{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/09/26/colombia-a-paz-ao-fundo-do-tunel" }, "headline": "Col\u00f4mbia: A paz nas m\u00e3o dos colombianos", "description": "Um momento hist\u00f3rico, a \u00faltima reuni\u00e3o magna das FARC enquanto ex\u00e9rcito rebelde.", "articleBody": "Um momento hist\u00f3rico, a \u00faltima reuni\u00e3o magna das FARC enquanto ex\u00e9rcito rebelde. Ao fim de uma semana de discuss\u00f5es, os participantes deram luz verde ao acordo de paz, no \u00faltimo fim de semana, e alimentaram a esperan\u00e7a de que a Col\u00f4mbia pode finalmente p\u00f4r fim a cinco d\u00e9cadas de guerra civil. O cessar-fogo est\u00e1 em vigor desde o dia 29 de agosto. \u201cReferend\u00e1mos unanimemente o acordo final para acabar com o conflito e para a constru\u00e7\u00e3o de uma paz est\u00e1vel e duradoura, com a convic\u00e7\u00e3o firme de que nele se encontram consignados os alicerces para conseguir as transforma\u00e7\u00f5es que reclamam as grandes maiorias e o pa\u00eds inteiro\u201d \u2013 afirmou solenemente o dirigente m\u00e1ximo das FARC, Rodrigo Londono, tamb\u00e9m conhecido por \u201cTimochenko\u201d. As For\u00e7as Armadas Revolucion\u00e1rias da Col\u00f4mbia (FARC) e o governo de Bogot\u00e1 iniciaram as conversa\u00e7\u00f5es de paz em Cuba, em novembro de 2012. As concess\u00f5es aos guerrilheiros e que tipo de justi\u00e7a teriam de enfrentar foram os pontos-chave das negocia\u00e7\u00f5es. Foi com uma satisfa\u00e7\u00e3o enorme que o presidente colombiano, Juan Santos, apresentou o texto final na Assembleia Geral da ONU, no dia 21 de setembro: \u201c\u00c9 a primeira vez que se colocam as v\u00edtimas no centro da solu\u00e7\u00e3o do conflito, os seus direitos, os direitos \u00e0 verdade, \u00e0 justi\u00e7a, \u00e0 indemniza\u00e7\u00e3o e \u00e0 n\u00e3o-repeti\u00e7\u00e3o.\u201d O acordo de paz estabelece que o governo e os rebeldes devem disponibilizar terras, dinheiro e servi\u00e7os \u00e0s zonas mais desfavorecidas para ajudar a popula\u00e7\u00e3o. As FARC transformam-se num partido pol\u00edtico com 10 mandatos no Congresso que conta 268 assentos. Os sete milhares de combatentes rebeldes devem tamb\u00e9m entregar as armas no prazo de 180 dias e integrar uma das 28 zonas de desarmamento estabelecidas pela ONU. As FARC concordaram parar com a produ\u00e7\u00e3o de coca\u00edna nas \u00e1reas que controlam e assim ajudar o governo na guerra \u00e0 droga. O governo de Bogot\u00e1 compromete-se a ajudar os agricultores a mudar de modo de subsist\u00eancia. Os crimes pol\u00edticos v\u00e3o ser amnistiados, enquanto os massacres, os atos de tortura e a viol\u00eancia sexual ser\u00e3o alvo da justi\u00e7a. Algumas v\u00edtimas criticam a possibilidade de os dirigentes rebeldes escaparem assim a eventuais condena\u00e7\u00f5es. A guerra matou cerca de 260 mil colombianos, civis na sua esmagadora maioria, e provocou mais de seis milh\u00f5es de deslocados. Mas o acordo n\u00e3o agrada a todos. Os colombianos s\u00e3o agora chamados a decidir em referendo se d\u00e3o esta oportunidade \u00e0 paz. Um dos movimentos que agiu como mediador no longo processo de negocia\u00e7\u00f5es foi a Comunidade de Santo Eg\u00eddio, um movimento italiano de inspira\u00e7\u00e3o cat\u00f3lica. Gianni La Bella foi um dos mediadorese falou do processo \u00e0 Euronews. Gianni La Bella, o senhor testemunhou a do acordo e acabou de chegar da Col\u00f4mbia. Pode descrever-nos a atmosfera que se vive no pa\u00eds? As pessoas acreditam neste acordo? Gianni La Bella: A do acordo, em Cartagena, foi acolhida com grande entusiasmo e alegria. Os colombianos est\u00e3o \u00e0 espera da paz h\u00e1 52 anos e a cerim\u00f3nia de foi seguida por todo o pa\u00eds. Contudo as explos\u00f5es de alegria misturam-se com preocupa\u00e7\u00f5es e muita gente tem d\u00favidas. As pessoas querem a paz mas receiam que o processo n\u00e3o v\u00e1 at\u00e9 ao fim ainda desta vez. Euronews: Os pol\u00edticos colombianos da ala direita criticaram fortemente o acordo. Este foi o melhor compromisso que poderiam alcan\u00e7ar.? G.L.B: \u201c\u00c9 um acordo muito complexo, com mais de 290 p\u00e1ginas, que vai guiar o processo de paz. Como todos os acordos baseia-se em compromissos, mas vai demorar ainda muito tempo at\u00e9 \u00e0 reconcilia\u00e7\u00e3o. Agora, o que \u00e9 importante \u00e9 transformar os compromissos em a\u00e7\u00f5es concretas, que tenham repercuss\u00f5es na vida das pessoas e na sociedade colombiana\u201d. E: As negocia\u00e7\u00f5es arrastaram-se por quatro anos. Indubitavelmente houve momentos cr\u00edticos. Chegou a pensar que poderiam falhar? G.L.B: \u201enso que o mais cr\u00edtico foi negociar a transi\u00e7\u00e3o para um quadro de justi\u00e7a. O que fazer com os guerrilheiros das FARC. Se seriam julgados e presos, ou n\u00e3o. Estas foram as negocia\u00e7\u00f5es mais dif\u00edceis e demoraram meses. Muita gente trabalhou para se encontrar uma solu\u00e7\u00e3o inovadora que conjugue a justi\u00e7a n\u00e3o s\u00f3 punitiva, mas tamb\u00e9m integra\u00e7\u00e3o na sociedade civil\u201d. E: O que vai acontecer neste 3 de outubro? G.L.B: \u201cAssim que o governo anunciar os resultados do referendo, o acordo come\u00e7ar\u00e1 a ser implementado progressivamente, de acordo com o calend\u00e1rio estabelecido. Os guerrilheiros das FARC v\u00e3o mudar-se progressivamente para \u00e1reas transit\u00f3rias, uma esp\u00e9cie de novas aldeias e, pouco a pouco, v\u00e3o entregar as armas e ar a ser protegidos de eventuais repres\u00e1lias por uma for\u00e7a governamental, para come\u00e7arem a enfrentar os processos judiciais\u201d. E: A Comunidade de Santo Eg\u00eddio vai acompanhar de perto a implementa\u00e7\u00e3o do acordo. Quanto tempo precisar\u00e1 a Col\u00f4mbia para atingir a estabilidade? G.L.B: \u201cMuito, muito tempo. Claro que tent\u00e1mos prever no acordo todas as medidas para facilitar a implementa\u00e7\u00e3o, mas isto tem que ar pelo cora\u00e7\u00e3o e pela cabe\u00e7a do povo colombiano. O acordo \u00e9 suposto mudar comportamentos e atitudes e isso n\u00e3o acontecer\u00e1 de um dia para o outro. \u00c9 muito importante que a comunidade internacional, a sociedade civil e a igreja fa\u00e7am grandes esfor\u00e7os para ajudar o processo de reconcilia\u00e7\u00e3o\u201d.", "dateCreated": "2016-09-26T15:27:42+02:00", "dateModified": "2016-09-26T15:27:42+02:00", "datePublished": "2016-09-26T15:27:42+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F345019%2F1440x810_345019.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Um momento hist\u00f3rico, a \u00faltima reuni\u00e3o magna das FARC enquanto ex\u00e9rcito rebelde.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F345019%2F432x243_345019.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Colômbia: A paz nas mão dos colombianos

