{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/03/31/legislativas-na-bulgaria-candidatos-dizem-de-sua-justica" }, "headline": "Legislativas na Bulg\u00e1ria: Candidatos dizem de sua justi\u00e7a", "description": "Ambos ex-primeiros-ministros, Kiril Petkov e Boyko Borisov comandam os dois principais partidos da Bulg\u00e1ria, que se enfrentam nas legislativas deste domingo, as quintas em dois anos.", "articleBody": "Enquanto a Europa atravessa uma crise de seguran\u00e7a, a Bulg\u00e1ria vai ter elei\u00e7\u00f5es pela quinta vez em dois anos. Connosco para um The Global Conversation especial, os dois principais candidatos, Kiril Petkov \u00a0(Continuar a Mudan\u00e7a) e Bojko Borisov (GERB), ambos ex-primeiros-ministros, que v\u00e3o \u00e0 votos este domingo. Entrevista com Kiril Petkov Sergio Cantone, Euronews: Esta \u00e9 a quinta elei\u00e7\u00e3o em dois anos. O que far\u00e1 se se tornar primeiro-ministro para evitar a sexta? Porque a instabilidade da Bulg\u00e1ria pode tamb\u00e9m ser um risco para o resto da Uni\u00e3o Europeia e para o flanco ocidental da Europa em tempos de guerra. Kiril Petkov: ar assim por cinco elei\u00e7\u00f5es \u00e9 demasiado para qualquer pa\u00eds democr\u00e1tico. Mas, ao mesmo tempo, o que estou a ver agora nesta quinta elei\u00e7\u00e3o \u00e9 algo diferente. A unidade come\u00e7a a formar-se em torno da ideia de uma Bulg\u00e1ria pr\u00f3-europeia forte, de uma forma que n\u00e3o estava a acontecer nas quatro anteriores. N\u00e3o queremos que a Bulg\u00e1ria tenha outra elei\u00e7\u00e3o. Queremos mudar para um novo sistema judici\u00e1rio que seja realmente justo e acabar com a corrup\u00e7\u00e3o. Acreditamos que ter um governo claro, transparente e minorit\u00e1rio \u00e9 melhor do que uma coliga\u00e7\u00e3o obscura em que ningu\u00e9m sabe quem controla o qu\u00ea. Um governo minorit\u00e1rio ter\u00e1 de negociar com as oposi\u00e7\u00f5es, ou com os partidos que n\u00e3o s\u00e3o membros da coliga\u00e7\u00e3o, o a o, todas e quaisquer reformas, leis e medidas. Penso que a maioria dos partidos pol\u00edticos se apercebe de que a mudan\u00e7a est\u00e1 a chegar. Esperemos que isso aconte\u00e7a nesta elei\u00e7\u00e3o, mas eles j\u00e1 se aperceberam de que a mudan\u00e7a est\u00e1 a chegar. Portanto, creio que a maioria das pessoas no partido GERB, desta vez, reconhece que uma forma de participar na mudan\u00e7a \u00e9 apenas esperar que algumas for\u00e7as pol\u00edticas, como a nossa, assumam todo o poder e o mudem completamente, ou fazer parte da mudan\u00e7a e acompanhar o processo. Por exemplo, o procurador-geral... O procurador \u00e9 um grande problema, como o senhor disse. Mas, ao mesmo tempo, pensa - mais uma vez - que, com poucos deputados no Parlamento, ser\u00e1 capaz de resolver a situa\u00e7\u00e3o? Essa \u00e9 uma grande quest\u00e3o. Por isso, f\u00e1-lo-emos em duas etapas. O primeiro o \u00e9 o que \u00e9 exigido pelo plano de Recupera\u00e7\u00e3o e Resili\u00eancia. A prop\u00f3sito, esta condi\u00e7\u00e3o foi colocada pelo nosso governo e \u00a0n\u00e3o era um requisito da Uni\u00e3o Europeia. Essa condi\u00e7\u00e3o diz que o procurador-geral deve ter um controlo judicial, que tem de haver um juiz, aleat\u00f3rio, que investigue o Procurador-Geral da Rep\u00fablica. Isso era impens\u00e1vel at\u00e9 agora porque, neste momento, o procurador-geral diz que s\u00f3 Deus est\u00e1 acima dele. Agora, al\u00e9m de um Deus acima dele, ter\u00e1 um juiz aleat\u00f3rio a avaliar os seus os. Essa \u00e9 a base do Estado de direito... Exatamente. Acreditamos que este primeiro o vai ar, porque h\u00e1 5 mil milh\u00f5es de euros associados a esta reforma e seria muito dif\u00edcil para um partido pol\u00edtico explicar por que n\u00e3o quer ter estes 5 mil milh\u00f5es de euros para os cidad\u00e3os b\u00falgaros; por n\u00e3o estar disposto a faz\u00ea-lo. Pode dizer-nos por que raz\u00e3o existe esta liga\u00e7\u00e3o direta entre esta centraliza\u00e7\u00e3o da investiga\u00e7\u00e3o, atrav\u00e9s do procurador-geral, e o sistema de corrup\u00e7\u00e3o? N\u00e3o existe atualmente qualquer controlo sobre a decis\u00e3o de um procurador investigar ou n\u00e3o. \u00c9 um julgamento interno na sua pr\u00f3pria mente. Tamb\u00e9m precisamos de controlar isso, mas o maior problema \u00e9 que o procurador-geral tem o controlo de cada um dos procuradores e pode envi\u00e1-los para as fronteiras long\u00ednquas do pa\u00eds e dizer: \u0022durante os pr\u00f3ximos quatro anos v\u00e1 investigar l\u00e1\u0022. Portanto, nenhum procurador normal, com uma estrutura normal de incentivos, vai querer