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Pedro Nuno Santos que sucede a Ant\u00f3nio Costa como secret\u00e1rio-geral do PS, Lu\u00eds Montenegro que foi eleito presidente do Partido Social-Democrata (PSD) em maio de 2022, Rui Rocha que assumiu o lugar de presidente da Iniciativa Liberal (IL) em janeiro do ano ado, Mariana Mort\u00e1gua que desempenha as fun\u00e7\u00f5es de coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) desde maio de 2023 e Paulo Raimundo que ocupa o lugar deixado vago por Jer\u00f3nimo de Sousa \u00e0 frente do Partido Comunista (P) desde novembro de 2022. Apenas tr\u00eas partidos com representa\u00e7\u00e3o na Assembleia da Rep\u00fablica mant\u00eam os l\u00edderes: Andr\u00e9 Ventura que ocupa o cargo de presidente do Chega desde abril de 2019, In\u00eas Sousa Real que \u00e9 porta-voz do PAN desde junho de 2021 e Rui Tavares que \u00e9 co-porta-voz do partido ecologista Livre desde mar\u00e7o de 2022. Por que raz\u00e3o est\u00e1 o Chega a agitar a pol\u00edtica portuguesa? As sondagens, incluindo a da Consulmark2 para a Euronews e Nascer do SOL , t\u00eam dado uma ligeira vantagem \u00e0 AD, coliga\u00e7\u00e3o liderada por Lu\u00eds Montenegro. Na Sondagem das Sondagens, da Renascen\u00e7a, que re\u00fane todos os inqu\u00e9ritos de opini\u00e3o, a AD surge em primeiro lugar com 31,6% das inten\u00e7\u00f5es de voto, seguida do PS com 28%. J\u00e1 o Chega deve, segundo todas as sondagens, ter uma forte subida em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s elei\u00e7\u00f5es anteriores e aparece destacado no terceiro lugar, reunindo entre 15 e 20% das inten\u00e7\u00f5es de voto. O partido de Andr\u00e9 Ventura conseguiu eleger o primeiro deputado nas elei\u00e7\u00f5es de 2019, com 1,3% dos votos. J\u00e1 em 2022, saltou para 7,2%, conquistando 12 assentos na Assembleia da Rep\u00fablica. Agora, os olhos est\u00e3o postos no Chega, cujo crescimento promete dificultar os poss\u00edveis cen\u00e1rios de governabilidade . Andr\u00e9 Ventura j\u00e1 h\u00e1 muito que garantiu que n\u00e3o viabilizar\u00e1 um Governo de direita se o seu partido n\u00e3o fizer parte da equa\u00e7\u00e3o. Ao contr\u00e1rio do que aconteceu com outros Estados-membros da Uni\u00e3o Europeia, como em It\u00e1lia, Finl\u00e2ndia ou Su\u00e9cia, a direita populista em Portugal at\u00e9 agora n\u00e3o conseguiu ter impacto na governa\u00e7\u00e3o. No entanto, os recentes esc\u00e2ndalos de corrup\u00e7\u00e3o alimentam o desencanto dos eleitores pelos principais partidos, favorecendo o voto de protesto em partidos mais radicais como o Chega. Al\u00e9m dos v\u00e1rios casos que atingiram o seio da governa\u00e7\u00e3o socialista nos \u00faltimos tempos, tamb\u00e9m o PSD enfrenta suspeitas de corrup\u00e7\u00e3o na Madeira . Outra investiga\u00e7\u00e3o do Minist\u00e9rio P\u00fablico provocou um terramoto pol\u00edtico no Governo Regional liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque que foi constitu\u00eddo arguido. 