{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2020/10/09/jovens-cabo-verdianos-limpam-praias-e-transformam-vidro-em-areia" }, "headline": "Jovens cabo-verdianos reciclam vidro em areia ", "description": "A f\u00e1brica de reciclagem de vidro faz parte do projeto denominado \u2018Raiz Azul\u2019, financiado pela The Darwin Initiative, do Reino Unido, e foi instalada em Rinc\u00e3o, aldeia piscat\u00f3ria situada no litoral oeste do concelho de Santa Catarina de Santiago.", "articleBody": "A popula\u00e7\u00e3o de Rinc\u00e3o, no norte da ilha cabo-verdiana de Santiago, estava habituada a deitar todo o lixo na natureza, mas agora a os dias a recolher garrafas de vidro para transformar em areia, numa f\u00e1brica instalada na aldeia. A f\u00e1brica de reciclagem de vidro faz parte do projeto denominado \u2018Raiz Azul\u2019, financiado pela The Darwin Initiative, do Reino Unido, e foi instalada em Rinc\u00e3o, aldeia piscat\u00f3ria situada no litoral oeste do concelho de Santa Catarina de Santiago. O objetivo \u00e9 reduzir o impacto do lixo em outras tr\u00eas comunidades piscat\u00f3rias da ilha de Santiago, nomeadamente Porto Mosquito, Gouveia e S\u00e3o Francisco, explicou \u00e0 Lusa Roberta Baduvini, da Associa\u00e7\u00e3o Cabo-verdiana de Ecoturismo (ECOCV), que desenvolve o projeto em colabora\u00e7\u00e3o com a Universidade de Cabo Verde e outros parceiros. Segundo a respons\u00e1vel pela \u00e1rea social e de turismo da ECOC, o projeto come\u00e7ou desde o ano ado, com o conhecimento e explica\u00e7\u00f5es \u00e0 comunidade e com o estudo do lixo nessas quatro localidades costeiras, para ver qual era a maioria dos res\u00edduos presentes. \u201cE em Rinc\u00e3o constat\u00e1mos que o vidro estava em maior percentagem. Por isso, resolvemos instalar esta m\u00e1quina para tritura\u00e7\u00e3o de vidro\u201d, afirmou a tamb\u00e9m coordenadora substituta do projeto Raiz Azul, indicando que a f\u00e1brica foi montada em junho \u00faltimo. Mas antes uma equipa de seis jovens da localidade, tr\u00eas homens e tr\u00eas mulheres, recebeu forma\u00e7\u00e3o e foram instalados contentores em v\u00e1rios pontos para recolha de todo o tipo de vidro em Rinc\u00e3o, localidade com pouco mais de 1.000 habitantes e que vive essencialmente da pesca e agricultura. Roberta Baduvini, de nacionalidade italiana e residente em Cabo Verde h\u00e1 dois anos, disse que as pessoas j\u00e1 est\u00e3o a responder bem, apesar de ainda n\u00e3o entenderam completamente a ideia, mas garantiu que aos poucos isso vai acontecer. \u201c\u00c9 dif\u00edcil explicar a todos qual o impacto e a vis\u00e3o, mas o facto de ter a m\u00e1quina ativa, funcional, j\u00e1 serve como exemplo. Sen\u00e3o fica dif\u00edcil a pessoa entender porque n\u00e3o pode colocar o lixo na ribeira, porque fazer esfor\u00e7o de recolher vidro para aqui, se n\u00e3o veem um efeito pr\u00e1tico fica dif\u00edcil. Com a m\u00e1quina instalada aqui, j\u00e1 h\u00e1 um efeito pr\u00e1tico, que \u00e9 a produ\u00e7\u00e3o de areia, ou seja, o vidro foi transformado em outra coisa diferente\u201d, afirmou. Segundo informa\u00e7\u00f5es dispon\u00edveis na f\u00e1brica, 25 garrafas de cerveja, por exemplo, d\u00e3o para produzir 5 quilos de areia, e neste momento os jovens produzem areia fina e grossa, na f\u00e1brica instalada na sede da Associa\u00e7\u00e3o dos Pescadores de Rinc\u00e3o. A areia produzida ainda est\u00e1 em fase de testes e an\u00e1lises em empresas de constru\u00e7\u00e3o civil locais, antes de ser utilizada. \u201cSe o resultado for positivo, a produ\u00e7\u00e3o poder\u00e1 aumentar, dependendo dos pedidos\u201d, garantiu a respons\u00e1vel, nesta que \u00e9 a primeira experi\u00eancia no pa\u00eds a n\u00edvel comunit\u00e1rio. \u201cEm Cabo Verde h\u00e1 muita garrafa de vidro. Mat\u00e9ria-prima n\u00e3o vai ser um problema\u201d, prosseguiu a representante da ECOCV, esperando no futuro levar a ideia a mais comunidades. \u201cEspero que o nosso exemplo seja o in\u00edcio de algo maior, tamb\u00e9m para reduzir um pouco o impacto da apanha de areia, que \u00e9 outro grande problema. Espero que seja um exemplo para iniciar um movimento novo\u201d, perspetivou Baduvini, que \u00e9 tamb\u00e9m educadora social. A representante a ECOCV, organiza\u00e7\u00e3o criada h\u00e1 cinco anos e com trabalho sobretudo na a\u00e9rea ambiental, social, comunit\u00e1ria e de ecoturismo, disse que o projeto envolve praticamente toda a comunidade de Rinc\u00e3o, desde fam\u00edlias, pescadores, os jovens e o com\u00e9rcio. \u201cO objetivo \u00e9 criar uma consci\u00eancia diferente no que diz respeito ao uso de recursos naturais, para promover uma vida mais saud\u00e1vel e sustent\u00e1vel na comunidade\u201d, referiu. Depois de v\u00e1rias forma\u00e7\u00f5es, dois dos volunt\u00e1rios e trabalhadores do Ecocentro s\u00e3o \u00c9rica Fidalgo, 22 anos, e Wilson Dias, 26 anos, que nasceram e cresceram em Rinc\u00e3o e sempre fizeram e viram outras pessoas deitar o lixo em qualquer s\u00edtio, testemunhando que os pr\u00f3prios j\u00e1 sofreram ferimentos nos vidros, alguns que continuam espalhados pela praia e pelas ruas locais. Wilson Dias estudou at\u00e9 ao 7.\u00ba ano, trabalha na pesca, na agricultura e na cria\u00e7\u00e3o de gado, e disse \u00e0 Lusa que agora tem uma vis\u00e3o diferente em rela\u00e7\u00e3o ao lixo e ao vidro, e \u00e9 dos primeiros a fazer a recolha de todo o tipo de garrafas para levar para a f\u00e1brica. \u201cH\u00e1 muita conviv\u00eancia aqui, somos humildes com os visitantes, tamb\u00e9m somos boas pessoas. H\u00e1 algumas discotecas, bares, restaurantes, quiosques, por isso consome-se muitas garrafas\u201d, disse Wilson Dias, para explicar a grande quantidade encontrada. Terminado o 12.\u00ba ano, \u00c9rica Fidalgo est\u00e1 \u00e0 espera de resposta para prosseguir os estudos em Portugal, e n\u00e3o hesita em garantir que a \u00e1rea ambiental poder\u00e1 ser uma das suas op\u00e7\u00f5es. \u201cJ\u00e1 tive um pequeno conhecimento aqui, talvez eu possa desenvolv\u00ea-lo ainda mais e contribuirei para a minha zona, trazendo mais conhecimento para compartilhar aqui\u201d, perspetivou a jovem estudante, para quem as pessoas est\u00e3o mais conscientes. Em cerca de tr\u00eas meses de experi\u00eancia, \u00c9rica disse que j\u00e1 foram recolhidos cerca de 500 quilos de garrafas de vidro, que triturados deu para produzir a mesma quantidade de areia, que poder\u00e1 servir para produzir blocos, pav\u00eas, entre outros materiais de constru\u00e7\u00e3o civil. ", "dateCreated": "2020-10-09T11:49:09+02:00", "dateModified": "2020-10-09T15:44:13+02:00", "datePublished": "2020-10-09T13:55:08+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F04%2F65%2F10%2F1440x810_cmsv2_0e0c281b-e379-597b-a99f-6752f41bf179-5046510.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Cabo Verde", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F04%2F65%2F10%2F432x243_cmsv2_0e0c281b-e379-597b-a99f-6752f41bf179-5046510.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Jovens cabo-verdianos reciclam vidro em areia