iniciar uma investiga\u00e7\u00e3o a qualquer um dos grandes esc\u00e2ndalos de corrup\u00e7\u00e3o. O pa\u00eds precisa de estabilidade e precisa de reformas. Estaria disposto a criar a grande coliga\u00e7\u00e3o com o GERB e com Boyko Borisov em nome destes grandes desafios que t\u00eam de ser enfrentados pela Bulg\u00e1ria? Estamos dispostos a mostrar um programa positivo que tem muitas pol\u00edticas coincidentes e queremos fazer avan\u00e7ar o pa\u00eds, no parlamento, onde todas estas medidas precisam de ser votadas, e n\u00e3o apenas com Borisov, mas com todos os deputados. Mas estava pronto a det\u00ea-lo, h\u00e1 alguns anos, tendo em conta tamb\u00e9m a reforma do sistema judicial. E agora est\u00e1 a pedir-lhe que coopere consigo para a reforma do poder judicial? Queremos ter um sistema judicial livre e justo. E isso permitiria a Borisov sentir-se, creio eu, mais confort\u00e1vel, porque pessoalmente sinto que o seu maior receio \u00e9 que queiramos mudar um contra o outro. Mas o que estamos a dizer \u00e9: vamos democratizar o Minist\u00e9rio P\u00fablico, vamos ter um controlo judicial, para que todos sintam que existe um tratamento verdadeiramente justo. E a prop\u00f3sito, enquanto ele faz isto pode estar no parlamento, se assim o decidir, e ter\u00e1 imunidade. A sociedade b\u00falgara e a opini\u00e3o p\u00fablica b\u00falgara est\u00e3o extremamente polarizadas entre os sentimentos pr\u00f3-russos e as orienta\u00e7\u00f5es pr\u00f3-ocidentais. O que pensa fazer? Quando cheg\u00e1mos ao poder, o sentimento era de que mais de 60% da popula\u00e7\u00e3o era pr\u00f3-R\u00fassia. Foi o que vimos nas sondagens. Hoje, devido ao que est\u00e1 a acontecer com a guerra, s\u00e3o apenas entre 20% e 25%, uma queda enorme dos 60% para os 20%. E isto tem que ver com duas coisas. Em primeiro lugar, as pessoas come\u00e7aram a distinguir entre a hist\u00f3ria da R\u00fassia e o atual regime de Putin. Em segundo lugar, o que \u00e9 mais importante, notei que os b\u00falgaros tinham medo de n\u00e3o conseguirmos sobreviver sem a R\u00fassia. Pensavam que \u00e9ramos totalmente dependentes, totalmente dependentes do petr\u00f3leo. Portanto, havia um medo embutido. Com a Gazprom, mostr\u00e1mos que a Bulg\u00e1ria pode diversificar, somos 0% dependentes da Gazprom. Portanto, esse medo desapareceu. E creio que este \u00e9 provavelmente um dos maiores progressos da nossa sociedade. N\u00e3o estou a dizer que \u00e9 pr\u00f3-russa ou anti-russa. Estou a dizer que n\u00e3o h\u00e1 medo, n\u00e3o h\u00e1 medo de tomar uma posi\u00e7\u00e3o independente sobre coisas importantes. E o que tamb\u00e9m vi em v\u00e1rios artigos que sa\u00edram que diziam que a Bulg\u00e1ria foi um dos primeiros pa\u00edses a ajudar a Ucr\u00e2nia. As pessoas sentiram orgulho, um orgulho de que desta vez a Bulg\u00e1ria estava no lado certo da hist\u00f3ria, foi cedo, e foi reconhecida. O Presidente da Rep\u00fablica n\u00e3o ficou muito satisfeito com a sua decis\u00e3o de vender muni\u00e7\u00f5es e armamento \u00e0 Ucr\u00e2nia. Muito claramente. E penso que todos compreenderam o que fizemos, porque foi no in\u00edcio da guerra. O que fizemos foi trabalhar com parceiros norte-americanos, brit\u00e2nicos, romenos e polacos. Portanto, a Bulg\u00e1ria vendeu as armas aos EUA e ao Reino Unido e, assim, n\u00e3o assumimos o risco direto no in\u00edcio da guerra com a Ucr\u00e2nia. Eles forneceram essas armas gratuitamente aos ucranianos e foi vantajoso para todos. Os ucranianos receberam armas fundamentais logo no in\u00edcio, e n\u00f3s representamos uma parte muito grande dessas armas. Os EUA conseguiram ter um fornecimento est\u00e1vel, tal como o Reino Unido, e paralelamente a ind\u00fastria b\u00falgara saiu-se muito bem. Portanto, este \u00e9 um exemplo de um caso espec\u00edfico de uma vit\u00f3ria e de estar do lado certo da hist\u00f3ria sem correr um risco direto espec\u00edfico. Sim, mas - mais uma vez - o presidente, Rumenn Radev, continua contra... Sim, ele \u00e9 contra. E penso que a sua vers\u00e3o de paz n\u00e3o \u00e9 aquilo em que a maioria dos b\u00falgaros acredita. A sua vers\u00e3o de paz \u00e9, digamos, se algu\u00e9m atacar a Bulg\u00e1ria e levar o territ\u00f3rio at\u00e9 Varna e disser, \u0022vamos ter paz\u0022, e mais do que isso, \u0022vamos rejeitar qualquer apoio da Uni\u00e3o Europeia para que tenhamos paz\u0022. Isso, para n\u00f3s, n\u00e3o \u00e9 paz. O pa\u00eds atacante deve voltar ao ponto de partida e s\u00f3 depois \u00e9 que podemos ter negocia\u00e7\u00f5es. Caso contr\u00e1rio, n\u00e3o \u00e9 paz. \u00c9, na verdade, autorizar a