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Temos a impress\u00e3o de que o povo iraniano est\u00e1 cansado das discuss\u00f5es intermin\u00e1veis em torno do acordo. Como responde aos que criticam o plano?\u0022 Eshaq Jahangiri: \u0022O acordo foi uma das medidas mais importantes da Rep\u00fablica Isl\u00e2mica do Ir\u00e3o. O acordo foi assinado para p\u00f4r fim \u00e0 alega\u00e7\u00e3o segundo a qual existiam press\u00f5es sobre a Rep\u00fablica Isl\u00e2mica do Ir\u00e3o e sobre o povo iraniano. Tanto durante as negocia\u00e7\u00f5es como agora, sempre tent\u00e1mos partilhar as quest\u00f5es de forma honesta com o nosso povo. Infelizmente, as san\u00e7\u00f5es norte-americanas foram reintroduzidas de forma mais severa ap\u00f3s a decis\u00e3o unilateral de Washington de abandonar o acordo. Na nova s\u00e9rie de san\u00e7\u00f5es, os Estados Unidos exploraram todas as possibilidades, incluindo seduzir e amea\u00e7ar outros pa\u00edses e empresas para impedi-los de trabalhar com o Ir\u00e3o. N\u00f3s respondemos com a ado\u00e7\u00e3o de algumas medidas em v\u00e1rias \u00e1reas. Em primeiro lugar, declar\u00e1mos que enquanto os outros signat\u00e1rios continuarem a respeitar o acordo, e se os pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia tomarem medidas concretas em rela\u00e7\u00e3o a isso, estamos interessados em manter o acordo em vigor e a proteg\u00ea-lo. euronews : \u0022Gostaria de falar em particular de tr\u00eas pa\u00edses europeus, a Alemanha, a Fran\u00e7a e o Reino Unido. O que fizeram esses pa\u00edses para salvar o acordo?\u0022 \u0022Depois do que se ou na Segunda Guerra Mundial, a Uni\u00e3o Europeia est\u00e1 a enfrentar um desafio crucial. Ser\u00e1 que a Uni\u00e3o Europeia pode tomar decis\u00f5es independentes do governo dos Estados Unidos, em particular quando h\u00e1 um governo como o de Trump?\u0022 Eshaq Jahangiri: \u0022Esses tr\u00eas pa\u00edses fazem parte do grupo que pa\u00edses que aceitou implementar os compromissos e obriga\u00e7\u00f5es do acordo se o Ir\u00e3o fizer a sua parte. Esses pa\u00edses, tal como a R\u00fassia e a China, e as outras cinco partes dever\u00e3o assumir todos os compromissos. At\u00e9 agora, a Uni\u00e3o Europeia em geral e esses tr\u00eas pa\u00edses em particular, Alemanha, Fran\u00e7a e Reino Unido, t\u00eam cumprido o que prometeram dentro dos prazos previstos no que toca \u00e0s pol\u00edticas e \u00e0 ado\u00e7\u00e3o de posi\u00e7\u00f5es diplom\u00e1ticas e n\u00f3s estamos satisfeitos. No entanto, ainda n\u00e3o vimos medidas pr\u00e1ticas e concretas que possam servir os interesses do nosso povo e da nossa economia. Penso que, depois do que se ou na Segunda Guerra Mundial, a Uni\u00e3o Europeia est\u00e1 a enfrentar um desafio crucial. Ser\u00e1 que a Uni\u00e3o Europeia pode tomar decis\u00f5es independentes do governo dos Estados Unidos, em particular quando h\u00e1 um governo como o de Trump? Ser\u00e1 que os europeus podem defender os seus interesses e os seus compromissos internacionais? Na verdade, n\u00e3o vimos uma a\u00e7\u00e3o efetiva Uni\u00e3o Europeia nesse sentido\u0022. euronews : \u0022Pensa que a Europa tem o poder, a vontade, ou melhor, a capacidade necess\u00e1ria para se opor a Trump?