{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2019/06/13/a-fuga-da-libia" }, "headline": "A Fuga da L\u00edbia", "description": "A rep\u00f3rter da Euronews, Annelise Borges, falou com migrantes e refugiados que fugiram da guerra e da pobreza. Escolheram a L\u00edbia, um pa\u00eds que agora tamb\u00e9m est\u00e1 em guerra. Est\u00e3o presos, n\u00e3o conseguem sair", "articleBody": "No dia 4 de abril de 2019, o marechal Khalifa Haftar ordenou a conquista da capital da L\u00edbia ao autoproclamado \u0022Ex\u00e9rcito Nacional L\u00edbio\u0022 para acabar com os grupos terroristas na regi\u00e3o. Mas as for\u00e7as leais ao primeiro-ministro Fayez al-Sarraj, do Governo de Acordo Nacional, apoiado pela ONU, prometeram travar a \u0022tentativa de golpe de Estado\u0022. No espa\u00e7o de um m\u00eas, morreram mais de 400 pessoas. E a L\u00edbia mergulhou ainda mais no caos de onde praticamente todos est\u00e3o a tentar fugir. I - PRESOS A L\u00edbia j\u00e1 foi um dos pa\u00edses mais ricos de \u00c1frica. Mas vive num caos desde que uma revolta civil, apoiada pela NATO, p\u00f4s fim ao dom\u00ednio de Muammar Kadhafi. Alguns recordam os dias em que a L\u00edbia era governada com punho de ferro. Wadah Alkish lutou ao lado dos rebeldes. \u201cN\u00e3o estou a elogiar Muammar Kaddafi. Kaddafi era um ditador e n\u00e3o fez nada de bom para o pa\u00eds durante quase quatro d\u00e9cadas. Mas um homem no comando \u00e9 muito melhor do que isto\u0022. H\u00e1 8 anos, Wadah tinha apenas 22. Juntou-se \u00e0 revolu\u00e7\u00e3o porque queria mudan\u00e7a. \u0022Estava cheio de esperan\u00e7a. Sempre que estou aqui a beber uma cerveja nas ruas, toda vez que ou\u00e7o tiros, h\u00e1 qualquer coisa dentro de mim que mexe: um pa\u00eds sem Kadhafi, sem uma ditadura, sem tudo isso. Mas Abril foi um engano. 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Desde que o estado se desmoronou, a L\u00edbia n\u00e3o tem sido capaz de fornecer servi\u00e7os adequados nem mesmo para os l\u00edbios. E a Uni\u00e3o Europeia exige que a L\u00edbia proteja a costa, combata o tr\u00e1fico de seres humanos e cuide dos migrantes ilegais de acordo com as normas internacionais. Sabe, a L\u00edbia tem muitos outros problemas: problemas com os servi\u00e7os, problemas de seguran\u00e7a, problemas de terrorismo, problemas econ\u00f3micos\u0022.\u00a0 II - POL\u00cdTICA\u00a0 Depois da divis\u00e3o virtual entre o este e o oeste, uma nova casa de representantes foi criada em Tr\u00edpoli por membros autonomeados que disseram que o mandato da antiga istra\u00e7\u00e3o tinha terminado. Re\u00fanem num centro de conven\u00e7\u00f5es degradado, um quadro preciso do estado atual das institui\u00e7\u00f5es l\u00edbias: os buracos das balas fazem parte do ambiente, as casas de banho n\u00e3o t\u00eam \u00e1gua corrente e h\u00e1 falhas de eletricidade. Neste contexto, a rep\u00f3rter da Euronews quis saber mais sobre a proposta da Europa para que a L\u00edbia realize elei\u00e7\u00f5es. Hammuda Siala \u00e9 o porta-voz da casa dos representantes. \u0022Na L\u00edbia, n\u00e3o somos especialistas, n\u00e3o temos uma experi\u00eancia hist\u00f3rica em democracia. E na democracia acredito que temos de aceitar os resultados - se n\u00e3o estamos no poder, estamos na oposi\u00e7\u00e3o. N\u00f3s n\u00e3o temos estes termos ou estes conceitos. Esta \u00e9 uma parte do nosso problema. Quando se falou de uma elei\u00e7\u00e3o, ano ado em Paris, fiquei chocado. Sabia que essa n\u00e3o seria uma tarefa f\u00e1cil\u0022. Dias depois da visita da Euronews, o edif\u00edcio da casa dos representantes foi atingido por um rocket. Um membro da institui\u00e7\u00e3o foi raptado pelas mil\u00edcias. III - A F\u00c9, A FUGA E O FUTURO Para milhares de pessoas, alguns a fugir da guerra e outros da pobreza, a L\u00edbia \u00e9 uma agem, um local de tr\u00e2nsito, uma forma de chegar a um lugar novo. Mas \u00e0s vezes - muitas vezes - a L\u00edbia torna-se no \u0022fim da estrada\u0022. Nos \u00faltimos 5 anos, quase 20 mil pessoas desapareceram quando tentavam atravessar o Mar Mediterr\u00e2neo. Segundo a Organiza\u00e7\u00e3o Internacional para as Migra\u00e7\u00f5es, nesse per\u00edodo, mais de 8 mil mortes foram confirmadas. Um massacre. Muitos culpam a Europa A pol\u00edtica europeia de migra\u00e7\u00e3o foi responsabilizada pela transfer\u00eancia do controlo das fronteiras dos pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia para a L\u00edbia. 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A Fuga da Líbia

