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Os apoiantes da independ\u00eancia argumentam que esta altera\u00e7\u00e3o vai marginalizar ainda mais a comunidade Kanak , que representa cerca de 40% da popula\u00e7\u00e3o. A reforma dos cadernos eleitorais tem ainda de ser aprovada por uma sess\u00e3o conjunta das duas c\u00e2maras do parlamento franc\u00eas. Macron indicou que os legisladores votar\u00e3o a ado\u00e7\u00e3o da altera\u00e7\u00e3o constitucional at\u00e9 ao final de junho, a menos que as partes em conflito da Nova Caled\u00f3nia consigam chegar a um novo acordo. Uma videoconfer\u00eancia entre Macron e os deputados da Nova Caled\u00f3nia, prevista para quinta-feira, foi cancelada porque \u201cos diferentes intervenientes n\u00e3o quiseram falar uns com os outros\u201d, informou o seu gabinete da Presid\u00eancia. Entretanto, as autoridades detiveram cerca de 200 dos cerca de 5.000 desordeiros e as for\u00e7as de seguran\u00e7a colocaram em pris\u00e3o domicili\u00e1ria cinco supostos ativistas independentistas acusados de organizar a viol\u00eancia. Sessenta e quatro dos feridos s\u00e3o agentes das for\u00e7as de seguran\u00e7a. Inger\u00eancia do Azerbaij\u00e3o? O ministro do Interior franc\u00eas acusou o Azerbaij\u00e3o de interfer\u00eancia na sequ\u00eancia das visitas de v\u00e1rios l\u00edderes independentistas, uma alega\u00e7\u00e3o que foi negada pelo governo de Baku. Numa entrevista a um canal de televis\u00e3o franc\u00eas, Darmanin afirmou que \u201cn\u00e3o \u00e9 uma fantasia, mas uma realidade\u201d que certos l\u00edderes pr\u00f3-independ\u00eancia na Nova Caled\u00f3nia tenham \u201cfeito um acordo\u201d com o Azerbaij\u00e3o. O ministro insistiu ainda que o governo franc\u00eas n\u00e3o permite que outros interfiram nos territ\u00f3rios do seu pa\u00eds. \u201cMesmo que haja tentativas de interfer\u00eancia [...] A Fran\u00e7a \u00e9 soberana no seu pr\u00f3prio territ\u00f3rio\u0022, disse Darmanin. Os diplomatas do Azerbaij\u00e3o rejeitaram a alega\u00e7\u00e3o , emitindo um comunicado em que classificam a declara\u00e7\u00e3o de Darmanin como \u201cinfundada\u201d e \u201cuma campanha de difama\u00e7\u00e3o\u201d. \u201cNegamos qualquer liga\u00e7\u00e3o entre os l\u00edderes da luta de liberta\u00e7\u00e3o da Caled\u00f3nia e o Azerbaij\u00e3o\u201d, insistiram. As rela\u00e7\u00f5es entre a Fran\u00e7a e o Azerbaij\u00e3o t\u00eam sido dif\u00edceis desde h\u00e1 algum tempo. A Fran\u00e7a alberga uma grande di\u00e1spora arm\u00e9nia e tem assumido uma posi\u00e7\u00e3o dura contra o Azerbaij\u00e3o quando este tentou retomar o controlo da regi\u00e3o disputada do Nagorno-Karabakh em 2023, provocando a fuga de milhares de arm\u00e9nios. A posi\u00e7\u00e3o da Fran\u00e7a em rela\u00e7\u00e3o a esse conflito foi mencionada na declara\u00e7\u00e3o que o Minist\u00e9rio dos Neg\u00f3cios Estrangeiros do Azerbaij\u00e3o emitiu depois de Darmanin ter feito as suas observa\u00e7\u00f5es. \u201cMais uma vez, condenamos veementemente as express\u00f5es insultuosas do lado franc\u00eas contra o Azerbaij\u00e3o e apelamos a que cessem a campanha de difama\u00e7\u00e3o contra o Azerbaij\u00e3o com acusa\u00e7\u00f5es inaceit\u00e1veis, como o massacre de arm\u00e9nios\u201d, l\u00ea-se na declara\u00e7\u00e3o: \u201cSeria mais apropriado que o ministro franc\u00eas do Interior recordasse a hist\u00f3ria do seu pa\u00eds, que cometeu crimes contra a humanidade contra os povos locais e assassinou brutalmente milh\u00f5es de pessoas inocentes no \u00e2mbito da sua pol\u00edtica colonial aplicada durante muitos anos.\u00a0 Al\u00e9m disso, em vez de acusar o Azerbaij\u00e3o de alegadamente apoiar os protestos pr\u00f3-independ\u00eancia na Nova Caled\u00f3nia, o Ministro do Interior de Fran\u00e7a deveria centrar-se na pol\u00edtica falhada do seu pa\u00eds em rela\u00e7\u00e3o aos territ\u00f3rios ultramarinos que conduziu a esses protestos. 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Mais uma morte na Nova Caledónia. França acusa Azerbaijão de fomentar a violência no arquipélago

Guardas ses patrulham as ruas de Noumea, na Nova Caledónia
Guardas ses patrulham as ruas de Noumea, na Nova Caledónia Direitos de autor AP Photo
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De Manuel Ribeiro  & Euronews com AP
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O número de incidentes registados no território francês da Nova Caledónia diminuiu ligeiramente na sexta-feira, mas novos tumultos no sábado causaram a morte de uma pessoa. A sexta vítima mortal desde que começaram os violentos protestos.

