{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2020/11/25/micheal-martin-a-lei-do-mercado-interno-do-reino-unido-corroeu-a-confianca" }, "headline": "Miche\u00e1l Martin: \u0022A lei do mercado interno do Reino Unido corroeu a confian\u00e7a\u0022", "description": "O primeiro-ministro irland\u00eas, Miche\u00e1l Martin, falou com a Euronews sobre as rela\u00e7\u00f5es entre estados-membros, numa altura em que a Uni\u00e3o Europeia negoceia o Brexit e a Hungria e a Pol\u00f3nia p\u00f5em entraves \u00e0 \u0022bazuca\u0022 europeia face \u00e0 covid-19.", "articleBody": "Durante quatro anos, o Brexit dominou a Europa, mas nas pr\u00f3ximas semanas, espera-se que um acordo sobre a futura rela\u00e7\u00e3o entre a Uni\u00e3o Europeia e o Reino Unido possa finalmente ser negociada. Mas a que custo para todos? E o que acontece se as conversa\u00e7\u00f5es falharem? O primeiro-ministro irland\u00eas Miche\u00e1l Martin falou, a partir de Dublin, com a Euronews sobre as rela\u00e7\u00f5es entre estados-membros, numa altura em que a Uni\u00e3o Europeia negoceia o Brexit e a Hungria e a Pol\u00f3nia p\u00f5em entraves \u00e0 \u0022bazuca\u0022 europeia face \u00e0 covid-19. Shona Murray, Euronews: Penso que neste momento podemos dizer que as conversa\u00e7\u00f5es est\u00e3o em tempo extra. Por quanto tempo ir\u00e1 a Uni\u00e3o Europeia negociar? Miche\u00e1l Martin: \u00c0s vezes \u00e9 poss\u00edvel obter um bom resultado em tempo extra. E eu penso que \u00e9 importante, dada a dimens\u00e3o das quest\u00f5es, das implica\u00e7\u00f5es negativas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 economia do Reino Unido, Irlanda e Europa, usarmos todo o tempo que tivermos para chegarmos a um acordo. Porque - e digo-o diretamente - creio que um \u0022n\u00e3o-acordo\u0022 seria muito prejudicial para a nossa economia, para a economia do Reino Unido, e na verdade tamb\u00e9m para a Europa. Os pol\u00edticos t\u00eam essa obriga\u00e7\u00e3o para com as pessoas que representam. S.M.: Estamos quase a chegar ao ponto em que n\u00e3o ser\u00e1 poss\u00edvel para cada Estado membro ratificar o acordo, para o parlamento ter uma palavra a dizer sobre o acordo. O que \u00e9 que vai acontecer se demorar mais uma semana ou assim? Haver\u00e1 uma situa\u00e7\u00e3o de transi\u00e7\u00e3o? Ser\u00e1 poss\u00edvel aplicar o acordo que foi acordado antes da ratifica\u00e7\u00e3o em janeiro? Qual \u00e9 a situa\u00e7\u00e3o? O que \u00e9 que poder acontecer? M.M.: O nosso foco imediato \u00e9 obviamente tentar garantir que a Uni\u00e3o Europeia e o Reino Unido possam chegar a um acordo, que seja satisfat\u00f3rio em termos de uma rela\u00e7\u00e3o futura. A Europa tem a capacidade de desenvolver procedimentos de ratifica\u00e7\u00e3o adequados. Reconhe\u00e7o que [o prazo] \u00e9 apertado e o tempo est\u00e1 a esgotar-se. Mas acredito que com algum grau de criatividade, podemos facilitar a ratifica\u00e7\u00e3o de um acordo, talvez por etapas. Creio que \u00e9 um acordo que podemos resolver de forma satisfat\u00f3ria, assim que conseguirmos efetivamente chegar a acordo. S.M.: Continua a haver quest\u00f5es pendentes, como a das pescas, onde tem havido muito pouco progresso desde mar\u00e7o, mas tamb\u00e9m a quest\u00e3o da igualdade de condi\u00e7\u00f5es, dos subs\u00eddios aos Estados e da governa\u00e7\u00e3o. Pode dar-nos o ponto de situa\u00e7\u00e3o nestas quest\u00f5es e dizer-nos o que tem impedido de chegar a um consenso? 