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Nas elei\u00e7\u00f5es para o Parlamento Europeu , marcadas para junho, o Chega que vai pela primeira vez a votos sozinho j\u00e1 tra\u00e7ou como meta eleger pelo menos quatro eurodeputados. Um estudo recente encomendado pelo European Council on Foreign Relations (ECFR), sustentado por recentes sondagens de opini\u00e3o dos 27 estados-membros da Uni\u00e3o Europeia, revela que os partidos da direita populista estar\u00e3o no topo das sondagens em pelo menos nove estados-membros da UE e ficar\u00e3o em segundo ou terceiro lugar noutros nove pa\u00edses do bloco comunit\u00e1rio. Em Portugal, a proje\u00e7\u00e3o do ECFR aponta para a elei\u00e7\u00e3o de quatro eurodeputados do Chega, que ir\u00e1 integrar o grupo Identidade e Democracia (ID), e a perda de tr\u00eas eurodeputados no grupo da Esquerda, que em 2019 conseguiu a elei\u00e7\u00e3o de dois eurodeputados do BE e dois da CDU (coliga\u00e7\u00e3o P e PEV). Quais os cen\u00e1rios para o dia seguinte? Nestas legislativas, n\u00e3o se vislumbra no horizonte que um partido ou coliga\u00e7\u00e3o conquiste uma maioria absoluta e a campanha eleitoral tem sido marcada, em parte, pela discuss\u00e3o \u00e0 volta dos cen\u00e1rios de governabilidade tanto \u00e0 esquerda e como \u00e0 direita. Ap\u00f3s conhecerem-se os resultados, o Presidente da Rep\u00fablica convida o l\u00edder da for\u00e7a pol\u00edtica mais votada a formar Governo. Uma vez constitu\u00eddo, o Executivo tem de fazer ar o seu programa na Assembleia da Rep\u00fablica. O programa do Governo n\u00e3o \u00e9 necessariamente votado e apenas ser\u00e1 sujeito a esse processo se um partido apresentar uma mo\u00e7\u00e3o de rejei\u00e7\u00e3o ou se o pr\u00f3prio Executivo se submeter \u00e0 aprova\u00e7\u00e3o de um voto de confian\u00e7a. Caso seja apresentada uma mo\u00e7\u00e3o de rejei\u00e7\u00e3o e essa for aprovada, o Governo cai. Foi o que aconteceu em 2015 com o Governo da coliga\u00e7\u00e3o PSD/CDS liderado por Pedro os Coelho. Mas a quest\u00e3o da governabilidade n\u00e3o depende apenas da viabiliza\u00e7\u00e3o do programa do Governo, mas tamb\u00e9m da aprova\u00e7\u00e3o do primeiro Or\u00e7amento do Estado , que neste caso s\u00f3 dever\u00e1 ser apresentado em outubro. Se o PS ganhar as elei\u00e7\u00f5es sem maioria absoluta nas urnas e houver uma maioria de esquerda no Parlamento, Pedro Nuno Santos procurar\u00e1 entendimentos \u00e0 esquerda , nomeadamente com o BE e o P que j\u00e1 manifestaram disponibilidade para firmar acordos p\u00f3s-eleitorais para garantir um governo com estabilidade. No cen\u00e1rio em que a AD \u00e9 o partido mais votado, mas sem n\u00famero suficiente de deputados para alcan\u00e7ar a maioria absoluta, Lu\u00eds Montenegro j\u00e1 itiu procurar entendimentos com a IL . 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J\u00e1 se os resultados ditarem uma vit\u00f3ria socialista, mas houver maioria \u00e0 direita (AD, Chega e IL) no Parlamento, as contas complicam-se. O l\u00edder social-democrata assegura que n\u00e3o governa se perder as legislativas, mas recusa-se a dizer se viabilizar\u00e1 um governo minorit\u00e1rio do PS. As elei\u00e7\u00f5es legislativas acontecem a pouco mais de um m\u00eas das comemora\u00e7\u00f5es dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 , que devolveu a democracia aos portugueses depois de quase cinco d\u00e9cadas de ditadura. 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Portugal vai a votos no domingo. Eis o que precisa de saber

