{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2024/05/15/nicolas-schmit-esta-fora-de-questao-chegar-a-acordo-com-a-extrema-direita" }, "headline": "Nicolas Schmit: \u0022Est\u00e1 fora de quest\u00e3o chegar a acordo com a extrema-direita\u0022", "description": "Em entrevista \u00e0 euronews, Nicolas Schmit, o principal candidato dos Socialistas e Democratas \u00e0s elei\u00e7\u00f5es europeias, afirmou excluir qualquer acordo com a extrema-direita ap\u00f3s o escrut\u00ednio.", "articleBody": "Isabel Marques da Silva: \u0022Depois de cinco anos na pasta do Emprego e Direitos Sociais, sob a dire\u00e7\u00e3o de Ursula von der Leyen, porque \u00e9 que decidiu candidatar-se \u00e0 presid\u00eancia da Comiss\u00e3o Europeia?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Nos \u00faltimos cinco anos, tent\u00e1mos colocar a dimens\u00e3o social no centro da nossa a\u00e7\u00e3o e penso que ainda h\u00e1 muito a fazer. Penso que \u00e9 o momento certo para a social-democracia assumir a presid\u00eancia da Comiss\u00e3o depois de um per\u00edodo t\u00e3o longo. Num per\u00edodo de 30 anos,durante 25 anos, tivemos presidentes conservadores da Comiss\u00e3o. \u00c9 altura de mudar\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Quando interrogados para as sondagens, os cidad\u00e3os dizem frequentemente que algumas das suas prioridades s\u00e3o exatamente as quest\u00f5es sociais que s\u00e3o caras aos socialistas: prote\u00e7\u00e3o do emprego, uma economia mais inclusiva, combate \u00e0 pobreza. Porque \u00e9 que a extrema-direita continua a seduzir tantos eleitores e porque \u00e9 que os socialistas e os democratas continuam a ficar em segundo lugar nas sondagens?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Estamos a viver um per\u00edodo de muita incerteza por v\u00e1rias raz\u00f5es. Estamos a sair de uma grande crise: a crise da Covid-19 e houve tamb\u00e9m a crise financeira. Houve momentos dif\u00edceis para muitos cidad\u00e3os europeus devido \u00e0 infla\u00e7\u00e3o. Temos uma guerra na Europa. Por isso, penso que esta incerteza, juntamente com o tema da migra\u00e7\u00e3o, est\u00e1 agora no centro dos debates. E, finalmente, os partidos de extrema-direita jogam com o medo. N\u00e3o prop\u00f5em nada, mas jogam com o medo. Isso gera essa situa\u00e7\u00e3o especial. Mas ainda temos algumas semanas pela frente para mostrar que n\u00e3o se trata de gerar medo, mas de criar confian\u00e7a\u0022.**\u0022**Temos de voltar a unir as nossas sociedades\u0022Isabel Marques da Silva: \u0022Quais s\u00e3o as propostas dos socialistas e democratas que podem dar essa sensa\u00e7\u00e3o de confian\u00e7a e seguran\u00e7a?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Em primeiro lugar, somos muito claros, em mat\u00e9ria de pol\u00edtica social, queremos continuar a desenvolver uma pol\u00edtica social muito ativa. Temos de voltar a unir as nossas sociedades. Trata-se de coes\u00e3o social e de justi\u00e7a social. A segunda quest\u00e3o \u00e9 combinar a pol\u00edtica social com o Pacto Ecol\u00f3gico. Temos de salientar mais a dimens\u00e3o social do Pacto Ecol\u00f3gico, bem como a dimens\u00e3o econ\u00f3mica e industrial do Pacto Ecol\u00f3gico. Isso est\u00e1 no nosso programa. Em terceiro lugar, trata-se de afirmar claramente o nosso forte empenhamento na democracia\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Na agenda social, conseguiu aprovar algumas diretivas novas: Sal\u00e1rio m\u00ednimo adequado, trabalho em plataformas digitais, transpar\u00eancia salarial. Mas depois foram bastante dilu\u00eddas pelos governos. Sente-se frustrado com a dificuldade em fazer com que a legisla\u00e7\u00e3o mais inovadora chegue efetivamente \u00e0 vida das pessoas?\u0022Nicolas Schmit: \u0022N\u00e3o concordo totalmente com a ideia de que foram enfraquecidas, especialmente a diretiva sobre o sal\u00e1rio m\u00ednimo, que n\u00e3o foi realmente enfraquecida. Foi at\u00e9 refor\u00e7ada pelo Parlamento Europeu, especialmente no que diz respeito \u00e0 negocia\u00e7\u00e3o colectiva, que \u00e9 um aspeto muito importante. A diretiva das plataformas digitais foi um pouco atenuada. \u00c9 assim que a UE funciona, com base em compromissos. Nenhuma proposta proveniente da Comiss\u00e3o \u00e9 adotada tal e qual, sem altera\u00e7\u00f5es ao texto original. \u00c9 assim que a Europa funciona\u0022.\u0022A Europa tem de ser mais corajosa e muito mais ativa e r\u00e1pida\u0022Isabel Marques da Silva: \u0022Acha que aumentar os subs\u00eddios \u00e0 ind\u00fastria, ser mais corajoso como os Estados Unidos e a China para proteger as nossas ind\u00fastrias, os nossos empregos, empregos de qualidade, como referiu, \u00e9 algo que s\u00f3 seria poss\u00edvel atrav\u00e9s de um Fundo de Investimento?