ocupa\u00e7\u00e3o. Ao mesmo tempo, uma empresa russa, a Lukoil, ainda possui oficialmente a refinaria de petr\u00f3leo mais importante do pa\u00eds, em Burgas. Portanto, ainda existem fortes rela\u00e7\u00f5es com a R\u00fassia, e interesses, interesses econ\u00f3micos... \u00c9 verdade. Fizemo-lo para salvaguardar o interesse espec\u00edfico da Bulg\u00e1ria, porque n\u00e3o temos uma segunda refinaria. Apesar de o Mar Negro ser um mar, o B\u00f3sforo \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o de alto risco, porque pode ser parado a qualquer momento e porque o equipamento russo foi criado para funcionar com o petr\u00f3leo russo. \u00c9 necess\u00e1rio que haja mudan\u00e7as consider\u00e1veis no equipamento para come\u00e7ar a trabalhar com o petr\u00f3leo Brent. Conseguimos falar com os nossos parceiros da Uni\u00e3o Europeia e obter um ano e meio de derroga\u00e7\u00e3o para ter o fornecimento. Portanto, \u00e9 isto que os b\u00falgaros est\u00e3o a ver agora. Entrevista com Boyko Borisov Segundo a Uni\u00e3o Europeia, e n\u00e3o apenas a Uni\u00e3o Europeia, a reforma da justi\u00e7a \u00e9 a reforma-chave para lutar eficazmente contra a corrup\u00e7\u00e3o. Concorda com isso? Cada sistema \u00e9 continuamente reformado para se tornar melhor e para enfrentar novos desafios. Naturalmente, estou de acordo. O centro de uma reforma de um sistema de justi\u00e7a \u00e9 a reforma da Procuradoria-Geral. Concorda em reduzir drasticamente o poder do procurador-geral? Temos um sistema muito bem desenvolvido de reforma judicial em que a palavra-chave \u00e9 o controlo do procurador-geral por parte das institui\u00e7\u00f5es. Isto ser\u00e1 adotado pelo pr\u00f3ximo Parlamento. Ent\u00e3o pensa que, seja como for, o sistema tem de mudar, porque se todas estas atividades est\u00e3o relacionadas com a corrup\u00e7\u00e3o. O problema est\u00e1 relacionado com o sistema judicial? \u00c9 por isso que existe um consenso nacional, agora, de que o sistema precisa de mudar. Em nome das reformas, em nome da urg\u00eancia, da emerg\u00eancia deste momento com a guerra na Ucr\u00e2nia, pensa que seria poss\u00edvel fazer uma grande coliga\u00e7\u00e3o com o partido Kiril Petkov \u0022Continuar a Mudan\u00e7a\u0022? N\u00e3o sei se ela pode ser formada, mas sei que se for formada, a Bulg\u00e1ria sair\u00e1 da crise pol\u00edtica muito rapidamente. Gra\u00e7as ao autocontrolo que os partidos da coliga\u00e7\u00e3o t\u00eam, muitas coisas boas e corretas ser\u00e3o feitas pela Bulg\u00e1ria. Segundo o Instituto Nacional de Estat\u00edstica da Bulg\u00e1ria e a institui\u00e7\u00e3o oficial, em cinco meses a Bulg\u00e1ria tornou-se tr\u00eas vezes mais dependente economicamente da R\u00fassia. \u00c9 o que dizem todos estes gr\u00e1ficos. Exportamos para a R\u00fassia quase 5 mil milh\u00f5es. E as importa\u00e7\u00f5es s\u00e3o de 2,5 mil milh\u00f5es de euros, aumentaram em 58%. O que faria para alterar esta tend\u00eancia? N\u00e3o vamos deixar que o fa\u00e7am. Temos aqui petr\u00f3leo diferente do dos russos. Aprov\u00e1mos leis no parlamento. N\u00e3o podemos chegar a esse ponto, \u00e9 o que o meu partido n\u00e3o quer. De onde vem esse petr\u00f3leo, ent\u00e3o? H\u00e1 muito petr\u00f3leo no mundo. \u00c9 importante que n\u00e3o seja russo.\u00a0 Penso no petr\u00f3leo iraquiano, por exemplo. Al\u00e9m disso, n\u00f3s em Alexandroupoulis temos um terminal de g\u00e1s natural liquefeito que \u00e9 propriedade do estado a 90%. Neste momento, estamos a trabalhar arduamente para ter um oleoduto na refinaria de Alexandroupoulis, para que seja mais f\u00e1cil reabastecer com petr\u00f3leo n\u00e3o-russo. Mas a refinaria continua a ser propriedade da Lukoil. Em termos legais. Sim, mas as regras num pa\u00eds s\u00e3o feitas pelo Estado, n\u00e3o por qualquer empresa. Parte do meu partido votou pela diversifica\u00e7\u00e3o a 100%, n\u00e3o s\u00f3 da Gazprom mas tamb\u00e9m do combust\u00edvel nuclear russo para a central nuclear de Kozloduy. Acha que cometeu alguns erros no ado, deste ponto de vista, ao talvez construir demasiados la\u00e7os com a R\u00fassia para o fornecimento de g\u00e1s? Desculpe, mas vou discordar de si. O governo que parou o South Stream foi o meu governo. Ent\u00e3o foi contra? Sim, claro, e foi por isso que o parei. Desde o in\u00edcio? Putin e Lavrov foram a Ancara e Atenas e quiseram levar o g\u00e1s atrav\u00e9s da Turquia e da Gr\u00e9cia. Lembra-se? Se recuarmos no tempo, o fluxo principal que deveria vir do Azerbaij\u00e3o em diante era o Nabucco. O Nabucco atravessava a Bulg\u00e1ria. A Uni\u00e3o Europeia descartou esta hip\u00f3tese