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Um monumento aos mortos pela América esclavagista

Um monumento aos mortos pela América esclavagista
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De Antonio Oliveira E Silva
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É a primeira vez que um monumento deste género assinala os linchamentos racistas ocorridos nos Estados Unidos.

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Os Estados Unidos procuram reconciliar-se com a sua História, habitados por um percurso que, tal em países como Portugal ou o Brasil, se encontra marcado pela prática da escravidão.

E, tal como em Portugal ou no Brasil, mas também em França ou no Reino Unido, essa tarefa é tudo menos fácil.

Abriu esta semana ao público um monumento que procura honrar a memória daqueles que, vivendo sob o domínio esclavagista da época, acabaram mortos às mãos de uma Justiça que de justa tinha apenas o nome.

Foi na cidade de Montgomery, estado do Alabama, que abriu portas o Monumento Nacional para a Paz e Justiça (The National Memorial for Peace and Justice).

De acordo com a página digital da Iniciativa para a Igualdade na Justiça (Equal Justice Initiative), o monumento é o primeiro local dos Estados Unidos dedicado à herança dos negros americanos que viveram como escravos, mas também a todos aqueles que padeceram vítimas do terror dos linchamentos.

Milhares de afro-americanos foram humilhados durante décadas de segregação racial, em particular pelas chamadas Leis de Jim Crow, sobretudo em estados como o Alabama e o Mississippi, mas também na Geórgia, no Louisiana e nas Carolinas.

Muitos foram queimados vivos, muitas vezes, tidos como culpados por crimes que nunca cometeram.

O Monumento Nacional para a Paz e a Justiça é o resultado de todo um trabalho de investigação que começou em 2010, graças à Iniciativa para a Igualdade na Justiça.

Horrores ligados aos linchamentos de grupos de negros, especialmente no Sul dos EUA, foram documentados. Os investigadores procuraram entender os traumatismos coletivos deixados no tecido social e a sensação de violência que se eternizou no seio da comunidade negra.

Calcula-se que cerca de seis milhões de negros tenham fugido do sul dos EUA, por causa das perseguições e dos atos de terror cometidos pelas comunidades brancas, pelas autoridades, pela polícia, por grupos de trabalhadores e por organizações racistas, cujo objetivo primário era o de garantir a supremacia da comunidade branca nos Condados.

Da investigação surgiu o trabalho "Lynching in America: Confronting the Legacy of Racial Terror in 2015", que ilustra milhares de casos de vítimas de terror racial em 12 estados, embora os linchamentos tiveram lugar para além do que é conhecido nos Estados Unidos como o Deep South.

O estudo fez também com que os investigadores decidissem embarcar noutra iniciativa: realizar visitas a lugares onde documentaram linchamentos ocorridos para colherem restos de solo e erguerem placas que assinalem o que aconteceu.

O objetivo é reescrever a História social e cultural de lugares que teimam em não confrontar-se com os fantasmas de um ado sempre presente.

Um lugar de reflexão para todos

O Monumento para a Paz e Juatiça foi concebido com o propósito de criar um local para uma reflexão serena e aberta sobre a desigualdade na América dos escravos, mas também nos EUA dos nossos dias.

O local transporta o visitante para uma viagem pelo terror, pelo terror do racismo, do medo, da violência gratuita e sem escapatória.

Aos elementos visuais juntam-se documentos escritos, textos, troços de narrativas. E nomes, muitos nomes, nomes de vítimas, cuja sorte é enfim conhecida e reconhecida.

Chega-se, na visita, à época do Movimento pelos Direitos Civis, com uma escultura que recorda o célebre Boicote ao Serviço de Autocarros de Montgomery.

Por fim, é possível refletir sobre questões relacionadas com a violência do sistema de Justiça e policial dos Estados Unidos, incluindo, claro, o tratamento dado pelo sistema aos negros.

É possível encontrar, ao longo da visita, escritos de Toni Morrison, de Martin Luther King Jr. e da jornalista e ativista Ida B. Wells.

Blocos de aço para contar o terror

O monumento foi erguido com recurso a esculturas de aço, com 800 blocos que contextualizam um cenário de domínio e de submissão.

Há uma praça com centenas de hectares que representa as vítimas do racismo e dos linchamentos, assim como diferentes Condados onde esses linchamentos tiveram lugar.

Os nomes das vítimas estão gravados em diferentes colunas de aço.

Outras fontes • The Equal Justice Initiative

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