Cabo Verde
Cabo Verde Direitos de autor LUSA
Direitos de autor LUSA
De Euronews com Lusa
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

A fábrica de reciclagem de vidro faz parte do projeto denominado ‘Raiz Azul’, financiado pela The Darwin Initiative, do Reino Unido, e foi instalada em Rincão, aldeia piscatória situada no litoral oeste do concelho de Santa Catarina de Santiago.

PUBLICIDADE

A população de Rincão, no norte da ilha cabo-verdiana de Santiago, estava habituada a deitar todo o lixo na natureza, mas agora a os dias a recolher garrafas de vidro para transformar em areia, numa fábrica instalada na aldeia.

A fábrica de reciclagem de vidro faz parte do projeto denominado ‘Raiz Azul’, financiado pela The Darwin Initiative, do Reino Unido, e foi instalada em Rincão, aldeia piscatória situada no litoral oeste do concelho de Santa Catarina de Santiago.

O objetivo é reduzir o impacto do lixo em outras três comunidades piscatórias da ilha de Santiago, nomeadamente Porto Mosquito, Gouveia e São Francisco, explicou à Lusa Roberta Baduvini, da Associação Cabo-verdiana de Ecoturismo (ECOCV), que desenvolve o projeto em colaboração com a Universidade de Cabo Verde e outros parceiros.