e ou o g\u00e1s pela Turquia e pela Gr\u00e9cia, contornando a Bulg\u00e1ria. E eu discordei. A Bulg\u00e1ria continua a ser um pa\u00eds fortemente polarizado, com a opini\u00e3o p\u00fablica dividida entre um sentimento pr\u00f3-russo e um sentimento pr\u00f3-ocidental. Como \u00e9 que consegue conquistar o sentimento pr\u00f3-russo para votar em si? Em, no m\u00ednimo 10%, o GERB est\u00e1 a perder com a sua dura pol\u00edtica pr\u00f3-ucraniana. Antes da guerra na Ucr\u00e2nia, tent\u00e1mos ter uma pol\u00edtica equilibrada nos Balc\u00e3s. A partir do momento em que Putin atacou a Ucr\u00e2nia, n\u00e3o tivemos qualquer mudan\u00e7a de sentimento ou de posi\u00e7\u00e3o. Putin \u00e9 o agressor do povo russo e Putin tem de ser detido. Esta \u00e9 uma grande diferen\u00e7a. Sentimento \u00e9 sentimento, mas a partir do momento em que eles atacaram o povo inocente ucraniano, n\u00e3o temos qualquer hesita\u00e7\u00e3o. E aqueles que acreditam em mim, s\u00e3o centenas de milhares de pessoas do GERB a apoiar-me. De acordo consigo, quando a R\u00fassia diz que o que est\u00e1 a acontecer na Ucr\u00e2nia \u00e9 uma amea\u00e7a \u00e0 sua pr\u00f3pria exist\u00eancia, \u00e9 porque estamos prontos a escalar, a escalar o conflito? Ou ser\u00e1 que pensa que \u00e9 um bluff ? Se \u00e9 um bluff , n\u00e3o sei. Durante os \u00faltimos dois anos, o Presidente Putin comportou-se como uma pessoa diferente daquela que conhecemos no ado. O Ocidente, do qual eu fa\u00e7o parte, n\u00e3o deve permitir que isto aconte\u00e7a. Evidentemente, todos os meios diplom\u00e1ticos devem tamb\u00e9m ser utilizados para impedir o derramamento de sangue. H\u00e1 pessoas que est\u00e3o a morrer. Pensa que a Bulg\u00e1ria est\u00e1 amea\u00e7ada por esta guerra? Diretamente amea\u00e7ada? Existe o risco de um conflito real para o seu pa\u00eds ou n\u00e3o? A Bulg\u00e1ria \u00e9 um membro da NATO e h\u00e1 o artigo quinto. Mas ao mesmo tempo, se olharmos para outros pa\u00edses que s\u00e3o abrangidos pelo Artigo 5\u00ba da NATO, como os pa\u00edses b\u00e1lticos ou a Pol\u00f3nia, eles sentem-se particularmente amea\u00e7ados pelo risco de prolongamento do conflito. S\u00f3 estou a perguntar se partilha o ponto de vista de estar entre os pa\u00edses mais amea\u00e7ados da NATO. \u00c9 claro que o risco existe. Este risco significa permitir que Putin venha amanh\u00e3 \u00e0 Bulg\u00e1ria e \u00e0 Pol\u00f3nia. \u00c9 por isso que todas as leis que aprov\u00e1mos s\u00e3o para uma diversifica\u00e7\u00e3o total, para longe da R\u00fassia, nos setores da energia, do armamento e em tudo. Estas s\u00e3o as quintas elei\u00e7\u00f5es em dois anos. Portanto, uma fonte de instabilidade. O que faria para evitar uma sexta elei\u00e7\u00e3o nos pr\u00f3ximos meses? O respeito que os nossos inimigos t\u00eam por mim \u00e9 revelador. Estamos a falar em termos de pol\u00edtica externa. Neste caso, os inimigos s\u00e3o irrelevantes. J\u00e1 fui primeiro-ministro tr\u00eas vezes, mas espero que depois das elei\u00e7\u00f5es, juntamente com os l\u00edderes pol\u00edticos que declaram uma filia\u00e7\u00e3o euro-atl\u00e2ntica, seja poss\u00edvel formar governo. Agora a economia. Porque governar num pa\u00eds tem a ver com economia, especialmente em situa\u00e7\u00f5es de emerg\u00eancia. Qual \u00e9 o estado da economia b\u00falgara? Porque se esperava que o PIB crescesse mais do que o que est\u00e1 realmente a crescer... O Banco Nacional B\u00falgaro diz que haver\u00e1 uma d\u00edvida enorme, 90 mil milh\u00f5es de levs. S\u00e3o 45 mil milh\u00f5es e algo em euros de d\u00edvida externa, neste momento, num ano. Aumentou 10%. Enquanto eu fui primeiro-ministro, com a Est\u00f3nia, fomos os detentores do recorde da d\u00edvida externa mais baixa. E em rela\u00e7\u00e3o ao euro? Acha que o pa\u00eds est\u00e1 pronto para adotar o euro ou n\u00e3o? Quando eu governava o pa\u00eds, entr\u00e1mos na Uni\u00e3o Banc\u00e1ria Europeia e na sala de espera da Zona Euro. Os outros t\u00eam de pensar. Eu sou um homem de a\u00e7\u00e3o. N\u00f3s j\u00e1 estar\u00edamos na zona euro, juntamente com a Cro\u00e1cia. De qualquer modo, mesmo com estes n\u00fameros, v\u00e3o em breve recuperar e poder adotar o euro. Eu trouxe o pa\u00eds para a sala de espera da Zona Euro e da Uni\u00e3o Banc\u00e1ria Europeia. Se eu tiver oportunidade, trarei o pa\u00eds tamb\u00e9m para a Zona Euro. H\u00e1 dois anos, t\u00ednhamos todos os crit\u00e9rios t\u00e9cnicos cobertos. Desde ent\u00e3o, \u00e9 o caos. 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Legislativas na Bulgária: Candidatos dizem de sua justiça