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Temos de direcionar apoios e subs\u00eddios, especialmente para um certo n\u00famero de desenvolvimentos tecnol\u00f3gicos, para a inova\u00e7\u00e3o, para a transforma\u00e7\u00e3o de processos e produtos inovadores no mercado. N\u00e3o sou contra os subs\u00eddios, mas dizer que a \u00fanica forma de nos mantermos competitivos \u00e9 atrav\u00e9s de subs\u00eddios, n\u00e3o diria isso. \u00c9 \u00f3bvio que a Europa precisa de capacidade de investimento, porque quando estamos a competir com os EUA ou a China, eles investem enormes quantidades de dinheiro. Quando comparamos o investimento dos EUA em intelig\u00eancia artificial, em determinadas tecnologias, incluindo as tecnologias verdes - a Europa est\u00e1 muito atrasada. E, neste dom\u00ednio, penso que temos de fazer mais. E \u00e9 por isso que precisamos de uma capacidade de investimento, porque de outra forma a Europa n\u00e3o estar\u00e1 a acompanhar ou mesmo a liderar certas ind\u00fastrias, o que deveria acontecer\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022H\u00e1 sempre a sombra de uma poss\u00edvel guerra comercial com a China. A Presidente da Comiss\u00e3o Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que poder\u00e1 utilizar todos os instrumentos de defesa comercial dispon\u00edveis. Acha que existe o perigo de uma guerra comercial com a China? E como podemos contrabalan\u00e7ar os seus subs\u00eddios e essas pr\u00e1ticas desleais?\u0022Nicolas Schmit: \u0022A China \u00e9 hoje um ator importante na economia mundial. Mas a China n\u00e3o respeita um certo n\u00famero de regras. Esper\u00e1vamos que as respeitasse no contexto da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio, que foi dramaticamente enfraquecida. Uma guerra comercial n\u00e3o beneficia ningu\u00e9m. Mas, ao mesmo tempo, a Europa n\u00e3o deve ser ing\u00e9nua e devemos realmente defender os nossos interesses, especialmente quando temos a sensa\u00e7\u00e3o de que a China n\u00e3o nos est\u00e1 a respeitar, com pr\u00e1ticas de subven\u00e7\u00e3o e dumping. E a Europa tem de ser mais corajosa e muito mais ativa e r\u00e1pida\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Inclusive com san\u00e7\u00f5es e medidas precisas?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Se houver um problema de dumping, como acontece, nomeadamente, com algumas tecnologias ligadas \u00e0s tecnologias verdes, como os pain\u00e9is solares, estamos a esperar demasiado tempo. N\u00e3o estamos a reagir de forma suficientemente r\u00e1pida. Por isso, penso que a Europa, neste novo contexto global, tem de ser mais corajosa. Mas, ao mesmo tempo, penso que temos de continuar a falar com a China\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Tamb\u00e9m investem e criam emprego. Est\u00e1 preocupado com o tipo de empregos e investimentos que est\u00e3o a fazer? Alguns Estados-Membros est\u00e3o muito interessados em receber investimentos chineses\u0022.Nicolas Schmit: \u0022Sim, eu sei, especialmente no que se refere aos autom\u00f3veis. A Hungria est\u00e1 agora a atrair a ind\u00fastria autom\u00f3vel da China. N\u00e3o estou preocupado. Penso que as empresas europeias continuam a investir fortemente na China, por isso n\u00e3o podemos dizer que investimos na China, mas que n\u00e3o podem investir aqui. \u00c9 sempre uma quest\u00e3o de reciprocidade. E esta quest\u00e3o da reciprocidade tem de ser colocada com mais \u00eanfase no centro da nossa rela\u00e7\u00e3o com a China\u0022.\u0022Os agricultores t\u00eam um grande interesse no sucesso de um Pacto Ecol\u00f3gico justo\u0022Isabel Marques da Silva: \u0022Falemos de outro setor de atividade. Se n\u00e3o estou em erro, ouvi dizer que o seu emprego de sonho em crian\u00e7a era ser agricultor. Estes profissionais s\u00e3o alguns dos protagonistas dos grandes protestos contra a nova regulamenta\u00e7\u00e3o para salvaguardar a biodiversidade e acelerar a a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica. Qual \u00e9 a vossa estrat\u00e9gia para ganhar a confian\u00e7a dos agricultores?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Durante os \u00faltimos anos e d\u00e9cadas, assistimos \u00e0 diminui\u00e7\u00e3o do rendimento dos agricultores. Assistimos a aumentos imensos dos seus custos de produ\u00e7\u00e3o, mas o seu rendimento e os seus pre\u00e7os n\u00e3o reflectiram esses aumentos. Penso que temos de refletir. At\u00e9 que ponto a ideia de um funcionamento puro do mercado \u00e9 adequada? Porque isso penaliza muitos agricultores. Em muitos casos, os pequenos e m\u00e9dios agricultores t\u00eam grandes dificuldades\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Mas daria mais apoio tecnol\u00f3gico e financeiro a esses agricultores?