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Síria: Alepo, a cidade mártir de 2016

Síria: Alepo, a cidade mártir de 2016
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De Maria Barradas
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Todas as guerras têm os seus símbolos e Alepo tornou-se, este ano, a cidade mártir do conflito sírio.

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Todas as guerras têm os seus símbolos e Alepo tornou-se, este ano, a cidade mártir do conflito sírio. As imagens não deixam dúvidas sobre o quotidiano das famílias, das crianças…

Uma que deu a volta ao mundo foi a de Omra, resgatado, por uma equipa de socorro, dos escombros da sua casa, atingida pelos raides da aviação. Ferido e em estado de choque, Omra, que tem quatro anos, tudo o que conhece do mundo é a guerra. O seu rosto tornou-se o símbolo de um conflito sem fim à vista.

Apoiado desde o final de 2015 pela aviação russa, o regime de Bachar Al assad mantém-se. Não há nenhuma saída à vista para o conflito. Com a ONU paralisada, as grandes potências tentaram um primeiro cessar-fogo. Assad aceitou a trégua proposta por Washington e Moscovo, no dia 22 de fevereiro, mas sob condições:
“Quando é que o Ocidente falou de cessar-fogo? Penso que a resposta é clara: quando os combatentes começaram a ceder e a derrota começou. A primeira coisa num cessar-fogo é que ele ocorre entre dois exércitos ou entre dois estados, mas nunca entre um Estado e os terroristas”, afirmou.

Durante algumas semanas, as hostilidades entre as tropas de Assad e os rebeldes acalmaram-se. Na parte ocidental de Alepo, a vida retomou um curso quase normal. Foi neste contexto e, convencido da legitimidade do ato, que o regime de Damasco organizou eleições legislativas. Sem surpresa, o partido do presidente sírio alcançou 80% dos votos.

O escrutínio foi organizado apenas nos territórios controlados pelo regime. No entanto, a legitimidade do presidente, que controla menos de metade do país, não suscita dúvidas aos seus aliados. Juntamente com a Rússia, o Irão envolve-se também no conflito ao lado de Damasco.

Há um certo consenso sobre o facto de, sem a aviação russa, as tropas de Assad não terem conseguido retomar todos os territórios que reconquistaram. É uma ajuda preciosa e , em março, Vladimir Putin considera que a missão está cumprida e retira uma parte do contingente russo.

Mas enquanto o lado ocidental de Alepo goza, aparentemente, dos prazeres do verão, no leste continuam a cair bombas e a ouvir-se os gritos das mulheres e o choro das crianças. O contraste das imagens é impressionante e mostra um país mais do que nunca dividido em 2016, após cinco anos de uma guerra que cristaliza divisões no seio da comunidade internacional.

No mês de setembro, após uma maratona de negociações, John Kerry e Serguei Lavrov voltam a encontrar um entendimento sobre uma nova trégua. As posições de Washington e Moscovo continuam inconciliáveis, mas chega-se a acordo.
“Acreditamos que este plano, tal como está delineado, se for seguido e implementado, pode ser capaz de levar ao ponto de retorno, ao momento da mudança”, declara, na altura, o secretário de Estado norte-americano.

Mas foi um plano de curta duração. A trégua que entrou em vigor a 12 de setembro, viria a durar apenas alguns dias. Após diversos incidentes, a aviação americana mata, alegadamente por erro, diversos soldados sírios num bombardeamento. Apenas algumas horas depois o cessar-fogo é rompido e um comboio humanitário do Crescente Vermelho é atingido. 12 elementos da ajuda humanitária perdem a vida.

A guerra recomeça e, no início de outubro, os 250 mil habitantes retidos no leste de Alepo perdem o último hospital deste lado da cidade, destruído por um raide aéreo. A OMS lança um alerta. No meio da enorme confusão, membros de uma ONG síria organizam-se para socorrer os necessitados. São médicos, bombeiros, padeiros, professores.. São os capacetes brancos que, afirmando neutralidade, salvam todos os dias vidas dos escombros.

Enquanto isso, um novo presidente foi eleito em Washington e isso pode mudar o rumo do conflito. Bashar Al Assad vê-o como um aliado:
“Se, e digo se, ele for lutar contra os terroristas, claro que vamos ser aliados, aliados naturais neste caso, com os russos, com os iranianos, com muitos outros países que queiram derrotar os terroristas”, declarou após a eleição de Donald Trump.

E, num momento em que o equilíbrio de forças oscila a favor de Bachar Al Assad – no final de 2016 – várias famílias sem recursos regressam a Alepo, aos bairros retomados pelo governo. Uma das cidades mais antigas do mundo, classificada património mundial da humanidade, não é mais do que monte de ruínas. Ruínas da Primavera Síria e da diplomacia internacional.

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