{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/09/08/interpol-diz-que-estados-devem-agir-para-travar-redes-globais-de-criminalidade" }, "headline": "Interpol diz que Estados devem agir para travar redes globais de criminalidade", "description": "A euronews entrevistou o Secret\u00e1rio-Geral da Interpol, J\u00fcrgen Stock, por ocasi\u00e3o do dia Internacional da Coopera\u00e7\u00e3o Policial.", "articleBody": "Desde que se tornou global, a criminalidade organizada internacional funde-se cada vez mais com a pol\u00edtica e a economia mundiais. As organiza\u00e7\u00f5es internacionais e os organismos respons\u00e1veis pela aplica\u00e7\u00e3o da lei enfrentam novos desafios. A euronews entrevistou o Secret\u00e1rio-Geral da Interpol , J\u00fcrgen Stock, por ocasi\u00e3o do dia Internacional da Coopera\u00e7\u00e3o Policial . Euronews : \u201cComo est\u00e1 a decorrer a coopera\u00e7\u00e3o entre as for\u00e7as policiais e a troca de informa\u00e7\u00f5es, desde o in\u00edcio da guerra na Ucr\u00e2nia?\u201d J\u00fcrgen Stock, Secret\u00e1rio-Geral da Interpol : \u201cO mandato da Interpol prev\u00ea que apesar das circunst\u00e2ncias pol\u00edticas, e das dificuldades da situa\u00e7\u00e3o atual, o nosso objetivo \u00e9 tentar facilitar, a um n\u00edvel m\u00ednimo ou o m\u00e1ximo poss\u00edvel, a coopera\u00e7\u00e3o policial internacional. Quando estamos perante um conflito pol\u00edtico, \u00e9 claro que temos de evitar que os nossos instrumentos e servi\u00e7os sejam usados para fins pol\u00edticos, e levamos esse papel muito a s\u00e9rio. Por outro lado, mantemos abertos os canais de coopera\u00e7\u00e3o policial internacional porque, mais uma vez, os criminosos exploram todas as crises que possam surgir. Em particular, no que se refere ao conflito entre a R\u00fassia e a Ucr\u00e2nia, estamos muito preocupados com as armas que est\u00e3o a ser entregues e que poder\u00e3o ir parar a outros teatros de opera\u00e7\u00f5es em todo o mundo. Isso aconteceu nos Balc\u00e3s. H\u00e1 muitos exemplos. Observ\u00e1mos que os criminosos tentam explorar as v\u00edtimas desesperadas deste conflito que tentam sair do pa\u00eds em busca de prote\u00e7\u00e3o. Estamos a falar de mulheres e crian\u00e7as\u0022. Euronews : \u201ode contar com a total coopera\u00e7\u00e3o da pol\u00edcia e dos servi\u00e7os de seguran\u00e7a russos no que diz respeito ao o a bases de dados e \u00e0 total coopera\u00e7\u00e3o em termos de fornecer nomes ou provas das atividades criminosas?\u201d J\u00fcrgen Stock : \u201cA Interpol \u00e9 uma plataforma de coopera\u00e7\u00e3o policial internacional. E o que vemos \u00e9 que, no que diz respeito a este conflito, continua a haver troca de informa\u00e7\u00f5es sobre os chamados crimes de direito comum. N\u00e3o estou a falar de crimes com motiva\u00e7\u00f5es pol\u00edticas. Nesse dom\u00ednio a Interpol tem de se manter afastada, porque n\u00e3o somos uma organiza\u00e7\u00e3o pol\u00edtica. Euronews : \u201cSim, \u00e9 o artigo terceiro dos estatutos \u201d. J\u00fcrgen Stock: \u201cO artigo terceiro \u00e9 fundamental. A Constitui\u00e7\u00e3o da Interpol diz-nos que temos de aplicar rigorosamente essa regra. Mas h\u00e1 crimes de direito comum. Criminosos que tentam explorar a crise e estamos a trabalhar arduamente para que os pa\u00edses membros da regi\u00e3o, e todos os pa\u00edses, trabalhem juntos. Euronews : \u201cAt\u00e9 porque as organiza\u00e7\u00f5es criminosas j\u00e1 estavam ativas muito antes da guerra. J\u00e1 mencionou a 'Ndrangheta, por exemplo, de It\u00e1lia, que tinha redes muito desenvolvidas tanto na Ucr\u00e2nia