{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2020/02/28/dez-anos-depois-de-xynthia" }, "headline": "\u0022O meu neto morreu-me nos bra\u00e7os de hipotermia\u0022", "description": "Tempestade \u0022Xynthia\u0022 provocou 47 mortos e mudou para sempre a localidade de La Faute-sur-Mer, na costa atl\u00e2ntica de Fran\u00e7a, e gerou uma vaga migrantes clim\u00e1ticos", "articleBody": "A noite de 27 de fevereiro de 2010 mudou-lhes a vida para sempre. Anne, Jean e Elisabeth estavam a viver no s\u00edtio errado, \u00e0 hora errada, longe de estar preparados para a devasta\u00e7\u00e3o dessa noite. A tempestade \u0022Xynthia\u0022 atingiu a costa atl\u00e2ntica sa. Os fortes ventos e as mar\u00e9s contribu\u00edram para a morte de 47 pessoas. S\u00f3 em La Faute-sur-Mer, uma pequena localidade de mil habitantes na costa atl\u00e2ntica de Fran\u00e7a, perderam a vida 29 pessoas. Os danos causados foram gigantescos, com um preju\u00edzo estimado em mais de mil milh\u00f5es de euros. Dez anos depois, Elisabeth Tabary lembra-se dessa noite como se fosse ontem: \u0022O vento estava forte e por volta das 3h15 da manh\u00e3 ouvi barulho. A \u00e1gua chegou a grande velocidade e subiu at\u00e9 ao metro e meio. O meu marido veio procurar-me mais tarde mas morreu logo de seguida. O meu neto morreu-me nos bra\u00e7os de hipotermia. Quis afogar-me porque percebi que j\u00e1 n\u00e3o havia nada a fazer.\u0022 Apesar do trauma, Elisabeth permaneceu na zona. Escolheu refazer a vida a apenas dois quil\u00f3metros do local da trag\u00e9dia. \u0022Fiquei. Tenho a sensa\u00e7\u00e3o que se partir abandono a minha fam\u00edlia, que morreu aqui.\u0022 Anne e Jean Birault tomaram outra op\u00e7\u00e3o. Ap\u00f3s 40 anos em La Faute-sur-Mer, este casal de reformados preferiu sair. Regressou agora. Um campo de golfe ocupa o lugar onde 600 habita\u00e7\u00f5es foram destru\u00eddas. A casa nova n\u00e3o apaga as quatro d\u00e9cadas de mem\u00f3rias: \u0022Deixei aqui um capital afetivo importante. A trinta quil\u00f3metros n\u00e3o consegui construir a mesma coisa.\u0022 Depois da trag\u00e9dia, foram levantadas v\u00e1rias quest\u00f5es sobre a manuten\u00e7\u00e3o dos pared\u00f5es e dos planos de gest\u00e3o de risco da autarquia local. Mais de 100 pessoas apresentaram queixa na justi\u00e7a. Em 2016, o antigo presidente da autarquia, Ren\u00e9 Marratier, foi condenado a dois anos de pris\u00e3o com pena suspensa por homic\u00eddio involunt\u00e1rio. Laurent Huger, Vereador de La Faute-sur-Mer, destaca o trabalho feito desde ent\u00e3o, mas ite que s\u00e3o impotentes contra a f\u00faria da natureza. \u0022Os diques na altura n\u00e3o tinham o tamanho devido. Por isso elabor\u00e1mos um plano para a constru\u00e7\u00e3o de novos diques. Foram constru\u00eddos quatro quil\u00f3metros de diques que aumentam a prote\u00e7\u00e3o, mas que n\u00e3o impedem a \u00e1gua de ar\u0022, explicou-nos Laurent Huger. O Estado franc\u00eas investiu 500 milh\u00f5es de euros em cinco anos para fortalecer as estruturas existentes. Atualmente a luta \u00e9 outra e o ministro do Ambiente j\u00e1 prometeu realojar os habitantes das 5 mil casas amea\u00e7adas pela esperada subida do n\u00edvel do mar e a eros\u00e3o marinha. Esta \u00e9 uma de seis reportagens realizadas pela Euronews, com apoio do Jornalism Fund, para lhe dar a conhecer os migrantes clim\u00e1ticos da Europa. Ao longo deste m\u00eas, conhe\u00e7a as restantes hist\u00f3rias. ", "dateCreated": "2020-02-25T09:53:48+01:00", "dateModified": "2020-02-28T15:30:10+01:00", "datePublished": "2020-02-28T13:30:53+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F52%2F56%2F78%2F1440x810_cmsv2_913c7c51-e261-5a08-8b1b-118dacf44d27-4525678.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Tempestade \u0022Xynthia\u0022 provocou 47 mortos e mudou para sempre a localidade de La Faute-sur-Mer, na costa atl\u00e2ntica de Fran\u00e7a, e gerou uma vaga migrantes clim\u00e1ticos", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F52%2F56%2F78%2F432x243_cmsv2_913c7c51-e261-5a08-8b1b-118dacf44d27-4525678.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Sousa", "givenName": "Bruno", "name": "Bruno Sousa", "url": "/perfis/383", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "jobTitle": "Journaliste", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue portugaise" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

