Em entrevista à euronews, o secretário-geral da ONU António Guterres exortou os líderes mundiais a combater a crise climática com medidas drásticas e sublinha que os líderes económicos "têm uma enorme responsabilidade".
Numa altura em que a luta contra as alterações climáticas perde primazia devido à guerra na Ucrânia, as Nações Unidas organizam, em Lisboa, a Conferência dos Oceanos. A euronews falou com o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
Sérgio Ferreira de Almeida, euronews: "Como podemos voltar a colocar a luta contra as alterações climáticas no topo da agenda internacional?"
António Guterres, Secretário-Geral da ONU: “Fazendo tudo o que é possível para que isso aconteça, levantando a questão, tanto quanto possível, em todas as frentes. A guerra na Ucrânia demonstra que teria sido importante se, nas últimas décadas tivéssemos investido de forma massiva em energias renováveis. Se isso tivesse acontecido, não estaríamos hoje à mercê da indústria dos combustíveis fósseis e de preços extremamente elevados, o que prejudica a qualidade de vida das pessoas e agrava a situação de muitos países em desenvolvimento. Se a guerra na Ucrânia demonstra algo, demonstra a necessidade de acelerar a transição ecológica, o que significa que temos de combater as alterações climáticas de forma muito mais eficaz".
Sérgio Ferreira de Almeida, euronews: “Mas estamos a ver líderes mundiais a reinvestir na energia fóssil. Como é possível convencê-los? “
António Guterres, Secretário-Geral da ONU: “Isso é um suicídio e espero que as pessoas compreendam que o suicídio não é propriamente a melhor maneira de enfrentar o futuro”.
Sérgio Ferreira de Almeida, euronews: “Ao mesmo tempo, é difícil convencer as pessoas que têm problemas a nível alimentar e energético de que é preciso de dar prioridade às alterações climáticas e à luta contra as alterações climáticas. Como fazê-lo? “
António Guterres, Secretário-Geral da ONU: “Antes de mais, é preciso tentar resolver o problema, nomeadamente, o problema da segurança alimentar. É por isso que estamos muito empenhados em tentar criar condições para que tanto os produtos alimentares ucranianos como os produtos alimentares e fertilizantes russos possam chegar aos mercados globais, precisamente para melhorar a situação e permitir que os preços baixem. E creio que existem também outras iniciativas em relação aos preços da energia. Mas, obviamente, nesta situação, em que o preço dos combustíveis fósseis está tão elevado, há uma boa razão para utilizar o menos possível esses combustíveis. É do interesse de toda a gente continuar, de forma determinada, o combate contra as alterações climáticas, porque é a única forma de evitar, no futuro, esta dependência dramática face à instabilidade do mercado dos combustíveis fósseis”.
Sérgio Ferreira de Almeida, euronews: “Vemos que os mares e os oceanos estão a ser usados como uma arma. O o ao mar, nomeadamente, ao Mar Negro está a ser usado como uma arma. Vimos aqui alguns jovens com mensagens sobre as minas no oceano. Como podemos combater esse fenómeno"widget widget--type-quotation widget--size-fullwidth widget--align-center">
Sérgio Ferreira de Almeida, euronews: “A Rússia é um ator importante na luta contra a crise climática. É possível fazê-los voltar ao palco das negociações para ajudar o mundo a combater as alterações climáticas"> Notícias relacionadas