{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/09/20/eficacia-e-relevancia-da-onu-questionadas" }, "headline": "Efic\u00e1cia e relev\u00e2ncia da ONU questionadas", "description": "Num contexto de desestabiliza\u00e7\u00e3o global exacerbada pela invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia pela R\u00fassia, a 78.\u00aa Assembleia Geral da ONU conida a repensar a relev\u00e2ncia e a efic\u00e1cia da institui\u00e7\u00e3o internacional.", "articleBody": "A 78\u00aa Assembleia Geral da ONU (AGNU 78) est\u00e1 a decorrer em condi\u00e7\u00f5es semelhantes \u00e0s do ano ado: a Ucr\u00e2nia continua a defender-se da invas\u00e3o russa, que por sua vez provocou ou exacerbou outros problemas no resto do mundo. No meio da crise, a popula\u00e7\u00e3ao espera que os l\u00edderes tomem decis\u00f5es para sair da atual \u0022confus\u00e3o\u0022 global. 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Hipocrisia e falta de compreens\u00e3o Mas nem toda a gente acredita que a ONU , enquanto institui\u00e7\u00e3o internacional, seja capaz de lidar com estes conflitos, especialmente quando uma das suas prioridades \u00e9 equilibrar a sua neutralidade face \u00e0s diferen\u00e7as entre os Estados membros . \u0022 Penso que muitas pessoas perdem a f\u00e9 quando assistem a estes momentos de hipocrisia ou quando h\u00e1 uma falta de compreens\u00e3o sobre a forma como a ONU consegue continuar a funcionar num sentido, enquanto a comunidade global parece estar a caminhar para um confronto no outro\u0022, afirma Maya Ungar, do Grupo de Crise Internacional . O melhor exemplo desta hipocrisia \u00e9 o papel poderoso que a R\u00fassia continua a desempenhar no Conselho de Seguran\u00e7a da ONU como membro permanente, mesmo quando amea\u00e7a a paz e a seguran\u00e7a internacionais. 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Idealismo vs. realismo A visita de Kim Jong-un \u00e0 R\u00fassia para aprofundar os la\u00e7os militares preocupou o Ocidente com a possibilidade de um apoio militar norte-coreano \u00e0 invas\u00e3o russa da Ucr\u00e2nia, e a pertin\u00eancia e efic\u00e1cia do papel das Na\u00e7\u00f5es Unidas est\u00e1 a ser novamente posta em causa. \u0022A ONU vai usar muita ret\u00f3rica, mas a n\u00edvel efetivo n\u00e3o vai conseguir levar a cabo qualquer tipo de instrumento para travar este acordo entre a R\u00fassia e a Coreia do Norte (...) Por isso, tamb\u00e9m dinamita a sua pr\u00f3pria credibilidade. Porque se n\u00e3o tivermos um gendarme ou um ator capaz de impor toda a legisla\u00e7\u00e3o e o corpus que temos, ent\u00e3o temos um problema\u0022, afirma Barras. Para Ungar, uma das principais mudan\u00e7as em que a ONU se deve concentrar \u00e9 \u0022permitir-se estar mais consciente das op\u00e7\u00f5es que tem \u00e0 sua frente\u0022. 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Reforma necess\u00e1ria Num contexto de tens\u00f5es geopol\u00edticas sem precedentes em d\u00e9cadas, a harmoniza\u00e7\u00e3o entre pa\u00edses parece ser a prioridade da ONU, mas os especialistas consideram que a reforma \u00e9 mais urgente. \u0022A ONU deveria provavelmente cooperar mais com os parceiros regionais para ter \u00eaxito. Como \u00e9 que a ONU pode tornar isto vis\u00edvel? Essa \u00e9 obviamente uma quest\u00e3o, mas a ONU \u00e9 uma organiza\u00e7\u00e3o antiga. Est\u00e1 a ar por grandes mudan\u00e7as, o mundo est\u00e1 a ar por grandes mudan\u00e7as. Por isso, \u00e9 \u00f3bvio que as organiza\u00e7\u00f5es internacionais tamb\u00e9m t\u00eam de mudar e as suas prioridades podem n\u00e3o mudar\u0022, diz Zsuzsanna Szel\u00e9nyi,\u00a0 especialista em pol\u00edtica externa\u00a0 da Universidade da Europa Central, \u00e0 Euronews. Embora a perce\u00e7\u00e3o da ONU necessite de ser actualizada, tendo em conta o contexto atual, Szel\u00e9nyi insiste na sua import\u00e2ncia, uma vez que \u00e9 a \u00fanica institui\u00e7\u00e3o pol\u00edtica global onde frequentemente \u0022rivais ou inimigos regionais se podem sentar e falar uns com os outros\u0022. Apesar de considerar a ONU \u0022uma institui\u00e7\u00e3o falida que por vezes funciona\u0022, Ungar reconhece a efic\u00e1cia dos seus esfor\u00e7os de ajuda humanit\u00e1ria. Nos \u00faltimos seis meses, a ONU conseguiu ajudar cerca de um quinto de toda a popula\u00e7\u00e3o da Ucr\u00e2nia. E no Sud\u00e3o, apesar de a ag\u00eancia ter sido impedida de desempenhar um papel pol\u00edtico significativo, tem sido capaz de desempenhar um papel importante na presta\u00e7\u00e3o de ajuda humanit\u00e1ria. 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Eficácia e relevância da ONU questionadas

A 78ª Assembleia Geral da ONU realiza-se em condições semelhantes às do ano anterior.
A 78ª Assembleia Geral da ONU realiza-se em condições semelhantes às do ano anterior. Direitos de autor Fotograma AP
Direitos de autor Fotograma AP
De Amaranta Zermeno Jimenez
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Num contexto de desestabilização global exacerbada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, a 78.ª Assembleia Geral da ONU conida a repensar a relevância e a eficácia da instituição internacional.

