{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2018/05/29/-sabemos-de-quem-a-nossa-mae-tinha-medo-andrews-caruana-galizia" }, "headline": "\u0022Sabemos de quem a nossa m\u00e3e tinha medo\u0022, Andrews Caruana Galizia", "description": "Os filhos da jornalista de investiga\u00e7\u00e3o maltesa, assassinada, falaram ao Global Conversation sobre o que levou ao assassinato da m\u00e3e e os projetos da plataforma que ela criou e que continua a denunciar casos de corrup\u00e7\u00e3o.", "articleBody": "Sophie Claudet, euronews: Em outubro de 2017, a blogger e jornalista de investiga\u00e7\u00e3o maltesa Daphne Caruana Galizia foi assassinada, ap\u00f3s denunciar a corrup\u00e7\u00e3o, ao mais alto n\u00edvel pol\u00edtico, no seu pa\u00eds. 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Sim, a pol\u00edcia deveria t\u00ea-la protegido, mas ser\u00e1 que ela podia ter ido ter com eles e esperar que reagissem, quando ela estava a colocar os holofotes sobre eles? Muitas vezes, as pessoas que a amea\u00e7avam sentiam que podiam amea\u00e7\u00e1-la porque tinham la\u00e7os estreitos com o governo e as autoridades policiais. Isso coloca um jornalista na posi\u00e7\u00e3o mais fraca poss\u00edvel. E \u00e9 assim em v\u00e1rios Estados-membros da Uni\u00e3o Europeia. Sophie Claudet, Euronews: Em Malta, a investiga\u00e7\u00e3o \u00e0 morte da sua m\u00e3e est\u00e1 a ser tratada como um caso criminal. Parece haver fundamento naquilo que ela revelou e no que o seu cons\u00f3rcio fez para continuar o seu trabalho de mostrar as claras ramifica\u00e7\u00f5es pol\u00edticas. Matthew Caruana Galizia: A nossa m\u00e3e estava a investigar a corrup\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, ao mais alto n\u00edvel governamental, em Malta, essas s\u00e3o as primeiras pessoas que precisam de ser investigadas, as pessoas dentro da pol\u00edtica, as pessoas dentro das institui\u00e7\u00f5es. A nossa m\u00e3e n\u00e3o estava a investigar nenhuma das pessoas que foi presa. Sophie Claudet, Euronews: Foram presas tr\u00eas pessoas, alegadamente, ligadas a assaltos \u00e0 m\u00e3o armada... Matthew Caruana Galizia: Ela ouviu um deles, mas nunca o investigou. Andrews Caruana Galizia: Sabemos de quem a nossa m\u00e3e tinha medo e sabemos de onde vieram as amea\u00e7as. E comunic\u00e1mos essas preocupa\u00e7\u00f5es \u00e0s autoridades e sabe que n\u00e3o podemos sair por a\u00ed \u00e0 procura de provas, por isso, a nossa expectativa \u00e9 que os nomes que entreg\u00e1mos \u00e0s autoridades sejam os primeiros a ser investigados. Sophie Claudet, Euronews: Como reagiram quando lhes transmitiram os nomes? Matthew Caruana Galizia: Quando tentamos falar com a pol\u00edcia nunca recebemos resposta. Sophie Claudet, Euronews: Ou seja, t\u00eam muito pouca esperan\u00e7a em rela\u00e7\u00e3o a esta investiga\u00e7\u00e3o. Matthew Caruana Galizia: A situa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito m\u00e1 mas continuamos \u00e0 espera e a exigir que se cumpram os nossos direitos e, no final das contas, os da nossa m\u00e3e. Sophie Claudet, Euronews: Ainda sobre o trabalho da sua m\u00e3e. O seu legado vive atrav\u00e9s de um cons\u00f3rcio internacional de meios de comunica\u00e7\u00e3o. Eles expam o esquema de vistos dourados que a sua m\u00e3e come\u00e7ou a investigar. H\u00e1 algum outro caso que sua m\u00e3e estivesse a investigar e sobre o qual ouviremos falar em breve? Andrews Caruana Galizia: Aquilo de que nos apercebemos \u00e9 que todos os casos est\u00e3o ligados e as personagens s\u00e3o as mesmas. Sophie Claudet, Euronews: O que est\u00e1 a dizer \u00e9 que as ramifica\u00e7\u00f5es para a R\u00fassia, o Azerbaij\u00e3o, o homem de neg\u00f3cios iraniano, que est\u00e1 numa pris\u00e3o dos EUA, todas essas pessoas