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E, mais importante ainda, tendo em conta a lei do mercado interno, que, caso seja aprovada, pode vir a violar o protocolo irland\u00eas? M.M.: Eu creio que a lei do mercado interno do Reino Unido corroeu a confian\u00e7a. Dito isto, penso que a resposta ponderada da Uni\u00e3o Europeia tem sido importante, em termos de resolver as quest\u00f5es e manter o foco na verdadeira subst\u00e2ncia das pr\u00f3prias negocia\u00e7\u00f5es sobre a futura rela\u00e7\u00e3o comercial. Porque se puder ser estabelecida uma futura rela\u00e7\u00e3o comercial, isso dever\u00e1 neutralizar as cl\u00e1usulas ofensivas na lei do mercado interno do Reino Unido e n\u00e3o exigiria a sua reintrodu\u00e7\u00e3o. Portanto, creio que tem sido tratado de forma ponderada e adequada, dada a dimens\u00e3o do que est\u00e1 em jogo em termos de Brexit para tantas pessoas. S.M.: Est\u00e1 a dizer que essas cl\u00e1usulas seriam neutralizadas por um acordo comercial. No entanto, o Reino Unido diz que, aconte\u00e7a o que acontecer, n\u00e3o vai retirar essas cl\u00e1usulas. E a Uni\u00e3o Europeia diz que elas s\u00e3o um pr\u00e9-requisito. \u00c9 verdade que o Reino Unido est\u00e1 bastante determinado em dizer que n\u00e3o vai revogar essa parte da legisla\u00e7\u00e3o? M.M.: Acho que precisamos de ir o a o. A C\u00e2mara dos Lordes deu um veredito muito enf\u00e1tico sobre as cl\u00e1usulas ofensivas e sobre a lei do mercado interno. E o projeto de lei em si tem tido uma viagem muito agitada at\u00e9 agora, no contexto da Esc\u00f3cia, por exemplo, e do Pa\u00eds de Gales e mesmo da recente reuni\u00e3o do Conselho Brit\u00e2nico-Irland\u00eas, isso tornou-se muito claro. Mas, \u00e0 parte disso, penso que se a subst\u00e2ncia do acordo permitir termos uma rela\u00e7\u00e3o comercial com o Reino Unido muito vi\u00e1vel no futuro, ent\u00e3o penso que muito pode decorrer dessa situa\u00e7\u00e3o. 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Foi um avan\u00e7o hist\u00f3rico em termos de coletiviza\u00e7\u00e3o da d\u00edvida e de todos os Estados da Uni\u00e3o Europeia a trabalhar em conjunto para ir buscar dinheiro aos mercados. E t\u00ea-lo atrasado ou travado, devido a dois Estados-membros terem dificuldades com o acordo feito entre o parlamento e o conselho {sobre o Estado de direito} \u00e9 muito lament\u00e1vel. S.M.: Mas em rela\u00e7\u00e3o a esses pa\u00edses em concreto, o facto de estarem a colocar obst\u00e1culos aos estados-membros terem o ao dinheiro, o facto de constitu\u00edrem democracias iliberais, de diminu\u00edrem os direitos das pessoas LGBT, dos refugiados, na Hungria, o governo expulsou uma universidade. Ambos violam consistentemente o Estado de direito e s\u00f3 lhes \u00e9 pedido que obede\u00e7am a um b\u00e1sico Estado de direito. Em rela\u00e7\u00e3o a esses dois pa\u00edses, qual \u00e9 a sua posi\u00e7\u00e3o? M.M.: A minha posi\u00e7\u00e3o \u00e9 que devem retirar as suas obje\u00e7\u00f5es a este pacote e facilitar a agem do dinheiro para os estados-membros. Acredito que o tratado existe para lidar com o enfraquecimento dos valores fundamentais b\u00e1sicos da Uni\u00e3o Europeia. Estou deveras preocupado com o comportamento dos Estados-Membros, especialmente com a Pol\u00f3nia, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s quest\u00f5es LGBT+. Na Irlanda, por exemplo, para muitos, esse comportamento n\u00e3o \u00e9 aceit\u00e1vel. Em termos mais gerais, eu diria, no entanto, que existem mecanismos no \u00e2mbito do tratado para lidar com qualquer enfraquecimento dos valores da Uni\u00e3o Europeia. Na minha opini\u00e3o, dada a gravidade da crise provocada pela covid-19, \u00e9 muito importante que estes obst\u00e1culos sejam removidos. 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Micheál Martin: "A lei do mercado interno do Reino Unido corroeu a confiança"

