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O secret\u00e1rio de Estado para a Comunica\u00e7\u00e3o e Neg\u00f3cios Estrangeiros, Zolt\u00e1n Kov\u00e1cs, defendeu que estas elei\u00e7\u00f5es n\u00e3o podem ser questionadas e assegurou que todos os envolvidos no processo, dentro e fora do pa\u00eds, cumpriram o trabalho de acordo com a lei. Gergely Guly\u00e1s, ministro do gabinete do primeiro-ministro, apontou \u00e0 vit\u00f3ria : \u0022Vemos que a participa\u00e7\u00e3o ser\u00e1 alta e os dados mais recentes sugerem que ser\u00e1 a mesma de h\u00e1 quatro anos.\u0022 A ONG \u002220K\u0022 est\u00e1 a acompanhar o processo eleitoral h\u00fangara e diz ter recebido 1.600 den\u00fancias de irregularidades cometidas no sufr\u00e1gio, nomeadamente no recursos il\u00edcito a eleitores e \u00e0 compra de votos. Alguns relatos indicam que o valor de um voto ter\u00e1 chegado aos 30 mil florins (82 euros). Uma sondagem do \u0022Fundo H\u00fangaro para a Democracia\u0022 pela di\u00e1spora, nomeadamente com cerca de 10% dos eleitores nas mesas de voto de Viena, Berlim, Bruxelas, Londres e Munique sugere que 77,7% dos votos no estrangeiro beneficiaram a oposi\u00e7\u00e3o a Viktor Orb\u00e1n. \u00c0s 18h30 locais (menos uma hora em Lisboa), tinham votado 67,8% dos cerca de 8,2 milh\u00f5es de eleitores inscritos. H\u00e1 quatro anos, a participa\u00e7\u00e3o tinha sido de 68,13% \u00e0 mesma hora e de 69,73% no final. As mais de 10 mil mesas de voto em 3.154 munic\u00edpios da Hungria fecharam \u00e0s 19 horas. S\u00f3 os eleitores que estavam nas filas para votar ainda o puderam fazer inclusive num referendo pela primeira vez em curso em dia de elei\u00e7\u00f5es parlamentares. O referendo tinha por base a Lei da Prote\u00e7\u00e3o da Crian\u00e7a e procura saber a opini\u00e3o popular, por exemplo, sobre \u0022a exibi\u00e7\u00e3o, sem qualquer restri\u00e7\u00e3o, de conte\u00fados medi\u00e1ticos de natureza sexual capazes de influenciar o desenvolvimento de menores\u0022 ou a suposta promo\u00e7\u00e3o da homossexualidade junto dos menores. O resultado do referendo foi claramente favor\u00e1vel aos desejos de Viktor Orb\u00e1n , em linha com a proposta legal do governo para bloquear a informa\u00e7\u00e3o de cariz sexual junto dos menores, mas os votos v\u00e1lidos n\u00e3o chegaram aos 50% necess\u00e1rios para legitimar a vontade do primeiro-ministro agora reeleito. As mais de 10 mil mesas de voto em 3.154 munic\u00edpios da Hungria fecharam \u00e0s 19 horas. 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Todos os cidad\u00e3os h\u00fangaros com idade adulta puderam votar e esses representam atualmente 8,2 milh\u00f5es de eleitores. Os que t\u00eam a resid\u00eancia registada no estrangeiro apenas podiam votar nas listas nacionais e pelo correio. Havia 146 mesas de voto abertas fora da Hungria para os cidad\u00e3os nacionais com resid\u00eancia no pa\u00eds, mas que estivessem a trabalhar no estrangeiro ou simplesmente fora do pa\u00eds no dia das elei\u00e7\u00f5es, mas tinham de se inscrever pelo menos uma semana antes para poder exercer esse direito. A import\u00e2ncia das elei\u00e7\u00f5es h\u00fangaras As elei\u00e7\u00f5es na Hungria realizaram-se num momento crucial para a Europa. A retoma da pandemia de Covid-19 e a guerra em curso na Ucr\u00e2nia est\u00e3o a ter um enorme impacto na Uni\u00e3o Europeia. O executivo de Viktor Orb\u00e1n revelou-se um peso para a