{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2022/12/01/comissario-para-alargamento-da-ue-nao-ao-alargamento-foi-um-grande-erro-da-comissao-anteri" }, "headline": "Comiss\u00e1rio para Alargamento da UE: \u0022'N\u00e3o' ao alargamento foi um grande erro da Comiss\u00e3o anterior\u0022", "description": "A poucos dias da primeira cimeira da Uni\u00e3o Europeia com os Balc\u00e3s Ocidentais, Oliv\u00e9r V\u00e1rhelyi, comiss\u00e1rio europeu para a Vizinhan\u00e7a e o Alargamento, fala \u00e0 Euronews sobre os desafios da ades\u00e3o \u00e0 UE.", "articleBody": "Tirana vai receber, dia 06 de dezembro a primeira cimeira entre a Uni\u00e3o Europeia e os Balc\u00e3s Ocidentais , um encontro impulsionado, nas palavras do Conselho Europeu, pela import\u00e2ncia da \u0022parceria estrat\u00e9gica\u0022 numa altura em que \u0022enfrentar em conjunto as consequ\u00eancias da agress\u00e3o russa contra a Ucr\u00e2nia \u0022, bem como \u0022abordar os desafios da migra\u00e7\u00e3o \u0022 se torna cada vez mais premente. Antes da reuni\u00e3o in\u00e9dita na capital albanesa, a Euronews entrevistou o comiss\u00e1rio europeu para a Vizinhan\u00e7a e o Alargamento , Oliv\u00e9r V\u00e1rhelyi, que nos falou sobre a fase em que se encontram as rela\u00e7\u00f5es da Uni\u00e3o Europeia com os v\u00e1rios pa\u00edses da regi\u00e3o e como est\u00e3o a ser ultraados - ou ainda n\u00e3o - os desafios da vizinhan\u00e7a na ades\u00e3o. S\u00e1ndor Zsiros, Euronews:\u00a0Antes de mais, por que \u00e9 que em tempos t\u00e3o incertos, com a guerra na Ucr\u00e2nia e a crise energ\u00e9tica, o alargamento aos Balc\u00e3s Ocidentais deve ser uma prioridade para a Europa? Oliv\u00e9r V\u00e1rhelyi: Penso que se h\u00e1 um resultado positivo desta guerra, se houver algum, \u00e9 um refor\u00e7o muito claro da necessidade de alargar a Uni\u00e3o Europeia. Vimos que os tr\u00eas pa\u00edses que se candidataram \u00e0 ades\u00e3o, que s\u00e3o os mais afetados pela guerra da R\u00fassia contra a Ucr\u00e2nia, decidiram imediatamente apresentar um pedido de ades\u00e3o porque consideram que a ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia \u00e9 o \u00fanico instrumento e a \u00fanica garantia de paz, seguran\u00e7a e prosperidade a longo prazo. E \u00e9 por isso que \u00e9 agora muito claro que, se a Europa quer criar a sua pr\u00f3pria paz, seguran\u00e7a e prosperidade a longo prazo, tem de se alargar. Porque se a regi\u00e3o \u00e0 volta da Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o fizer parte da Uni\u00e3o Europeia, \u00e9 evidente que as vulnerabilidades dessas regi\u00f5es v\u00e3o apenas aumentar. E \u00e9 por isso que penso que esta guerra mostrou tamb\u00e9m \u00e0 Uni\u00e3o Europeia que \u00e9 do nosso interesse alargarmo-nos para os Balc\u00e3s Ocidentais e, mais tarde, para os pa\u00edses da Parceria Oriental. S.Z.:\u00a0O que pode a pr\u00f3xima cimeira dos Balc\u00e3s Ocidentais e Uni\u00e3o Europeia, em Tirana, acrescentar a este processo? O.V.: \u00a0Creio que h\u00e1 sempre um elemento muito importante que continuamos a esquecer, que \u00e9 a necessidade de manter os parceiros dos Balc\u00e3s Ocidentais plenamente envolvidos e inclu\u00eddos nos nossos pr\u00f3prios debates. Desta forma, podemos falar sobre as quest\u00f5es que nos pressionam a todos. As quest\u00f5es que s\u00e3o desafios para ambos. Por exemplo, a energia. A crise energ\u00e9tica na Europa n\u00e3o tem fronteiras. Temos uma crise energ\u00e9tica semelhante sobre a migra\u00e7\u00e3o dos Balc\u00e3s Ocidentais. Estamos juntos nisto, porque a press\u00e3o migrat\u00f3ria na rota dos Balc\u00e3s Ocidentais \u00e9 tamb\u00e9m uma press\u00e3o sobre a Europa. E eu posso continuar e continuar e continuar. Mas h\u00e1 tamb\u00e9m coisas pr\u00e1ticas que podemos fazer com os Balc\u00e3s Ocidentais para podermos avan\u00e7ar com a sua participa\u00e7\u00e3o em muitas das nossas pol\u00edticas europeias. Por exemplo, esperamos o acordo de roaming que trar\u00e1 os pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais para a nossa rota como na nossa regi\u00e3o, o que significa que os europeus que visitam os Balc\u00e3s e as pessoas dos Balc\u00e3s que visitam a Europa v\u00e3o usar os seus telefones quando viajarem em roaming exatamente aos mesmos pre\u00e7os na Europa. O caso S\u00e9rvia-Kosovo S.Z.:\u00a0Um pa\u00eds candidato, a S\u00e9rvia, n\u00e3o est\u00e1 a alinhar-se com o regime de san\u00e7\u00f5es da Uni\u00e3o Europeia contra a R\u00fassia. Ser\u00e1 que podem manter o estatuto de candidato e n\u00e3o adotar as san\u00e7\u00f5es europeias? O.V.: N\u00e3o me parece que possam optar n\u00e3o aplicar san\u00e7\u00f5es. O que vemos \u00e9 que a S\u00e9rvia se encontra numa situa\u00e7\u00e3o peculiar em compara\u00e7\u00e3o com as outras zonas dos Balc\u00e3s Ocidentais. N\u00e3o esquecer que a S\u00e9rvia ainda tem de terminar as conversa\u00e7\u00f5es Belgrado-Pristina para chegar a um acordo sobre as modalidades da coexist\u00eancia. E \u00e9 por isso que as vulnerabilidades da S\u00e9rvia s\u00e3o muito maiores quando se trata de exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 R\u00fassia.