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Esta \u00e9 outra quest\u00e3o: como apoiar a transforma\u00e7\u00e3o do nosso setor agr\u00edcola, da nossa agricultura. A introdu\u00e7\u00e3o da tecnologia tamb\u00e9m \u00e9 obviamente importante. Estamos a desenvolver a intelig\u00eancia artificial. Como \u00e9 que os agricultores podem ser apoiados pela intelig\u00eancia artificial ou por outros meios tecnol\u00f3gicos? E, no final, h\u00e1 tamb\u00e9m a burocracia. Se o agricultor a mais tempo no escrit\u00f3rio do que no campo, isso n\u00e3o \u00e9 normal. Mas, no fim de contas, os agricultores t\u00eam um grande interesse no sucesso de um Pacto Ecol\u00f3gico justo, socialmente justo e economicamente justo\u0022.Pacto sobre migra\u00e7\u00e3o e asilo deve ser revistoIsabel Marques da Silva: \u0022Gostaria agora de abordar o novo pacto sobre migra\u00e7\u00e3o e asilo que prev\u00ea\u00a0acordos com governos autocr\u00e1ticos na Tun\u00edsia, Egipto, e Maurit\u00e2nia\u0022.Nicolas Schmit: \u0022Estou bastante relutante em rela\u00e7\u00e3o a estes acordos, que ainda t\u00eam de provar a sua efic\u00e1cia. Estamos a gastar enormes quantias de dinheiro, a dar esse dinheiro a diferentes regimes ou governos, como o governo tunisino. Sabemos que as autoridades locais est\u00e3o a tratar muito mal os refugiados. Temos ainda o problema da L\u00edbia, onde n\u00e3o existe um verdadeiro governo, h\u00e1 mesmo dois governos. Temos a quest\u00e3o do Egipto. Por isso, estou bastante relutante em rela\u00e7\u00e3o a este tipo de acordos\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Esses acordos devem ser revistos ou anulados?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Penso que temos de os rever e ver o que pode ser feito de forma diferente. Porque tamb\u00e9m n\u00e3o sabemos exatamente como o dinheiro \u00e9 utilizado. Essa \u00e9 outra quest\u00e3o. Ouvi dizer que tamb\u00e9m houve um acordo com o L\u00edbano para manter os s\u00edrios longe da Europa. Ningu\u00e9m sabe exatamente como o dinheiro anunciado ser\u00e1 gasto no L\u00edbano, dada a situa\u00e7\u00e3o do governo liban\u00eas, que \u00e9, de certa forma, um governo muito fraco. H\u00e1 o Hezbollah e outras influ\u00eancias\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Para si, trata-se mais de supervisionar o que est\u00e1 a ser feito. Mas a Europa n\u00e3o vai avan\u00e7ar para um modelo como o do Reino Unido, o modelo do Ruanda? Temos a It\u00e1lia a fazer acordos com a Alb\u00e2nia que n\u00e3o faz parte da uni\u00e3o.\u0022Nicolas Schmit : \u0022Sou absolutamente contra aquilo a que chamamos o modelo Ruanda. \u00c9 contra os direitos b\u00e1sicos e os direitos fundamentais em que a Europa assenta. Delegar o tratamento dos refugiados no Ruanda ou no Vietname\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Ou na Alb\u00e2nia?\u0022Nicolas Schmit:\u00a0\u0022Ou na Alb\u00e2nia. Eu diria que \u00e9 uma falta de respeito pela dignidade humana\u0022.**Israel: \u0022**sou absolutamente a favor de uma abordagem muito mais dura\u0022Isabel Marques da Silva: \u0022Vamos falar um pouco da situa\u00e7\u00e3o no M\u00e9dio Oriente. Sabemos que o governo israelita j\u00e1 n\u00e3o d\u00e1 import\u00e2ncia aos pedidos dos aliados para n\u00e3o realizar opera\u00e7\u00f5es em Gaza, nomeadamente na cidade de Rafah. Qual deve ser a rea\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Europeia, que est\u00e1 a ser acusada de duplicidade de crit\u00e9rios ao n\u00e3o impor san\u00e7\u00f5es, nem sequer suspender ou rever o acordo de associa\u00e7\u00e3o?\u0022Nicolas Schmit: \u0022\u00c9 uma quest\u00e3o \u00e0 qual n\u00e3o podemos escapar para sempre. Porque se isto continuar, se qualquer solu\u00e7\u00e3o pol\u00edtica for exclu\u00edda, se qualquer caminho para um cessar-fogo for exclu\u00eddo, o que \u00e9 que resta? Tem de haver algum tipo de sinal forte. Caso contr\u00e1rio - concordo plenamente consigo - h\u00e1 dois pesos e duas medidas e n\u00e3o podemos permitir-nos dois pesos e duas medidas. E n\u00e3o \u00e9 apenas a nossa juventude que nos critica, mas tamb\u00e9m em muitas outras partes do mundo somos criticados. Por isso, sou absolutamente a favor de uma abordagem muito mais dura\u0022.\u0022A Europa est\u00e1 sob amea\u00e7a\u0022Isabel Marques da Silva: \u0022Fala-se muito de dois pesos e duas medidas devido \u00e0s compara\u00e7\u00f5es com a Ucr\u00e2nia. Acha que a Uni\u00e3o Europeia ser\u00e1 capaz de ajudar sozinha a Ucr\u00e2nia se Donald Trump for o pr\u00f3ximo Presidente dos Estados Unidos da Am\u00e9rica?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Penso que temos de fazer o que for preciso. Se a Europa n\u00e3o \u00e9 capaz de o fazer estamos a lan\u00e7ar um convite a Putin. Por isso, temos de fazer o que for preciso. Temos de mobilizar mais recursos. Temos de acelerar a nossa produ\u00e7\u00e3o, especialmente de muni\u00e7\u00f5es, mas tamb\u00e9m de outros equipamentos. Isto n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil porque o tempo \u00e9 curto\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022H\u00e1 mais vontade pol\u00edtica para criar uma estrat\u00e9gia europeia de defesa e seguran\u00e7a. Mas a quest\u00e3o mais espinhosa \u00e9 sempre de onde vir\u00e1 o dinheiro e qual ser\u00e1 a solu\u00e7\u00e3o para obter mais recursos para os instrumentos de financiamento do sistema de defesa\u0022.Nicolas Schmit: \u0022A Europa est\u00e1 sob amea\u00e7a e as pessoas nem sempre se apercebem de que estamos sob amea\u00e7a. Mais uma vez, as \u00faltimas declara\u00e7\u00f5es de Putin s\u00e3o uma clara amea\u00e7a contra a Europa. Digo sempre que j\u00e1 imaginaram Churchill a dizer, em 1940: \u0022n\u00e3o tenho a certeza se posso resistir aos nazis porque n\u00e3o sei como financiar isso\u0022. Conseguem imaginar uma coisa dessas? N\u00e3o. E \u00e9 essa a situa\u00e7\u00e3o em que nos encontramos. E \u00e9 por isso que a Europa tem agora de dar um o em frente. E se a forma de o fazer \u00e9 ter mais capacidade europeia, capacidade financeira para ar e acelerar as suas pr\u00f3prias capacidades de defesa e seguran\u00e7a, temos de o fazer\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Acha que os chamados pa\u00edses frugais v\u00e3o concordar com isso?