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Referendo na Turquia: "Não houve apenas irregularidades, houve uma fraude massiva"

Referendo na Turquia: "Não houve apenas irregularidades, houve uma fraude massiva"
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A jurista e jornalista turca Ece Temelkuran traça um retrato preocupante da atual situação política da Turquia, após a vitória do “sim” no referendo que visa reduzir a democracia parlamentar e reforça

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A jurista e jornalista turca Ece Temelkuran traça um retrato preocupante da atual situação política da Turquia, após a vitória do “sim” no referendo que visa reduzir a democracia parlamentar e reforçar os poderes do presidente Recep Tayyip Erdogan.

euronews: “Erdogan declara-se vencedor, os opositores ao projeto constitucional denunciam irregularidades e uma campanha injusta. Onde está a verdade no meio disto?

Ece Temelkuran: “Falar de irregularidades é subestimar o que se ou, porque não houve apenas irregularidades, houve uma fraude massiva. Estou muito surpreendida pelo facto de os meios de comunicação social internacionais dançarem ao ritmo do que diz Erdogan. Para o presidente, a vitória é um facto consumado. As celebrações antecipadas são mais uma forma de manipular a perceção das pessoas. Houve uma fraude massiva e isso devia ser a manchete dos jornais e não a magra vitória de Erdogan”.

euronews: “O estado de emergência após o golpe de estado, a situação no sudeste e na fronteira com a Síria não constituem um contexto estável mas o ministro dos negócios estrangeiros afirma que vai haver estabilidade e confiança na nova Turquia. Isso faz sentido?”

Ece Temelkuran: “Como todos nós sabemos, os regimes como o de Erdogan alimentam-se da hostilidade e do sentimento de ódio. Os sentimentos nacionalistas foram exaltados e as pessoas que votaram “não” sentem-se provavelmente intimidadas neste momento e preocupadas com as suas vidas. Não me refiro a estilos de vida mas a vidas, e provavelmente não estou a exagerar nada”.

euronews: “Qual é o grande plano de Erdogan para a Turquia, de que forma o presidente vê a situação?

Ece Temelkuran: “O seu objetivo pessoal é claramente a possibilidade de existir, porque este referendo era uma questão de vida ou de morte para ele. Se ele tiversse perdido, teria de prestar contas diante do tribunal internacional. O seu objetivo pessoal é manter o poder.

euronews: “Teremos então mais poderes concentrados no presidente, qual será o futuro da oposição na Turquia?”

Ece Temelkuran: “A comunicação social na Turquia foi completamente amordaçada pelas forças governamentais, a partir de agora estamos dependentes dos media internacionais. É uma questão séria, há milhões de pessoas na Turquia que não se sentem em casa no seu próprio país. Estamos a perder o nosso país. É mais do que um debate sobre a pós-verdade ou sobre a veracidade dos factos. Isto está a acontecer neste preciso momento, Estamos a ver o desastre em tempo real. Os jornalistas devem tomar consciência do dever fundamental de contar a verdade, toda a verdade.

euronews: “Do ponto de vista das relações internacionais, estaremos perante o fim das aspirações da Turquia à adesão à União Europeia?

Ece Temelkuran: “A Turquia está a tornar-se cada vez mais num país do médio oriente, metade da população resistiu de forma aberta e arrisca a vida ao fazê-lo.

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