\u00a0 N\u00e3o devemos esquecer que a S\u00e9rvia \u00e9 nossa aliada. E devemos tratar a S\u00e9rvia como um aliado. A S\u00e9rvia tem votado connosco em todas as vota\u00e7\u00f5es da Assembleia Geral da ONU, condenando a R\u00fassia por todos os atos realizados na Ucr\u00e2nia. Para mim, esta \u00e9 uma mensagem pol\u00edtica muito forte quando se trata de san\u00e7\u00f5es. Sim, teremos de assistir a um alinhamento gradual e progressivo, mas tenho muita esperan\u00e7a de que isso venha a acontecer. Mas primeiro, tamb\u00e9m temos de ver como podemos dar garantias de seguran\u00e7a e estabilidade \u00e0 S\u00e9rvia a longo prazo. S.Z.:\u00a0O senhor mencionou as conversa\u00e7\u00f5es de Belgrado-Pristina com vista \u00e0 normaliza\u00e7\u00e3o das rela\u00e7\u00f5es. Como acha que v\u00e3o acabar? O.V.: Penso que todos sabemos como podia acabar. O fim disto seria um reconhecimento do Kosovo como Estado independente pela S\u00e9rvia. Mas para que isto aconte\u00e7a, o caminho ainda \u00e9 longo. E para que isto aconte\u00e7a, penso que ter\u00e1 de existir um verdadeiro acordo pol\u00edtico que d\u00ea garantias suficientes tanto \u00e0 S\u00e9rvia como ao Kosovo. Isso cria paz a longo prazo, seguran\u00e7a para ambos. S.Z.:\u00a0E ultimamente temos visto v\u00e1rias not\u00edcias sobre o chamado \u0022plano franco-alem\u00e3o\u0022 com propostas para encontrar uma solu\u00e7\u00e3o para esta quest\u00e3o. Viu esse documento? E acha que pode ser um caminho a seguir? O.V.: \u00a0Sim e creio que pode lan\u00e7ar as bases para um acordo a longo prazo. Mas h\u00e1 tamb\u00e9m outros elementos sobre os quais precisamos de trabalhar. Mas primeiro, temos de restabelecer a confian\u00e7a no di\u00e1logo. \u00c9 por isso que era importante chegar a um acordo sobre a quest\u00e3o das matr\u00edculas. \u00c9 por isso que era muito importante podermos avan\u00e7ar pelo menos com a implementa\u00e7\u00e3o dos acordos anteriores. S.Z.:\u00a0Quando poder\u00e1 a Uni\u00e3o Europeia levantar o regime de vistos Schengen para os cidad\u00e3os do Kosovo? O.V.: \u00a0Temos grandes esperan\u00e7as de que ainda este ano isso aconte\u00e7a. Sabemos que o trabalho no conselho est\u00e1 muito avan\u00e7ado e penso que a presid\u00eancia checa encontrou uma forma de o fazer. Estamos a antecipar uma decis\u00e3o basicamente para o pr\u00f3ximo m\u00eas. Espero que n\u00e3o haja surpresas de \u00faltima hora e que possamos finalmente proporcionar esta facilidade tamb\u00e9m para o Kosovo, o \u00fanico pa\u00eds, ou entidade na regi\u00e3o que ainda n\u00e3o desfruta disto. Separatismo, \u0022recuo democr\u00e1tico\u0022 e Estado de direito S.Z.:\u00a0Vamos falar um pouco sobre a B\u00f3snia-Herzegovina, O separatismo \u00e9 um perigo real. Acabou de conhecer Milorad Dodik, o l\u00edder dos s\u00e9rvios da B\u00f3snia. Acha que \u00e9 um parceiro de confian\u00e7a para tra\u00e7ar um caminho europeu para a B\u00f3snia? O.V.: Sim, claro que a pol\u00edtica \u00e9 sempre sobre personalidades, tamb\u00e9m, mas n\u00e3o s\u00f3. E a minha visita foi uma grande surpresa at\u00e9 para mim, porque o que vi, com base num resultado muito claro das elei\u00e7\u00f5es, com maiorias claras, tanto a n\u00edvel da federa\u00e7\u00e3o, como a n\u00edvel estatal e tamb\u00e9m na Rep\u00fablica S\u00e9rvia, e com a nossa proposta em cima da mesa para que o Conselho conceda o estatuto de candidato \u00e0 B\u00f3snia-Herzegovina, \u00e9 que as coisas come\u00e7aram a mudar. E parece - mas cabe \u00e0s autoridades b\u00f3snias dizer-nos - que podemos esperar ainda mais at\u00e9 ao final do ano. E se tudo correr bem, vamos ver uma r\u00e1pida retomada do funcionamento por parte das novas institui\u00e7\u00f5es. Penso que esta \u00e9 uma not\u00edcia muito boa. E nisso h\u00e1 que reconhecer tamb\u00e9m a contribui\u00e7\u00e3o do presidente da Rep\u00fablica S\u00e9rvia. S.Z.:\u00a0H\u00e1 alertas regulares das ONG para o chamado \u0022recuo democr\u00e1tico\u0022 na S\u00e9rvia. Como v\u00ea a situa\u00e7\u00e3o do Estado de direito na S\u00e9rvia? O.V.: \u00a0Penso que conseguimos mudar fundamentalmente n\u00e3o s\u00f3 a perce\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m a abordagem do governo quando se trata do Estado de direito. E foram realizadas grandes reformas, como este referendo sobre o sistema judicial, uma grande altera\u00e7\u00e3o da Constitui\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o ao poder judicial, o Programa para a Liberdade dos Meios de Comunica\u00e7\u00e3o Social.