{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2017/01/17/debate-em-direto-a-partir-de-davos-a-era-do-multiculturalismo-acabou" }, "headline": "Debate em Davos: A era do multiculturalismo acabou?", "description": "O tempo do multiculturalismo chegou ao fim?", "articleBody": "O tempo do multiculturalismo chegou ao fim? Muitos apontam os resultados negativos das pol\u00edticas de integra\u00e7\u00e3o, numa altura de tens\u00f5es sociais crescentes e r\u00e1pidas mudan\u00e7as demogr\u00e1ficas. Este foi o tema de um debate que a euronews transmitiu em direto a partir do F\u00f3rum Econ\u00f3mico Mundial de Davos, com a modera\u00e7\u00e3o da jornalista Isabelle Kumar, e do qual fazemos aqui um breve resumo. H\u00e1 cada vez mais manifesta\u00e7\u00f5es de hostilidade em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s minorias. A diversidade \u00e9 questionada pelos movimentos populistas de direita que denunciam as consequ\u00eancias da crise dos refugiados. O sentimento de medo disseminou-se perante o incremento do terrorismo. \u00c9 poss\u00edvel estabelecer um novo contrato social que consolide a confian\u00e7a entre pessoas de diferentes proveni\u00eancias? Os convidados deste foram: - Alexander De Croo, vice-primeiro-ministro da B\u00e9lgica \u2013 defende um uso mais aprofundado dos dados recolhidos sobre as migra\u00e7\u00f5es para compreender melhor as dificuldades sentidas na integra\u00e7\u00e3o, sendo De Croo governante num pa\u00eds que, ele pr\u00f3prio, se divide entre flamengos e val\u00f5es; - Lonnie Bunch, diretor do Museu Nacional de Hist\u00f3ria e Cultura Afro-Americana do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos, tendo um vasto percurso de investiga\u00e7\u00e3o da hist\u00f3ria afro-americana num pa\u00eds constantemente abalado pelas tens\u00f5es raciais; - Elif Shafak, a premiada escritora turca e comentadora pol\u00edtica, conhecida por defender os direitos das mulheres e das minorias, com um trabalho reconhecido em torno das quest\u00f5es de constru\u00e7\u00e3o de identidade; \u201cWe need to connect with people emotionally\u201d says Brendan Cox at #wef17. 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Neste \u00e2mbito, os museus e as institui\u00e7\u00f5es culturais, espa\u00e7os onde \u00e9 poss\u00edvel sentir confian\u00e7a, t\u00eam a responsabilidade de reagrupar as pessoas, t\u00eam o poder de as unir. euronews live from #Davos now with Isabelle_kumar https://t.co/WtYHwyKakx\u2014 Catherine Hardy (@fernojay) 18 de janeiro de 2017 Estabelecer uma conex\u00e3o real com os que s\u00e3o diferentes de n\u00f3s Elif Shafak sublinha que um ter\u00e7o dos europeus considera hoje que a diversidade \u00e9 um elemento prejudicial, de acordo com um estudo recente. A Europa n\u00e3o pode repetir os mesmos erros do ado, aponta. Os demagogos t\u00eam de ser levados \u201cmuito a s\u00e9rio\u201d e ningu\u00e9m se pode dar ao luxo de n\u00e3o ter uma posi\u00e7\u00e3o pol\u00edtica nos dias que correm. Temos de deixar o nosso espa\u00e7o vital para nos conetarmos \u00e0s pessoas que nos rodeiam, afirma a autora, aprendendo com aqueles que s\u00e3o diferentes de n\u00f3s. 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Debate em Davos: A era do multiculturalismo acabou?

Debate em Davos: A era do multiculturalismo acabou?
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O tempo do multiculturalismo chegou ao fim?

O tempo domulticulturalismochegou ao fim? Muitos apontam os resultados negativos das políticas de integração, numa altura de tensões sociais crescentes e rápidas mudanças demográficas. Este foi o tema de um debate que a euronews transmitiu em direto a partir do Fórum Económico Mundial de Davos, com a moderação da jornalista Isabelle Kumar, e do qual fazemos aqui um breve resumo.

Há cada vez mais manifestações de hostilidade em relação às minorias. A diversidade é questionada pelos movimentos populistas de direita que denunciam as consequências da crise dos refugiados. O sentimento de medo disseminou-se perante o incremento do terrorismo. É possível estabelecer um novo contrato social que consolide a confiança entre pessoas de diferentes proveniências?