est\u00e3o ligadas? Matthew Caruana Galizia: Sim, quando se corrompem as institui\u00e7\u00f5es, quando as mant\u00eam prisioneiras e as destroem, para permitir a corrup\u00e7\u00e3o, deixa-se entrar todas as outras coisas m\u00e1s no mundo. \u00c9 como inverter a caixa de Pandora. \u00c9 isso que acontece quando h\u00e1 impunidade e nada \u00e9 feito para corrigir essa situa\u00e7\u00e3o, \u00e9 preciso levar Malta de volta \u00e0 normalidade, restaurar a normalidade na Europa, para que as hist\u00f3rias continuem. Sophie Claudet, Euronews: Mas haver\u00e1 novas revela\u00e7\u00f5es? Haver\u00e1 novos casos ou continuar-se-\u00e1 a expor esta teia de interliga\u00e7\u00f5es entre esses diferentes personagens? Andrews Caruana Galizia: A miss\u00e3o do Projeto Daphne \u00e9 o de continuar o trabalho da nossa m\u00e3e e isso vai abrir novos caminhos, \u00e9 essa a nossa expectativa. A nossa m\u00e3e foi morta, o nosso trabalho foi interrompido e eles est\u00e3o a juntar os fios. Onde \u00e9 isto vai levar? Ningu\u00e9m sabe. Um termo que, realmente, define o que a nossa m\u00e3e aprendeu sobre Malta \u00e9 que o Estado est\u00e1 prisioneiro. Foi a\u00ed que todas as hist\u00f3rias levaram. Levou \u00e0 conclus\u00e3o de que Malta \u00e9 um estado prisioneiro, as suas institui\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m. Agora estamos a aprender quais s\u00e3o os interesses privados por tr\u00e1s disso, quem s\u00e3o eles, como \u00e9 que est\u00e3o ligados uns aos outros e que tipo de influ\u00eancia t\u00eam sobre a nossa istra\u00e7\u00e3o, se \u00e9 algo de que podemos um dia ver-nos livres ou se estamos destinados a ser uma ferramenta dos interesses privados estrangeiros nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas. Sophie Claudet, Euronews: Mas porqu\u00ea Malta? Pensa que a teia de lavagem de dinheiro, de corrup\u00e7\u00e3o, est\u00e1 ligada a It\u00e1lia, \u00e0 m\u00e1fia, ou ao M\u00e9dio Oriente? Porqu\u00ea Malta, por qu\u00ea? Porqu\u00ea esta ilha? Andrews Caruana Galizia: Pa\u00edses grandes como It\u00e1lia, at\u00e9 mesmo como o Brasil, n\u00e3o importa qu\u00e3o m\u00e1 a situa\u00e7\u00e3o esteja, t\u00eam sempre bolsas de independ\u00eancia institucional. Malta \u00e9 um pa\u00eds pequeno. Por isso, facilmente, se aprisiona um grande partido pol\u00edtico, que ser\u00e1 eleito para o governo. De repente voc\u00ea controla todas as alavancas de um Estado-membro da Uni\u00e3o Europeia. A ades\u00e3o de Malta \u00e0 UE em vez de servir de prote\u00e7\u00e3o, tornou-nos um pr\u00e9mio mais atrativo para estas pessoas. Malta tem um enorme poder, considerando o seu tamanho, dentro do Conselho Europeu, do Parlamento Europeu, e tamb\u00e9m influ\u00eancia sobre a Comiss\u00e3o Europeia, o que \u00e9 incrivelmente perigoso. Que organiza\u00e7\u00e3o internacional de g\u00e9nios criminosos e de lavagem de dinheiro, n\u00e3o gostaria de ter controlo sobre um Estado-membro da UE? E eles encontraram o ve\u00edculo perfeito no nosso atual primeiro-ministro. Matthew Caruana Galizia: A investiga\u00e7\u00e3o est\u00e1 num est\u00e1gio muito cr\u00edtico, mas \u00e9 claro que devido ao que o o meu irm\u00e3o disse, que h\u00e1 toda uma teia de corrup\u00e7\u00e3o que \u00e9 transnacional, precisamos que as pessoas continuem a chegar ao Projeto Daphne, \u00e9 imposs\u00edvel envolver-se tanto em corrup\u00e7\u00e3o, pensar o assassinato de uma jornalista sem envolver muita gente, por isso, precisamos que as pessoas continuem a falar, ainda que anonimamente, mas \u00e9 preciso que continuem a chegar aos investigadores para ajud\u00e1-los a preencher os buracos na investiga\u00e7\u00e3o. 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"Sabemos de quem a nossa mãe tinha medo", Andrews Caruana Galizia