Comiss\u00e3o Europeia devido a reformas realizadas no pa\u00eds contr\u00e1rias aos valores europeus, nomeadamente a repress\u00e3o sobre meios de comunica\u00e7\u00e3o n\u00e3o alinhados com o Fidezs, o partido no poder, e tamb\u00e9m a proximidade a Vladimir Putin, o Presidente da R\u00fassia e provavelmente o l\u00edder mais odiado do momento na Uni\u00e3o Europeia. Orb\u00e1n acabou por ser inclusive atacado pelos pa\u00edses vizinhos Ch\u00e9quia, Eslov\u00e1quia e Pol\u00f3nia pela maior proximidade diplom\u00e1tica ao Kremlin do que a Bruxelas. Os candidatos O l\u00edder h\u00fangaro afastou-se tamb\u00e9m dos princ\u00edpios europeus com a reforma do sistema judicial, que ficou mais dependente do governo e com isso colocou em causa o Estado de Direito. A gest\u00e3o da migra\u00e7\u00e3o \u00e9 outro ponto de disc\u00f3rdia entre Budapeste e Bruxelas. A comiss\u00e3o Europeia amea\u00e7ou a Hungria com a suspens\u00e3o dos fundos europeus at\u00e9 que o governo se alinha-se com os pilares do bloco. Conotado com a extrema-direita, Orb\u00e1n \u00e9 primeiro-ministro da Hungria desde 2010 depois de j\u00e1 ter ocupado o lugar entre 1998 e 2002, e conseguiu nestas elei\u00e7\u00f5es o quinto mandato \u00e0 frente do governo. O principal advers\u00e1rio era Peter Marki-Zay, l\u00edder de uma coliga\u00e7\u00e3o de seis partidos da oposi\u00e7\u00e3o, que defende uma Hungria alinhada com a Uni\u00e3o Europeia e prometia reaproximar Budapeste de Bruxelas, combatendo a corrup\u00e7\u00e3o no pa\u00eds. O objetivo principal desta coliga\u00e7\u00e3o era derrubar Orb\u00e1n do governo e, para isso, concentraram-se num s\u00f3 candidato, eleito numas prim\u00e1rias. Marki-zay \u00e9 um cat\u00f3lico conservador, tem sete filhos e h\u00e1 quatro anos venceu uma autarquia numa regi\u00e3o conhecida pela habitual supremacia do Fidezs: H\u00f3dmez\u0151v\u00e1s\u00e1rhely. Orb\u00e1n e Marki-zay eram os principais favoritos \u00e0 vit\u00f3ria, com vantagem para o primeiro-ministro cessante, que se confirmou largamente. Aparte deles, havia dois partidos de pequena dimens\u00e3o tamb\u00e9m na corrida e com possibilidades de conseguir os 5% de votos necess\u00e1rios na Hungria para garantirem representa\u00e7\u00e3o parlamentar. O Mi Haz\u00e1nk Mozgalom \u00e9 um partido da direita mais moderada que acolheu alguns antigos militantes do Jobbik, uma for\u00e7a nacionalista radical. Este partido de direita subiu nas prefer\u00eancias durante a pandemia, sendo o \u00fanico na oposi\u00e7\u00e3o \u00e0s vacinas anticovid e acabou por ser premiado com sete deputados. O outro \u00e9 um partido ir\u00f3nico chamado \u0022Partido do C\u00e3o de Duas Caudas\u0022, fundado em 2006 e registado oficialmente em 2014, sendo famoso por parodiar a elite pol\u00edtica magiar. As prioridades dos principais candidatos \u00e9 a retoma econ\u00f3mica ap\u00f3s a pandemia e agora, com o impacto da guerra na Ucr\u00e2nia e as respetivas ondas de choque a afetar sobretudo o mercado energ\u00e9tico e o abastecimento de mat\u00e9rias primas e produtos essenciais como o trigo ucraniano e russo. 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Viktor Orbán garante mais um mandato à frente da Hungria
Viktor Orbán garante mais um mandato à frente da Hungria Direitos de autor AP Photo/Petr David Josek
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Eleições na Hungria: "Uma vitória tão grande que pode ser vista da lua"