\u00a0 \u00c9 claro que este trabalho tem de continuar. E neste momento penso que tamb\u00e9m \u00e9 claro para as autoridades s\u00e9rvias que os progressos globais nas negocia\u00e7\u00f5es de ades\u00e3o com base na nova metodologia s\u00e3o sempre condicionados pelos progressos realizados na \u00e1rea do Estado de direito. Por isso, penso que a nossa oferta \u00e9 muito clara. Estamos prontos para ir mais depressa. Isso foi poss\u00edvel gra\u00e7as \u00e0 nova metodologia. Mas tamb\u00e9m precisamos que os pa\u00edses candidatos avancem mais depressa. Portanto, se a S\u00e9rvia avan\u00e7ar mais rapidamente na \u00e1rea do Estado de direito, devemos tamb\u00e9m ser capazes de avan\u00e7ar mais rapidamente com eles nas negocia\u00e7\u00f5es de ades\u00e3o. S.Z.:\u00a0Quando falamos de democracia e de Estado de direito nos Balc\u00e3s Ocidentais, \u00e9 tamb\u00e9m alvo de cr\u00edticas por parte dos eurodeputados do Parlamento Europeu, que basicamente o acusam de estar a tentar minimizar as preocupa\u00e7\u00f5es com o Estado de direito em diferentes pa\u00edses, como, por exemplo, na S\u00e9rvia. O que responde a estas acusa\u00e7\u00f5es? O.V.: \u00a0Antes de mais, foi a minha proposta que colocou a quest\u00e3o do Estado de direito no centro da quest\u00e3o. A nova metodologia foi proposta para ado\u00e7\u00e3o no Conselho j\u00e1 em fevereiro de 2020, ou seja, basicamente no primeiro trimestre de um ano de vida desta comiss\u00e3o. Isto significa, como expliquei no caso da S\u00e9rvia, que esta \u00e9 agora a outra refer\u00eancia em termos de progresso global nas negocia\u00e7\u00f5es de ades\u00e3o. Portanto, acusarem-me de desvalorizar o Estado de direito, - como hei-de dizer? - soa mais a um jogo pol\u00edtico do que a uma cr\u00edtica real e fundada. S.Z.:\u00a0Ent\u00e3o v\u00ea-se a si pr\u00f3prio como um agente neutro no processo de alargamento? O.V.: Por que \u00e9 que n\u00e3o deveria ver-me assim? Caso contr\u00e1rio, n\u00e3o faria esse trabalho. Vizinhan\u00e7a c\u00e9tica S.Z.:\u00a0Falemos da Maced\u00f3nia do Norte, porque a Maced\u00f3nia do Norte tamb\u00e9m podia ser um s\u00edmbolo de como o processo de alargamento foi bloqueado durante anos. Eles esperaram 17 anos pelas negocia\u00e7\u00f5es e agora, que as negocia\u00e7\u00f5es podiam come\u00e7ar, est\u00e3o bloqueadas pela Bulg\u00e1ria. Quais s\u00e3o as perspetivas de que este tipo de debates nacionalistas entre vizinhos possa ser ultraados nos Balc\u00e3s Ocidentais? O.V.: O que entende por debate nacionalista? S.Z.:\u00a0Basicamente, os b\u00falgaros est\u00e3o a bloquear as negocia\u00e7\u00f5es, a fim de que se aceite a l\u00edngua b\u00falgara como l\u00edngua minorit\u00e1ria e a minoria b\u00falgara como um ativo para a constru\u00e7\u00e3o da na\u00e7\u00e3o. O.V.: Penso que \u00e9 mais complexo que isso. Em primeiro lugar, \u00e9 muito claro que nos crit\u00e9rios de Copenhaga, tem tamb\u00e9m nos crit\u00e9rios pol\u00edticos, a necessidade de respeitar os direitos das pessoas pertencentes a todas as minorias. No caso da Maced\u00f3nia do Norte e da Bulg\u00e1ria, esta quest\u00e3o j\u00e1 existe h\u00e1 bastante tempo. Os outros crit\u00e9rios pol\u00edticos sob os crit\u00e9rios de Copenhaga s\u00e3o o de ter boas rela\u00e7\u00f5es de vizinhan\u00e7a. Este crit\u00e9rio sempre existiu. E n\u00e3o se esque\u00e7a que qualquer alargamento requer o apoio un\u00e2nime de todos os Estados-membros, porque n\u00e3o se trata de uma quest\u00e3o de pol\u00edtica externa.\u00a0 N\u00e3o se trata apenas de uma quest\u00e3o de boas rela\u00e7\u00f5es, ou de coopera\u00e7\u00e3o para o desenvolvimento. Isto \u00e9 muito mais do que isso. Trata-se de uma quest\u00e3o mais fundamental. Trata-se de acolher novos membros nas nossas pr\u00f3prias estruturas. Trata-se tamb\u00e9m da pol\u00edtica interna da Uni\u00e3o Europeia. E \u00e9 por isso que estas quest\u00f5es t\u00eam sempre de ser levadas muito a s\u00e9rio. Estou muito satisfeito por, juntamente com a Presid\u00eancia sa, termos sido capazes de colocar sobre a mesa um sistema, pol\u00edtico e jur\u00eddico, atrav\u00e9s do qual poderemos juntamente com os dois pa\u00edses, gerir esta quest\u00e3o e ultraar todas as dificuldades. E escusado ser\u00e1 dizer que, nos Balc\u00e3s, este tipo de quest\u00f5es s\u00e3o sempre recorrentes. S.Z.: Pensa que o alargamento aos Balc\u00e3s Ocidentais pode acontecer no atual quadro jur\u00eddico da Uni\u00e3o Europeia? Mencionou a unanimidade, por exemplo, que o Parlamento Europeu est\u00e1 a desafiar. O.V.: O Parlamento Europeu, como sempre, tem muito bons conselhos sobre a forma como o Conselho deve trabalhar. Por isso, deixaria ao Conselho a decis\u00e3o sobre as regras e condi\u00e7\u00f5es em que gostariam de trabalhar. N\u00e3o vou certamente dar conselhos ao Conselho sobre como trabalhar. N\u00e3o me parece realista pensar que em quest\u00f5es importantes como o alargamento, que tamb\u00e9m exige a ratifica\u00e7\u00e3o da altera\u00e7\u00e3o dos tratados fundadores, os Estados-membros