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A mensagem do Papa na \u00edntegra \u0022Queridos irm\u00e3os e irm\u00e3s, feliz Natal! \u0022A Palavra de Deus, que criou o mundo e d\u00e1 sentido \u00e0 hist\u00f3ria e ao caminho do homem, fez-Se carne e veio habitar entre n\u00f3s. Apareceu como um sussurro, como o murm\u00fario duma brisa ligeira, deixando cheio de maravilha o cora\u00e7\u00e3o de todo o homem e mulher que se abre ao mist\u00e9rio. \u0022O Verbo fez-Se carne para dialogar connosco. Deus n\u00e3o quer construir um mon\u00f3logo, mas um di\u00e1logo. Pois o pr\u00f3prio Deus, Pai e Filho e Esp\u00edrito Santo, \u00e9 di\u00e1logo, comunh\u00e3o eterna e infinita de amor e de vida. \u0022Quando veio ao mundo, na pessoa do Verbo encarnado, Deus mostrou-nos o caminho do encontro e do di\u00e1logo. 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Olhemos para o Iraque, que luta ainda para se levantar depois dum longo conflito. Ou\u00e7amos o grito das crian\u00e7as que se levanta do I\u00e9men, onde uma trag\u00e9dia enorme, esquecida por todos, se consuma h\u00e1 anos em sil\u00eancio, provocando mortes todos os dias. \u0022Lembremos as cont\u00ednuas tens\u00f5es entre israelitas e palestinenses, que se arrastam sem solu\u00e7\u00e3o, com consequ\u00eancias sociais e pol\u00edticas cada vez mais graves. N\u00e3o nos esque\u00e7amos de Bel\u00e9m, o lugar onde Jesus viu a luz e que vive tempos dif\u00edceis inclusivamente pelas dificuldades econ\u00f3micas devidas \u00e0 pandemia que impede os peregrinos de chegarem \u00e0 Terra Santa, com consequ\u00eancias negativas na vida da popula\u00e7\u00e3o. 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Voltai o olhar para os povos dos pa\u00edses do Norte de \u00c1frica que s\u00e3o atribulados pelas divis\u00f5es, o desemprego e o desn\u00edvel econ\u00f3mico; e aliviai os sofrimentos dos in\u00fameros irm\u00e3os e irm\u00e3s que padecem com os conflitos internos no Sud\u00e3o e no Sud\u00e3o do Sul. \u0022Fazei que, nos cora\u00e7\u00f5es dos povos do continente americano, prevale\u00e7am os valores da solidariedade, reconcilia\u00e7\u00e3o e conviv\u00eancia pac\u00edfica, atrav\u00e9s do di\u00e1logo, do respeito m\u00fatuo e do reconhecimento dos direitos e valores culturais de todos os seres humanos. \u0022Filho de Deus, confortai as v\u00edtimas da viol\u00eancia contra as mulheres que grassa neste tempo de pandemia. Concedei esperan\u00e7a \u00e0s crian\u00e7as e adolescentes que s\u00e3o v\u00edtimas do bullying e de abusos. Dai consola\u00e7\u00e3o e carinho aos idosos, sobretudo aos mais abandonados. Proporcionai serenidade e unidade \u00e0s fam\u00edlias, lugar prim\u00e1rio da educa\u00e7\u00e3o e base do tecido social. \u0022Deus-connosco, concedei sa\u00fade aos doentes e inspirai todas as pessoas de boa vontade a encontrar as solu\u00e7\u00f5es mais adequadas para superar a crise sanit\u00e1ria e as suas consequ\u00eancias. Tornai generosos os cora\u00e7\u00f5es, para fazerem chegar os tratamentos necess\u00e1rios, especialmente as vacinas, \u00e0s popula\u00e7\u00f5es mais necessitadas. Recompensai todos aqueles que mostram solicitude e dedica\u00e7\u00e3o no cuidado dos familiares, dos doentes e dos mais fragilizados. \u0022Menino de Bel\u00e9m, tornai poss\u00edvel em breve o regresso a casa de tantos prisioneiros de guerra, civis e militares, dos conflitos recentes, e daqueles que est\u00e3o presos por raz\u00f5es pol\u00edticas. N\u00e3o nos deixeis indiferentes \u00e0 vista do drama dos migrantes, deslocados e refugiados. 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Papa Francisco na varanda da Basílica de São Pedro, no Vaticano
Papa Francisco na varanda da Basílica de São Pedro, no Vaticano Direitos de autor AP Photo/Gregorio Borgia
Direitos de autor AP Photo/Gregorio Borgia

"Menino Jesus, dai paz e concórdia ao Médio Oriente e ao mundo inteiro"

De Francisco Marques
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Papa Francisco aproveita mensagem de Natal "Urbi et Orbi" para apelar ao diálogo internacional pela Paz e pela partilha de vacinas anticovid com os mais vulneráveis

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O Papa Francisco aproveitou a mensagem "Urbi et Orbi" deste dia de Natal para apelar ao diálogo internacional pela Paz e pela distribuição de vacinas às populações mais vulneráveis para que a Humanidade consiga libertar-se das amarras da Covid-19.