Legislativas na Bulgária: Candidatos dizem de sua justiça
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De Sergio Cantone
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Ambos ex-primeiros-ministros, Kiril Petkov e Boyko Borisov comandam os dois principais partidos da Bulgária, que se enfrentam nas legislativas deste domingo, as quintas em dois anos.

Enquanto a Europa atravessa uma crise de segurança, a Bulgária vai ter eleições pela quinta vez em dois anos. Connosco para um The Global Conversation especial, os dois principais candidatos, Kiril Petkov (Continuar a Mudança) e Bojko Borisov (GERB), ambos ex-primeiros-ministros,que vão à votos este domingo.

Entrevista com Kiril Petkov

Sergio Cantone, Euronews: Esta é a quinta eleição em dois anos. O que fará se se tornar primeiro-ministro para evitar a sexta? Porque a instabilidade da Bulgária pode também ser um risco para o resto da União Europeia e para o flanco ocidental da Europa em tempos de guerra.

Kiril Petkov: ar assim por cinco eleições é demasiado para qualquer país democrático. Mas, ao mesmo tempo, o que estou a ver agora nesta quinta eleição é algo diferente. A unidade começa a formar-se em torno da ideia de uma Bulgária pró-europeia forte, de uma forma que não estava a acontecer nas quatro anteriores. Não queremos que a Bulgária tenha outra eleição. Queremos mudar para um novo sistema judiciário que seja realmente justo e acabar com a corrupção. Acreditamos que ter um governo claro, transparente e minoritário é melhor do que uma coligação obscura em que ninguém sabe quem controla o quê.