\u0022 Eshaq Jahangiri : \u0022Presumimos que a Uni\u00e3o Europeia tem essa capacidade. Teoricamente, do ponto de vista da abordagem escolhida, os europeus t\u00eam estado bem. No entanto, na pr\u00e1tica, a estrutura financeira da Uni\u00e3o Europeia e, em particular, o sistema banc\u00e1rio europeu, mostraram que esta Uni\u00e3o n\u00e3o \u00e9 capaz de se apresentar como uma entidade que toma decis\u00f5es independentes e como uma entidade poderosa que pode continuar a avan\u00e7ar e a respeitar os compromissos. No entanto, ainda temos esperan\u00e7a que eles respeitem o acordo. euronews : \u0022Qual \u00e9 a linha vermelha?\u0022 Eshaq Jahangiri : \u0022Quando tomamos decis\u00f5es internacionais, temos em conta os custos e o nosso interesse nacional. Quando os benef\u00edcios ultraam os custos, assumimos as nossas decis\u00f5es. Apesar de termos ficado desiludidos com a capacidade da Uni\u00e3o Europeia em tomar medidas concretas, ainda temos esperan\u00e7a de que a Uni\u00e3o Europeia possa fazer algo para que possamos tirar partido do acordo nuclear. Dentro do pa\u00eds, o governo iraniano tem estado sob uma enorme press\u00e3o dos 25% que n\u00e3o acreditam que a Uni\u00e3o Europeia v\u00e1 respeitar os seus compromissos e que acham que n\u00e3o se deve confiar na Europa. Essa press\u00e3o tem vindo a subir desde que a Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o respeitou os compromissos assumidos. No entanto, acreditamos que o acordo deve permanecer em vigor enquanto servir os interesses do povo iraniano\u0022. euronews: \u0022Ser\u00e1 que o Ir\u00e3o poder\u00e1 dar outros os de forma volunt\u00e1ria para que a Europa cumpra as promessas? Refiro-me a ir mais longe do que o fixado no acordo? Eshaq Jahangir i: \u0022N\u00e3o. N\u00e3o vamos assumir compromissos para al\u00e9m do que est\u00e1 fixado no acordo . No \u00e2mbito do acordo, todas as partes que negociaram e am o documento devem cumprir os compromissos assumidos\u0022. euronews : \u0022H\u00e1 elei\u00e7\u00f5es para o parlamento europeu em maio e \u00e9 poss\u00edvel que a senhora Mogherini e a sua equipa deixem os seus cargos depois das elei\u00e7\u00f5es e poder\u00e3o ser substitu\u00eddos por pol\u00edticos de esquerda. Como v\u00ea as rela\u00e7\u00f5es entre Teer\u00e3o e Bruxelas com a sa\u00edda de Mogherini?\u0022 Eshaq Jahangiri: \u0022Os governos v\u00e3o e v\u00eam. At\u00e9 os compromissos assumidos por personalidades como Mogherini, n\u00e3o s\u00e3o compromissos individuais mas de n\u00edvel europeu. S\u00e3o compromissos da entidade chamada Uni\u00e3o Europeia, da Alemanha, da Fran\u00e7a e do Reino Unido. A pessoa que est\u00e1 no poder n\u00e3o \u00e9 o elemento mais determinante. Esperamos que a Uni\u00e3o Europa cumpra os seus compromissos independentemente das mudan\u00e7as que possam ocorrer\u0022. euronews: \u0022A possibilidade de haver uma representa\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Europeia em Teer\u00e3o est\u00e1 em cima da mesa. H\u00e1 elementos novos?\u0022 Eshaq Jahangiri: \u0022O ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros da Rep\u00fablica Isl\u00e2mica do Ir\u00e3o est\u00e1 a acompanhar a quest\u00e3o. Espero que se possa chegar a um acordo com a Uni\u00e3o Europeia nessa mat\u00e9ria t\u00e3o cedo quanto poss\u00edvel\u0022. euronews: Recentemente, surgiu um movimento em Fran\u00e7a chamado coletes amarelos. Estou seguro de que j\u00e1 ouviu falar dele. V\u00ea algum ponto de converg\u00eancia ou alguma similitude entre as reivindica\u00e7\u00f5es desses movimento e os eventos recentes entre a comunidade de trabalhadores em Teer\u00e3o?