{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/04/14/listas-de-espera-dos-hospitais-em-espanha-atingem-niveis-recorde" }, "headline": "Listas de espera dos hospitais em Espanha atingem n\u00edveis recorde", "description": "Dados recentes mostram que os espanh\u00f3is esperam em m\u00e9dia 95 dias, quase tr\u00eas meses, por uma consulta com um especialista", "articleBody": "Logo ap\u00f3s celebrar 90 anos de idade, Isabel Ruiz come\u00e7ou a balbuciar coisas incompreens\u00edveis no decurso de uma reuni\u00e3o familiar. A filha sentiu imediatamente que algo estava errado. Nem uma \u00fanica palavra do que Isabel estava a dizer fazia sentido. Apesar da idade avan\u00e7ada, a m\u00e3e nunca tinha tido quaisquer problemas, por isso decidiu chamar um m\u00e9dico. 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Listas de espera dos hospitais em Espanha atingem níveis recorde

Profissionais de saúde espanhóis a braços com listas de espera cada vez mais longas
Profissionais de saúde espanhóis a braços com listas de espera cada vez mais longas Direitos de autor Guillaume Piron/ Unsplash
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Dados recentes mostram que os espanhóis esperam em média 95 dias, quase três meses, por uma consulta com um especialista

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Logo após celebrar 90 anos de idade, Isabel Ruiz começou a balbuciar coisas incompreensíveis no decurso de uma reunião familiar.

A filha sentiu imediatamente que algo estava errado. Nem uma única palavra do que Isabel estava a dizer fazia sentido.

Apesar da idade avançada, a mãe nunca tinha tido quaisquer problemas, por isso decidiu chamar um médico. O diagnóstico foi um micro derrame cerebral e para evitar que isto voltasse a acontecer, Isabel foi encaminhada para um neurologista em Valência (Espanha) para avaliação.

Só dois meses depois é que ela pôde visitar o especialista.

O neurologista ordenou-lhe que fizesse três exames, mas onze meses depois ainda está à espera de fazer o mais importante: um TAC.

"A minha mãe ainda nem sequer recebeu uma data para o fazer. O médico exortou o hospital a apressar-se", disse Alejandra, uma das filhas de Isabel, à euronews.

Desde Junho ado que está à espera de obter um diagnóstico. O neurologista tinha marcado uma consulta para este mês para lhe mostrar os resultados, mas tiveram de adiá-la devido ao atraso na realização do teste.

"Espero que o hospital não demore muito a telefonar. Ela é uma mulher muito idosa que teve um AVC e ainda não sabemos em que estado se encontra. Estamos realmente preocupados com ela", acrescentou Alejandra.

O caso de Isabel não é um caso isolado: as listas de espera dos hospitais em Espanha atingiram máximos históricos.

No final do ano ado, um número recorde de 793.521 pacientes aguardava cirurgia no sistema de saúde do país. Isto representa 88 mil pacientes a mais do que em Dezembro de 2021, um aumento de 12%.

Agora, ver um médico também está a demorar mais tempo do que nunca.

O tempo médio de espera para ver um médico especialista e para a realização de cirurgia aumentou, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde espanhol.

Os dados mostram que os espanhóis esperam em média 95 dias, quase três meses, por uma consulta com um especialista.

Isabel não teve sorte. Uma consulta com um neurologista é uma das especialidades que leva mais tempo, uma média de 113 dias.

Manu Fernandez/Copyright 2020 The AP. All rights reserved.
Serviço nacional de saúde espanhol debaixo de pressãoManu Fernandez/Copyright 2020 The AP. All rights reserved.

Mais pacientes do que nunca em lista de espera

Todos os anos, a paciência das pessoas é forçada a aumentar à medida que os tempos de espera se agravam.

Há seis meses, 17,6% dos pacientes esperaram mais de seis meses antes de serem operados. Hoje em dia, este número aumentou para 22%.

Miguel Angel Rivas está a recuperar de uma cirurgia cardíaca em Logroño, no norte de Espanha.

Em Junho de 2022, durante uma visita de rotina ao seu médico de família, este disse-lhe que o seu coração estava "a correr que nem uma mota", como o próprio Miguel Ángel o descreve.

Chamaram uma ambulância e levaram-no diretamente para as urgências, onde puderam estabilizar o seu estado e mandá-lo para casa. Dois meses mais tarde, foi visto por um cardiologista que recomendou uma operação relativamente simples.

Miguel Ángel teve de ser submetido a uma operação cardíaca, um procedimento no qual são feitas perfurações em pequenas áreas do coração a fim de melhorar o batimento cardíaco.

Teve de esperar oito meses até que foi chamado em Janeiro ado para ser submetido à operação.

"Olhando para os tempos de espera, é óbvio que a situação em Espanha é bastante má.
Não conseguimos voltar aos números anteriores à pandemia de Covid", diz Marciano Sánchez-Bayle, presidente da Associação Espanhola para a Defesa da Saúde Pública.

"O problema não reside apenas nas listas de espera para cirurgia. Trata-se também de consultas médicas com médicos de família e especialistas. Isto é inaceitável", acrescenta ele.

Sánchez-Bayle salienta que os atrasos em cada etapa do processo de cirurgia somam-se e no final conduzem a uma espera muito longa.

O que mais o preocupa são as consequências para o paciente: "Este longo atraso faz com que a situação anterior das pessoas e os problemas de saúde se agravem. Alguns podem mesmo morrer enquanto esperam".

Problemas no sistema de saúde espanhol

Os sindicatos médicos espanhóis apresentaram várias propostas que foram enviadas para o Ministério da Saúde no início de Abril.

Entre as petições, os sindicatos pediam uma extensão do horário de trabalho, para que as tardes durante todos os dias da semana pudessem ser cobertas, aumentando os recursos dos centros especializados e a hospitalização domiciliária.

"Uma maior capacidade de resolução no âmbito dos cuidados primários tiraria a pressão de outras áreas. Precisamos de utilizar todos os nossos recursos no sistema de saúde pública. O alargamento das horas de o com os doentes é fundamental", diz Sánchez Bayle.

"Os horários de atendimento médico no sistema público vão desde as oito da manhã até às três da tarde. Não há possibilidade de ter consultas à noite, aos sábados ou feriados públicos".

Outro aspecto que preocupa os especialistas é a despesa média per capita com a saúde.

"O orçamento espanhol não aumentou. Ainda temos um diferencial negativo em termos de número médio de euros gastos por paciente em comparação com outros países europeus", diz o porta-voz.

Espanha investe aproximadamente 1 808 euros per capita, enquanto a média da UE é de 2 244.
Países como a Alemanha, com 4 418 euros, a França, com 3 523, e a Itália, com 2 043, excedem o investimento espanhol.

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