Cerca de 208 mil eleitores inscreveram-se no voto antecipado e foram às urnas no ado domingo
Cerca de 208 mil eleitores inscreveram-se no voto antecipado e foram às urnas no ado domingo Direitos de autor Armando Franca/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Armando Franca/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
De Joana Mourão Carvalho
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As eleições legislativas antecipadas são já dia 10 de março. Eleitores decidem se querem manter o PS no poder por mais quatro anos ou se é tempo de mudança. Descrença nos partidos tradicionais e crescimento do Chega podem dificultar cenários de governabilidade. Entenda o que está em causa.

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No próximo dia 10 de março mais de 10,8 milhões de eleitores portugueses serão chamados às urnas, dois anos antes do que seria suposto, para eleger os 230 deputados da Assembleia da República na próxima legislatura e escolher que partido deve formar Governo.

A última legislatura, que terminaria apenas em 2026 sustentada por uma maioria absoluta socialista, foi interrompida na sequência da demissão do primeiro-ministro António Costa, em 7 de novembro, que é alvo de um inquérito judicial instaurado pelo Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça no âmbito da Operação Influencer.

A investigação também atingiu outros governantes e o círculo mais próximo do ex-líder socialista, como Vítor Escária, antigo chefe de gabinete do primeiro-ministro, e Diogo Lacerda Machado, consultor e homem da confiança de António Costa, inicialmente indiciados por suspeitas de corrupção.

O pedido de demissão do primeiro-ministro foi aceite de imediato pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que dois dias depois anunciou ao país a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas.

Com a campanha eleitoral já a entrar na reta final, os líderes dos principais partidos têm até sexta-feira, dia 8, para convencer o eleitorado, que terá de decidir se quer perpetuar no poder por mais quatro anos o Partido Socialista (PS), que já governa o país há oito anos, ou se é tempo de iniciar um novo ciclo político.

Que partidos concorrem às eleições portuguesas?

Nestas eleições legislativas concorrem 19 forças políticas e apenas uma é estreante, o partido Nova Direita. No boletim de voto, os eleitores poderão votar entre os seguintes partidos e coligações: PS; Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM); Chega; IL; BE; CDU (P/PEV); PAN; Livre; Nós, Cidadãos!; Alternativa 21 (MPT/Aliança); ADN; PTP; RIR; JPP; Ergue-te; MAS; Nova Direita; Volt Portugal e PCTP/MRPP.

Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro vão pela primeira vez a votos em eleições legislativas
Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro vão pela primeira vez a votos em eleições legislativasFlickr/PSD

Esta é também a primeira vez desde 2005 que os dois principais partidos vão a votos ao mesmo tempo com novas lideranças. Entre os oito partidos do arco parlamentar, cinco têm rostos novos a assumir as rédeas. Pedro Nuno Santos que sucede a António Costa como secretário-geral do PS, Luís Montenegro que foi eleito presidente do Partido Social-Democrata (PSD) em maio de 2022, Rui Rocha que assumiu o lugar de presidente da Iniciativa Liberal (IL) em janeiro do ano ado, Mariana Mortágua que desempenha as funções de coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) desde maio de 2023 e Paulo Raimundo que ocupa o lugar deixado vago por Jerónimo de Sousa à frente do Partido Comunista (P) desde novembro de 2022.

Apenas três partidos com representação na Assembleia da República mantêm os líderes: André Ventura que ocupa o cargo de presidente do Chega desde abril de 2019, Inês Sousa Real que é porta-voz do PAN desde junho de 2021 e Rui Tavares que é co-porta-voz do partido ecologista Livre desde março de 2022.

Por que razão está o Chega a agitar a política portuguesa?

As sondagens, incluindo a da Consulmark2 para a Euronews e Nascer do SOL, têm dado uma ligeira vantagem à AD, coligação liderada por Luís Montenegro. Na Sondagem das Sondagens, da Renascença, que reúne todos os inquéritos de opinião, a AD surge em primeiro lugar com 31,6% das intenções de voto, seguida do PS com 28%.

Já o Chega deve, segundo todas as sondagens, ter uma forte subida em relação às eleições anteriores e aparece destacado no terceiro lugar, reunindo entre 15 e 20% das intenções de voto.

O partido de André Ventura conseguiu eleger o primeiro deputado nas eleições de 2019, com 1,3% dos votos. Já em 2022, saltou para 7,2%, conquistando 12 assentos na Assembleia da República.

O partido de André Ventura tem feito campanha contra a corrupção
O partido de André Ventura tem feito campanha contra a corrupçãoArmando Franca/Copyright 2024 The AP. All rights reserved

Agora, os olhos estão postos no Chega, cujo crescimento promete dificultar os possíveis cenários de governabilidade. André Ventura já há muito que garantiu que não viabilizará um Governo de direita se o seu partido não fizer parte da equação.

Ao contrário do que aconteceu com outros Estados-membros da União Europeia, como em Itália, Finlândia ou Suécia, a direita populista em Portugal até agora não conseguiu ter impacto na governação. No entanto, os recentes escândalos de corrupção alimentam o desencanto dos eleitores pelos principais partidos, favorecendo o voto de protesto em partidos mais radicais como o Chega.

Além dos vários casos que atingiram o seio da governação socialista nos últimos tempos, também o PSD enfrenta suspeitas de corrupção na Madeira. Outra investigação do Ministério Público provocou um terramoto político no Governo Regional liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque que foi constituído arguido.