abdiquem do seu direito \u00e0 unanimidade. S.Z.:\u00a0O presidente Macron prop\u00f4s a chamada comunidade pol\u00edtica, que se est\u00e1 a tornar uma realidade. E muitos dizem que estes pa\u00edses n\u00e3o deviam obter a ades\u00e3o plena \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, mas sim algum tipo de coopera\u00e7\u00e3o refor\u00e7ada. Como v\u00ea esta quest\u00e3o? O.V.: N\u00e3o me lembro do que diz que o Presidente Macron disse. O que me recordo \u00e9 que quando esta proposta foi feita, ficou muito, muito claro que isto n\u00e3o \u00e9 uma alternativa a ser membro. nem ao alargamento. A meu ver, e que j\u00e1 vimos confirmado na primeira reuni\u00e3o, \u00e9 que \u00e9 muito importante manter a nossa vizinhan\u00e7a muito pr\u00f3xima de n\u00f3s. Se a nossa vizinhan\u00e7a n\u00e3o \u00e9 o nosso aliado mais pr\u00f3ximo, ent\u00e3o como pode a Europa ser um agente global? S.Z.:\u00a0E como deve esta regi\u00e3o manter o apoio da popula\u00e7\u00e3o a uma perspetiva europeia? Vimos, em alguns pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais, que existe um ceticismo crescente, porque as pessoas pensam que a Europa est\u00e1 simplesmente demasiado longe. O.V.: Acho isso discut\u00edvel, mas aceito a ideia subjacente \u00e0 sua pergunta. A ideia subjacente, tanto quanto percebi, \u00e9 que eles n\u00e3o veem quando nem como isto vai realmente acontecer. E isso \u00e9 um grande erro pol\u00edtico cometido pela comiss\u00e3o anterior. Porque n\u00e3o se esque\u00e7a que a anterior comiss\u00e3o come\u00e7ou por dizer \u0022n\u00e3o\u0022 ao alargamento. Portanto, basicamente, a Europa virou as costas aos Balc\u00e3s Ocidentais e \u00e0 sua vizinhan\u00e7a. Logo, n\u00e3o \u00e9 de irar que isto tenha um impacto desde ent\u00e3o. N\u00e3o \u00e9 de irar que as pessoas se lembrem.\u00a0 Mas se olharmos para o historial desta comiss\u00e3o, o que vamos descobrir \u00e9 que fizemos tudo, antes de mais, para tirar o alargamento do fosso onde a comiss\u00e3o anterior o deixou, depois, para o trazer de novo ao topo agenda pol\u00edtica. E em terceiro lugar, para n\u00e3o se concentrar apenas no foco institucional da bolha de Bruxelas, - de saber quantos cap\u00edtulos, que pa\u00eds \u00e9 candidato ou n\u00e3o - e em vez disso falar sobre a verdadeira quest\u00e3o. E a verdadeira quest\u00e3o \u00e9 a real integra\u00e7\u00e3o no terreno, ou seja: quando poder\u00e3o estes pa\u00edses recuperar o atraso em termos de desenvolvimento social e econ\u00f3mico em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Europa? Quando poder\u00e3o as popula\u00e7\u00f5es destes pa\u00edses beneficiar do mesmo n\u00edvel de o aos mercados europeus? E quando poderemos n\u00f3s desfrutar do mesmo n\u00edvel de o a esta regi\u00e3o?\u00a0 \u00c9 por isso que tamb\u00e9m, paralelamente \u00e0 nova metodologia que redefiniu a credibilidade de toda a pol\u00edtica de alargamento, coloc\u00e1mos sobre a mesa um plano econ\u00f3mico e de investimento s\u00f3lido e substancial para os Balc\u00e3s Ocidentais que est\u00e1 a mobilizar 30 mil milh\u00f5es de euros, o que corresponde a um ter\u00e7o do PIB de toda a regi\u00e3o. E atrav\u00e9s dessa medida estamos a abordar o principal problema, que \u00e9 a necessidade de rotas comerciais. Portanto, precisamos de auto-estradas, caminhos-de-ferro. Precisamos de um novo sistema energ\u00e9tico. Por isso, precisamos de energia renov\u00e1vel. Precisamos de fontes alternativas de g\u00e1s e eletricidade. Precisamos de novos sistemas de educa\u00e7\u00e3o, para que as pessoas adquiram as compet\u00eancias certas para poderem trabalhar. E, atrav\u00e9s de tudo isto, devemos ser capazes de acelerar a cria\u00e7\u00e3o de crescimento e emprego.\u00a0 Outro elemento muito importante \u00e9 que estamos tamb\u00e9m a promover a coopera\u00e7\u00e3o regional, para que dentro da regi\u00e3o, uma vez que, seja como for, se v\u00e3o tornar Estados-membros, proporcionem exatamente o mesmo tratamento que n\u00f3s proporcionamos dentro da Uni\u00e3o Europeia, de um Estado-membro para outro. E s\u00f3 atrav\u00e9s da coopera\u00e7\u00e3o regional \u00e9 que outro ter\u00e7o do PIB poder\u00e1 ser criado adicionalmente. Portanto, temos um plano, que agora come\u00e7a a ter resultados. Vai ver o roaming, as auto-estradas a surgir, ver\u00e1 tamb\u00e9m surgir novos projetos energ\u00e9ticos onde a Europa vai estar na vanguarda. S.Z.:\u00a0De acordo com a sua estimativa, que pa\u00eds poder\u00e1 ser o pr\u00f3ximo a aderir \u00e0 Uni\u00e3o Europeia e quando? O.V.: \u00a0Bem, eu n\u00e3o trabalho com previs\u00f5es como esta. Espero que tenhamos pelo menos um pa\u00eds que termine as negocia\u00e7\u00f5es para a ades\u00e3o at\u00e9 ao final do meu mandato. 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Comissário para Alargamento da UE: "'Não' ao alargamento foi um grande erro da Comissão anterior"

