{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2020/02/10/o-efeito-dayton-25-anos-depois-da-guerra-da-bosnia" }, "headline": "O efeito \u0022Dayton\u0022 25 anos depois da Guerra da B\u00f3snia", "description": "A Euronews foi at\u00e9 \u00e0 B\u00f3snia Herzegovina perceber como \u00e9 que o pa\u00eds lida com diferen\u00e7a \u00e9tnica", "articleBody": "A Guerra da B\u00f3snia foi um dos conflitos mais sangrentos da Europa. Acredita-se que 100 mil pessoas tenham perdido a vida e 2 milh\u00f5es tenham sido deslocadas. A guerra deixou marcas profundas na B\u00f3snia e Herzegovina, onde as divis\u00f5es \u00e9tnicas enraizadas continuam a ser um alerta para o mundo. Quando Maja conheceu Sanjin, as circunst\u00e2ncias eram outras. \u0022Na verdade, conhecemo-nos \u00e9ramos crian\u00e7as refugiadas em Berlim.\u0022 , conta Maja \u00e0 euronews. Voltaram a encontrar-se anos depois em Sarajevo. Est\u00e3o juntos desde ent\u00e3o. S\u00e3o muitas vezes chamados de \u0022casal misto\u0022, um casal constitu\u00eddo por duas pessoas de diferentes etnias. Algo cada vez mais raro nos dias de hoje na B\u00f3snia Herzegovina. Para Sanjin, tudo era diferente antes da guerra. \u0022Antes da guerra, as pessoas conheciam-se, amavam-se...n\u00e3o importava a religi\u00e3o ou grupo \u00e9tnico.\u0022 , conta. \u0022\u00c9 dif\u00edcil explicar o que est\u00e1 a acontecer agora\u0022 . conclui. A Guerra da B\u00f3snia aconteceu de abril de 1992 a dezembro de 1995. Foi o conflito mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Em 1995, com a m\u00e3o dos EUA, o conflito foi encerrado com o Acordo de Dayton - assinado em Dayton, no estado norte-americano do Ohio, onde os presidentes da S\u00e9rvia, da B\u00f3snia-Herzegovina e da Cro\u00e1cia aceitaram a continuidade da exist\u00eancia da B\u00f3snia com uma parte croata-mu\u00e7ulmana e outra s\u00e9rvia. O pa\u00eds ficou dividido em duas entidades istrativas: A \u0022Federa\u00e7\u00e3o\u0022 B\u00f3snia-Croata e a Rep\u00fablica Srpska, para os s\u00e9rvios da B\u00f3snia. As comunidades foram fragmentadas e o nacionalismo \u00e9tnico tornou-se uma ferramenta pol\u00edtica. Adnan Huskics, da Escola de Ci\u00eancias e Tecnologias de Sarajevo, acredita que a quest\u00e3o dominante ainda \u00e9 o \u0022N\u00f3s contra eles\u0022. \u0022N\u00e3o estamos a falar de objetivos nacionalistas genuinamente n\u00e3o cumpridos. Acho que estas s\u00e3o ferramentas muito \u00fateis e s\u00e3o usadas facilmente para manipular o p\u00fablico e garantir que ningu\u00e9m fa\u00e7a perguntas.\u0022 , explica Adnan Huskics. \u0022No fundo, o que domina \u00e9: N\u00f3s contra eles.\u0022 , conclui. Mostar, a cidade dividida \u0022N\u00f3s e eles\u0022 s\u00e3o conceitos que a Mostar, com 80 mil habitantes, conhece bem. Uma das linhas da frente durante a Guerra da B\u00f3snia permanece dividida em leste e oeste. Na cidade de Mostar h\u00e1 dois hospitais, duas empresas el\u00e9tricas e at\u00e9 duas corpora\u00e7\u00f5es de bombeiros. De um lado est\u00e3o mu\u00e7ulmanos b\u00f3snios, do outro, croatas cat\u00f3licos. Em 2004, Mostar quis unificar. Ma funcionou apenas no papel. O gin\u00e1sio de Mostar, onde as crian\u00e7as locais frequentam as aulas, n\u00e3o \u00e9 uma escola normal. No interior do edif\u00edcio, os estudantes croatas e b\u00f3snios est\u00e3o separados, t\u00eam professores diferentes e seguem planos curr\u00edculares diferentes. As autoridades uniram os dois sistemas de ensino - mas n\u00e3o os fundiram. Um s\u00edmbolo de uma divis\u00e3o enraizada 25 anos depois da guerra. Amna Popovac, ativista, explica que a separa\u00e7\u00e3o das crian\u00e7as poder\u00e1 definir o futuro do pa\u00eds. \u0022No jardim de inf\u00e2ncia, tem de se escolher entre enviar o filho para o lado b\u00f3snio ou para o lado croata. As crian\u00e7as n\u00e3o se encontram durante os anos da escola. Crescem separados. O meu maior medo \u00e9 que, ao separar o sistema educacional, estejamos a contruir bases para um pr\u00f3ximo conflito.\u0022 , explica Amna Popovac. Em 2020, a Europa e o resto do mundo testemunham uma ascens\u00e3o do nacionalismo populista, os b\u00f3snios alertam para o qu\u00e3o perigosa a separa\u00e7\u00e3o pode ser. ", "dateCreated": "2020-02-09T20:23:22+01:00", "dateModified": "2020-02-10T23:42:03+01:00", "datePublished": "2020-02-10T18:08:09+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F49%2F21%2F80%2F1440x810_cmsv2_657242ab-c2cf-5ed0-af9c-951b1f3fca46-4492180.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "A Euronews foi at\u00e9 \u00e0 B\u00f3snia Herzegovina perceber como \u00e9 que o pa\u00eds lida com diferen\u00e7a \u00e9tnica", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F49%2F21%2F80%2F432x243_cmsv2_657242ab-c2cf-5ed0-af9c-951b1f3fca46-4492180.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Borges", "givenName": "Anelise", "name": "Anelise Borges", "url": "/perfis/1443", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@AnneliseBorges", "jobTitle": "Journaliste", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue anglaise" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