A Fuga da Líbia
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A repórter da Euronews, Annelise Borges, falou com migrantes e refugiados que fugiram da guerra e da pobreza. Escolheram a Líbia, um país que agora também está em guerra. Estão presos, não conseguem sair

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No dia 4 de abril de 2019, o marechal Khalifa Haftar ordenou a conquista da capital da Líbia ao autoproclamado "Exército Nacional Líbio" para acabar com os grupos terroristas na região.

Mas as forças leais ao primeiro-ministro Fayez al-Sarraj, do Governo de Acordo Nacional, apoiado pela ONU, prometeram travar a "tentativa de golpe de Estado".

No espaço de um mês, morreram mais de 400 pessoas. E a Líbia mergulhou ainda mais no caos de onde praticamente todos estão a tentar fugir.

I - PRESOS

A Líbia já foi um dos países mais ricos de África. Mas vive num caos desde que uma revolta civil, apoiada pela NATO, pôs fim ao domínio de Muammar Kadhafi. Alguns recordam os dias em que a Líbia era governada com punho de ferro.

Wadah Alkish lutou ao lado dos rebeldes.

_“Não estou a elogiar Muammar Kaddafi. Kaddafi era um ditador e não fez nada de bom para o país durante quase quatro décadas. Mas um homem no comando é muito melhor do que isto".
_

Há 8 anos, Wadah tinha apenas 22. Juntou-se à revolução porque queria mudança.

_"Estava cheio de esperança. Sempre que estou aqui a beber uma cerveja nas ruas, toda vez que ouço tiros, há qualquer coisa dentro de mim que mexe: um país sem Kadhafi, sem uma ditadura, sem tudo isso. Mas Abril foi um engano. Todos nós fomos enganados. É a minha opinião. Depois de 2014, tudo desabou. Toda a esperança, todo o otimismo, tudo desapareceu, na minha opinião. Não há nada para além da guerra e do conflito. Não há nada para além de crianças feridas e a chorar. É mau. É muito mau".
_

A grande maioria veio para a Líbia para tentar chegar a outro lugar. E agora não podem sair.

Munir nasceu na Eritreia e é requerente de asilo.

"Não tenho a ambição de ir para um país especial. Vou para qualquer país que me receba. Um país seguro onde os meus filhos possam ter educação. Onde eu possa falar e expressar-me livremente".

Munir, a mulher e os três filhos não se lembram do tempo demoraram a chegar da Eritreia à Líbia. Quando chegaram foram colocados num centro de detenção. E assistem à guerra, a terceira desde que Kadhafi foi expulso, em 2011.

A Líbia não assinou a Convenção sobre o Estatuto de Refugiado de 1951. O país não tem sistema de asilo. Segundo o texto assinado em 2017 com a União Europeia, todos os que entram ilegalmente na Líbia ou que são apanhados a tentar atravessar o Mar Mediterrâneo são colocados em centros de detenção. Todas as pessoas, incluindo mulheres grávidas e crianças.

Cerca de 6 mil pessoas esperam repatriação voluntária ou deportação para um dos 26 centros de detenção de refugiados do país. As organizações humanitárias alertam para a falta de condições destes locais, muitas vezes palco de violações de direitos humanos como trabalho forçado, tortura e até mesmo abuso sexual.