Comissário para Alargamento da UE: "'Não' ao alargamento foi um grande erro da Comissão anterior"
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A poucos dias da primeira cimeira da União Europeia com os Balcãs Ocidentais, Olivér Várhelyi, comissário europeu para a Vizinhança e o Alargamento, fala à Euronews sobre os desafios da adesão à UE.

Tirana vai receber, dia 06 de dezembro a primeira cimeira entre a União Europeia e os Balcãs Ocidentais, um encontro impulsionado, nas palavras do Conselho Europeu, pela importância da "parceria estratégica" numa altura em que "enfrentar em conjunto as consequências da agressão russa contra a Ucrânia", bem como "abordar os desafios da migração" se torna cada vez mais premente.

Antes da reunião inédita na capital albanesa, a Euronews entrevistou o comissário europeu para a Vizinhança e o Alargamento, Olivér Várhelyi, que nos falou sobre a fase em que se encontram as relações da União Europeia com os vários países da região e como estão a ser ultraados - ou ainda não - os desafios da vizinhança na adesão.

Esta guerra mostrou à União Europeia que é do nosso interesse alargarmo-nos para os Balcãs Ocidentais e, mais tarde, para os países da Parceria Oriental
Olivér Várhelyi
Comissário da UE para a Vizinhança e o Alargamento

Sándor Zsiros, Euronews: Antes de mais, por que é que em tempos tão incertos, com a guerra na Ucrânia e a crise energética, o alargamento aos Balcãs Ocidentais deve ser uma prioridade para a Europa?