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A 78ª Assembleia Geral da ONU (AGNU 78) está a decorrer em condições semelhantes às do ano ado: a Ucrânia continua a defender-se da invasão russa, que por sua vez provocou ou exacerbou outros problemas no resto do mundo.

No meio da crise, a populaçãao espera que os líderes tomem decisões para sair da atual "confusão" global. Foi o que disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, antes da reunião anual de chefes de Estado e de governo na Assembleia Geral.

A reunião ocorre numa altura em que o mundo precisa de agir agora para fazer face ao agravamento da emergência climática, à escalada dos conflitos, às "perturbações tecnológicas dramáticas" e a uma crise global do custo de vida que está a aumentar a fome e a pobreza.

Hipocrisia e falta de compreensão

Mas nem toda a gente acredita que a ONU, enquanto instituição internacional, seja capaz de lidar com estes conflitos, especialmente quando uma das suas prioridades é equilibrar a sua neutralidade face às diferenças entre os Estados membros.

"Penso que muitas pessoas perdem a fé quando assistem a estes momentos de hipocrisia ou quando há uma falta de compreensão sobre a forma como a ONU consegue continuar a funcionar num sentido, enquanto a comunidade global parece estar a caminhar para um confronto no outro", afirma Maya Ungar, do Grupo de Crise Internacional.

O melhor exemplo desta hipocrisia é o papel poderoso que a Rússia continua a desempenhar no Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, mesmo quando ameaça a paz e a segurança internacionais.

Mas Ungar não se esquece de referir também o caso dos Estados Unidos, que apesar de poderem utilizar o seu poderoso poder de veto para bloquear resoluções sobre a Palestina, devido às suas relações bilaterais, dão a volta e tentam aprovar resoluções sobre a integridade territorial no caso da Ucrânia.

"Atualmente, a ONU não responde aos interesses da própria ONU, mas sim aos interesses dos Estados", afirma Raquel Barras Tejudo, doutorada em Segurança Internacional e Relações Internacionais pela Universidade Complutense de Madrid.

Idealismo vs. realismo

A visita de Kim Jong-un à Rússia para aprofundar os laços militares preocupou o Ocidente com a possibilidade de um apoio militar norte-coreano à invasão russa da Ucrânia, e a pertinência e eficácia do papel das Nações Unidas está a ser novamente posta em causa.

"A ONU vai usar muita retórica, mas a nível efetivo não vai conseguir levar a cabo qualquer tipo de instrumento para travar este acordo entre a Rússia e a Coreia do Norte (...) Por isso, também dinamita a sua própria credibilidade. Porque se não tivermos um gendarme ou um ator capaz de impor toda a legislação e o corpus que temos, então temos um problema", afirma Barras.

Para Ungar, uma das principais mudanças em que a ONU se deve concentrar é "permitir-se estar mais consciente das opções que tem à sua frente".

Um bom exemplo é a reforma da iniciativa de veto adoptada em abril do ano ado pelo Liechtenstein. Quando o veto é utilizado no Conselho de Segurança, é convocada uma reunião na Assembleia Geral, na qual o membro que o exerce está presente para discutir e justificar o veto. " Uma forma muito importante de aumentar a responsabilidade", diz Ungar.

"Penso que a ONU deveria concentrar-se nas medidas que podem não ser tão significativas para os Estados membros - como, por exemplo, acrescentar um assento permanente ao Conselho - e que podem ter um impacto real a curto prazo, porque é importante manter um equilíbrio entre o idealismo e o realismo do que a ONU pode realmente alcançar".

Reforma necessária

Num contexto de tensões geopolíticas sem precedentes em décadas, a harmonização entre países parece ser a prioridade da ONU, mas os especialistas consideram que a reforma é mais urgente.

"A ONU deveria provavelmente cooperar mais com os parceiros regionais para ter êxito. Como é que a ONU pode tornar isto visível? Essa é obviamente uma questão, mas a ONU é uma organização antiga. Está a ar por grandes mudanças, o mundo está a ar por grandes mudanças. Por isso, é óbvio que as organizações internacionais também têm de mudar e as suas prioridades podem não mudar", diz Zsuzsanna Szelényi, especialista em política externada Universidade da Europa Central, à Euronews.

Embora a perceção da ONU necessite de ser actualizada, tendo em conta o contexto atual, Szelényi insiste na sua importância, uma vez que é a única instituição política global onde frequentemente "rivais ou inimigos regionais se podem sentar e falar uns com os outros".

Apesar de considerar a ONU "uma instituição falida que por vezes funciona", Ungar reconhece a eficácia dos seus esforços de ajuda humanitária. Nos últimos seis meses, a ONU conseguiu ajudar cerca de um quinto de toda a população da Ucrânia. E no Sudão, apesar de a agência ter sido impedida de desempenhar um papel político significativo, tem sido capaz de desempenhar um papel importante na prestação de ajuda humanitária. Da mesma forma, no Afeganistão, milhões de afegãos dependem das operações de ajuda da ONU.

"Penso que, apesar de haver frustração com os sistemas das Nações Unidas devido à forma como a política pode funcionar, no final do dia, ainda existem elementos, como as suas operações de ajuda, que fazem o que devem fazer e, portanto, ainda são necessários para receber o financiamento que a UE, em particular, é tão importante em fornecer", diz Ungar à Euronews.

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