De Francisco Marques & Euronews
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Mais de oito milhões de húngaros foram chamados às urnas. As mesas de voto fecharam às 19 horas locais, com uma participação de 68,45%

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A Hungria escolhe este domingo um novo governo. O primeiro-ministro Viktor Orbán, da União Cívica Húngara (Fidezs), era o favorito nas sondagens para se manter à frente do executivo magiar e confirmou-o, reforçando o título de líder europeu há mais tempo à frente do governo.

"Conseguimos uma vitória tão grande que pode ser vista da lua. Certamente pode ser vista de Bruxelas", afirmou Orbán, num recado para a Comissão Europeia com quem tem mantido um braço de ferro devido a reformas nacionais criticadas pela liderança do bloco.

Aos compatriotas, o primeiro-ministro reeleito disse: "Não tenham medo, aguentem, a pátria está convosco."

No discurso de vitória, Viktor Orbán disse ainda pretender manter a oposição à Comissão Europeia e disse que, juntos, os húngaros podem "derrubar todos os muros" e "nenhum dinheiro" os poderá parar.

"Deus acima de todos e a Hungria primeiro", foi a frase com que o primeiro-ministro reeleito selou a primeira declaração após assegurar o quinto mandato à frente da Hungria e com dois terços do Parlamento praticamente garantidos.

"Fomos escolhidos porque podemos garantir que a Hungria ficará de fora da guerra", afirmou István Hollik, o diretor de Comunicação do Fidezs.

Do lado da oposição, Péter Márki-Zay atirou a toalha ao chão. "Estou tão dececionado como toda a gente. Não quero esconder a minha desilusão. Nunca imaginámos este resultado. Não há como adoçar isto", afirmou o líder da Oposição Unida pela Hungria, que concentrou seis partidos num só candidato, mas falhou.

Reconhecemos a vitória do Fidezs. Não contestamos a vitória nestas eleições.
Péter Márki-Zay
Líder da coligação Oposição Unida pela Hungria

A participação acabou por confirmar-se abaixo dos números de há quatro anos, fixando-se nos 68,45% (em 2018, ficou nos 69,73%). A contagem dos votos está a decorrer, mas ainda longe de se poder adiantar uma tendência concreta.

Os resultados

Os resultados oficiais começaram ser conhecidos às 21 horas. Com 91% do escrutínio realizado, o Fidezs lidera com 53,3% dos votos depois de já ter começado acima dos 60% e a oposição continua a recuperar, mas lentamente, e soma 34,7% do escrutínio.

No "quartel-general" do Fidezs, o ambiente era de natural festa perante a perspetiva de poder voltar a conquistar dois terços do Parlamento magiar, revelavam diversas fontes no local.

Acima dos 5% necessários para entrar no Parlamento surge apenas nesta altura o Partido Movimento pela Nossa Pátria (Mi Hazánk), com 6,2% dos votos contados.

Nos resultados individuais já apurados, acima dos 92%, o Fidezs garante 88 assentos parlamentares e a Oposição Unida pela Hungria soma 18. Com os votos nas listas nacionais, o partido de Viktor Orbán chega aos 135 lugares contra 56 da coligação de oposição.

Comissão Eleitoral da Hungria
Dados das eleições com 91% do escrutínio completoComissão Eleitoral da Hungria

O Mi Hazánk soma 7 deputados pelas listas nacionais. O Partido Autogoverno dos Alemães Húngaros (MNOÖ) tem um deputado.

