{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2019/12/20/macau-pode-ser-um-polo-de-desenvolvimento-dos-nossos-interesses" }, "headline": "\u0022Macau pode ser um polo de desenvolvimento dos nossos interesses\u0022", "description": "ados 20 anos da entrega da istra\u00e7\u00e3o de Macau \u00e0 China, o \u00faltimo governador portugu\u00eas da regi\u00e3o, Vasco Rocha Vieira, fala sobre as rela\u00e7\u00f5es desenvolvidas entre os dois pa\u00edses.", "articleBody": "A 20 de dezembro de 1999, Macau deixava de ser um territ\u00f3rio sob istra\u00e7\u00e3o portuguesa e ava definitivamente para as m\u00e3os da China. 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Para Vasco Rocha Vieira, *essa diferen\u00e7a pode ser assumida num aspeto de complementaridade, ou de antagonismo, e, em Macau, sempre houve complementaridade. O que aconteceu sempre ao longo da Hist\u00f3ria, foi que Macau e a China encontram sempre solu\u00e7\u00f5es, o que, no fundo convinha \u00e0s duas partes\u0022, negocia\u00e7\u00f5es essas que \u0022foram negociadas atrav\u00e9s de um entendimento que se prolongou. De tal maneira, que, hoje, as rela\u00e7\u00f5es de Portugal com a China s\u00e3o muito fruto dessa presen\u00e7a de Portugal durante s\u00e9culos em Macau\u0022. A rela\u00e7\u00e3o \u00e9 hoje particularmente estreita, na pol\u00edtica e nos neg\u00f3cios. 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E isso \u00e9 muito importante para a China ter uma perce\u00e7\u00e3o de como deve atuar e se deve relacionar com outros povos, portanto, tem interesse na experi\u00eancia que n\u00f3s lhe podemos dar, uma experi\u00eancia que pouco povos t\u00eam\u0022. E como garantir que a cultura lus\u00f3fona e portuguesa se mant\u00e9m viva em Macau? A implanta\u00e7\u00e3o da l\u00edngua portuguesa \u00e9 pouca, mas, para Rocha Vieira, esse n\u00e3o \u00e9 o aspeto mais importante. \u0022N\u00e3o se pode p\u00f4r as pessoas todas a falar portugu\u00eas de um momento para o outro, \u00e9 muito mais importante que a legisla\u00e7\u00e3o e os c\u00f3digos de matriz ocidental e matriz portuguesa e que o tipo de vida e de valores e garantias ligadas ao ocidente e a Portugal, fa\u00e7am Macau continuar a distinguir-se do resto da China e a l\u00edngua possa vir - ou n\u00e3o - atr\u00e1s. 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"Macau pode ser um polo de desenvolvimento dos nossos interesses"

"Macau pode ser um polo de desenvolvimento dos nossos interesses"
Direitos de autor Copyright 2018 The Associated Press. All rights reservedCarol Mang
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De Ricardo Figueira
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ados 20 anos da entrega da istração de Macau à China, o último governador português da região, Vasco Rocha Vieira, fala sobre as relações desenvolvidas entre os dois países.

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A 20 de dezembro de 1999, Macau deixava de ser um território sob istração portuguesa e ava definitivamente para as mãos da China. A entrega foi feita depois de muitas negociações entre os dois países e da garantia de que, tal como Hong Kong, Macau ficaria sujeito a um regime especial e ao princípio "um país, dois sistemas".

20 anos depois, o balanço

Vasco Rocha Vieira, general português, foi o último governador do território. Em entrevista à Agência Lusa, fala sobre o papel de Macau nas relações político-económicas que ainda hoje se desenvolvem entre Portugal e China.

"ados 20 anos para mim aquilo que é mais importante é ver que há uma continuidade, acho que deixámos boas condições, do ponto de vista dos equipamentos, das estruturas, do ambiente, da identidade de Macau, que é um fator fundamental para a sobrevivência de Macau", revela.

Enquanto governou Macau, Portugal teve de fazer o equilíbrio entre duas culturas distintas, mas que nunca entraram em confronto.

Para Vasco Rocha Vieira, *essa diferença pode ser assumida num aspeto de complementaridade, ou de antagonismo, e, em Macau, sempre houve complementaridade. O que aconteceu sempre ao longo da História, foi que Macau e a China encontram sempre soluções, o que, no fundo convinha às duas partes", negociações essas que "foram negociadas através de um entendimento que se prolongou. De tal maneira, que, hoje, as relações de Portugal com a China são muito fruto dessa presença de Portugal durante séculos em Macau".

A relação é hoje particularmente estreita, na política e nos negócios. De acordo com o antigo governador de Macau, não há dúvida de que Portugal está entre os parceiros privilegiados daquela que é uma das maiores economias do mundo.

"A China tem hoje  - até por iniciativa própria - relações com Portugal que, posso dizer, não tem com mais ninguém. Tem uma parceria estratégica com Portugal que tem com poucos países, criou o Fórum da Cooperação Económica e Comercial com os países de língua portuguesa e estabeleceu-o em Macau. Macau tem essa vocação histórica que nós, durante o processo de transição, acentuámos, adaptando aos tempos modernos e à grande evolução da China, à modernização, e Macau ficou apto a desempenhar esse papel".

Hoje, as relações de Portugal com a China são muito fruto dessa presença de Portugal durante séculos em Macau
Vasco Rocha Vieira
Antigo governador de Macau

África é um continente no qual a China está a investir em força e os PALOP, como Angola, ou Moçambique, não são exceção. Também aqui Portugal tem uma palavra a dizer.

"A China vai para África, não porque tenha tido relações com Portugal em Macau. Ao interessar-se por ir para esses países, acha que Portugal podia ser um bom parceiro. Porque a China, quando vai pelo mundo, vai descobrir sinais do que os portugueses deixaram e de que foram capazes de lidar com povos e culturas muito diferentes, que o fizeram construindo nações, que acabaram esse processo e continuaram a ter laços de amizade. E isso é muito importante para a China ter uma perceção de como deve atuar e se deve relacionar com outros povos, portanto, tem interesse na experiência que nós lhe podemos dar, uma experiência que pouco povos têm".

E como garantir que a cultura lusófona e portuguesa se mantém viva em Macau? A implantação da língua portuguesa é pouca, mas, para Rocha Vieira, esse não é o aspeto mais importante.

"Não se pode pôr as pessoas todas a falar português de um momento para o outro, é muito mais importante que a legislação e os códigos de matriz ocidental e matriz portuguesa e que o tipo de vida e de valores e garantias ligadas ao ocidente e a Portugal, façam Macau continuar a distinguir-se do resto da China e a língua possa vir - ou não - atrás. O que interessa mais, face à situação que se vivia, é que a identidade de Macau esteja ancorada aos valores e à cultura dos princípios ocidentais nomeadamente dos portugueses. Portanto, Macau pode ser um polo de desenvolvimento dos nossos interesses naquela zona.  É pena que , pro exemplo, a TAP não voe para lá, deixou de voar. É pena que não tenhamos aproveitado e que tivesse havido algum vazio entre o fim do processo de transição e a nossa perceção da importância que Macau tinha".

Vasco Rocha Vieira acredita que a presença portuguesa em Macau continua viva, o que se deve não só ao enraizamento da comunidade portuguesa e dos macaenses lusodescendentes, mas também a uma nova vaga de migrantes que partiu para o território há pouco tempo, à procura de novas oportunidades.

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