"Sabemos de quem a nossa mãe tinha medo", Andrews Caruana Galizia
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Os filhos da jornalista de investigação maltesa, assassinada, falaram ao Global Conversation sobre o que levou ao assassinato da mãe e os projetos da plataforma que ela criou e que continua a denunciar casos de corrupção.

Sophie Claudet, euronews:

Em outubro de 2017, a blogger e jornalista de investigação maltesa Daphne Caruana Galizia foi assassinada, após denunciar a corrupção, ao mais alto nível político, no seu país. Descrita como a mulher Wikileaks, as reportagens de Caruana Galizia concentraram-se, em grande parte, em revelações dos Papéis do Panamá, mas não só. Também expôs o esquema de vistos dourados em Malta, através do qual a ilha vende aportes estrangeiros e empresários corruptos. 

Estava a investigar dezenas de casos de lavagem de dinheiro, corrupção e evasão fiscal, envolvendo também ditaduras que têm Malta como base. O seu impressionante trabalho continua vivo através de um consórcio de meios de comunicação conhecido como Projeto Daphne. 

Hoje, recebo dois dos seus filhos para falarem sobre o seu trabalho e legado.

A vossa mãe recebeu ameaças, incluindo de morte, antes de ser assassinada. Malta não fez nada para protegê-la?

Andrews Caruana Galizia:

A quem é que ela podia pedir proteção? Sim, a polícia deveria tê-la protegido, mas será que ela podia ter ido ter com eles e esperar que reagissem, quando ela estava a colocar os holofotes sobre eles? Muitas vezes, as pessoas que a ameaçavam sentiam que podiam ameaçá-la porque tinham laços estreitos com o governo e as autoridades policiais. Isso coloca um jornalista na posição mais fraca possível. E é assim em vários Estados-membros da União Europeia.

Sophie Claudet, Euronews:

Em Malta, a investigação à morte da sua mãe está a ser tratada como um caso criminal. Parece haver fundamento naquilo que ela revelou e no que o seu consórcio fez para continuar o seu trabalho de mostrar as claras ramificações políticas.

Matthew Caruana Galizia:

A nossa mãe estava a investigar a corrupção política, ao mais alto nível governamental, em Malta, essas são as primeiras pessoas que precisam de ser investigadas, as pessoas dentro da política, as pessoas dentro das instituições. A nossa mãe não estava a investigar nenhuma das pessoas que foi presa.

Sophie Claudet, Euronews:

Foram presas três pessoas, alegadamente, ligadas a assaltos à mão armada...

Matthew Caruana Galizia:

Ela ouviu um deles, mas nunca o investigou.

Andrews Caruana Galizia:

Sabemos de quem a nossa mãe tinha medo e sabemos de onde vieram as ameaças. E comunicámos essas preocupações às autoridades e sabe que não podemos sair por aí à procura de provas, por isso, a nossa expectativa é que os nomes que entregámos às autoridades sejam os primeiros a ser investigados.

Sophie Claudet, Euronews:

Como reagiram quando lhes transmitiram os nomes?

Matthew Caruana Galizia:

Quando tentamos falar com a polícia nunca recebemos resposta.