como na R\u00fassia. E \u00e9 muito dif\u00edcil imaginar que agora, por causa da guerra, esta rede tenha sido interrompida\u201d. J\u00fcrgen Stock : \u201cSim, tem raz\u00e3o. Temos de compreender o car\u00e1cter flex\u00edvel do crime organizado transnacional. Eles est\u00e3o permanentemente \u00e0 procura de novas oportunidades para ganhar dinheiro. Foi o que vimos durante a pandemia. Uma esp\u00e9cie de pandemia paralela de crime cibern\u00e9tico em que os criminosos se viraram muito rapidamente para as novas vulnerabilidades. Infelizmente, h\u00e1 muitas vulnerabilidades em todo o mundo que est\u00e3o a ser consideradas oportunidades para os criminosos. Neste preciso momento, as nossas bases de dados est\u00e3o a ser pesquisadas estatisticamente a cada segundo, mais de 280 vezes. Porque n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel entender a complexidade do crime atual, se n\u00e3o se utilizar uma plataforma centralizada que re\u00fane toda a informa\u00e7\u00e3o recolhida. A nossa ambi\u00e7\u00e3o \u00e9 devolver a informa\u00e7\u00e3o enriquecida. Ajudar a ligar os v\u00e1rios pontos\u0022. Euronews : \u201odem contar com os vossos colegas russos?\u201d J\u00fcrgen Stock: \u201cO mais importante \u00e9 que n\u00e3o legitimamos automaticamente as informa\u00e7\u00f5es provenientes dos nossos pa\u00edses membros. O processo de valida\u00e7\u00e3o aplica-se a todos os pa\u00edses membros. Criei todo um sistema aqui no Secretariado em 2016 e nos anos seguintes para verificar todas as informa\u00e7\u00f5es. Por exemplo, um pedido de emiss\u00e3o de avisos vermelhos, um instrumento c\u00e9lebre e muito bem sucedido que ajuda todos os anos a prender milhares de criminosos em todo o mundo. Asseguramo-nos que esse instrumento e outros instrumentos n\u00e3o sejam mal utilizados, usados para fins pol\u00edticos ou militares\u201d. Euronews : \u201cH\u00e1 crimes cometidos por organiza\u00e7\u00f5es criminosas que est\u00e3o intrinsecamente relacionados com aspetos militares, por exemplo, o tr\u00e1fico de armas. Como \u00e9 que lidam com isso? J\u00fcrgen Stock : \u201c5% das informa\u00e7\u00f5es requerem um processo de an\u00e1lise aprofundado. Tenho estado a desenvolver um processo complexo e uma grande equipa de especialistas. Se tivermos d\u00favidas fortes de que um pedido n\u00e3o est\u00e1 de acordo com a nossa Constitui\u00e7\u00e3o, recusamo-lo.\u201d Euronews : \u201cH\u00e1 casos de viola\u00e7\u00f5es dos direitos humanos, abusos de crian\u00e7as e tr\u00e1fico de seres humanos que tamb\u00e9m est\u00e3o a ocorrer. Mas muitos destes crimes fazem parte do que est\u00e1 a ser considerado como crimes de guerra. Como \u00e9 a Interpol lida com isso\u201d? J\u00fcrgen Stock : \u201c\u00c9 uma an\u00e1lise caso a caso. Como disse, n\u00e3o \u00e9 algo preto e branco. \u00c9 preciso ter uma boa equipa que avalie o caso sob diferentes perspetivas. Exige tamb\u00e9m a recolha de informa\u00e7\u00f5es de v\u00e1rias fontes, n\u00e3o s\u00f3 do pa\u00eds requerente, mas tamb\u00e9m de outros pa\u00edses que possam ter informa\u00e7\u00f5es sobre uma pessoa, como, por exemplo, saber se lhe foi concedido o estatuto de prote\u00e7\u00e3o ou o estatuto de refugiado. Esta \u00e9 a raz\u00e3o pela qual n\u00e3o tomamos qualquer a\u00e7\u00e3o e recusamos qualquer pedido, por exemplo, de aviso vermelho\u0022. Euronews : \u201cA Intelig\u00eancia Artificial est\u00e1 fortemente relacionada com o mundo virtual da Internet e j\u00e1 se encontra num mundo extra-legal, onde ocorrem muitos crimes. O que est\u00e1 a pedir aos estados, aos l\u00edderes mundiais ou \u00e0s institui\u00e7\u00f5es internacionais? J\u00fcrgen Stock: Antes de mais, toda gente tem de compreender a complexidade e a amea\u00e7a que estes tipos de crime representam para a seguran\u00e7a nacional. Estamos a contribuir, por exemplo, no que se refere \u00e0 intelig\u00eancia artificial, com um produto que temos vindo a distribuir muito recentemente, um conjunto de ferramentas para a aplica\u00e7\u00e3o da lei nacional, para uma utiliza\u00e7\u00e3o respons\u00e1vel da intelig\u00eancia artificial. N\u00e3o podemos dizer aos nossos pa\u00edses membros o que t\u00eam de fazer, mas pelo menos queremos dar orienta\u00e7\u00f5es para a utiliza\u00e7\u00e3o destas ferramentas, porque t\u00eam de ser utilizadas. Caso contr\u00e1rio, n\u00e3o podemos lidar com os grandes volumes de dados e com a disponibilidade massiva de informa\u00e7\u00e3o que temos. E isso ajuda a Interpol. Por exemplo, com a nossa base de dados de explora\u00e7\u00e3o sexual infantil em linha resgat\u00e1mos mais de 30 mil v\u00edtimas de abuso sexual. E cada foto, cada imagem \u00e9 uma cena de crime\u0022. Euronews : \u0022N\u00e3o acha que h\u00e1 uma falha na base, porque o lobby da Internet nos Estados Unidos exerce um forte controlo sobre o governo federal?\u0022 J\u00fcrgen Stock: \u00a0\u0022 N\u00e3o se trata apenas de pa\u00edses espec\u00edficos. Trata-se de uma amea\u00e7a global, claro, um pouco diferente, porque tem uma dimens\u00e3o global\u0022. Euronews : \u0022 Mas a maioria destas empresas vem dos Estados Unidos\u0022. J \u00fcrgen Stock: \u0022 Claro, mas, h\u00e1 dez ou quinze anos que temos vindo a debater as quest\u00f5es relacionadas com as tecnologias da informa\u00e7\u00e3o, da seguran\u00e7a e da necessidade de regulamenta\u00e7\u00e3o. Estamos a dizer aos legisladores que a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito grave. Estas s\u00e3o quest\u00f5es que dizem respeito \u00e0 seguran\u00e7a nacional em todo o mundo. N\u00e3o cabe \u00e0 Interpol decidir que tipo de consequ\u00eancias pol\u00edticas est\u00e3o a ser tiradas, mas imaginem que a Interpol n\u00e3o existiria. 100 anos ap\u00f3s a sua cria\u00e7\u00e3o, uma plataforma onde os pa\u00edses membros podem partilhar informa\u00e7\u00f5es apesar das turbul\u00eancias pol\u00edticas, mesmo que n\u00e3o existam la\u00e7os diplom\u00e1ticos ou que os pa\u00edses estejam em conflito? E \u00e9 a Interpol que diz aos pa\u00edses membros at\u00e9 que ponto um grupo organizado transnacional tem vindo a espalhar os seus tent\u00e1culos por diferentes continentes. E \u00e9 essa a verdadeira dimens\u00e3o do crime organizado atual. N\u00e3o se trata apenas de atravessar fronteiras internacionais. Atravessa continentes. \u00c9 como um empreendimento criminoso global\u0022. ", "dateCreated": "2023-09-01T13:11:45+02:00", "dateModified": "2023-09-08T18:00:03+02:00", "datePublished": "2023-09-08T17:30:11+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F86%2F33%2F14%2F1440x810_cmsv2_8829b7ab-9dbd-5bde-b499-3d2417486c61-7863314.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "A euronews entrevistou o Secret\u00e1rio-Geral da Interpol, J\u00fcrgen Stock, por ocasi\u00e3o do dia Internacional da Coopera\u00e7\u00e3o Policial.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F86%2F33%2F14%2F432x243_cmsv2_8829b7ab-9dbd-5bde-b499-3d2417486c61-7863314.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Cantone", "givenName": "Sergio", "name": "Sergio Cantone", "url": "/perfis/26", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "R\u00e9daction" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

