{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2017/09/19/robert-gates-maior-desafio-da-russia-e-a-populacao-e-a-economia" }, "headline": "Robert Gates: de certa forma j\u00e1 estamos numa nova guerra fria", "description": "Robert Gates: \u0022O maior desafio da R\u00fassia \u00e9 a popula\u00e7\u00e3o e a economia\u0022", "articleBody": "A capital da Ucr\u00e2nia, Kiev, acolheu recentemente a d\u00e9cima-quarta Confer\u00eancia para a Seguran\u00e7a Europeia, ocasi\u00e3o para debater a escalada de tens\u00f5es na Coreia do Norte, a China e o papel da R\u00fassia entre outros temas . A jornalista da euronews, Sasha Vakulina, falou com Robert Gates, antigo secret\u00e1rio norte-americano da defesa, come\u00e7ando por abordar a quest\u00e3o da Coreia do Norte e o recente aumento de tens\u00f5es na pen\u00ednsula.Sasha Vakulina, euronews: Gostaria de come\u00e7ar pelo recente aumento de tens\u00f5es na crise da Coreia do Norte. Ap\u00f3s o \u00faltimo lan\u00e7amento, os norte-coreanos disseram que \u201co objetivo final \u00e9 restabelecer o equil\u00edbrio de for\u00e7as com os Estados Unidos\u201d. Qu\u00e3o perigosa \u00e9 esta ambi\u00e7\u00e3o?Robert Gates: De facto, penso que \u00e9 bastante perigoso. \u00c9 \u00f3bvio que 30 anos de diplomacia n\u00e3o foram suficientes para impedir a Coreia do Norte de obter armas nucleares. Penso que uma op\u00e7\u00e3o que os Estados Unidos t\u00eam \u00e9 colocar sobre a mesa um pacote de propostas diplom\u00e1ticas em conjunto com uma declara\u00e7\u00e3o sobre as a\u00e7\u00f5es militares que seriam tomadas caso n\u00e3o se encontre uma solu\u00e7\u00e3o pol\u00edtica para o problema.Esta solu\u00e7\u00e3o pol\u00edtica envolve o reconhecimento, o levantamento das san\u00e7\u00f5es e a de um tratado de paz. Tudo isto teria que ser feito em coordena\u00e7\u00e3o com a Coreia do Sul e o Jap\u00e3o. Em troca, a Coreia do Norte reduziria, ou mesmo eliminaria, de forma significativa os programas nucleares em vigor.O reverso disso \u00e9 que se eles n\u00e3o aceitam o que se trata, no fundo, de uma abordagem direta, os Estados Unidos teriam que tomar v\u00e1rias medidas militares na \u00c1sia. Isso \u00e9 motivo de preocupa\u00e7\u00e3o tanto para a Coreia do Norte como para a China em termos de sistemas anti-m\u00edsseis, for\u00e7as navais adicionais, um conjunto de a\u00e7\u00f5es militares as quais tanto a China como a Coreia do Norte podem n\u00e3o gostar.euronews: Onde est\u00e1 a R\u00fassia neste contexto?RG: Bem, como \u00e9 frequente, a R\u00fassia n\u00e3o est\u00e1 a ajudar. Penso que se trata de uma situa\u00e7\u00e3o em que, ao contr\u00e1rio da China, a R\u00fassia est\u00e1 satisfeita por ver os Estados Unidos preocupados com este problema na Coreia do Norte, aproveitando para explorar a situa\u00e7\u00e3o na \u00c1sia e onde quer que possam faz\u00ea-lo.euronews: V\u00ea a influ\u00eancia da R\u00fassia no mundo a crescer nos \u00faltimos tempos?RG: Penso que um dos principais objetivos de Putin dos \u00faltimos dez anos ou mais \u00e9 restaurar o papel da R\u00fassia enquanto grande poder cujos interesses t\u00eam que ser levados em linha de conta em qualquer situa\u00e7\u00e3o internacional.Penso que existem limites para a influ\u00eancia da R\u00fassia porque penso que ele est\u00e1 a cair na armadilha sovi\u00e9tica de uma pol\u00edtica global agressiva, uma moderniza\u00e7\u00e3o militar que a economia russa n\u00e3o consegue sustentar a longo prazo.euronews: A R\u00fassia e a Bielorr\u00fassia lan\u00e7aram exerc\u00edcios militares conjuntos sob a designa\u00e7\u00e3o de Zapad 2017. Considera isso como um ato de agress\u00e3o?RG: Penso que est\u00e3o a tentar enviar um sinal para intimidar, mas penso que as medidas tomadas pela NATO, o movimento das for\u00e7as da NATO na Pol\u00f3nia e nos Estados B\u00e1lticos, o refor\u00e7o militar norte-americano na Europa, penso que eles podem querer intimidar mas no fundo n\u00e3o intimidam.euronews: Pensa que nos dirigimos para um novo tipo de guerra fria?RG: Bem, de certa forma j\u00e1 l\u00e1 estamos. A quest\u00e3o \u00e9 como interromper o agravamento da rela\u00e7\u00e3o e ao mesmo tempo lidar com o intervencionismo tanto pol\u00edtico como militar, assim como a agressividade na forma como ele se comporta.\u201dPara Putin, o maior desafio \u00e9 o decl\u00ednio da popula\u00e7\u00e3o e da economia. Ele precisa de reconhecer que a abordagem adoptada pela R\u00fassia em rela\u00e7\u00e3o ao Ocidente n\u00e3o serve os interesses a longo prazo da R\u00fassia enquanto pot\u00eancia assim como do povo russo.euronews: Pensa que a R\u00fassia poderia reconhecer e reconsiderar a sua posi\u00e7\u00e3o?RG: Suspeito que provavelmente n\u00e3o enquanto Vladimir Putin for presidente.", "dateCreated": "2017-09-19T05:36:37+02:00", "dateModified": "2017-09-19T05:36:37+02:00", "datePublished": "2017-09-19T05:36:37+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F388808%2F1440x810_388808.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Robert Gates: \u0022O maior desafio da R\u00fassia \u00e9 a popula\u00e7\u00e3o e a economia\u0022", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F388808%2F432x243_388808.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Robert Gates: de certa forma já estamos numa nova guerra fria