Um governo minoritário terá de negociar com as oposições, ou com os partidos que não são membros da coligação, o a o, todas e quaisquer reformas, leis e medidas.

Penso que a maioria dos partidos políticos se apercebe de que a mudança está a chegar. Esperemos que isso aconteça nesta eleição, mas eles já se aperceberam de que a mudança está a chegar. Portanto, creio que a maioria das pessoas no partido GERB, desta vez, reconhece que uma forma de participar na mudança é apenas esperar que algumas forças políticas, como a nossa, assumam todo o poder e o mudem completamente, ou fazer parte da mudança e acompanhar o processo. Por exemplo, o procurador-geral...

O procurador é um grande problema, como o senhor disse. Mas, ao mesmo tempo, pensa - mais uma vez - que, com poucos deputados no Parlamento, será capaz de resolver a situação?

Essa é uma grande questão. Por isso, fá-lo-emos em duas etapas. O primeiro o é o que é exigido pelo plano de Recuperação e Resiliência. A propósito, esta condição foi colocada pelo nosso governo e não era um requisito da União Europeia. Essa condição diz que o procurador-geral deve ter um controlo judicial, que tem de haver um juiz, aleatório, que investigue o Procurador-Geral da República. Isso era impensável até agora porque, neste momento, o procurador-geral diz que só Deus está acima dele. Agora, além de um Deus acima dele, terá um juiz aleatório a avaliar os seus os.

Essa é a base do Estado de direito...

Exatamente. Acreditamos que este primeiro o vai ar, porque há 5 mil milhões de euros associados a esta reforma e seria muito difícil para um partido político explicar por que não quer ter estes 5 mil milhões de euros para os cidadãos búlgaros; por não estar disposto a fazê-lo.

Pode dizer-nos por que razão existe esta ligação direta entre esta centralização da investigação, através do procurador-geral, e o sistema de corrupção?

Não existe atualmente qualquer controlo sobre a decisão de um procurador investigar ou não. É um julgamento interno na sua própria mente. Também precisamos de controlar isso, mas o maior problema é que o procurador-geral tem o controlo de cada um dos procuradores e pode enviá-los para as fronteiras longínquas do país e dizer: "durante os próximos quatro anos vá investigar lá". Portanto, nenhum procurador normal, com uma estrutura normal de incentivos, vai querer iniciar uma investigação a qualquer um dos grandes escândalos de corrupção.

O país precisa de estabilidade e precisa de reformas. Estaria disposto a criar a grande coligação com o GERB e com Boyko Borisov em nome destes grandes desafios que têm de ser enfrentados pela Bulgária?

Estamos dispostos a mostrar um programa positivo que tem muitas políticas coincidentes e queremos fazer avançar o país, no parlamento, onde todas estas medidas precisam de ser votadas, e não apenas com Borisov, mas com todos os deputados.

Mas estava pronto a detê-lo, há alguns anos, tendo em conta também a reforma do sistema judicial. E agora está a pedir-lhe que coopere consigo para a reforma do poder judicial?

Queremos ter um sistema judicial livre e justo. E isso permitiria a Borisov sentir-se, creio eu, mais confortável, porque pessoalmente sinto que o seu maior receio é que queiramos mudar um contra o outro. Mas o que estamos a dizer é: vamos democratizar o Ministério Público, vamos ter um controlo judicial, para que todos sintam que existe um tratamento verdadeiramente justo. E a propósito, enquanto ele faz isto pode estar no parlamento, se assim o decidir, e terá imunidade.

A sociedade búlgara e a opinião pública búlgara estão extremamente polarizadas entre os sentimentos pró-russos e as orientações pró-ocidentais. O que pensa fazer?

Quando chegámos ao poder, o sentimento era de que mais de 60% da população era pró-Rússia. Foi o que vimos nas sondagens. Hoje, devido ao que está a acontecer com a guerra, são apenas entre 20% e 25%, uma queda enorme dos 60% para os 20%. E isto tem que ver com duas coisas. Em primeiro lugar, as pessoas começaram a distinguir entre a história da Rússia e o atual regime de Putin. Em segundo lugar, o que é mais importante, notei que os búlgaros tinham medo de não conseguirmos sobreviver sem a Rússia. Pensavam que éramos totalmente dependentes, totalmente dependentes do petróleo. Portanto, havia um medo embutido.

Com a Gazprom, mostrámos que a Bulgária pode diversificar, somos 0% dependentes da Gazprom. Portanto, esse medo desapareceu. E creio que este é provavelmente um dos maiores progressos da nossa sociedade. Não estou a dizer que é pró-russa ou anti-russa. Estou a dizer que não há medo, não há medo de tomar uma posição independente sobre coisas importantes. E o que também vi em vários artigos que saíram que diziam que a Bulgária foi um dos primeiros países a ajudar a Ucrânia. As pessoas sentiram orgulho, um orgulho de que desta vez a Bulgária estava no lado certo da história, foi cedo, e foi reconhecida.