"O meu neto morreu-me nos braços de hipotermia"

"O meu neto morreu-me nos braços de hipotermia"
Direitos de autor .
Direitos de autor .
De Bruno Sousa & Marta Rodrigues e Lillo Montalto
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Tempestade "Xynthia" provocou 47 mortos e mudou para sempre a localidade de La Faute-sur-Mer, na costa atlântica de França, e gerou uma vaga migrantes climáticos

PUBLICIDADE

A noite de 27 de fevereiro de 2010 mudou-lhes a vida para sempre. Anne, Jean e Elisabeth estavam a viver no sítio errado, à hora errada, longe de estar preparados para a devastação dessa noite.

A tempestade "Xynthia" atingiu a costa atlântica sa. Os fortes ventos e as marés contribuíram para a morte de 47 pessoas. Só em La Faute-sur-Mer, uma pequena localidade de mil habitantes na costa atlântica de França, perderam a vida 29 pessoas.

Os danos causados foram gigantescos, com um prejuízo estimado em mais de mil milhões de euros.

Dez anos depois, Elisabeth Tabary lembra-se dessa noite como se fosse ontem:

"O vento estava forte e por volta das 3h15 da manhã ouvi barulho. A água chegou a grande velocidade e subiu até ao metro e meio. O meu marido veio procurar-me mais tarde mas morreu logo de seguida. O meu neto morreu-me nos braços de hipotermia. Quis afogar-me porque percebi que já não havia nada a fazer."

Apesar do trauma, Elisabeth permaneceu na zona. Escolheu refazer a vida a apenas dois quilómetros do local da tragédia.

"Fiquei. Tenho a sensação que se partir abandono a minha família, que morreu aqui."

Anne e Jean Birault tomaram outra opção. Após 40 anos em La Faute-sur-Mer, este casal de reformados preferiu sair. Regressou agora. Um campo de golfe ocupa o lugar onde 600 habitações foram destruídas.

A casa nova não apaga as quatro décadas de memórias: "Deixei aqui um capital afetivo importante. A trinta quilómetros não consegui construir a mesma coisa."

Depois da tragédia, foram levantadas várias questões sobre a manutenção dos paredões e dos planos de gestão de risco da autarquia local. Mais de 100 pessoas apresentaram queixa na justiça. Em 2016, o antigo presidente da autarquia, René Marratier, foi condenado a dois anos de prisão com pena suspensa por homicídio involuntário.

Laurent Huger, Vereador de La Faute-sur-Mer, destaca o trabalho feito desde então, mas ite que são impotentes contra a fúria da natureza.

"Os diques na altura não tinham o tamanho devido. Por isso elaborámos um plano para a construção de novos diques. Foram construídos quatro quilómetros de diques que aumentam a proteção, mas que não impedem a água de ar", explicou-nos Laurent Huger.

O Estado francês investiu 500 milhões de euros em cinco anos para fortalecer as estruturas existentes.

Atualmente a luta é outra e o ministro do Ambiente já prometeu realojar os habitantes das 5 mil casas ameaçadas pela esperada subida do nível do mar e a erosão marinha.

Esta é uma de seis reportagens realizadas pela Euronews, com apoio do Jornalism Fund, para lhe dar a conhecer os migrantes climáticos da Europa. Ao longo deste mês, conheça as restantes histórias.

The Europe's Climate Migrants investigation was developed with the of:
Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

2019 em revista - O estado da luta contra as alterações climáticas

Putin questiona ação do Homem nas alterações climáticas

Veteranos do Dia D regressam à Normandia para homenagear soldados mortos