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Entre os pa\u00edses frugais, h\u00e1 aqueles que est\u00e3o na fronteira, os finlandeses, os suecos. Est\u00e3o na fronteira. E, a prop\u00f3sito, estamos todos na fronteira, e penso que esta \u00e9 uma quest\u00e3o essencial - diria mesmo, de certa forma, existencial - para a Europa atual. Se Putin ganhar esta guerra, teremos muitas surpresas, surpresas muito perigosas. E \u00e9 por isso que as decis\u00f5es t\u00eam de ser tomadas agora. N\u00e3o se trata de discutir o tipo de seguran\u00e7a, de defesa, de que precisaremos nos pr\u00f3ximos dez anos. N\u00e3o. Temos de tomar uma decis\u00e3o porque a amea\u00e7a \u00e9 atual. N\u00e3o \u00e9 daqui a dez anos. \u00c9 quotidiana\u0022.\u0022N\u00e3o h\u00e1 forma de chegar a um acordo com a extrema-direita\u0022Isabel Marques da Silva: \u0022Estamos a aproximar-nos da data das elei\u00e7\u00f5es. A ascens\u00e3o da extrema-direita \u00e9 prov\u00e1vel. Provavelmente, ter\u00e3o uma maior representa\u00e7\u00e3o no Parlamento Europeu. Quais devem ser os limites das alian\u00e7as? Ursula von der Leyen disse que o seu partido, o PPE, poderia considerar a possibilidade de obter o apoio dos ultra-conservadores do grupo dos conservadores e reformistas europeus. Nesse caso, os socialistas deveriam ser automaticamente exclu\u00eddos de uma tal coliga\u00e7\u00e3o?\u0022Nicolas Schmit: \u0022Est\u00e1 fora de quest\u00e3o. Sou muito claro quanto a isso. N\u00e3o h\u00e1 forma de chegar a um acordo com a extrema-direita. Reparei que no seio do PPE faz-se uma distin\u00e7\u00e3o muito especial entre a extrema-direita decente e a extrema-direita p\u00e1ria.Quando olho para a chamada extrema-direita decente, quem s\u00e3o essas pessoas? S\u00e3o os Vox. iradores de Franco. iradores de Mussolini. S\u00e3o o partido PiS, que estava prestes a abolir o Estado de direito na Pol\u00f3nia e foi sancionado pela Comiss\u00e3o.\u00a0Onde est\u00e1 a extrema-direita decente? N\u00e3o h\u00e1 nenhuma. N\u00e3o h\u00e1. E \u00e9 por isso que n\u00e3o h\u00e1 forma de chegar a um acordo para comprar votos. Porque a extrema-direita \u00e9 inteligente, n\u00e3o vai dar os seus votos a troco de nada. Por isso, v\u00e3o pedir concess\u00f5es sobre a forma como a pol\u00edtica europeia vai ser definida\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022A agenda moderada de von der Leyen deixaria de ser moderada?\u0022Nicolas Schmit: \u0022N\u00e3o sou a favor de uma agenda moderada, mas sim de uma agenda corajosa. N\u00e3o se trata de modera\u00e7\u00e3o\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022Em compara\u00e7\u00e3o com a extrema-direita\u0022.Nicolas Schmit: \u0022Num per\u00edodo em que temos tantas dificuldades e problemas, eles iriam realmente tentar influenciar esta agenda. O conceito da Europa da extrema-direita \u00e9 fundamentalmente diferente do dos sociais-democratas. Mas suponho que agora j\u00e1 n\u00e3o tenho a certeza da conce\u00e7\u00e3o do PPE, porque a conce\u00e7\u00e3o do PPE est\u00e1 muito ligada aos antigos democratas-crist\u00e3os. Sei que para os verdadeiros democratas-crist\u00e3os, est\u00e1 fora de quest\u00e3o ter uma alian\u00e7a com qualquer forma de extrema-direita. E essa \u00e9 tamb\u00e9m a nossa posi\u00e7\u00e3o. Sou muito claro. N\u00e3o h\u00e1 forma de nos entendermos neste ponto\u0022.Isabel Marques da Silva: \u0022O que pensa da possibilidade de o Conselho n\u00e3o voltar a seguir o esquema do candidato principal e selecionar outra pessoa para o cargo?\u0022Nicolas Schmit: \u0022N\u00e3o vou entrar nesse tipo de especula\u00e7\u00e3o. Mas vamos esperar pelo resultado e depois, penso eu, a decis\u00e3o tem de ser tomada e tenho a certeza de que haver\u00e1 for\u00e7as que dir\u00e3o: temos de nos manter fi\u00e9is \u00e0s expetativas dos eleitores\u0022.", "dateCreated": "2024-05-02T17:23:42+02:00", "dateModified": "2024-05-15T12:30:50+02:00", "datePublished": "2024-05-15T12:30:50+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F41%2F26%2F90%2F1440x810_cmsv2_bb8ea7f4-5fe8-5de5-9ec4-9deefc617e6e-8412690.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Em entrevista \u00e0 euronews, Nicolas Schmit, o principal candidato dos Socialistas e Democratas \u00e0s elei\u00e7\u00f5es europeias, afirmou excluir qualquer acordo com a extrema-direita ap\u00f3s o escrut\u00ednio.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F41%2F26%2F90%2F432x243_cmsv2_bb8ea7f4-5fe8-5de5-9ec4-9deefc617e6e-8412690.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Marques da Silva", "givenName": "Isabel", "name": "Isabel Marques da Silva", "url": "/perfis/544", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue portugaise" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