Somos 0% dependentes da Gazprom
Kiril Petkov
Candidato a primeiro-ministro da Bulgária

O Presidente da República não ficou muito satisfeito com a sua decisão de vender munições e armamento à Ucrânia.

Muito claramente. E penso que todos compreenderam o que fizemos, porque foi no início da guerra. O que fizemos foi trabalhar com parceiros norte-americanos, britânicos, romenos e polacos. Portanto, a Bulgária vendeu as armas aos EUA e ao Reino Unido e, assim, não assumimos o risco direto no início da guerra com a Ucrânia. Eles forneceram essas armas gratuitamente aos ucranianos e foi vantajoso para todos. Os ucranianos receberam armas fundamentais logo no início, e nós representamos uma parte muito grande dessas armas. Os EUA conseguiram ter um fornecimento estável, tal como o Reino Unido, e paralelamente a indústria búlgara saiu-se muito bem. Portanto, este é um exemplo de um caso específico de uma vitória e de estar do lado certo da história sem correr um risco direto específico.

Sim, mas - mais uma vez - o presidente, Rumenn Radev, continua contra...

Sim, ele é contra. E penso que a sua versão de paz não é aquilo em que a maioria dos búlgaros acredita. A sua versão de paz é, digamos, se alguém atacar a Bulgária e levar o território até Varna e disser, "vamos ter paz", e mais do que isso, "vamos rejeitar qualquer apoio da União Europeia para que tenhamos paz". Isso, para nós, não é paz. O país atacante deve voltar ao ponto de partida e só depois é que podemos ter negociações. Caso contrário, não é paz. É, na verdade, autorizar a ocupação.

Ao mesmo tempo, uma empresa russa, a Lukoil, ainda possui oficialmente a refinaria de petróleo mais importante do país, em Burgas. Portanto, ainda existem fortes relações com a Rússia, e interesses, interesses económicos...

É verdade. Fizemo-lo para salvaguardar o interesse específico da Bulgária, porque não temos uma segunda refinaria. Apesar de o Mar Negro ser um mar, o Bósforo é uma situação de alto risco, porque pode ser parado a qualquer momento e porque o equipamento russo foi criado para funcionar com o petróleo russo. É necessário que haja mudanças consideráveis no equipamento para começar a trabalhar com o petróleo Brent. Conseguimos falar com os nossos parceiros da União Europeia e obter um ano e meio de derrogação para ter o fornecimento. Portanto, é isto que os búlgaros estão a ver agora.

Entrevista com Boyko Borisov

Segundo a União Europeia, e não apenas a União Europeia, a reforma da justiça é a reforma-chave para lutar eficazmente contra a corrupção. Concorda com isso?

Cada sistema é continuamente reformado para se tornar melhor e para enfrentar novos desafios. Naturalmente, estou de acordo.

O centro de uma reforma de um sistema de justiça é a reforma da Procuradoria-Geral. Concorda em reduzir drasticamente o poder do procurador-geral?

Temos um sistema muito bem desenvolvido de reforma judicial em que a palavra-chave é o controlo do procurador-geral por parte das instituições. Isto será adotado pelo próximo Parlamento.

Então pensa que, seja como for, o sistema tem de mudar, porque se todas estas atividades estão relacionadas com a corrupção. O problema está relacionado com o sistema judicial?

É por isso que existe um consenso nacional, agora, de que o sistema precisa de mudar.

Em nome das reformas, em nome da urgência, da emergência deste momento com a guerra na Ucrânia, pensa que seria possível fazer uma grande coligação com o partido Kiril Petkov "Continuar a Mudança"?

Não sei se ela pode ser formada, mas sei que se for formada, a Bulgária sairá da crise política muito rapidamente. Graças ao autocontrolo que os partidos da coligação têm, muitas coisas boas e corretas serão feitas pela Bulgária. Segundo o Instituto Nacional de Estatística da Bulgária e a instituição oficial, em cinco meses a Bulgária tornou-se três vezes mais dependente economicamente da Rússia. É o que dizem todos estes gráficos. Exportamos para a Rússia quase 5 mil milhões. E as importações são de 2,5 mil milhões de euros, aumentaram em 58%.

Se for formada uma coligação com o partido de Petkov, a Bulgária sairá da crise política muito rapidamente.
Boyko Borisov
Candidato a primeiro-ministro da Bulgária

O que faria para alterar esta tendência?

Não vamos deixar que o façam. Temos aqui petróleo diferente do dos russos. Aprovámos leis no parlamento. Não podemos chegar a esse ponto, é o que o meu partido não quer.

De onde vem esse petróleo, então?

Há muito petróleo no mundo. É importante que não seja russo. Penso no petróleo iraquiano, por exemplo. Além disso, nós em Alexandroupoulis temos um terminal de gás natural liquefeito que é propriedade do estado a 90%. Neste momento, estamos a trabalhar arduamente para ter um oleoduto na refinaria de Alexandroupoulis, para que seja mais fácil reabastecer com petróleo não-russo.