Interpol diz que Estados devem agir para travar redes globais de criminalidade

Interpol diz que Estados devem agir para travar redes globais de criminalidade
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Sergio Cantoneeuronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A euronews entrevistou o Secretário-Geral da Interpol, Jürgen Stock, por ocasião do dia Internacional da Cooperação Policial.

Desde que se tornou global, a criminalidade organizada internacional funde-se cada vez mais com a política e a economia mundiais. As organizações internacionais e os organismos responsáveis pela aplicação da lei enfrentam novos desafios. A euronews entrevistou o Secretário-Geral da Interpol, Jürgen Stock, por ocasião do dia Internacional da Cooperação Policial.

Euronews: “Como está a decorrer a cooperação entre as forças policiais e a troca de informações, desde o início da guerra na Ucrânia"widget widget--type-quotation widget--size-fullwidth widget--align-center">

O mais importante é que não legitimamos automaticamente as informações provenientes dos nossos países membros.
Jürgen Stock, Secretário-Geral da Interpol

Euronews: “Pode contar com a total cooperação da polícia e dos serviços de segurança russos no que diz respeito ao o a bases de dados e à total cooperação em termos de fornecer nomes ou provas das atividades criminosas"widget widget--type-quotation widget--size-fullwidth widget--align-center">

Infelizmente, há muitas vulnerabilidades em todo o mundo que estão a ser consideradas oportunidades para os criminosos.
Jürgen Stock, Secretário-Geral da Interpol

Euronews: “Até porque as organizações criminosas já estavam ativas muito antes da guerra. Já mencionou a 'Ndrangheta, por exemplo, de Itália, que tinha redes muito desenvolvidas tanto na Ucrânia como na Rússia. E é muito difícil imaginar que agora, por causa da guerra, esta rede tenha sido interrompida”.

Jürgen Stock: “Sim, tem razão. Temos de compreender o carácter flexível do crime organizado transnacional. Eles estão permanentemente à procura de novas oportunidades para ganhar dinheiro. Foi o que vimos durante a pandemia. Uma espécie de pandemia paralela de crime cibernético em que os criminosos se viraram muito rapidamente para as novas vulnerabilidades. Infelizmente, há muitas vulnerabilidades em todo o mundo que estão a ser consideradas oportunidades para os criminosos. Neste preciso momento, as nossas bases de dados estão a ser pesquisadas estatisticamente a cada segundo, mais de 280 vezes. Porque não é possível entender a complexidade do crime atual, se não se utilizar uma plataforma centralizada que reúne toda a informação recolhida. A nossa ambição é devolver a informação enriquecida. Ajudar a ligar os vários pontos".

Temos de compreender o carácter flexível do crime organizado transnacional.
Jürgen Stock, Secretário-Geral da Interpol

Euronews: “Podem contar com os vossos colegas russos"widget widget--type-quotation widget--size-fullwidth widget--align-center">

Com a nossa base de dados de exploração sexual infantil em linha, resgatámos mais de 30 mil vítimas de abuso sexual.
Jürgen Stock, Secretário-Geral da Interpol

Euronews: “A Inteligência Artificial está fortemente relacionada com o mundo virtual da Internet e já se encontra num mundo extra-legal, onde ocorrem muitos crimes. O que está a pedir aos estados, aos líderes mundiais ou às instituições internacionais?

Jürgen Stock: Antes de mais, toda gente tem de compreender a complexidade e a ameaça que estes tipos de crime representam para a segurança nacional. Estamos a contribuir, por exemplo, no que se refere à inteligência artificial, com um produto que temos vindo a distribuir muito recentemente, um conjunto de ferramentas para a aplicação da lei nacional, para uma utilização responsável da inteligência artificial. Não podemos dizer aos nossos países membros o que têm de fazer, mas pelo menos queremos dar orientações para a utilização destas ferramentas, porque têm de ser utilizadas. Caso contrário, não podemos lidar com os grandes volumes de dados e com a disponibilidade massiva de informação que temos. E isso ajuda a Interpol. Por exemplo, com a nossa base de dados de exploração sexual infantil em linha resgatámos mais de 30 mil vítimas de abuso sexual. E cada foto, cada imagem é uma cena de crime".

Euronews: "Não acha que há uma falha na base, porque o lobby da Internet nos Estados Unidos exerce um forte controlo sobre o governo federal?"

Jürgen Stock: "Não se trata apenas de países específicos. Trata-se de uma ameaça global, claro, um pouco diferente, porque tem uma dimensão global".

Euronews: "Mas a maioria destas empresas vem dos Estados Unidos".

Jürgen Stock: "Claro, mas, há dez ou quinze anos que temos vindo a debater as questões relacionadas com as tecnologias da informação, da segurança e da necessidade de regulamentação. Estamos a dizer aos legisladores que a situação é muito grave. Estas são questões que dizem respeito à segurança nacional em todo o mundo. Não cabe à Interpol decidir que tipo de consequências políticas estão a ser tiradas, mas imaginem que a Interpol não existiria. 100 anos após a sua criação, uma plataforma onde os países membros podem partilhar informações apesar das turbulências políticas, mesmo que não existam laços diplomáticos ou que os países estejam em conflito? E é a Interpol que diz aos países membros até que ponto um grupo organizado transnacional tem vindo a espalhar os seus tentáculos por diferentes continentes. E é essa a verdadeira dimensão do crime organizado atual. Não se trata apenas de atravessar fronteiras internacionais. Atravessa continentes. É como um empreendimento criminoso global".

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Secretário-Geral da Interpol diz que crime organizado é "emergência de segurança global"

Provedora de Justiça da UE: "Europa tem de ter autoridade moral para se afirmar a nível global"

Como os chefes da máfia transnacional se tornaram os novos generais da guerra híbrida