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Depois da aparente calma de sexta-feira, as forças de segurança sas registaram no sábado mais uma morte em novos confrontos armados no território francês da Nova Caledónia, no Pacífico, a sexta vítima mortal numa semana de violentos distúrbios que assolam o arquipélago.

A pessoa foi morta numa troca de tiros numa das muitas barricadas improvisadas que bloqueiam as estradas da ilha, disse um oficial de segurança que falou sob condição de anonimato porque não estava autorizado a discutir a situação publicamente. 

Duas outras pessoas ficaram gravemente feridas no confronto, disse a mesma fonte, confirmando as informações da imprensa sa. O oficial disse que o tiroteio teve início num bloqueio no norte da ilha principal, em Kaala-Gomen.

O Le Monde e outros meios de comunicação ses reportaram que a vítima mortal é um adulto e que o seu filho estava entre os feridos.

Na sexta-feira, as autoridades sas na Nova Caledónia e o Ministério do Interior em Paris disseram que cinco pessoas, incluindo dois polícias, foram mortas desde segunda-feira. A confirmar-se a vítima mortal, registada nas últimas horas, o número total de mortos subirá para seis. Dois membros da comunidade indígena Kanak também estão entre as vítimas

O Alto Comissário Louis Le Franc, representante da República sa no arquipélago, anunciou medidas rigorosas no âmbito do estado de emergência, que vigorará durante pelo menos 11 dias, com um recolher obrigatório das 18h00 às 06h00. As forças militares sas foram destacadas para proteger os portos e aeroportos e libertar as tropas da polícia.

Cerca de 1.000 agentes foram destacados por Paris para reprimir os tumultos que começaram na terça-feira, na Nova Caledónia, na sequência das novas reformas aos cadernos eleitorais apresentadas pelo Eliseu que istra aquele território com 270 mil habitantes. 

“As exceções a este recolher obrigatório incluem o pessoal dos serviços públicos essenciais, as deslocações médicas urgentes e as actividades nocturnas essenciais”, declarou Le Franc.

As infrações ao recolher obrigatório implicam penas até seis meses de prisão e uma multa, acrescentou o diplomata francês destacado para istrar o arquipélago situado na Oceânia.

Violência na Nova Caledónia, ilha no Pacífico istrada pela França
Violência na Nova Caledónia, ilha no Pacífico istrada pela FrançaKevin S. Vineys/AP

Le Franc anunciou que os reforços vão focar-se em recuperar o controlo das zonas da capital territorial, Noumea, incluindo Kamere, Montravel e partes de La Vallée du Tir. "Os reforços vão “controlar as zonas que nos escaparam nos últimos dias”, assegurou.

Centenas de militares e polícias chegaram à Nova Caledónia

Exército francês a caminho da Nova Caledónia.
Exército francês a caminho da Nova Caledónia.Etat Major des Armees via AP

As estradas estão cheias de destroços e os veículos blindados patrulham as ruas. É o pior surto de violência na Nova Caledónia desde os anos 80, com as avenidas ladeadas de palmeiras em Noumea transformadas em campos de batalha.

O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, disse que seriam enviadas para a Nova Caledónia cerca de 1.000 forças de segurança adicionais, a juntar às 1.700 já presentes, e que as autoridades iriam insistir nas “penas mais duras para os desordeiros e saqueadores”.

Entretanto, o governo francês proibiu o TikTok por considerar que a rede social estava a ser utilizada pelos manifestantes, afirmou o Ministro do Interior francês, Gérald Darmanin. A empresa que detém a plataforma social considerou a medida de “lamentável”.

Thierry de Greslan, representante do hospital de Noumea, mostrou-se preocupado com a deterioração da situação, agravada pelos bloqueios de estradas na cidade.

“Estimamos que três ou quatro pessoas possam ter morrido devido à falta de o a cuidados médicos”, disse de Greslan que mostra ainda preocupação com cerca de 50 doentes em diálise que não puderam receber os seus tratamentos.

“Estamos a ter grandes dificuldades em trazer os nossos doentes e profissionais de saúde. As equipas estão a trabalhar desde segunda-feira e estão exaustas", afirmou.

O número de visitas às salas de emergência diminuiu significativamente, com uma redução de 50% recentemente e de 80% na quinta-feira. “Estamos numa situação de guerrilha urbana com ferimentos de bala todas as noites”, disse de Greslan.

As salas de operações do hospital estão a funcionar 24 horas por dia e, embora o pessoal esteja preparado para crises imediatas, de Greslan mostrou-se preocupado com o futuro.

“Estamos prontos para enfrentar esta situação, mas preocupa-me o efeito de ricochete nos doentes que não estão a receber cuidados e que estão extremamente stressados”, afirmou.