Mas a refinaria continua a ser propriedade da Lukoil. Em termos legais.

Sim, mas as regras num país são feitas pelo Estado, não por qualquer empresa. Parte do meu partido votou pela diversificação a 100%, não só da Gazprom mas também do combustível nuclear russo para a central nuclear de Kozloduy.

Acha que cometeu alguns erros no ado, deste ponto de vista, ao talvez construir demasiados laços com a Rússia para o fornecimento de gás?

Desculpe, mas vou discordar de si. O governo que parou o South Stream foi o meu governo.

Então foi contra?

Sim, claro, e foi por isso que o parei.

Desde o início?

Putin e Lavrov foram a Ancara e Atenas e quiseram levar o gás através da Turquia e da Grécia. Lembra-se? Se recuarmos no tempo, o fluxo principal que deveria vir do Azerbaijão em diante era o Nabucco. O Nabucco atravessava a Bulgária. A União Europeia descartou esta hipótese e ou o gás pela Turquia e pela Grécia, contornando a Bulgária. E eu discordei.

A Bulgária continua a ser um país fortemente polarizado, com a opinião pública dividida entre um sentimento pró-russo e um sentimento pró-ocidental. Como é que consegue conquistar o sentimento pró-russo para votar em si?

Em, no mínimo 10%, o GERB está a perder com a sua dura política pró-ucraniana. Antes da guerra na Ucrânia, tentámos ter uma política equilibrada nos Balcãs. A partir do momento em que Putin atacou a Ucrânia, não tivemos qualquer mudança de sentimento ou de posição. Putin é o agressor do povo russo e Putin tem de ser detido. Esta é uma grande diferença. Sentimento é sentimento, mas a partir do momento em que eles atacaram o povo inocente ucraniano, não temos qualquer hesitação. E aqueles que acreditam em mim, são centenas de milhares de pessoas do GERB a apoiar-me.

De acordo consigo, quando a Rússia diz que o que está a acontecer na Ucrânia é uma ameaça à sua própria existência, é porque estamos prontos a escalar, a escalar o conflito? Ou será que pensa que é um bluff?

Se é um bluff, não sei. Durante os últimos dois anos, o Presidente Putin comportou-se como uma pessoa diferente daquela que conhecemos no ado. O Ocidente, do qual eu faço parte, não deve permitir que isto aconteça. Evidentemente, todos os meios diplomáticos devem também ser utilizados para impedir o derramamento de sangue. Há pessoas que estão a morrer.

Pensa que a Bulgária está ameaçada por esta guerra? Diretamente ameaçada? Existe o risco de um conflito real para o seu país ou não?

A Bulgária é um membro da NATO e há o artigo quinto.

Mas ao mesmo tempo, se olharmos para outros países que são abrangidos pelo Artigo 5º da NATO, como os países bálticos ou a Polónia, eles sentem-se particularmente ameaçados pelo risco de prolongamento do conflito. Só estou a perguntar se partilha o ponto de vista de estar entre os países mais ameaçados da NATO.

É claro que o risco existe. Este risco significa permitir que Putin venha amanhã à Bulgária e à Polónia. É por isso que todas as leis que aprovámos são para uma diversificação total, para longe da Rússia, nos setores da energia, do armamento e em tudo.

Estas são as quintas eleições em dois anos. Portanto, uma fonte de instabilidade. O que faria para evitar uma sexta eleição nos próximos meses?

O respeito que os nossos inimigos têm por mim é revelador. Estamos a falar em termos de política externa. Neste caso, os inimigos são irrelevantes. Já fui primeiro-ministro três vezes, mas espero que depois das eleições, juntamente com os líderes políticos que declaram uma filiação euro-atlântica, seja possível formar governo.

Agora a economia. Porque governar num país tem a ver com economia, especialmente em situações de emergência. Qual é o estado da economia búlgara? Porque se esperava que o PIB crescesse mais do que o que está realmente a crescer...

O Banco Nacional Búlgaro diz que haverá uma dívida enorme, 90 mil milhões de levs. São 45 mil milhões e algo em euros de dívida externa, neste momento, num ano. Aumentou 10%. Enquanto eu fui primeiro-ministro, com a Estónia, fomos os detentores do recorde da dívida externa mais baixa.

E em relação ao euro? Acha que o país está pronto para adotar o euro ou não?

Quando eu governava o país, entrámos na União Bancária Europeia e na sala de espera da Zona Euro. Os outros têm de pensar. Eu sou um homem de ação. Nós já estaríamos na zona euro, juntamente com a Croácia.

De qualquer modo, mesmo com estes números, vão em breve recuperar e poder adotar o euro.

Eu trouxe o país para a sala de espera da Zona Euro e da União Bancária Europeia. Se eu tiver oportunidade, trarei o país também para a Zona Euro. Há dois anos, tínhamos todos os critérios técnicos cobertos. Desde então, é o caos.

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