O efeito "Dayton" 25 anos depois da Guerra da Bósnia

O efeito "Dayton" 25 anos depois da Guerra da Bósnia
Direitos de autor Euronews
Direitos de autor Euronews
De Anelise Borges & Ana Serapicos
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A Euronews foi até à Bósnia Herzegovina perceber como é que o país lida com diferença étnica

PUBLICIDADE

A Guerra da Bósnia foi um dos conflitos mais sangrentos da Europa. Acredita-se que 100 mil pessoas tenham perdido a vida e 2 milhões tenham sido deslocadas.

A guerra deixou marcas profundas na Bósnia e Herzegovina, onde as divisões étnicas enraizadas continuam a ser um alerta para o mundo.

Quando Maja conheceu Sanjin, as circunstâncias eram outras. "Na verdade, conhecemo-nos éramos crianças refugiadas em Berlim.", conta Maja à euronews.

"Antes da guerra, as pessoas conheciam-se, amavam-se...não importava a religião ou grupo étnico."
Sanjin

Voltaram a encontrar-se anos depois em Sarajevo. Estão juntos desde então. São muitas vezes chamados de "casal misto", um casal constituído por duas pessoas de diferentes etnias. Algo cada vez mais raro nos dias de hoje na Bósnia Herzegovina.

Para Sanjin, tudo era diferente antes da guerra.

"Antes da guerra, as pessoas conheciam-se, amavam-se...não importava a religião ou grupo étnico.", conta. "É difícil explicar o que está a acontecer agora". conclui.

A Guerra da Bósnia aconteceu de abril de 1992 a dezembro de 1995. Foi o conflito mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Em 1995, com a mão dos EUA, o conflito foi encerrado com o Acordo de Dayton - assinado em Dayton, no estado norte-americano do Ohio, onde os presidentes da Sérvia, da Bósnia-Herzegovina e da Croácia aceitaram a continuidade da existência da Bósnia com uma parte croata-muçulmana e outra sérvia.

O país ficou dividido em duas entidades istrativas: A "Federação" Bósnia-Croata e a República Srpska, para os sérvios da Bósnia.

euronews

As comunidades foram fragmentadas e o nacionalismo étnico tornou-se uma ferramenta política.

Adnan Huskics, da Escola de Ciências e Tecnologias de Sarajevo, acredita que a questão dominante ainda é o "Nós contra eles".

"Não estamos a falar de objetivos nacionalistas genuinamente não cumpridos. Acho que estas são ferramentas muito úteis e são usadas facilmente para manipular o público e garantir que ninguém faça perguntas.", explica Adnan Huskics. "No fundo, o que domina é: Nós contra eles.", conclui.

Mostar, a cidade dividida

"Nós e eles" são conceitos que a Mostar, com 80 mil habitantes, conhece bem. Uma das linhas da frente durante a Guerra da Bósnia permanece dividida em leste e oeste.

Na cidade de Mostar há dois hospitais, duas empresas elétricas e até duas corporações de bombeiros. De um lado estão muçulmanos bósnios, do outro, croatas católicos. Em 2004, Mostar quis unificar. Ma funcionou apenas no papel.

O ginásio de Mostar, onde as crianças locais frequentam as aulas, não é uma escola normal. No interior do edifício, os estudantes croatas e bósnios estão separados, têm professores diferentes e seguem planos currículares diferentes. As autoridades uniram os dois sistemas de ensino - mas não os fundiram. Um símbolo de uma divisão enraizada 25 anos depois da guerra.

euronews
Ginásio de Mostareuronews

Amna Popovac, ativista, explica que a separação das crianças poderá definir o futuro do país.

"No jardim de infância, tem de se escolher entre enviar o filho para o lado bósnio ou para o lado croata. As crianças não se encontram durante os anos da escola. Crescem separados. O meu maior medo é que, ao separar o sistema educacional, estejamos a contruir bases para um próximo conflito.", explica Amna Popovac.

Em 2020, a Europa e o resto do mundo testemunham uma ascensão do nacionalismo populista, os bósnios alertam para o quão perigosa a separação pode ser.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Dayton: 25 anos de paz na Bósnia e Herzegovina sob ameaça

Uma economia por unir num Chipre dividido

Bofetada em Parlamento da Bósnia-Herzegovina