A crise na habitação, os baixos rendimentos e a situação de fragilidade em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde e a Educação são outras preocupações que têm contribuído para o descontentamento dos portugueses.

Tal como noutros países pela Europa fora, o Chega tem sabido cavalgar essa desilusão com os partidos tradicionais, sobretudo fazendo campanha contra a corrupção e a imigração. E, graças à forte presença nas redes sociais, tem conseguido uma maior penetração no eleitorado jovem. No TikTok, o líder do partido André Ventura lidera entre os políticos portugueses, com cerca de 216 mil seguidores na sua conta pessoal, seguido pela deputada do partido Rita Matias, com mais de 35 mil seguidores.

Nas eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para junho, o Chega que vai pela primeira vez a votos sozinho já traçou como meta eleger pelo menos quatro eurodeputados.

Um estudo recente encomendado pelo European Council on Foreign Relations (ECFR), sustentado por recentes sondagens de opinião dos 27 estados-membros da União Europeia, revela que os partidos da direita populista estarão no topo das sondagens em pelo menos nove estados-membros da UE e ficarão em segundo ou terceiro lugar noutros nove países do bloco comunitário.

Em Portugal, a projeção do ECFR aponta para a eleição de quatro eurodeputados do Chega, que irá integrar o grupo Identidade e Democracia (ID), e a perda de três eurodeputados no grupo da Esquerda, que em 2019 conseguiu a eleição de dois eurodeputados do BE e dois da CDU (coligação P e PEV).

Quais os cenários para o dia seguinte?

Nestas legislativas, não se vislumbra no horizonte que um partido ou coligação conquiste uma maioria absoluta e a campanha eleitoral tem sido marcada, em parte, pela discussão à volta dos cenários de governabilidade tanto à esquerda e como à direita.

Após conhecerem-se os resultados, o Presidente da República convida o líder da força política mais votada a formar Governo. Uma vez constituído, o Executivo tem de fazer ar o seu programa na Assembleia da República.

O programa do Governo não é necessariamente votado e apenas será sujeito a esse processo se um partido apresentar uma moção de rejeição ou se o próprio Executivo se submeter à aprovação de um voto de confiança. Caso seja apresentada uma moção de rejeição e essa for aprovada, o Governo cai. Foi o que aconteceu em 2015 com o Governo da coligação PSD/CDS liderado por Pedro os Coelho.

Mas a questão da governabilidade não depende apenas da viabilização do programa do Governo, mas também da aprovação do primeiro Orçamento do Estado, que neste caso só deverá ser apresentado em outubro.

Se o PS ganhar as eleições sem maioria absoluta nas urnas e houver uma maioria de esquerda no Parlamento, Pedro Nuno Santos procurará entendimentos à esquerda, nomeadamente com o BE e o P que já manifestaram disponibilidade para firmar acordos pós-eleitorais para garantir um governo com estabilidade.

No cenário em que a AD é o partido mais votado, mas sem número suficiente de deputados para alcançar a maioria absoluta, Luís Montenegro já itiu procurar entendimentos com a IL. Mas ainda assim pode não conseguir assegurar estabilidade governativa, dadas as baixas projeções quanto ao número de lugares que os liberais conseguirão conquistar no hemiciclo.

Até agora, o líder da AD tem dado a garantia de que não fará qualquer acordo com o Chega, pelo que poderá tentar governar em maioria relativa, ficando essa hipótese dependente do PS e/ou do partido de André Ventura deixarem ar o programa de Governo e um primeiro Orçamento de Estado.

No frente a frente com Montenegro, Pedro Nuno itiu deixar ar um governo minoritário da AD em caso de uma derrota socialista, mas não se comprometeu com a viabilização de orçamentos.

No entanto, mesmo com uma vitória da AD, o secretário-geral do PS não deixará de tentar formar Governo em caso de uma maioria à esquerda.

Já se os resultados ditarem uma vitória socialista, mas houver maioria à direita (AD, Chega e IL) no Parlamento, as contas complicam-se. O líder social-democrata assegura que não governa se perder as legislativas, mas recusa-se a dizer se viabilizará um governo minoritário do PS.

As eleições legislativas acontecem a pouco mais de um mês das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, que devolveu a democracia aos portugueses depois de quase cinco décadas de ditadura.

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