Micheál Martin: "A lei do mercado interno do Reino Unido corroeu a confiança"
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De Shona MurrayEuronews
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O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, falou com a Euronews sobre as relações entre estados-membros, numa altura em que a União Europeia negoceia o Brexit e a Hungria e a Polónia põem entraves à "bazuca" europeia face à covid-19.

Durante quatro anos, o Brexit dominou a Europa, mas nas próximas semanas, espera-se que um acordo sobre a futura relação entre a União Europeia e o Reino Unido possa finalmente ser negociada.

Mas a que custo para todos? E o que acontece se as conversações falharem?

O primeiro-ministro irlandês Micheál Martin falou, a partir de Dublin, com a Euronews sobre as relações entre estados-membros, numa altura em que a União Europeia negoceia o Brexit e a Hungria e a Polónia põem entraves à "bazuca" europeia face à covid-19.

Shona Murray, Euronews: Penso que neste momento podemos dizer que as conversações estão em tempo extra. Por quanto tempo irá a União Europeia negociar?

Micheál Martin: Às vezes é possível obter um bom resultado em tempo extra. E eu penso que é importante, dada a dimensão das questões, das implicações negativas em relação à economia do Reino Unido, Irlanda e Europa, usarmos todo o tempo que tivermos para chegarmos a um acordo. Porque - e digo-o diretamente - creio que um "não-acordo" seria muito prejudicial para a nossa economia, para a economia do Reino Unido, e na verdade também para a Europa. Os políticos têm essa obrigação para com as pessoas que representam.

Reconheço que [o prazo] é apertado e o tempo está a esgotar-se. Mas acredito que com algum grau de criatividade, podemos facilitar a ratificação de um acordo, talvez por etapas
Micheál Martin
Primeiro-ministro da Irlanda

S.M.: Estamos quase a chegar ao ponto em que não será possível para cada Estado membro ratificar o acordo, para o parlamento ter uma palavra a dizer sobre o acordo. O que é que vai acontecer se demorar mais uma semana ou assim? Haverá uma situação de transição? Será possível aplicar o acordo que foi acordado antes da ratificação em janeiro? Qual é a situação? O que é que poder acontecer?

M.M.: O nosso foco imediato é obviamente tentar garantir que a União Europeia e o Reino Unido possam chegar a um acordo, que seja satisfatório em termos de uma relação futura.

A Europa tem a capacidade de desenvolver procedimentos de ratificação adequados. Reconheço que [o prazo] é apertado e o tempo está a esgotar-se. Mas acredito que com algum grau de criatividade, podemos facilitar a ratificação de um acordo, talvez por etapas.

Creio que é um acordo que podemos resolver de forma satisfatória, assim que conseguirmos efetivamente chegar a acordo.

É com base numa confiança sólida que a futura relação entre o Reino Unido e a Europa pode funcionar melhor
Micheál Martin
Primeiro-ministro da Irlanda

S.M.: Continua a haver questões pendentes, como a das pescas, onde tem havido muito pouco progresso desde março, mas também a questão da igualdade de condições, dos subsídios aos Estados e da governação. Pode dar-nos o ponto de situação nestas questões e dizer-nos o que tem impedido de chegar a um consenso?

M.M.: Quanto à igualdade de condições, penso que todos sabemos dos receios que existem de ambos os lados, de um obter uma vantagem em detrimento do outro em relação à aplicação das ajudas estatais e por aí adiante.

Mas acredito que existe uma zona de um possível entendimento, que depois irá conduzir a um mecanismo de resolução de contendas, permitindo a ambas as partes reagir se uma delas estiver a prejudicar o acordo, ou a violar o acordo.

Penso que subjacente a tudo isto está uma necessidade de confiança e de reconstruir a confiança entre a União Europeia e o Reino Unido.

É com base numa confiança sólida que a futura relação entre o Reino Unido e a Europa pode funcionar melhor.

(...) se puder ser estabelecida uma futura relação comercial, isso deverá neutralizar as cláusulas ofensivas na lei do mercado interno do Reino Unido
Micheál Martin
Primeiro-ministro da Irlanda

S.M.: Quão danificada foi já essa relação de confiança, tendo em conta os últimos quatro anos de negociações, e ao que deu origem a tudo isso? E, mais importante ainda, tendo em conta a lei do mercado interno, que, caso seja aprovada, pode vir a violar o protocolo irlandês?