Da varanda da basílica para a Praça de São Pedro, o líder da Igreja católica foi uma vez o elo de ligação dos fiéis a Deus, recordando os conflitos "esquecidos" na Síria e no Iémen, mas também a tensão separatista no leste da Ucrânia e a luta da Humanidade contra o SARS-Cov-2.

"Deus nosso senhor, concedei saúde aos doentes e inspirai todas as pessoas de boa vontade a encontrar as soluções mais adequadas para superar a crise sanitária e as respetivas consequências", pediu o Sumo Pontífice.

Francisco insistiu no combate à epidemia do século XXI e pediu ao Senhor para tornar "generosos os corações" de forma a "fazerem chegar os tratamentos necessários, especialmente as vacinas, às populações mais necessitadas".

Recompensai todos aqueles que mostram solicitude e dedicação no cuidado dos familiares, dos doentes e dos mais fragilizados.
Francisco
Papa

A mensagem do Papa Francisco foi preferido perante uma Praça de São Pedro com  algumas centenas de fiéis que enfrentaram um clima adverso de máscara e guarda chuva para ouvir os apelos do líder católico.

"Neste dia de festa, imploramos a Deus que suscite, no coração de todos, anseios de reconciliação e fraternidade. A Ele, dirijamos a nossa súplica. Menino Jesus, dai paz e concórdia ao Médio Oriente e ao mundo inteiro", expressou Francisco, num pedido que espera ver acolhido também pelos líderes políticos mundiais.

AP Photo/Gregorio Borgia
Um agente da Guarda Suíça do Vaticano mantém-se diante dos fiéis durante a mensagem do PapaAP Photo/Gregorio Borgia

Nesta mensagem de Natal "Urbi et Orbi", O Sumo Pontífice pediu também o "consolo" de Jesus "às vítimas da violência contra as mulheres que se têm agravado nestes tempos de pandemia" e "às crianças e adolescentes vítimas de 'bullying' e de abusos".

A mensagem do Papa na íntegra

"Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!

"A Palavra de Deus, que criou o mundo e dá sentido à história e ao caminho do homem, fez-Se carne e veio habitar entre nós. Apareceu como um sussurro, como o murmúrio duma brisa ligeira, deixando cheio de maravilha o coração de todo o homem e mulher que se abre ao mistério.

"O Verbo fez-Se carne para dialogar connosco. Deus não quer construir um monólogo, mas um diálogo. Pois o próprio Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, é diálogo, comunhão eterna e infinita de amor e de vida.

"Quando veio ao mundo, na pessoa do Verbo encarnado, Deus mostrou-nos o caminho do encontro e do diálogo. Mais, Ele próprio encarnou em Si mesmo este Caminho para nós podermos conhecê-lo e percorrê-lo com confiança e esperança.

"Irmãs e irmãos, «como seria o mundo sem o diálogo paciente de tantas pessoas generosas, que mantiveram unidas famílias e comunidades» (Francisco, Carta enc., 198)? Apercebemo-nos ainda melhor disso neste tempo de pandemia. A nossa capacidade de relações sociais é duramente posta à prova; aumenta a tendência para fechar-se, arranjar-se sozinho, renunciar a sair, a encontrar-se, a fazer as coisas juntos. E, mesmo a nível internacional, corre-se o risco de não querer dialogar, o risco de que a complexidade da crise induza a optar por atalhos em vez dos caminhos mais longos do diálogo; mas, na realidade, só estes conduzem à solução dos conflitos e a benefícios partilhados e duradouros.

"Com efeito, ao mesmo tempo que ressoa, à nossa volta e por todo o mundo, o anúncio do nascimento do Salvador, fonte da verdadeira paz, vemos ainda tantos conflitos, crises e contradições. Parecem não ter fim, e já quase não os notamos. De tal maneira nos habituamos, que há tragédias imensas das quais já nem se fala; corremos o risco de não ouvir o grito de dor e desespero de tantos irmãos e irmãs nossos.

"Pensemos no povo sírio, que, há mais duma década, vive uma guerra que já causou muitas vítimas e um número incalculável de refugiados. Olhemos para o Iraque, que luta ainda para se levantar depois dum longo conflito. Ouçamos o grito das crianças que se levanta do Iémen, onde uma tragédia enorme, esquecida por todos, se consuma há anos em silêncio, provocando mortes todos os dias.