Nicolas Schmit: "Está fora de questão chegar a acordo com a extrema-direita"

Nicolas Schmit: "Está fora de questão chegar a acordo com a extrema-direita"
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Em entrevista à euronews, Nicolas Schmit, o principal candidato dos Socialistas e Democratas às eleições europeias, afirmou excluir qualquer acordo com a extrema-direita após o escrutínio.

Isabel Marques da Silva: "Depois de cinco anos na pasta do Emprego e Direitos Sociais, sob a direção de Ursula von der Leyen, porque é que decidiu candidatar-se à presidência da Comissão Europeia?"

Nicolas Schmit: "Nos últimos cinco anos, tentámos colocar a dimensão social no centro da nossa ação e penso que ainda há muito a fazer. Penso que é o momento certo para a social-democracia assumir a presidência da Comissão depois de um período tão longo. Num período de 30 anos,durante 25 anos, tivemos presidentes conservadores da Comissão. É altura de mudar".

Isabel Marques da Silva: "Quando interrogados para as sondagens, os cidadãos dizem frequentemente que algumas das suas prioridades são exatamente as questões sociais que são caras aos socialistas: proteção do emprego, uma economia mais inclusiva, combate à pobreza. Porque é que a extrema-direita continua a seduzir tantos eleitores e porque é que os socialistas e os democratas continuam a ficar em segundo lugar nas sondagens?"