\u0022 Eshaq Jahangiri: \u0022S\u00e3o duas coisas que n\u00e3o t\u00eam qualquer semelhan\u00e7a. A Revolu\u00e7\u00e3o Isl\u00e2mica vingou h\u00e1 40 anos e vamos em breve celebrar o anivers\u00e1rio da vit\u00f3ria. O principal objetivo da Revolu\u00e7\u00e3o Isl\u00e2mica foi responder \u00e0s necessidades das partes mais pobres da sociedade, proteger e contribuir para o desenvolvimento das regi\u00f5es pobres, e propiciar liberdade e justi\u00e7a como pede o povo. Nos \u00faltimos 40 anos, assistimos a marchas e manifesta\u00e7\u00f5es pac\u00edficas em grandes cidades como Teer\u00e3o. As palavras de ordem que se ouviam eram similares \u00e0s da revolu\u00e7\u00e3o e das exig\u00eancias do povo e est\u00e3o muito longe do que se a hoje em Fran\u00e7a e noutros pa\u00edses europeus. O que houve pode ser descrito como reivindica\u00e7\u00f5es de sindicatos de trabalhadores. A oposi\u00e7\u00e3o \u00e0 Rep\u00fablica Isl\u00e2mica, fora do Ir\u00e3o e os detratores do governo tentaram dar um cunho pol\u00edtico a essas reivindica\u00e7\u00f5es. \u00c9 claro que uma comunidade de trabalhadores pode ter reivindica\u00e7\u00f5es pol\u00edticas. Mas de modo algum podemos interpretar essas reivindica\u00e7\u00f5es como um protesto p\u00fablico similar ao que desencadeou o movimento dos coletes amarelos em Fran\u00e7a\u0022. \u0022A presen\u00e7a dos Estados Unidos na S\u00edria foi sempre ilegal. O governo s\u00edrio nunca fez convites aos Estados Unidos nem sequer para combater os extremistas isl\u00e2micos\u0022. euronews: \u0022Como avalia os \u00faltimos desenvolvimentos na S\u00edria e a retirada das tropas norte-americanas do pa\u00eds? Parece que o Ir\u00e3o vai desempenhar um papel menos importante no futuro da S\u00edria. Acha que a R\u00fasia e a Turquia est\u00e3o a tentar diminuir o papel do Ir\u00e3o na S\u00edria?\u0022 Eshaq Jahangir i: \u0022O \u00fanico pa\u00eds com uma posi\u00e7\u00e3o consistente e est\u00e1vel em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 S\u00edria tem sido sempre a Rep\u00fablica Isl\u00e2mica do Ir\u00e3o. Alguns pa\u00edses, incluindo alguns dos nossos amigos que est\u00e3o a negociar connosco, insistiam na necessidade de derrubar o governo s\u00edrio e o presidente Assad. Com o apoio que recebeu, o governo de Assad, com o povo e com o ex\u00e9rcito s\u00edrio ter\u00e1 conseguido vencer os grupos e os extremistas que planeavam derrubar o governo. A presen\u00e7a dos Estados Unidos na S\u00edria foi sempre ilegal. O governo s\u00edrio nunca fez convites aos Estados Unidos nem sequer para combater os extremistas isl\u00e2micos. Est\u00e1 provado que o Estado Isl\u00e2mico e outros grupos terroristas que operam no Iraque e na S\u00edria foram criados e apoiados pelos Estados Unidos, por alguns pa\u00edses ocidentais e da regi\u00e3o, como a Ar\u00e1bia Saudita e o regime sionista. Quando esses pa\u00edses viram que o governo s\u00edrio e os seus apoiantes resistiram \u00e0 crise, chegaram \u00e0 conclus\u00e3o que a presen\u00e7a na S\u00edria era v\u00e3 e que tinham de abandonar o pa\u00eds. Penso que a retirada dos Estados Unidos da S\u00edria significa que os americanos se aperceberam finalmente que a presen\u00e7a na S\u00edria tinha sido muito cara e que n\u00e3o servia os seus interesses. Eles n\u00e3o v\u00e3o poder restringir a presen\u00e7a do Ir\u00e3o na S\u00edria. O Ir\u00e3o ajudar\u00e1 o governo s\u00edrio enquanto ele precisar da nossa ajuda\u0022. 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Teerão exige medidas económicas da parte da Europa

