou lugares. Ou seja, o consumo não vai aumentar, mas apenas mudar.
Claro que isso não significa que ninguém esteja a beneficiar da competição. A UEFA, por exemplo, pode obter um lucro de 1500 milhões de euros, e a sociedade em geral também pode colher frutos de um torneio da dimensão de um Europeu de futebol.
Um dos melhores exemplos foi o Campeonato do Mundo de Futebol de 2006, na Alemanha, cujas consequências foram analisadas em pormenor pelos economistas.
"Pode haver efeitos intangíveis: a qualidade de vida das pessoas pode melhorar, a coesão social e o moral podem aumentar. Este efeito foi particularmente forte no Campeonato do Mundo de Futebol de 2006 na Alemanha. Há estudos que atribuem um valor de 800 milhões de euros aos ativos intangíveis gerados em 2006. E esse é aproximadamente o montante de dinheiro público que um comité organizador tem de gastar num evento semelhante", afirma Froch.
Restauração e hotelaria vão lucrar
Quatro das dez cidades anfitriãs do Campeonato da Europa situam-se na região do Ruhr e arredores. A zona foi outrora o centro da indústria pesada alemã, mas desde a crise das indústrias do carvão e do aço, nos anos 70, tem vindo a orientar-se cada vez mais para os serviços. Alguns dos complexos industriais não utilizados encontraram também novas utilizações.
Um dos locais emblemáticos da transformação do Ruhr é a mina de carvão Zollverein, em Essen, que fechou em 1986 e é agora Património Mundial da UNESCO. Hoje, os turistas eiam, os habitantes locais correm, andam de bicicleta e até trabalham entre os enormes edifícios enferrujados, com escritórios em alguns dos pavilhões. A importância do futebol também é evidente aqui, com a área coberta de autocolantes das equipas locais.
A zona continua a ser um centro muito importante para a economia alemã. E o afluxo de turistas beneficia agora certamente os empresários da restauração e do ramo hoteleiro, algo que se verifica na região de Ruhr mas também noutras zonas da Alemanha que recebem jogos do Euro.
No ado, os preços dos quartos de hotel aumentaram várias vezes por causa dos Campeonatos da Europa de futebol.
Alguns adeptos da Hungria que não conseguiram encontrar alojamento a preços íveis na Alemanha acabaram por dormir nos seus carros.