"Uma narrativa claramente falsa está a ser difundida pela ala pró-governo como se a paz fosse o problema que divide uma parte do país da outra. Enquanto todos desejam a paz, há consenso nisso, há uma parte do país que pensa que a outra quer entrar na guerra (da Ucrânia)", afirmou à Euronews, em Budapeste, a líder do Partido Momentum, Anna Donath, membro da Oposição Unida pela Hungria.

Cerca de uma hora após o fecho oficial das mesas de voto, Péter Márki-zay mostrava confiança na vitória e desejava não ter de depender dos votos no estrangeiro, ao revelar que a comissão eleitoral lhe teria dito não ser possível verificar a legalidade desses votos.

AP Photo/Anna Szilagyi
Início da contagem dos votos na HungriaAP Photo/Anna Szilagyi

O líder da coligação da oposição itia que as eleições podiam vir a resultar numa crise constitucional na Hungria caso o Fidezs vencesse.

István Ujhelyi, do partido Socialista húngaro, acusou o governo de ter utilizado fundos públicos na campanha eleitoral do Fidezs.

O secretário de Estado para a Comunicação e Negócios Estrangeiros, Zoltán Kovács, defendeu que estas eleições não podem ser questionadas e assegurou que todos os envolvidos no processo, dentro e fora do país, cumpriram o trabalho de acordo com a lei.

Gergely Gulyás, ministro do gabinete do primeiro-ministro, apontou à vitória: "Vemos que a participação será alta e os dados mais recentes sugerem que será a mesma de há quatro anos."

A ONG "20K" está a acompanhar o processo eleitoral húngara e diz ter recebido 1.600 denúncias de irregularidades cometidas no sufrágio, nomeadamente no recursos ilícito a eleitores e à compra de votos. Alguns relatos indicam que o valor de um voto terá chegado aos 30 mil florins (82 euros).

Uma sondagem do "Fundo Húngaro para a Democracia" pela diáspora, nomeadamente com cerca de 10% dos eleitores nas mesas de voto de Viena, Berlim, Bruxelas, Londres e Munique sugere que 77,7% dos votos no estrangeiro beneficiaram a oposição a Viktor Orbán.

Taxa de participação nas eleições húngaras atualizadas

Às 18h30 locais (menos uma hora em Lisboa), tinham votado 67,8% dos cerca de 8,2 milhões de eleitores inscritos. Há quatro anos, a participação tinha sido de 68,13% à mesma hora e de 69,73% no final.

As mais de 10 mil mesas de voto em 3.154 municípios da Hungria fecharam às 19 horas. Só os eleitores que estavam nas filas para votar ainda o puderam fazer inclusive num referendo pela primeira vez em curso em dia de eleições parlamentares.

Noemi Bruzak/MTI via AP
Uma eleitora entra na cabine de voto envergando um fato tradicional húngaroNoemi Bruzak/MTI via AP

O referendo tinha por base a Lei da Proteção da Criança e procura saber a opinião popular, por exemplo, sobre "a exibição, sem qualquer restrição, de conteúdos mediáticos de natureza sexual capazes de influenciar o desenvolvimento de menores" ou a suposta promoção da homossexualidade junto dos menores.

O resultado do referendo foi claramente favorável aos desejos de Viktor Orbán, em linha com a proposta legal do governo para bloquear a informação de cariz sexual junto dos menores, mas os votos válidos não chegaram aos 50% necessários para legitimar a vontade do primeiro-ministro agora reeleito.

As mais de 10 mil mesas de voto em 3.154 municípios da Hungria fecharam às 19 horas. Só os eleitores que estavam nas filas para votar ainda o puderam fazer inclusive num referendo pela primeira vez em curso em dia de eleições parlamentares.O dia de voto ficou marcado por vários incidentes na Hungria. Em Jász-Nagykun-Szolnok, o delegado de uma das mesas de voto terá sido agredido por eleitores, noticia o portal Index.

Em Óbuda, terá sido um ativista idoso da oposição que terá sido espancado, lê-se no jornal Blik.

Como se elege?