Os convidados deste foram:

- Alexander De Croo, vice-primeiro-ministro da Bélgica – defende um uso mais aprofundado dos dados recolhidos sobre as migrações para compreender melhor as dificuldades sentidas na integração, sendo De Croo governante num país que, ele próprio, se divide entre flamengos e valões;

- Lonnie Bunch, diretor do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos, tendo um vasto percurso de investigação da história afro-americana num país constantemente abalado pelas tensões raciais;

- Elif Shafak, a premiada escritora turca e comentadora política, conhecida por defender os direitos das mulheres e das minorias, com um trabalho reconhecido em torno das questões de construção de identidade;

“We need to connect with people emotionally” says Brendan Cox at #wef17. Follow the debate live: https://t.co/b8×7YYIVkKpic.twitter.com/EkxjaZiLV9

— euronews (@euronews) 18 de janeiro de 2017

- Brendan Cox, ativista britânico, cofundador da More in Common, uma plataforma de combate ao fenómeno anti-imigração na Europa. A mulher de Brendan, a deputada trabalhista Jo Cox, foi assassinada no ano ado quando fazia campanha contra o Brexit. Brendan assumiu a missão de lutar contra os discursos de incitamento ao ódio.

“Falta um verdadeiro debate na Europa”

Segundo De Croo, “tem faltado um verdadeiro debate sobre a integração”, sobre a “coesão social” numa Europa que se diz liberal e herdeira dos valores iluministas. A Bélgica é um país multicultural e o problema não são os fluxos migratórios, mas sim as políticas de integração, como ela se processa, que emprego disponível há para as pessoas, como se desenvolve a partilha de valores comuns. É preciso defender o multiculturalismo, mesmo sendo uma noção que não é bem acolhida hoje em dia por faixas significativas da população. Para este governante, deve haver uma “abordagem personalizada” em relação a cada migrante e refugiado, é preciso compreender o percurso e o perfil de cada um, uma vez que é “facilitar demasiado” reduzir a identidade dos recém-chegados a uma generalização. A identidade é composta por inúmeros fatores.

“It's too easy to reduce our identity to what we look like”: alexanderdecroo</a> on multiculturalism. Watch live <a href="https://t.co/b8x7YYIVkK">https://t.co/b8x7YYIVkK</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/wef17?src=hash">#wef17</a> <a href="https://t.co/CjTKeeEmWV">pic.twitter.com/CjTKeeEmWV</a></p>&mdash; euronews (euronews) 18 de janeiro de 2017

Aprender com o ado afro-americano

Lonnie Bunch salientou que há muito a aprender com as conquistas dos afro-americanos nos Estados Unidos, um país cuja identidade nacional foi “moldada” pela questão racial. De acordo com este representante do Smithsonian, o ado demonstra que é possível lutar por mudanças positivas e por ideais de construção, e o Estado tem de ser chamado à responsabilidade para assumir esta missão. No entanto, Bunch aponta que este tipo de tensões sociais pode durar gerações, não se trata de um fenómeno de natureza “temporária”. Neste âmbito, os museus e as instituições culturais, espaços onde é possível sentir confiança, têm a responsabilidade de reagrupar as pessoas, têm o poder de as unir.

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— Catherine Hardy (@fernojay) 18 de janeiro de 2017

Estabelecer uma conexão real com os que são diferentes de nós

Elif Shafak sublinha que um terço dos europeus considera hoje que a diversidade é um elemento prejudicial, de acordo com um estudo recente. A Europa não pode repetir os mesmos erros do ado, aponta. Os demagogos têm de ser levados “muito a sério” e ninguém se pode dar ao luxo de não ter uma posição política nos dias que correm. Temos de deixar o nosso espaço vital para nos conetarmos às pessoas que nos rodeiam, afirma a autora, aprendendo com aqueles que são diferentes de nós. Shafak diz-se a favor da liberdade de expressão, mas os discursos de incitamento ao ódio devem ser sujeitos a enquadramento especial.

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— Catherine Hardy (@fernojay) 18 de janeiro de 2017

Falar dos pontos em comum, não das diferenças

Brendan Cox realça que não acredita na existência de “sociedades monoculturais”. Uma das grandes dificuldades atuais, destaca, é que muito se fala nas diferenças e pouco nos pontos em comum. É necessário estabelecermos uma conexão emocional uns com os outros, não falar apenas de factos. O Canadá tem sido um exemplo positivo em matéria de integração, havendo redes de acolhimento já montadas que impedem um sentimento de abandono dos migrantes e refugiados. É preciso salientar a empatia, não a desconfiança. Há várias histórias de famílias canadianas para quem a vida mudou positivamente depois de receberem refugiados. Os europeus que apoiam a vinda de migrantes não se manifestam tanto quanto os europeus que se posicionam contra e são estes que estão a determinar o discurso mediático que a para a maioria da população.

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