Olivér Várhelyi: Penso que se há um resultado positivo desta guerra, se houver algum, é um reforço muito claro da necessidade de alargar a União Europeia. Vimos que os três países que se candidataram à adesão, que são os mais afetados pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, decidiram imediatamente apresentar um pedido de adesão porque consideram que a adesão à União Europeia é o único instrumento e a única garantia de paz, segurança e prosperidade a longo prazo. E é por isso que é agora muito claro que, se a Europa quer criar a sua própria paz, segurança e prosperidade a longo prazo, tem de se alargar. Porque se a região à volta da União Europeia não fizer parte da União Europeia, é evidente que as vulnerabilidades dessas regiões vão apenas aumentar. E é por isso que penso que esta guerra mostrou também à União Europeia que é do nosso interesse alargarmo-nos para os Balcãs Ocidentais e, mais tarde, para os países da Parceria Oriental.

S.Z.: O que pode a próxima cimeira dos Balcãs Ocidentais e União Europeia, em Tirana, acrescentar a este processo?

O.V.: Creio que há sempre um elemento muito importante que continuamos a esquecer, que é a necessidade de manter os parceiros dos Balcãs Ocidentais plenamente envolvidos e incluídos nos nossos próprios debates. Desta forma, podemos falar sobre as questões que nos pressionam a todos. As questões que são desafios para ambos. Por exemplo, a energia. A crise energética na Europa não tem fronteiras. Temos uma crise energética semelhante sobre a migração dos Balcãs Ocidentais. Estamos juntos nisto, porque a pressão migratória na rota dos Balcãs Ocidentais é também uma pressão sobre a Europa. E eu posso continuar e continuar e continuar. Mas há também coisas práticas que podemos fazer com os Balcãs Ocidentais para podermos avançar com a sua participação em muitas das nossas políticas europeias. Por exemplo, esperamos o acordo de roaming que trará os países dos Balcãs Ocidentais para a nossa rota como na nossa região, o que significa que os europeus que visitam os Balcãs e as pessoas dos Balcãs que visitam a Europa vão usar os seus telefones quando viajarem em roaming exatamente aos mesmos preços na Europa.

Não devemos esquecer que a Sérvia é nossa aliada. E devemos tratar a Sérvia como um aliado
Olivér Várhelyi
Comissário da UE para a Vizinhança e o Alargamento

O caso Sérvia-Kosovo

S.Z.: Um país candidato, a Sérvia, não está a alinhar-se com o regime de sanções da União Europeia contra a Rússia. Será que podem manter o estatuto de candidato e não adotar as sanções europeias?

O.V.: Não me parece que possam optar não aplicar sanções. O que vemos é que a Sérvia se encontra numa situação peculiar em comparação com as outras zonas dos Balcãs Ocidentais. Não esquecer que a Sérvia ainda tem de terminar as conversações Belgrado-Pristina para chegar a um acordo sobre as modalidades da coexistência. E é por isso que as vulnerabilidades da Sérvia são muito maiores quando se trata de exposição à Rússia. 

Não devemos esquecer que a Sérvia é nossa aliada. E devemos tratar a Sérvia como um aliado. A Sérvia tem votado connosco em todas as votações da Assembleia Geral da ONU, condenando a Rússia por todos os atos realizados na Ucrânia. Para mim, esta é uma mensagem política muito forte quando se trata de sanções. Sim, teremos de assistir a um alinhamento gradual e progressivo, mas tenho muita esperança de que isso venha a acontecer. Mas primeiro, também temos de ver como podemos dar garantias de segurança e estabilidade à Sérvia a longo prazo.

S.Z.: O senhor mencionou as conversações de Belgrado-Pristina com vista à normalização das relações. Como acha que vão acabar?

O.V.: Penso que todos sabemos como podia acabar. O fim disto seria um reconhecimento do Kosovo como Estado independente pela Sérvia. Mas para que isto aconteça, o caminho ainda é longo. E para que isto aconteça, penso que terá de existir um verdadeiro acordo político que dê garantias suficientes tanto à Sérvia como ao Kosovo. Isso cria paz a longo prazo, segurança para ambos.

S.Z.: E ultimamente temos visto várias notícias sobre o chamado "plano franco-alemão" com propostas para encontrar uma solução para esta questão. Viu esse documento? E acha que pode ser um caminho a seguir?

O.V.: Sim e creio que pode lançar as bases para um acordo a longo prazo. Mas há também outros elementos sobre os quais precisamos de trabalhar. Mas primeiro, temos de restabelecer a confiança no diálogo. É por isso que era importante chegar a um acordo sobre a questão das matrículas. É por isso que era muito importante podermos avançar pelo menos com a implementação dos acordos anteriores.

S.Z.: Quando poderá a União Europeia levantar o regime de vistos Schengen para os cidadãos do Kosovo?

O.V.: Temos grandes esperanças de que ainda este ano isso aconteça. Sabemos que o trabalho no conselho está muito avançado e penso que a presidência checa encontrou uma forma de o fazer. Estamos a antecipar uma decisão basicamente para o próximo mês. Espero que não haja surpresas de última hora e que possamos finalmente proporcionar esta facilidade também para o Kosovo, o único país, ou entidade na região que ainda não desfruta disto.