Segundo a responsável pela área social e de turismo da ECOC, o projeto começou desde o ano ado, com o conhecimento e explicações à comunidade e com o estudo do lixo nessas quatro localidades costeiras, para ver qual era a maioria dos resíduos presentes.

“E em Rincão constatámos que o vidro estava em maior percentagem. Por isso, resolvemos instalar esta máquina para trituração de vidro”, afirmou a também coordenadora substituta do projeto Raiz Azul, indicando que a fábrica foi montada em junho último.

Mas antes uma equipa de seis jovens da localidade, três homens e três mulheres, recebeu formação e foram instalados contentores em vários pontos para recolha de todo o tipo de vidro em Rincão, localidade com pouco mais de 1.000 habitantes e que vive essencialmente da pesca e agricultura.

Roberta Baduvini, de nacionalidade italiana e residente em Cabo Verde há dois anos, disse que as pessoas já estão a responder bem, apesar de ainda não entenderam completamente a ideia, mas garantiu que aos poucos isso vai acontecer.

“É difícil explicar a todos qual o impacto e a visão, mas o facto de ter a máquina ativa, funcional, já serve como exemplo. Senão fica difícil a pessoa entender porque não pode colocar o lixo na ribeira, porque fazer esforço de recolher vidro para aqui, se não veem um efeito prático fica difícil. Com a máquina instalada aqui, já há um efeito prático, que é a produção de areia, ou seja, o vidro foi transformado em outra coisa diferente”, afirmou.

Segundo informações disponíveis na fábrica, 25 garrafas de cerveja, por exemplo, dão para produzir 5 quilos de areia, e neste momento os jovens produzem areia fina e grossa, na fábrica instalada na sede da Associação dos Pescadores de Rincão.

A areia produzida ainda está em fase de testes e análises em empresas de construção civil locais, antes de ser utilizada. “Se o resultado for positivo, a produção poderá aumentar, dependendo dos pedidos”, garantiu a responsável, nesta que é a primeira experiência no país a nível comunitário.

“Em Cabo Verde há muita garrafa de vidro. Matéria-prima não vai ser um problema”, prosseguiu a representante da ECOCV, esperando no futuro levar a ideia a mais comunidades.

“Espero que o nosso exemplo seja o início de algo maior, também para reduzir um pouco o impacto da apanha de areia, que é outro grande problema. Espero que seja um exemplo para iniciar um movimento novo”, perspetivou Baduvini, que é também educadora social.

A representante a ECOCV, organização criada há cinco anos e com trabalho sobretudo na aérea ambiental, social, comunitária e de ecoturismo, disse que o projeto envolve praticamente toda a comunidade de Rincão, desde famílias, pescadores, os jovens e o comércio.

“O objetivo é criar uma consciência diferente no que diz respeito ao uso de recursos naturais, para promover uma vida mais saudável e sustentável na comunidade”, referiu.

Depois de várias formações, dois dos voluntários e trabalhadores do Ecocentro são Érica Fidalgo, 22 anos, e Wilson Dias, 26 anos, que nasceram e cresceram em Rincão e sempre fizeram e viram outras pessoas deitar o lixo em qualquer sítio, testemunhando que os próprios já sofreram ferimentos nos vidros, alguns que continuam espalhados pela praia e pelas ruas locais.

Wilson Dias estudou até ao 7.º ano, trabalha na pesca, na agricultura e na criação de gado, e disse à Lusa que agora tem uma visão diferente em relação ao lixo e ao vidro, e é dos primeiros a fazer a recolha de todo o tipo de garrafas para levar para a fábrica.

“Há muita convivência aqui, somos humildes com os visitantes, também somos boas pessoas. Há algumas discotecas, bares, restaurantes, quiosques, por isso consome-se muitas garrafas”, disse Wilson Dias, para explicar a grande quantidade encontrada.

Terminado o 12.º ano, Érica Fidalgo está à espera de resposta para prosseguir os estudos em Portugal, e não hesita em garantir que a área ambiental poderá ser uma das suas opções.

“Já tive um pequeno conhecimento aqui, talvez eu possa desenvolvê-lo ainda mais e contribuirei para a minha zona, trazendo mais conhecimento para compartilhar aqui”, perspetivou a jovem estudante, para quem as pessoas estão mais conscientes.

Em cerca de três meses de experiência, Érica disse que já foram recolhidos cerca de 500 quilos de garrafas de vidro, que triturados deu para produzir a mesma quantidade de areia, que poderá servir para produzir blocos, pavês, entre outros materiais de construção civil.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Arte secular do vidro de Murano ameaçada pelo agravamento do preço do gás natural

E que tal um gin tónico a saber a Natal?

Cabo Verde confirma mais 15 casos de covid-19