A Euronews conseguiu autorização para entrar no centro de detenção Al Nasr Martyrs, a 30 quilómetros do porto líbio de Sabratha, o epicentro do tráfico de seres humanos para a Europa.

Os requerentes de asilo estavam ansiosos por falar.

Há pelo menos mais 4 centros de detenção em Trípoli e nos arredores. Desde 4 de abril estão expostos aos combates. As organizações humanitárias garantem que a situação é terrível.

Os centros de detenção para migrantes da Líbia são controlados pelo Departamento de Combate à Migração Ilegal do Ministério do Interior. A euronews marcou uma reunião com o ministro responsável,  Fatih Bashaga, conhecido como o homem "que dá as ordens" na Líbia.

_"Uma vez descrevi a Líbia como um médico doente a quem pedem para tratar pacientes. Porque a Líbia tem problemas internos. Desde que o estado se desmoronou, a Líbia não tem sido capaz de fornecer serviços adequados nem mesmo para os líbios. E a União Europeia exige que a Líbia proteja a costa, combata o tráfico de seres humanos e cuide dos migrantes ilegais de acordo com as normas internacionais. Sabe, a Líbia tem muitos outros problemas: problemas com os serviços, problemas de segurança, problemas de terrorismo, problemas económicos". 
_

II - POLÍTICA

Depois da divisão virtual entre o este e o oeste, uma nova casa de representantes foi criada em Trípoli por membros autonomeados que disseram que o mandato da antiga istração tinha terminado.

Reúnem num centro de convenções degradado, um quadro preciso do estado atual das instituições líbias: os buracos das balas fazem parte do ambiente, as casas de banho não têm água corrente e há falhas de eletricidade.

Neste contexto, a repórter da Euronews quis saber mais sobre a proposta da Europa para que a Líbia realize eleições.

Hammuda Siala é o porta-voz da casa dos representantes.

"Na Líbia, não somos especialistas, não temos uma experiência histórica em democracia. E na democracia acredito que temos de aceitar os resultados - se não estamos no poder, estamos na oposição. Nós não temos estes termos ou estes conceitos. Esta é uma parte do nosso problema. Quando se falou de uma eleição, ano ado em Paris, fiquei chocado. Sabia que essa não seria uma tarefa fácil".

Dias depois da visita da Euronews, o edifício da casa dos representantes foi atingido por um rocket. Um membro da instituição foi raptado pelas milícias.

III - A FÉ, A FUGA E O FUTURO

Para milhares de pessoas, alguns a fugir da guerra e outros da pobreza, a Líbia é uma agem, um local de trânsito, uma forma de chegar a um lugar novo. Mas às vezes - muitas vezes - a Líbia torna-se no "fim da estrada".

Nos últimos 5 anos, quase 20 mil pessoas desapareceram quando tentavam atravessar o Mar Mediterrâneo. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, nesse período, mais de 8 mil mortes foram confirmadas. Um massacre. Muitos culpam a Europa

A política europeia de migração foi responsabilizada pela transferência do controlo das fronteiras dos países da União Europeia para a Líbia. A guarda costeira líbia recebeu formação, fundos e equipamento do bloco europeu em troca do patrulhamento do Mar Mediterrâneo. 

A União Europeia terá gasto 200 milhões de euros num plano destinado a travar a migração a partir da Líbia, incluindo 32 milhões de euros para alargar o programa de formação para a guarda costeira. Os líbios dizem que o dinheiro só lhes deu seis velhos navios italianos

A repórter da Euronews embarcou num desses navios e acompanhou uma patrulha noturna de rotina. Os agentes procuravam sinais de contrabando de pessoas, mas também de pesca ilegal e tráfico de drogas ou combustível. A meio caminho, voltaram para trás.

O comandante explicou que o país tem poucos meios para conduzir estas operações. Ondas e ventos fortes são elementos normais quando se trata de patrulhar o mar. Mas os líbios não têm meios para trabalhar nessas condições.

Desde que o conflito recomeçou, assistimos a um aumento de travessias. A até ao início de junho, mais de uma centena de migrantes e refugiados morreram afogados.

Cerca de 900 foram intercetados no mar e regressaram à Líbia para se juntarem aos milhares que estão presos num lugar sem saída.

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