Se a Sérvia avançar mais rapidamente na área do Estado de direito, devemos também ser capazes de avançar mais rapidamente com eles nas negociações de adesão
Olivér Várhelyi
Comissário da UE para a Vizinhança e o Alargamento

Separatismo, "recuo democrático" e Estado de direito

S.Z.: Vamos falar um pouco sobre a Bósnia-Herzegovina, O separatismo é um perigo real. Acabou de conhecer Milorad Dodik, o líder dos sérvios da Bósnia. Acha que é um parceiro de confiança para traçar um caminho europeu para a Bósnia?

O.V.: Sim, claro que a política é sempre sobre personalidades, também, mas não só. E a minha visita foi uma grande surpresa até para mim, porque o que vi, com base num resultado muito claro das eleições, com maiorias claras, tanto a nível da federação, como a nível estatal e também na República Sérvia, e com a nossa proposta em cima da mesa para que o Conselho conceda o estatuto de candidato à Bósnia-Herzegovina, é que as coisas começaram a mudar. E parece - mas cabe às autoridades bósnias dizer-nos - que podemos esperar ainda mais até ao final do ano. E se tudo correr bem, vamos ver uma rápida retomada do funcionamento por parte das novas instituições. Penso que esta é uma notícia muito boa. E nisso há que reconhecer também a contribuição do presidente da República Sérvia.

S.Z.: Há alertas regulares das ONG para o chamado "recuo democrático" na Sérvia. Como vê a situação do Estado de direito na Sérvia?

O.V.: Penso que conseguimos mudar fundamentalmente não só a perceção, mas também a abordagem do governo quando se trata do Estado de direito. E foram realizadas grandes reformas, como este referendo sobre o sistema judicial, uma grande alteração da Constituição em relação ao poder judicial, o Programa para a Liberdade dos Meios de Comunicação Social. 

É claro que este trabalho tem de continuar. E neste momento penso que também é claro para as autoridades sérvias que os progressos globais nas negociações de adesão com base na nova metodologia são sempre condicionados pelos progressos realizados na área do Estado de direito. Por isso, penso que a nossa oferta é muito clara. Estamos prontos para ir mais depressa. Isso foi possível graças à nova metodologia. Mas também precisamos que os países candidatos avancem mais depressa. Portanto, se a Sérvia avançar mais rapidamente na área do Estado de direito, devemos também ser capazes de avançar mais rapidamente com eles nas negociações de adesão.

S.Z.: Quando falamos de democracia e de Estado de direito nos Balcãs Ocidentais, é também alvo de críticas por parte dos eurodeputados do Parlamento Europeu, que basicamente o acusam de estar a tentar minimizar as preocupações com o Estado de direito em diferentes países, como, por exemplo, na Sérvia. O que responde a estas acusações?

O.V.: Antes de mais, foi a minha proposta que colocou a questão do Estado de direito no centro da questão. A nova metodologia foi proposta para adoção no Conselho já em fevereiro de 2020, ou seja, basicamente no primeiro trimestre de um ano de vida desta comissão. Isto significa, como expliquei no caso da Sérvia, que esta é agora a outra referência em termos de progresso global nas negociações de adesão. Portanto, acusarem-me de desvalorizar o Estado de direito, - como hei-de dizer? - soa mais a um jogo político do que a uma crítica real e fundada.

S.Z.: Então vê-se a si próprio como um agente neutro no processo de alargamento?

O.V.: Por que é que não deveria ver-me assim? Caso contrário, não faria esse trabalho.

Não me parece realista pensar que em questões importantes como o alargamento, que também exige a ratificação da alteração dos tratados fundadores, os Estados-membros abdiquem do seu direito à unanimidade
Olivér Várhelyi
Comissário da UE para a Vizinhança e o Alargamento

Vizinhança cética

S.Z.: Falemos da Macedónia do Norte, porque a Macedónia do Norte também podia ser um símbolo de como o processo de alargamento foi bloqueado durante anos. Eles esperaram 17 anos pelas negociações e agora, que as negociações podiam começar, estão bloqueadas pela Bulgária. Quais são as perspetivas de que este tipo de debates nacionalistas entre vizinhos possa ser ultraados nos Balcãs Ocidentais?

O.V.: O que entende por debate nacionalista?

S.Z.: Basicamente, os búlgaros estão a bloquear as negociações, a fim de que se aceite a língua búlgara como língua minoritária e a minoria búlgara como um ativo para a construção da nação.

O.V.: Penso que é mais complexo que isso. Em primeiro lugar, é muito claro que nos critérios de Copenhaga, tem também nos critérios políticos, a necessidade de respeitar os direitos das pessoas pertencentes a todas as minorias. No caso da Macedónia do Norte e da Bulgária, esta questão já existe há bastante tempo. Os outros critérios políticos sob os critérios de Copenhaga são o de ter boas relações de vizinhança. Este critério sempre existiu. E não se esqueça que qualquer alargamento requer o apoio unânime de todos os Estados-membros, porque não se trata de uma questão de política externa. 