Teerão exige medidas económicas da parte da Europa
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O primeiro vice-presidente da República islâmica do Irão foi o convidado de Global Conversation, na Euronews.

**O Irão enfrenta uma série de desafios internos e externos, nomeadamente a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear e a asfixia da economia. Teerão afirma que continuará a cumprir o acordo se os países europeus respeitarem os compromissos no domínio económico.
**

O correspondente da Euronews em Teerão, Javad Montazeri, entrevistou o vice-presidente da República Islâmica do Irão, Eshaq Jahangiri.

euronews: "Em que ponto está o acordo de Viena sobre o programa nuclear iraniano? Temos a impressão de que o povo iraniano está cansado das discussões intermináveis em torno do acordo. Como responde aos que criticam o plano?"

Eshaq Jahangiri: "O acordo foi uma das medidas mais importantes da República Islâmica do Irão. O acordo foi assinado para pôr fim à alegação segundo a qual existiam pressões sobre a República Islâmica do Irão e sobre o povo iraniano. Tanto durante as negociações como agora, sempre tentámos partilhar as questões de forma honesta com o nosso povo. Infelizmente, as sanções norte-americanas foram reintroduzidas de forma mais severa após a decisão unilateral de Washington de abandonar o acordo. Na nova série de sanções, os Estados Unidos exploraram todas as possibilidades, incluindo seduzir e ameaçar outros países e empresas para impedi-los de trabalhar com o Irão. Nós respondemos com a adoção de algumas medidas em várias áreas. Em primeiro lugar, declarámos que enquanto os outros signatários continuarem a respeitar o acordo, e se os países da União Europeia tomarem medidas concretas em relação a isso, estamos interessados em manter o acordo em vigor e a protegê-lo.

euronews: "Gostaria de falar em particular de três países europeus, a Alemanha, a França e o Reino Unido. O que fizeram esses países para salvar o acordo?"

"Depois do que se ou na Segunda Guerra Mundial, a União Europeia está a enfrentar um desafio crucial. Será que a União Europeia pode tomar decisões independentes do governo dos Estados Unidos, em particular quando há um governo como o de Trump?"

Eshaq Jahangiri: "Esses três países fazem parte do grupo que países que aceitou implementar os compromissos e obrigações do acordo se o Irão fizer a sua parte. Esses países, tal como a Rússia e a China, e as outras cinco partes deverão assumir todos os compromissos. Até agora, a União Europeia em geral e esses três países em particular, Alemanha, França e Reino Unido, têm cumprido o que prometeram dentro dos prazos previstos no que toca às políticas e à adoção de posições diplomáticas e nós estamos satisfeitos. No entanto, ainda não vimos medidas práticas e concretas que possam servir os interesses do nosso povo e da nossa economia. Penso que, depois do que se ou na Segunda Guerra Mundial, a União Europeia está a enfrentar um desafio crucial. Será que a União Europeia pode tomar decisões independentes do governo dos Estados Unidos, em particular quando há um governo como o de Trump? Será que os europeus podem defender os seus interesses e os seus compromissos internacionais? Na verdade, não vimos uma ação efetiva União Europeia nesse sentido".

euronews: "Pensa que a Europa tem o poder, a vontade, ou melhor, a capacidade necessária para se opor a Trump?"

Eshaq Jahangiri: "Presumimos que a União Europeia tem essa capacidade. Teoricamente, do ponto de vista da abordagem escolhida, os europeus têm estado bem. No entanto, na prática, a estrutura financeira da União Europeia e, em particular, o sistema bancário europeu, mostraram que esta União não é capaz de se apresentar como uma entidade que toma decisões independentes e como uma entidade poderosa que pode continuar a avançar e a respeitar os compromissos. No entanto, ainda temos esperança que eles respeitem o acordo.

euronews: "Qual é a linha vermelha?"

Eshaq Jahangiri: "Quando tomamos decisões internacionais, temos em conta os custos e o nosso interesse nacional. Quando os benefícios ultraam os custos, assumimos as nossas decisões. Apesar de termos ficado desiludidos com a capacidade da União Europeia em tomar medidas concretas, ainda temos esperança de que a União Europeia possa fazer algo para que possamos tirar partido do acordo nuclear. Dentro do país, o governo iraniano tem estado sob uma enorme pressão dos 25% que não acreditam que a União Europeia vá respeitar os seus compromissos e que acham que não se deve confiar na Europa. Essa pressão tem vindo a subir desde que a União Europeia não respeitou os compromissos assumidos. No entanto, acreditamos que o acordo deve permanecer em vigor enquanto servir os interesses do povo iraniano".

euronews: "Será que o Irão poderá dar outros os de forma voluntária para que a Europa cumpra as promessas? Refiro-me a ir mais longe do que o fixado no acordo?

