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Vacina com 90% de eficácia tem ainda muito por esclarecer

Vacina com 90% de eficácia tem ainda muito por esclarecer
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De Francisco Marques com AP
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Setor científico reclama da falta de verificação imparcial do resultado dos testes e da ausência de dados, mas enaltece progresso anunciado pelo consórcio Pfizer-BioNTech

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O anúncio da descoberta de uma vacina contra a Covid-19 com mais de 90% de eficácia experimental está a animar um mundo refém de uma agressiva segunda vaga da pandemia, mas há ainda uma nuvem de dúvidas no setor científico.

Falta, por exemplo, informação sobre a eficácia do medicamento em certos grupos, como os idosos, a duração da proteção e os eventuais efeitos secundários da vacina batizada como BNT162b2 pela farmacêutica norte-americana Pfizer e o laboratório alemão BioNTEch, o consórcio responsável pela descoberta.

O resultado preliminar do projeto foi anunciado tendo por base análises efetuadas em 94 casos confirmados de Covid-19 entre os mais de 43.500 participantes no estudo.

Na fase 3 do estudo clínico, após análise interina conduzida em 8 de novembro por uma equipa externa e independente de monitorização de dados, a vacina mostrou eficácia contra a Covid-19 entre os participantes sem vestígios anteriores de infeção pelo SARS-CoV2.

Elisabet Mahase, do portal de partilha de conhecimentos médicos BMJ, destacou a recetividade otimista da notícia pelo setor, mas sublinhou "a importância de ver os resultados completos e perceber muitos dos detalhes ainda não tornados públicos, incluindo os dados demográficos dos participantes e a severidade dos casos reportados no ensaio".

"O conjunto completo de dados em que se baseia o anúncio ainda não foi divulgado e por isso não sabemos exatamente o que foi encontrado. As duas empresas estão a esforçar-se para demonstrar que os participantes no ensaio são etnicamente diversos, o que é bom, mas não dizem nada sobre a idade das pessoas em teste", acrescentando no mesmo BMJ a professora de imunologia e doenças infecciosas Eleanor Riley, da universidade de Edimburgo.

A divisão entre os indivíduos vacinados com e os que receberam um placebo revela uma taxa de eficácia superior a 90% , sete dias após a tomada da segunda dose.

"Isto significa que a proteção é conseguida 28 dias após o início da vacinação, que consiste no agendamento de duas doses. À medida que o estudo continuar, a percentagem de eficácia final pode variar.
Pfizer e BioNTech
Comunicado

Diversos cientistas reagiram ao anúncio com alguma cautela e sublinharam a falta de dados e de validação imparcial, normalmente recebida através da publicação em jornais especializados do setor médico.

Ainda assim, o professor Andrew Preston, da Universidade de Bath, nos Estados Unidos, ite ser esta descoberta "sem dúvida um grande o no caminho de regresso da nossa vida ao normal, seja lá o que isso venha a ser".

"Mas estamos ainda longe de podermos pôr de lado as máscaras", avisou o especialista em patogenicidade microbiana.

Paul Duprex, diretor do Centro de Estudo de Vacinas da Universidade de Pittsburgh, também nos Estados Unidos, sublinha que esta descoberta da Pfizer e da BioNTech não significa uma cura para a Covid nem que esta seja a melhor vacina nem a garantia de imunidade durante anos.

"O que sabemos a partir desta pequena análise divulgada é que começámos agora a ver progresso no uso de uma candidata a vacina", refere Duprex.

Allan Cheng, diretor de Saúde do estado de Victoria, na Austrália, citado pelo jornal The Guardian, salienta que a "Pfizer disse ter analisado 94 casos de Covid como parte deste estudo, mas não revelou as caraterísticas desses casos nem a que grupo de estudo pertencem".

"Há sempre muitas críticas à ciência divulgada em comunicados de imprensa porque precisamos de saber muito mais sobre as descobertas do que um comunicado de imprensa nos pode dar", acrescentou.

Também a presidente do Grupo de Consultoria de Controlo de Infeções da Austrália, citada pelo mesmo jornal, reclama mais dados.

Soam deveras promissor tendo uma eficácia de 90%, mas estes resultados não foram revistos pelos parceiros (científicos) e é deveras aborrecido, de facto, quando as empresas anunciam estas descobertas à imprensa e não num jornal (especializado).

"A Pfizer é uma boa empresa e a descoberta é provavelmente sólida, mas na verdade não temos muitos detalhes.
Lyn Gilbert
Presidente do Grupo Consultor do Controlo de Infeções na Austrália

Os mercados económicos reagiram por todo o mundo com entusiasmo à descoberta e à possibilidade de um regresso mais rápido das pessoas e das empresas à vida e ao consumo normal.

As empresas responsáveis pela vacina, a Pfizer e a BioNTech, esperam ter informação suficiente para propor na terceira semana de novembro a vacina à apreciação do regulador norte-americano, a istração de Alimentação e Medicamentos, a FDA.

Se tudo correr bem com a validação pela FDA, o consórcio espera ter vacinas suficientes para 25 milhões de pessoas até final do ano e para mais de 600 milhões de pessoas no próximo ano, tendo por base que cada indivíduo precisa de duas doses e que o medicamento necessita ser conservado a temperaturas de menos de 70 graus Celsius.

A prioridade para receber a vacina serão os profissionais de saúde e os grupos de risco.

Além da candidata a vacina desenvolvida pela dupla Pfizer-BioNTech, também a biotecnológica americana Moderna espera conseguir pedir nas próximas semanas à FDA a autorização para comercializar outra candidata a vacina contra a Covid-19.

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