Não se trata apenas de uma questão de boas relações, ou de cooperação para o desenvolvimento. Isto é muito mais do que isso. Trata-se de uma questão mais fundamental. Trata-se de acolher novos membros nas nossas próprias estruturas. Trata-se também da política interna da União Europeia. E é por isso que estas questões têm sempre de ser levadas muito a sério. Estou muito satisfeito por, juntamente com a Presidência sa, termos sido capazes de colocar sobre a mesa um sistema, político e jurídico, através do qual poderemos juntamente com os dois países, gerir esta questão e ultraar todas as dificuldades. E escusado será dizer que, nos Balcãs, este tipo de questões são sempre recorrentes.

S.Z.: Pensa que o alargamento aos Balcãs Ocidentais pode acontecer no atual quadro jurídico da União Europeia? Mencionou a unanimidade, por exemplo, que o Parlamento Europeu está a desafiar.

O.V.: O Parlamento Europeu, como sempre, tem muito bons conselhos sobre a forma como o Conselho deve trabalhar. Por isso, deixaria ao Conselho a decisão sobre as regras e condições em que gostariam de trabalhar. Não vou certamente dar conselhos ao Conselho sobre como trabalhar. Não me parece realista pensar que em questões importantes como o alargamento, que também exige a ratificação da alteração dos tratados fundadores, os Estados-membros abdiquem do seu direito à unanimidade.

A Europa virou as costas aos Balcãs Ocidentais e à sua vizinhança. Logo, não é de irar que isto tenha um impacto desde então. Não é de irar que as pessoas se lembrem
Olivér Várhelyi
Comissário da UE para a Vizinhança e o Alargamento

S.Z.: O presidente Macron propôs a chamada comunidade política, que se está a tornar uma realidade. E muitos dizem que estes países não deviam obter a adesão plena à União Europeia, mas sim algum tipo de cooperação reforçada. Como vê esta questão?

O.V.: Não me lembro do que diz que o Presidente Macron disse. O que me recordo é que quando esta proposta foi feita, ficou muito, muito claro que isto não é uma alternativa a ser membro. nem ao alargamento. A meu ver, e que já vimos confirmado na primeira reunião, é que é muito importante manter a nossa vizinhança muito próxima de nós. Se a nossa vizinhança não é o nosso aliado mais próximo, então como pode a Europa ser um agente global?

S.Z.: E como deve esta região manter o apoio da população a uma perspetiva europeia? Vimos, em alguns países dos Balcãs Ocidentais, que existe um ceticismo crescente, porque as pessoas pensam que a Europa está simplesmente demasiado longe.

O.V.: Acho isso discutível, mas aceito a ideia subjacente à sua pergunta. A ideia subjacente, tanto quanto percebi, é que eles não veem quando nem como isto vai realmente acontecer. E isso é um grande erro político cometido pela comissão anterior. Porque não se esqueça que a anterior comissão começou por dizer "não" ao alargamento. Portanto, basicamente, a Europa virou as costas aos Balcãs Ocidentais e à sua vizinhança. Logo, não é de irar que isto tenha um impacto desde então. Não é de irar que as pessoas se lembrem. 

Mas se olharmos para o historial desta comissão, o que vamos descobrir é que fizemos tudo, antes de mais, para tirar o alargamento do fosso onde a comissão anterior o deixou, depois, para o trazer de novo ao topo agenda política. E em terceiro lugar, para não se concentrar apenas no foco institucional da bolha de Bruxelas, - de saber quantos capítulos, que país é candidato ou não - e em vez disso falar sobre a verdadeira questão. E a verdadeira questão é a real integração no terreno, ou seja: quando poderão estes países recuperar o atraso em termos de desenvolvimento social e económico em relação à Europa? Quando poderão as populações destes países beneficiar do mesmo nível de o aos mercados europeus? E quando poderemos nós desfrutar do mesmo nível de o a esta região? 

É por isso que também, paralelamente à nova metodologia que redefiniu a credibilidade de toda a política de alargamento, colocámos sobre a mesa um plano económico e de investimento sólido e substancial para os Balcãs Ocidentais que está a mobilizar 30 mil milhões de euros, o que corresponde a um terço do PIB de toda a região. E através dessa medida estamos a abordar o principal problema, que é a necessidade de rotas comerciais. Portanto, precisamos de auto-estradas, caminhos-de-ferro. Precisamos de um novo sistema energético. Por isso, precisamos de energia renovável. Precisamos de fontes alternativas de gás e eletricidade. Precisamos de novos sistemas de educação, para que as pessoas adquiram as competências certas para poderem trabalhar. E, através de tudo isto, devemos ser capazes de acelerar a criação de crescimento e emprego. 

Outro elemento muito importante é que estamos também a promover a cooperação regional, para que dentro da região, uma vez que, seja como for, se vão tornar Estados-membros, proporcionem exatamente o mesmo tratamento que nós proporcionamos dentro da União Europeia, de um Estado-membro para outro. E só através da cooperação regional é que outro terço do PIB poderá ser criado adicionalmente. Portanto, temos um plano, que agora começa a ter resultados. Vai ver o roaming, as auto-estradas a surgir, verá também surgir novos projetos energéticos onde a Europa vai estar na vanguarda.

S.Z.: De acordo com a sua estimativa, que país poderá ser o próximo a aderir à União Europeia e quando?

O.V.: Bem, eu não trabalho com previsões como esta. Espero que tenhamos pelo menos um país que termine as negociações para a adesão até ao final do meu mandato.

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