Robert Gates: de certa forma já estamos numa nova guerra fria
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Robert Gates: "O maior desafio da Rússia é a população e a economia"

PUBLICIDADE

A capital da Ucrânia, Kiev, acolheu recentemente a décima-quarta Conferência para a Segurança Europeia, ocasião para debater a escalada de tensões na Coreia do Norte, a China e o papel da Rússia entre outros temas . A jornalista da euronews, Sasha Vakulina, falou com Robert Gates, antigo secretário norte-americano da defesa, começando por abordar a questão da Coreia do Norte e o recente aumento de tensões na península.

Sasha Vakulina, euronews: Gostaria de começar pelo recente aumento de tensões na crise da Coreia do Norte. Após o último lançamento, os norte-coreanos disseram que “o objetivo final é restabelecer o equilíbrio de forças com os Estados Unidos”. Quão perigosa é esta ambição?

Robert Gates: De facto, penso que é bastante perigoso. É óbvio que 30 anos de diplomacia não foram suficientes para impedir a Coreia do Norte de obter armas nucleares. Penso que uma opção que os Estados Unidos têm é colocar sobre a mesa um pacote de propostas diplomáticas em conjunto com uma declaração sobre as ações militares que seriam tomadas caso não se encontre uma solução política para o problema.

Esta solução política envolve o reconhecimento, o levantamento das sanções e a de um tratado de paz. Tudo isto teria que ser feito em coordenação com a Coreia do Sul e o Japão. Em troca, a Coreia do Norte reduziria, ou mesmo eliminaria, de forma significativa os programas nucleares em vigor.

O reverso disso é que se eles não aceitam o que se trata, no fundo, de uma abordagem direta, os Estados Unidos teriam que tomar várias medidas militares na Ásia. Isso é motivo de preocupação tanto para a Coreia do Norte como para a China em termos de sistemas anti-mísseis, forças navais adicionais, um conjunto de ações militares as quais tanto a China como a Coreia do Norte podem não gostar.

euronews: Onde está a Rússia neste contexto?

RG: Bem, como é frequente, a Rússia não está a ajudar. Penso que se trata de uma situação em que, ao contrário da China, a Rússia está satisfeita por ver os Estados Unidos preocupados com este problema na Coreia do Norte, aproveitando para explorar a situação na Ásia e onde quer que possam fazê-lo.

euronews: Vê a influência da Rússia no mundo a crescer nos últimos tempos?

RG: Penso que um dos principais objetivos de Putin dos últimos dez anos ou mais é restaurar o papel da Rússia enquanto grande poder cujos interesses têm que ser levados em linha de conta em qualquer situação internacional.

Penso que existem limites para a influência da Rússia porque penso que ele está a cair na armadilha soviética de uma política global agressiva, uma modernização militar que a economia russa não consegue sustentar a longo prazo.

euronews: A Rússia e a Bielorrússia lançaram exercícios militares conjuntos sob a designação de Zapad 2017. Considera isso como um ato de agressão?

RG: Penso que estão a tentar enviar um sinal para intimidar, mas penso que as medidas tomadas pela NATO, o movimento das forças da NATO na Polónia e nos Estados Bálticos, o reforço militar norte-americano na Europa, penso que eles podem querer intimidar mas no fundo não intimidam.

euronews: Pensa que nos dirigimos para um novo tipo de guerra fria?

RG: Bem, de certa forma já lá estamos. A questão é como interromper o agravamento da relação e ao mesmo tempo lidar com o intervencionismo tanto político como militar, assim como a agressividade na forma como ele se comporta.”

Para Putin, o maior desafio é o declínio da população e da economia. Ele precisa de reconhecer que a abordagem adoptada pela Rússia em relação ao Ocidente não serve os interesses a longo prazo da Rússia enquanto potência assim como do povo russo.

euronews: Pensa que a Rússia poderia reconhecer e reconsiderar a sua posição?

RG: Suspeito que provavelmente não enquanto Vladimir Putin for presidente.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Pelo menos cinco mortos, incluindo um bebé, em ataques aéreos russos em Pryluky, no norte da Ucrânia

Coreia do Norte reitera o seu apoio "incondicional" à invasão russa da Ucrânia

Homem que "insultou os muçulmanos" foi raptado no centro de Moscovo, diante dos transeuntes