"Lembremos as contínuas tensões entre israelitas e palestinenses, que se arrastam sem solução, com consequências sociais e políticas cada vez mais graves. Não nos esqueçamos de Belém, o lugar onde Jesus viu a luz e que vive tempos difíceis inclusivamente pelas dificuldades económicas devidas à pandemia que impede os peregrinos de chegarem à Terra Santa, com consequências negativas na vida da população. Pensemos no Líbano, que padece uma crise sem precedentes, com condições económicas e sociais muito preocupantes.

"Mas, no coração da noite, eis o sinal de esperança: hoje, «o amor que move o sol e as mais estrelas» (Dante, Paraíso, XXXIII, 145), faz-Se carne. Veio em forma humana, partilhou os nossos dramas e rompeu o muro da nossa indiferença. No frio da noite, estende os seus bracinhos para nós: tem necessidade de tudo, mas vem para nos dar tudo. A Ele pedimos a força de nos abrirmos ao diálogo. Neste dia de festa, imploramos-Lhe que suscite, no coração de todos, anseios de reconciliação e fraternidade. A Ele, dirijamos a nossa súplica.

"Menino Jesus, dai paz e concórdia ao Médio Oriente e ao mundo inteiro. Amparai a quantos se encontram empenhados em prestar assistência humanitária às populações forçadas a fugir da sua pátria; confortai o povo afegão que, há mais de quarenta anos, está submetido a dura prova por conflitos que impeliram muitos a deixar o país.

"Rei dos povos, ajudai as autoridades políticas a pacificar as sociedades abaladas por tensões e contrastes. Sustentai o povo da Myanmar, onde intolerância e violência se abatem, não raro, também sobre a comunidade cristã e os locais de culto, e turbam o rosto pacífico daquela população.

"Sede luz e amparo para quem, mesmo indo contracorrente, crê e trabalha em prol do encontro e do diálogo, e não permitais que se espalhem na Ucrânia as metástases dum conflito gangrenado.

"Príncipe da Paz, assisti a Etiópia na descoberta do caminho da reconciliação e da paz, através duma discussão sincera que coloque em primeiro lugar as necessidades da população. Escutai o clamor das populações da região do Sahel, que sofrem a violência do terrorismo internacional. Voltai o olhar para os povos dos países do Norte de África que são atribulados pelas divisões, o desemprego e o desnível económico; e aliviai os sofrimentos dos inúmeros irmãos e irmãs que padecem com os conflitos internos no Sudão e no Sudão do Sul.

"Fazei que, nos corações dos povos do continente americano, prevaleçam os valores da solidariedade, reconciliação e convivência pacífica, através do diálogo, do respeito mútuo e do reconhecimento dos direitos e valores culturais de todos os seres humanos.

"Filho de Deus, confortai as vítimas da violência contra as mulheres que grassa neste tempo de pandemia. Concedei esperança às crianças e adolescentes que são vítimas do bullying e de abusos. Dai consolação e carinho aos idosos, sobretudo aos mais abandonados. Proporcionai serenidade e unidade às famílias, lugar primário da educação e base do tecido social.

"Deus-connosco, concedei saúde aos doentes e inspirai todas as pessoas de boa vontade a encontrar as soluções mais adequadas para superar a crise sanitária e as suas consequências. Tornai generosos os corações, para fazerem chegar os tratamentos necessários, especialmente as vacinas, às populações mais necessitadas. Recompensai todos aqueles que mostram solicitude e dedicação no cuidado dos familiares, dos doentes e dos mais fragilizados.

"Menino de Belém, tornai possível em breve o regresso a casa de tantos prisioneiros de guerra, civis e militares, dos conflitos recentes, e daqueles que estão presos por razões políticas. Não nos deixeis indiferentes à vista do drama dos migrantes, deslocados e refugiados. Os seus olhos pedem-nos para não voltarmos o rosto para o outro lado, para não renegarmos a humanidade que nos une, para assumirmos as suas histórias e não nos esquecermos dos seus dramas. [1]

"Verbo eterno encarnado, tornai-nos solícitos pela nossa Casa comum, também ela enferma pelo descuido com que frequentemente a tratamos, e incitai as autoridades políticas a encontrarem acordos de tal modo eficazes que as próximas gerações possam viver num ambiente respeitoso da vida.

"Queridos irmãos e irmãs, muitas são as dificuldades do nosso tempo, mas a esperança é mais forte, porque «um menino nasceu para nós» (Is 9, 5). Ele é a Palavra de Deus que Se fez “in-fante”, capaz apenas de chorar e necessitado de tudo. Quis aprender a falar, como qualquer criança, para que nós aprendêssemos a escutar Deus, nosso Pai, a escutar-nos uns aos outros e a dialogar como irmãos e irmãs. Ó Cristo, nascido para nós, ensinai-nos a caminhar convosco pelas sendas da paz.

"Feliz Natal para todos!"

[Fonte: Vaticano (transcrição sem alterações da tradução original]

Outras fontes • Vatican News

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