As eleições húngaras dividiam-se em duas, com um voto a ir para uma lista partidária e outro para um circulo eleitoral. Dos 199 assentos disponíveis no Parlamento magiar, 106 foram decididos pelos círculos eleitorais, nos quais é elegido o candidato mais votado e não o partido ou coligação.

Os restantes 93 lugares foram escolhidos proporcionalmente de acordo com os votos nas listas nacionais.

Todos os cidadãos húngaros com idade adulta puderam votar e esses representam atualmente 8,2 milhões de eleitores. Os que têm a residência registada no estrangeiro apenas podiam votar nas listas nacionais e pelo correio.

Havia 146 mesas de voto abertas fora da Hungria para os cidadãos nacionais com residência no país, mas que estivessem a trabalhar no estrangeiro ou simplesmente fora do país no dia das eleições, mas tinham de se inscrever pelo menos uma semana antes para poder exercer esse direito.

A importância das eleições húngaras

As eleições na Hungria realizaram-se num momento crucial para a Europa. A retoma da pandemia de Covid-19 e a guerra em curso na Ucrânia estão a ter um enorme impacto na União Europeia.

O executivo de Viktor Orbán revelou-se um peso para a Comissão Europeia devido a reformas realizadas no país contrárias aos valores europeus, nomeadamente a repressão sobre meios de comunicação não alinhados com o Fidezs, o partido no poder, e também a proximidade a Vladimir Putin, o Presidente da Rússia e provavelmente o líder mais odiado do momento na União Europeia.

Orbán acabou por ser inclusive atacado pelos países vizinhos Chéquia, Eslováquia e Polónia pela maior proximidade diplomática ao Kremlin do que a Bruxelas.

Os candidatos

O líder húngaro afastou-se também dos princípios europeus com a reforma do sistema judicial, que ficou mais dependente do governo e com isso colocou em causa o Estado de Direito. A gestão da migração é outro ponto de discórdia entre Budapeste e Bruxelas.

A comissão Europeia ameaçou a Hungria com a suspensão dos fundos europeus até que o governo se alinha-se com os pilares do bloco.

Conotado com a extrema-direita, Orbán é primeiro-ministro da Hungria desde 2010 depois de já ter ocupado o lugar entre 1998 e 2002, e conseguiu nestas eleições o quinto mandato à frente do governo.

O principal adversário era Peter Marki-Zay, líder de uma coligação de seis partidos da oposição, que defende uma Hungria alinhada com a União Europeia e prometia reaproximar Budapeste de Bruxelas, combatendo a corrupção no país.

O objetivo principal desta coligação era derrubar Orbán do governo e, para isso, concentraram-se num só candidato, eleito numas primárias. Marki-zay é um católico conservador, tem sete filhos e há quatro anos venceu uma autarquia numa região conhecida pela habitual supremacia do Fidezs: Hódmezővásárhely.

Orbán e Marki-zay eram os principais favoritos à vitória, com vantagem para o primeiro-ministro cessante, que se confirmou largamente.

AP Photo/Petr David Josek/Anna Szilagyi
O primeiro-ministro recandidato Viktor Orbán e o principal adversário Péter Márki-zayAP Photo/Petr David Josek/Anna Szilagyi

Aparte deles, havia dois partidos de pequena dimensão também na corrida e com possibilidades de conseguir os 5% de votos necessários na Hungria para garantirem representação parlamentar.

O Mi Hazánk Mozgalom é um partido da direita mais moderada que acolheu alguns antigos militantes do Jobbik, uma força nacionalista radical. Este partido de direita subiu nas preferências durante a pandemia, sendo o único na oposição às vacinas anticovid e acabou por ser premiado com sete deputados.

O outro é um partido irónico chamado "Partido do Cão de Duas Caudas", fundado em 2006 e registado oficialmente em 2014, sendo famoso por parodiar a elite política magiar.

As prioridades dos principais candidatos é a retoma económica após a pandemia e agora, com o impacto da guerra na Ucrânia e as respetivas ondas de choque a afetar sobretudo o mercado energético e o abastecimento de matérias primas e produtos essenciais como o trigo ucraniano e russo.

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