Nicolas Schmit: "Estamos a viver um período de muita incerteza por várias razões. Estamos a sair de uma grande crise: a crise da Covid-19 e houve também a crise financeira. Houve momentos difíceis para muitos cidadãos europeus devido à inflação. Temos uma guerra na Europa. Por isso, penso que esta incerteza, juntamente com o tema da migração, está agora no centro dos debates. E, finalmente, os partidos de extrema-direita jogam com o medo. Não propõem nada, mas jogam com o medo. Isso gera essa situação especial. Mas ainda temos algumas semanas pela frente para mostrar que não se trata de gerar medo, mas de criar confiança".

**"**Temos de voltar a unir as nossas sociedades"

Isabel Marques da Silva: "Quais são as propostas dos socialistas e democratas que podem dar essa sensação de confiança e segurança?"

Nicolas Schmit: "Em primeiro lugar, somos muito claros, em matéria de política social, queremos continuar a desenvolver uma política social muito ativa. Temos de voltar a unir as nossas sociedades. Trata-se de coesão social e de justiça social. A segunda questão é combinar a política social com o Pacto Ecológico. Temos de salientar mais a dimensão social do Pacto Ecológico, bem como a dimensão económica e industrial do Pacto Ecológico. Isso está no nosso programa. Em terceiro lugar, trata-se de afirmar claramente o nosso forte empenhamento na democracia".

Isabel Marques da Silva: "Na agenda social, conseguiu aprovar algumas diretivas novas: Salário mínimo adequado, trabalho em plataformas digitais, transparência salarial. Mas depois foram bastante diluídas pelos governos. Sente-se frustrado com a dificuldade em fazer com que a legislação mais inovadora chegue efetivamente à vida das pessoas?"

Nicolas Schmit: "Não concordo totalmente com a ideia de que foram enfraquecidas, especialmente a diretiva sobre o salário mínimo, que não foi realmente enfraquecida. Foi até reforçada pelo Parlamento Europeu, especialmente no que diz respeito à negociação colectiva, que é um aspeto muito importante. A diretiva das plataformas digitais foi um pouco atenuada. É assim que a UE funciona, com base em compromissos. Nenhuma proposta proveniente da Comissão é adotada tal e qual, sem alterações ao texto original. É assim que a Europa funciona".

"A Europa tem de ser mais corajosa e muito mais ativa e rápida"

Isabel Marques da Silva: "Acha que aumentar os subsídios à indústria, ser mais corajoso como os Estados Unidos e a China para proteger as nossas indústrias, os nossos empregos, empregos de qualidade, como referiu, é algo que só seria possível através de um Fundo de Investimento?"

Nicolas Schmit: "Temos de direcionar apoios e subsídios, especialmente para um certo número de desenvolvimentos tecnológicos, para a inovação, para a transformação de processos e produtos inovadores no mercado. Não sou contra os subsídios, mas dizer que a única forma de nos mantermos competitivos é através de subsídios, não diria isso. É óbvio que a Europa precisa de capacidade de investimento, porque quando estamos a competir com os EUA ou a China, eles investem enormes quantidades de dinheiro. Quando comparamos o investimento dos EUA em inteligência artificial, em determinadas tecnologias, incluindo as tecnologias verdes - a Europa está muito atrasada. E, neste domínio, penso que temos de fazer mais. E é por isso que precisamos de uma capacidade de investimento, porque de outra forma a Europa não estará a acompanhar ou mesmo a liderar certas indústrias, o que deveria acontecer".

Isabel Marques da Silva: "Há sempre a sombra de uma possível guerra comercial com a China. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que poderá utilizar todos os instrumentos de defesa comercial disponíveis. Acha que existe o perigo de uma guerra comercial com a China? E como podemos contrabalançar os seus subsídios e essas práticas desleais?"

Nicolas Schmit: "A China é hoje um ator importante na economia mundial. Mas a China não respeita um certo número de regras. Esperávamos que as respeitasse no contexto da Organização Mundial do Comércio, que foi dramaticamente enfraquecida. Uma guerra comercial não beneficia ninguém. Mas, ao mesmo tempo, a Europa não deve ser ingénua e devemos realmente defender os nossos interesses, especialmente quando temos a sensação de que a China não nos está a respeitar, com práticas de subvenção e dumping. E a Europa tem de ser mais corajosa e muito mais ativa e rápida".

Isabel Marques da Silva: "Inclusive com sanções e medidas precisas?"

Nicolas Schmit: "Se houver um problema de dumping, como acontece, nomeadamente, com algumas tecnologias ligadas às tecnologias verdes, como os painéis solares, estamos a esperar demasiado tempo. Não estamos a reagir de forma suficientemente rápida. Por isso, penso que a Europa, neste novo contexto global, tem de ser mais corajosa. Mas, ao mesmo tempo, penso que temos de continuar a falar com a China".

Isabel Marques da Silva: "Também investem e criam emprego. Está preocupado com o tipo de empregos e investimentos que estão a fazer? Alguns Estados-Membros estão muito interessados em receber investimentos chineses".