Sophie Claudet, Euronews:

Ou seja, têm muito pouca esperança em relação a esta investigação.

Matthew Caruana Galizia:

A situação é muito má mas continuamos à espera e a exigir que se cumpram os nossos direitos e, no final das contas, os da nossa mãe.

Sophie Claudet, Euronews:

Ainda sobre o trabalho da sua mãe. O seu legado vive através de um consórcio internacional de meios de comunicação. Eles expam o esquema de vistos dourados que a sua mãe começou a investigar. Há algum outro caso que sua mãe estivesse a investigar e sobre o qual ouviremos falar em breve?

Andrews Caruana Galizia:

Aquilo de que nos apercebemos é que todos os casos estão ligados e as personagens são as mesmas.

Sophie Claudet, Euronews:

O que está a dizer é que as ramificações para a Rússia, o Azerbaijão, o homem de negócios iraniano, que está numa prisão dos EUA, todas essas pessoas estão ligadas?

Matthew Caruana Galizia:

Sim, quando se corrompem as instituições, quando as mantêm prisioneiras e as destroem, para permitir a corrupção, deixa-se entrar todas as outras coisas más no mundo. É como inverter a caixa de Pandora. É isso que acontece quando há impunidade e nada é feito para corrigir essa situação, é preciso levar Malta de volta à normalidade, restaurar a normalidade na Europa, para que as histórias continuem.

Sophie Claudet, Euronews:

Mas haverá novas revelações? Haverá novos casos ou continuar-se-á a expor esta teia de interligações entre esses diferentes personagens?

Andrews Caruana Galizia:

A missão do Projeto Daphne é o de continuar o trabalho da nossa mãe e isso vai abrir novos caminhos, é essa a nossa expectativa. A nossa mãe foi morta, o nosso trabalho foi interrompido e eles estão a juntar os fios. Onde é isto vai levar? Ninguém sabe. Um termo que, realmente, define o que a nossa mãe aprendeu sobre Malta é que o Estado está prisioneiro. Foi aí que todas as histórias levaram. Levou à conclusão de que Malta é um estado prisioneiro, as suas instituições também. Agora estamos a aprender quais são os interesses privados por trás disso, quem são eles, como é que estão ligados uns aos outros e que tipo de influência têm sobre a nossa istração, se é algo de que podemos um dia ver-nos livres ou se estamos destinados a ser uma ferramenta dos interesses privados estrangeiros nas próximas décadas.

Sophie Claudet, Euronews:

Mas porquê Malta? Pensa que a teia de lavagem de dinheiro, de corrupção, está ligada a Itália, à máfia, ou ao Médio Oriente? Porquê Malta, por quê? Porquê esta ilha?

Andrews Caruana Galizia:

Países grandes como Itália, até mesmo como o Brasil, não importa quão má a situação esteja, têm sempre bolsas de independência institucional. Malta é um país pequeno. Por isso, facilmente, se aprisiona um grande partido político, que será eleito para o governo. De repente você controla todas as alavancas de um Estado-membro da União Europeia. A adesão de Malta à UE em vez de servir de proteção, tornou-nos um prémio mais atrativo para estas pessoas. Malta tem um enorme poder, considerando o seu tamanho, dentro do Conselho Europeu, do Parlamento Europeu, e também influência sobre a Comissão Europeia, o que é incrivelmente perigoso. Que organização internacional de génios criminosos e de lavagem de dinheiro, não gostaria de ter controlo sobre um Estado-membro da UE? E eles encontraram o veículo perfeito no nosso atual primeiro-ministro.

Matthew Caruana Galizia:

A investigação está num estágio muito crítico, mas é claro que devido ao que o o meu irmão disse, que há toda uma teia de corrupção que é transnacional, precisamos que as pessoas continuem a chegar ao Projeto Daphne, é impossível envolver-se tanto em corrupção, pensar o assassinato de uma jornalista sem envolver muita gente, por isso, precisamos que as pessoas continuem a falar, ainda que anonimamente, mas é preciso que continuem a chegar aos investigadores para ajudá-los a preencher os buracos na investigação.

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