Eshaq Jahangiri: "Não. Não vamos assumir compromissos para além do que está fixado no acordo**.** No âmbito do acordo, todas as partes que negociaram e am o documento devem cumprir os compromissos assumidos".

euronews: "Há eleições para o parlamento europeu em maio e é possível que a senhora Mogherini e a sua equipa deixem os seus cargos depois das eleições e poderão ser substituídos por políticos de esquerda. Como vê as relações entre Teerão e Bruxelas com a saída de Mogherini?"

Eshaq Jahangiri: "Os governos vão e vêm. Até os compromissos assumidos por personalidades como Mogherini, não são compromissos individuais mas de nível europeu. São compromissos da entidade chamada União Europeia, da Alemanha, da França e do Reino Unido. A pessoa que está no poder não é o elemento mais determinante. Esperamos que a União Europa cumpra os seus compromissos independentemente das mudanças que possam ocorrer".

euronews: "A possibilidade de haver uma representação da União Europeia em Teerão está em cima da mesa. Há elementos novos?"

Eshaq Jahangiri: "O ministro dos Negócios Estrangeiros da República Islâmica do Irão está a acompanhar a questão. Espero que se possa chegar a um acordo com a União Europeia nessa matéria tão cedo quanto possível".

euronews: Recentemente, surgiu um movimento em França chamado coletes amarelos. Estou seguro de que já ouviu falar dele. Vê algum ponto de convergência ou alguma similitude entre as reivindicações desses movimento e os eventos recentes entre a comunidade de trabalhadores em Teerão?"

Eshaq Jahangiri: "São duas coisas que não têm qualquer semelhança. A Revolução Islâmica vingou há 40 anos e vamos em breve celebrar o aniversário da vitória. O principal objetivo da Revolução Islâmica foi responder às necessidades das partes mais pobres da sociedade, proteger e contribuir para o desenvolvimento das regiões pobres, e propiciar liberdade e justiça como pede o povo. Nos últimos 40 anos, assistimos a marchas e manifestações pacíficas em grandes cidades como Teerão. As palavras de ordem que se ouviam eram similares às da revolução e das exigências do povo e estão muito longe do que se a hoje em França e noutros países europeus. O que houve pode ser descrito como reivindicações de sindicatos de trabalhadores. A oposição à República Islâmica, fora do Irão e os detratores do governo tentaram dar um cunho político a essas reivindicações. É claro que uma comunidade de trabalhadores pode ter reivindicações políticas. Mas de modo algum podemos interpretar essas reivindicações como um protesto público similar ao que desencadeou o movimento dos coletes amarelos em França".

"A presença dos Estados Unidos na Síria foi sempre ilegal. O governo sírio nunca fez convites aos Estados Unidos nem sequer para combater os extremistas islâmicos".

euronews: "Como avalia os últimos desenvolvimentos na Síria e a retirada das tropas norte-americanas do país? Parece que o Irão vai desempenhar um papel menos importante no futuro da Síria. Acha que a Rúsia e a Turquia estão a tentar diminuir o papel do Irão na Síria?"

Eshaq Jahangiri: "O único país com uma posição consistente e estável em relação à Síria tem sido sempre a República Islâmica do Irão. Alguns países, incluindo alguns dos nossos amigos que estão a negociar connosco, insistiam na necessidade de derrubar o governo sírio e o presidente Assad. Com o apoio que recebeu, o governo de Assad, com o povo e com o exército sírio terá conseguido vencer os grupos e os extremistas que planeavam derrubar o governo. A presença dos Estados Unidos na Síria foi sempre ilegal. O governo sírio nunca fez convites aos Estados Unidos nem sequer para combater os extremistas islâmicos. Está provado que o Estado Islâmico e outros grupos terroristas que operam no Iraque e na Síria foram criados e apoiados pelos Estados Unidos, por alguns países ocidentais e da região, como a Arábia Saudita e o regime sionista. Quando esses países viram que o governo sírio e os seus apoiantes resistiram à crise, chegaram à conclusão que a presença na Síria era vã e que tinham de abandonar o país. Penso que a retirada dos Estados Unidos da Síria significa que os americanos se aperceberam finalmente que a presença na Síria tinha sido muito cara e que não servia os seus interesses. Eles não vão poder restringir a presença do Irão na Síria. O Irão ajudará o governo sírio enquanto ele precisar da nossa ajuda".

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