Nicolas Schmit: "Sim, eu sei, especialmente no que se refere aos automóveis. A Hungria está agora a atrair a indústria automóvel da China. Não estou preocupado. Penso que as empresas europeias continuam a investir fortemente na China, por isso não podemos dizer que investimos na China, mas que não podem investir aqui. É sempre uma questão de reciprocidade. E esta questão da reciprocidade tem de ser colocada com mais ênfase no centro da nossa relação com a China".

"Os agricultores têm um grande interesse no sucesso de um Pacto Ecológico justo"

Isabel Marques da Silva: "Falemos de outro setor de atividade. Se não estou em erro, ouvi dizer que o seu emprego de sonho em criança era ser agricultor. Estes profissionais são alguns dos protagonistas dos grandes protestos contra a nova regulamentação para salvaguardar a biodiversidade e acelerar a ação climática. Qual é a vossa estratégia para ganhar a confiança dos agricultores?"

Nicolas Schmit: "Durante os últimos anos e décadas, assistimos à diminuição do rendimento dos agricultores. Assistimos a aumentos imensos dos seus custos de produção, mas o seu rendimento e os seus preços não reflectiram esses aumentos. Penso que temos de refletir. Até que ponto a ideia de um funcionamento puro do mercado é adequada? Porque isso penaliza muitos agricultores. Em muitos casos, os pequenos e médios agricultores têm grandes dificuldades".

Isabel Marques da Silva: "Mas daria mais apoio tecnológico e financeiro a esses agricultores?"

Nicolas Schmit: "Esta é outra questão: como apoiar a transformação do nosso setor agrícola, da nossa agricultura. A introdução da tecnologia também é obviamente importante. Estamos a desenvolver a inteligência artificial. Como é que os agricultores podem ser apoiados pela inteligência artificial ou por outros meios tecnológicos? E, no final, há também a burocracia. Se o agricultor a mais tempo no escritório do que no campo, isso não é normal. Mas, no fim de contas, os agricultores têm um grande interesse no sucesso de um Pacto Ecológico justo, socialmente justo e economicamente justo".

Pacto sobre migração e asilo deve ser revisto

Isabel Marques da Silva: "Gostaria agora de abordar o novo pacto sobre migração e asilo que prevê acordos com governos autocráticos na Tunísia, Egipto, e Mauritânia".

Nicolas Schmit: "Estou bastante relutante em relação a estes acordos, que ainda têm de provar a sua eficácia. Estamos a gastar enormes quantias de dinheiro, a dar esse dinheiro a diferentes regimes ou governos, como o governo tunisino. Sabemos que as autoridades locais estão a tratar muito mal os refugiados. Temos ainda o problema da Líbia, onde não existe um verdadeiro governo, há mesmo dois governos. Temos a questão do Egipto. Por isso, estou bastante relutante em relação a este tipo de acordos".

Isabel Marques da Silva: "Esses acordos devem ser revistos ou anulados?"

Nicolas Schmit: "Penso que temos de os rever e ver o que pode ser feito de forma diferente. Porque também não sabemos exatamente como o dinheiro é utilizado. Essa é outra questão. Ouvi dizer que também houve um acordo com o Líbano para manter os sírios longe da Europa. Ninguém sabe exatamente como o dinheiro anunciado será gasto no Líbano, dada a situação do governo libanês, que é, de certa forma, um governo muito fraco. Há o Hezbollah e outras influências".

Isabel Marques da Silva: "Para si, trata-se mais de supervisionar o que está a ser feito. Mas a Europa não vai avançar para um modelo como o do Reino Unido, o modelo do Ruanda? Temos a Itália a fazer acordos com a Albânia que não faz parte da união."

Nicolas Schmit : "Sou absolutamente contra aquilo a que chamamos o modelo Ruanda. É contra os direitos básicos e os direitos fundamentais em que a Europa assenta. Delegar o tratamento dos refugiados no Ruanda ou no Vietname".

Isabel Marques da Silva: "Ou na Albânia?"

Nicolas Schmit: "Ou na Albânia. Eu diria que é uma falta de respeito pela dignidade humana".

**Israel: "**sou absolutamente a favor de uma abordagem muito mais dura"

Isabel Marques da Silva: "Vamos falar um pouco da situação no Médio Oriente. Sabemos que o governo israelita já não dá importância aos pedidos dos aliados para não realizar operações em Gaza, nomeadamente na cidade de Rafah. Qual deve ser a reação da União Europeia, que está a ser acusada de duplicidade de critérios ao não impor sanções, nem sequer suspender ou rever o acordo de associação?"

Nicolas Schmit: "É uma questão à qual não podemos escapar para sempre. Porque se isto continuar, se qualquer solução política for excluída, se qualquer caminho para um cessar-fogo for excluído, o que é que resta? Tem de haver algum tipo de sinal forte. Caso contrário - concordo plenamente consigo - há dois pesos e duas medidas e não podemos permitir-nos dois pesos e duas medidas. E não é apenas a nossa juventude que nos critica, mas também em muitas outras partes do mundo somos criticados. Por isso, sou absolutamente a favor de uma abordagem muito mais dura".

