Os sindicatos exigem uma convenção coletiva que permita atualizar os salários no final de cada ano em linha com a inflação. Uma indexação recusada pelos patrões perante o atual agravamento do custo de vida
Cerca de 50 mil trabalhadores e delegados sindicais espanhóis protestaram esta quinta-feira na Plaza Mayor de Madrid pela melhoria dos salários em linha com a inflação para não perderem mais poder de compra.
A manifestação foi convocada por dois sindicatos, a UGT e a CC OO (Comissões Operárias) e fez parte do movimento "Salário ou Conflito" com o qual os trabalhadores pretendem pressionar os patrões a aumentar os salários em linha com o custo de vida em Espanha.
A inflação espanhola quase tocou os 11% do PIB em julho, mas, ao contrário de Portugal onde continuou a subir e inclusive terá batido um recorde de 30 anos em outubro (10,2% é a estimativa), o custo de vida em Espanha caiu em outubro 7,3% do PIB, ainda assim um valor considerado alto alto demais e recusado pelos patrões para indexar os aumentos salariais.
"Hoje quisemos marcar a nossa posição num processo de mobilizações que dura há meses e que vai continuar se o patronato não se sentar a negociar as convenções coletivas para poder conseguir melhorias laborais que nos permitam manter o poder de compra dos trabalhadores", afirmou Pepe Álvarez, o líder da UGT, citado pelo jornal El País.
Pelo lado da confederação CC OO, o líder Unai Sordo salientou que "Espanha sofre uma crise de preços consequência do aumento de muitos custos energéticos, mas também", acrescentou, "com a decisão das empresas e do patronato de repercutir esse aumento de custos nos preços para salvaguardar as respetivas margens de lucro e benefícios empresariais".
"E enquanto fazem isto, pretendem congelar os salários. Não vamos tolerar que esta crise de preços volte a ser paga em exclusivo pela classe trabalhadora", garantiu Unai Sordo.
A proposta de ambos os sindicatos, um pouco à imagem do que se a também em Portugal, inclusive com as pensões, a por uma convenção coletiva com cláusulas que permitam atualizar os salários no final de cada ano de acordo com o IPC (Índice de Preços de Consumo), que atualmente reflete uma alta inflação agravada sobretudo pelo impacto das sanções à Rússia no custo da energia.