Comunidade indigena opõe-se à alteração dos cadernos eleitorais

Manifestantes seguram bandeiras de Kanak e da Frente Socialista de Libertação Nacional em Paris.
Manifestantes seguram bandeiras de Kanak e da Frente Socialista de Libertação Nacional em Paris.AP Photo/Thomas Padilla

Na terça-feira, os legisladores ses aprovaram alterações à Constituição sa que permitirão aos residentes que vivem no arquipélago há 10 anos votarem nas eleições provinciais. Os apoiantes da independência argumentam que esta alteração vai marginalizar ainda mais a comunidade Kanak, que representa cerca de 40% da população.

A reforma dos cadernos eleitorais tem ainda de ser aprovada por uma sessão conjunta das duas câmaras do parlamento francês. Macron indicou que os legisladores votarão a adoção da alteração constitucional até ao final de junho, a menos que as partes em conflito da Nova Caledónia consigam chegar a um novo acordo.

Uma videoconferência entre Macron e os deputados da Nova Caledónia, prevista para quinta-feira, foi cancelada porque “os diferentes intervenientes não quiseram falar uns com os outros”, informou o seu gabinete da Presidência.

Entretanto, as autoridades detiveram cerca de 200 dos cerca de 5.000 desordeiros e as forças de segurança colocaram em prisão domiciliária cinco supostos ativistas independentistas acusados de organizar a violência. Sessenta e quatro dos feridos são agentes das forças de segurança.

Ingerência do Azerbaijão?

O ministro do Interior francês acusou o Azerbaijão de interferência na sequência das visitas de vários líderes independentistas, uma alegação que foi negada pelo governo de Baku.

Numa entrevista a um canal de televisão francês, Darmanin afirmou que “não é uma fantasia, mas uma realidade” que certos líderes pró-independência na Nova Caledónia tenham “feito um acordo” com o Azerbaijão.

O ministro insistiu ainda que o governo francês não permite que outros interfiram nos territórios do seu país.

“Mesmo que haja tentativas de interferência [...] A França é soberana no seu próprio território", disse Darmanin.

Os diplomatas do Azerbaijão rejeitaram a alegação, emitindo um comunicado em que classificam a declaração de Darmanin como “infundada” e “uma campanha de difamação”.

“Negamos qualquer ligação entre os líderes da luta de libertação da Caledónia e o Azerbaijão”, insistiram.

As relações entre a França e o Azerbaijão têm sido difíceis desde há algum tempo. A França alberga uma grande diáspora arménia e tem assumido uma posição dura contra o Azerbaijão quando este tentou retomar o controlo da região disputada do Nagorno-Karabakh em 2023, provocando a fuga de milhares de arménios.

A posição da França em relação a esse conflito foi mencionada na declaração que o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão emitiu depois de Darmanin ter feito as suas observações.

“Mais uma vez, condenamos veementemente as expressões insultuosas do lado francês contra o Azerbaijão e apelamos a que cessem a campanha de difamação contra o Azerbaijão com acusações inaceitáveis, como o massacre de arménios”, lê-se na declaração:

“Seria mais apropriado que o ministro francês do Interior recordasse a história do seu país, que cometeu crimes contra a humanidade contra os povos locais e assassinou brutalmente milhões de pessoas inocentes no âmbito da sua política colonial aplicada durante muitos anos. 

Além disso, em vez de acusar o Azerbaijão de alegadamente apoiar os protestos pró-independência na Nova Caledónia, o Ministro do Interior de França deveria centrar-se na política falhada do seu país em relação aos territórios ultramarinos que conduziu a esses protestos.

Apelamos mais uma vez à França para que deixe de fazer afirmações sem fundamento contra o nosso país”.

Povo Kanak quer a independência

A Nova Caledónia tornou-se sa em 1853, sob o reinado do imperador Napoleão III, sobrinho e herdeiro de Napoleão. Tornou-se um território ultramarino após a Segunda Guerra Mundial, tendo sido concedida a cidadania sa a todos os Kanaks em 1957.

Há décadas que as tensões se instalaram entre os indígenas Kanaks, que procuram a independência, e os descendentes dos colonizadores, que querem que a ilha continue a fazer parte da França.

As pessoas de ascendência europeia na Nova Caledónia, que durante muito tempo serviu de colónia-prisão de França - e que agora tem uma estratégica base militar sa, distinguem-se entre os descendentes dos colonos e os que têm ascendência sobre os prisioneiros enviados à força para o território.

Em 1988, foi celebrado um acordo de paz entre as fações rivais. Uma década mais tarde, a França prometeu conceder à Nova Caledónia poder político e ampla autonomia e realizar até três referendos sucessivos sobre o futuro da ilha.

Os referendos foram organizados entre 2018 e 2021 e a maioria dos eleitores optou por manter a Nova Caledónia como parte de França, em vez de apoiar a independência.

O povo Kanak, pró-independência, rejeitou os resultados do último referendo de 2021, que boicotou por ter sido realizado no auge da pandemia do coronavírus.

*atualizado às 15h00

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