"A Europa está sob ameaça"

Isabel Marques da Silva: "Fala-se muito de dois pesos e duas medidas devido às comparações com a Ucrânia. Acha que a União Europeia será capaz de ajudar sozinha a Ucrânia se Donald Trump for o próximo Presidente dos Estados Unidos da América?"

Nicolas Schmit: "Penso que temos de fazer o que for preciso. Se a Europa não é capaz de o fazer estamos a lançar um convite a Putin. Por isso, temos de fazer o que for preciso. Temos de mobilizar mais recursos. Temos de acelerar a nossa produção, especialmente de munições, mas também de outros equipamentos. Isto não é fácil porque o tempo é curto".

Isabel Marques da Silva: "Há mais vontade política para criar uma estratégia europeia de defesa e segurança. Mas a questão mais espinhosa é sempre de onde virá o dinheiro e qual será a solução para obter mais recursos para os instrumentos de financiamento do sistema de defesa".

Nicolas Schmit: "A Europa está sob ameaça e as pessoas nem sempre se apercebem de que estamos sob ameaça. Mais uma vez, as últimas declarações de Putin são uma clara ameaça contra a Europa. Digo sempre que já imaginaram Churchill a dizer, em 1940: "não tenho a certeza se posso resistir aos nazis porque não sei como financiar isso". Conseguem imaginar uma coisa dessas? Não. E é essa a situação em que nos encontramos. E é por isso que a Europa tem agora de dar um o em frente. E se a forma de o fazer é ter mais capacidade europeia, capacidade financeira para ar e acelerar as suas próprias capacidades de defesa e segurança, temos de o fazer".

Isabel Marques da Silva: "Acha que os chamados países frugais vão concordar com isso?"

Nicolas Schmit: "Entre os países frugais, há aqueles que estão na fronteira, os finlandeses, os suecos. Estão na fronteira. E, a propósito, estamos todos na fronteira, e penso que esta é uma questão essencial - diria mesmo, de certa forma, existencial - para a Europa atual. Se Putin ganhar esta guerra, teremos muitas surpresas, surpresas muito perigosas. E é por isso que as decisões têm de ser tomadas agora. Não se trata de discutir o tipo de segurança, de defesa, de que precisaremos nos próximos dez anos. Não. Temos de tomar uma decisão porque a ameaça é atual. Não é daqui a dez anos. É quotidiana".

"Não há forma de chegar a um acordo com a extrema-direita"

Isabel Marques da Silva: "Estamos a aproximar-nos da data das eleições. A ascensão da extrema-direita é provável. Provavelmente, terão uma maior representação no Parlamento Europeu. Quais devem ser os limites das alianças? Ursula von der Leyen disse que o seu partido, o PPE, poderia considerar a possibilidade de obter o apoio dos ultra-conservadores do grupo dos conservadores e reformistas europeus. Nesse caso, os socialistas deveriam ser automaticamente excluídos de uma tal coligação?"

Nicolas Schmit: "Está fora de questão. Sou muito claro quanto a isso. Não há forma de chegar a um acordo com a extrema-direita. Reparei que no seio do PPE faz-se uma distinção muito especial entre a extrema-direita decente e a extrema-direita pária.Quando olho para a chamada extrema-direita decente, quem são essas pessoas? São os Vox. iradores de Franco. iradores de Mussolini. São o partido PiS, que estava prestes a abolir o Estado de direito na Polónia e foi sancionado pela Comissão. Onde está a extrema-direita decente? Não há nenhuma. Não há. E é por isso que não há forma de chegar a um acordo para comprar votos. Porque a extrema-direita é inteligente, não vai dar os seus votos a troco de nada. Por isso, vão pedir concessões sobre a forma como a política europeia vai ser definida".

Isabel Marques da Silva: "A agenda moderada de von der Leyen deixaria de ser moderada?"

Nicolas Schmit: "Não sou a favor de uma agenda moderada, mas sim de uma agenda corajosa. Não se trata de moderação".

Isabel Marques da Silva: "Em comparação com a extrema-direita".

Nicolas Schmit: "Num período em que temos tantas dificuldades e problemas, eles iriam realmente tentar influenciar esta agenda. O conceito da Europa da extrema-direita é fundamentalmente diferente do dos sociais-democratas. Mas suponho que agora já não tenho a certeza da conceção do PPE, porque a conceção do PPE está muito ligada aos antigos democratas-cristãos. Sei que para os verdadeiros democratas-cristãos, está fora de questão ter uma aliança com qualquer forma de extrema-direita. E essa é também a nossa posição. Sou muito claro. Não há forma de nos entendermos neste ponto".

Isabel Marques da Silva: "O que pensa da possibilidade de o Conselho não voltar a seguir o esquema do candidato principal e selecionar outra pessoa para o cargo?"

Nicolas Schmit: "Não vou entrar nesse tipo de especulação. Mas vamos esperar pelo resultado e depois, penso eu, a decisão tem de ser tomada e tenho a certeza de que haverá forças que dirão: temos de nos manter fiéis às expetativas dos eleitores".

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