M.M.: Eu creio que a lei do mercado interno do Reino Unido corroeu a confiança. Dito isto, penso que a resposta ponderada da União Europeia tem sido importante, em termos de resolver as questões e manter o foco na verdadeira substância das próprias negociações sobre a futura relação comercial.

Porque se puder ser estabelecida uma futura relação comercial, isso deverá neutralizar as cláusulas ofensivas na lei do mercado interno do Reino Unido e não exigiria a sua reintrodução.

Portanto, creio que tem sido tratado de forma ponderada e adequada, dada a dimensão do que está em jogo em termos de Brexit para tantas pessoas.

S.M.: Está a dizer que essas cláusulas seriam neutralizadas por um acordo comercial. No entanto, o Reino Unido diz que, aconteça o que acontecer, não vai retirar essas cláusulas. E a União Europeia diz que elas são um pré-requisito. É verdade que o Reino Unido está bastante determinado em dizer que não vai revogar essa parte da legislação?

M.M.: Acho que precisamos de ir o a o. A Câmara dos Lordes deu um veredito muito enfático sobre as cláusulas ofensivas e sobre a lei do mercado interno.

E o projeto de lei em si tem tido uma viagem muito agitada até agora, no contexto da Escócia, por exemplo, e do País de Gales e mesmo da recente reunião do Conselho Britânico-Irlandês, isso tornou-se muito claro.

Mas, à parte disso, penso que se a substância do acordo permitir termos uma relação comercial com o Reino Unido muito viável no futuro, então penso que muito pode decorrer dessa situação.

Os receios e afirmações feitas pelo lado britânico claramente não se concretizariam se tivessem um acordo comercial com a Europa. Por isso, penso que essas duas secções podem cair.

[A Hungria e a Polónia] devem retirar as suas objeções a este pacote e facilitar a agem do dinheiro para os estados-membros
Micheál Martin
Primeiro-ministro da Irlanda

S.M.: ando para outras questões na Europa; em julho, tivemos, neste momento sem precedentes, o acordo do orçamento da União Europeia e o fundo de resgate de setecentos e cinquenta mil milhões de euros. Há agora dois países que se opõem e que estão a impedir o progresso das medidas, quando muitos Estados-membros precisam realmente de ter o a esse dinheiro. Qual é a sua opinião sobre a postura da Hungria e da Polónia na semana ada?

M.M.: Estou muito, muito desapontado com a atitude. Penso que é injustificada. Este é um pacote financeiro muito significativo. Foi um avanço histórico em termos de coletivização da dívida e de todos os Estados da União Europeia a trabalhar em conjunto para ir buscar dinheiro aos mercados. E tê-lo atrasado ou travado, devido a dois Estados-membros terem dificuldades com o acordo feito entre o parlamento e o conselho {sobre o Estado de direito} é muito lamentável.

Estou deveras preocupado com o comportamento dos Estados-Membros, especialmente com a Polónia, em relação às questões LGBT+
Micheál Martin
Primeiro-ministro da Irlanda

S.M.: Mas em relação a esses países em concreto, o facto de estarem a colocar obstáculos aos estados-membros terem o ao dinheiro, o facto de constituírem democracias iliberais, de diminuírem os direitos das pessoas LGBT, dos refugiados, na Hungria, o governo expulsou uma universidade. Ambos violam consistentemente o Estado de direito e só lhes é pedido que obedeçam a um básico Estado de direito. Em relação a esses dois países, qual é a sua posição?

M.M.: A minha posição é que devem retirar as suas objeções a este pacote e facilitar a agem do dinheiro para os estados-membros. Acredito que o tratado existe para lidar com o enfraquecimento dos valores fundamentais básicos da União Europeia.

Estou deveras preocupado com o comportamento dos Estados-Membros, especialmente com a Polónia, em relação às questões LGBT+. Na Irlanda, por exemplo, para muitos, esse comportamento não é aceitável.

Em termos mais gerais, eu diria, no entanto, que existem mecanismos no âmbito do tratado para lidar com qualquer enfraquecimento dos valores da União Europeia.

Na minha opinião, dada a gravidade da crise provocada pela covid-19, é muito importante que estes obstáculos sejam removidos.

Penso também que estes estados-membros (Hungria e Polónia) deveriam tomar conhecimento das opiniões genuínas dos outros estados membros sobre estas questões.

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