Colômbia: A paz nas mão dos colombianos
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Um momento histórico, a última reunião magna das FARC enquanto exército rebelde.

PUBLICIDADE

Um momento histórico, a última reunião magna das FARC enquanto exército rebelde. Ao fim de uma semana de discussões, os participantes deram luz verde ao acordo de paz, no último fim de semana, e alimentaram a esperança de que a Colômbia pode finalmente pôr fim a cinco décadas de guerra civil. O cessar-fogo está em vigor desde o dia 29 de agosto.

“Referendámos unanimemente o acordo final para acabar com o conflito e para a construção de uma paz estável e duradoura, com a convicção firme de que nele se encontram consignados os alicerces para conseguir as transformações que reclamam as grandes maiorias e o país inteiro” – afirmou solenemente o dirigente máximo das FARC, Rodrigo Londono, também conhecido por “Timochenko”.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o governo de Bogotá iniciaram as conversações de paz em Cuba, em novembro de 2012. As concessões aos guerrilheiros e que tipo de justiça teriam de enfrentar foram os pontos-chave das negociações.

Foi com uma satisfação enorme que o presidente colombiano, Juan Santos, apresentou o texto final na Assembleia Geral da ONU, no dia 21 de setembro:

“É a primeira vez que se colocam as vítimas no centro da solução do conflito, os seus direitos, os direitos à verdade, à justiça, à indemnização e à não-repetição.”

O acordo de paz estabelece que o governo e os rebeldes devem disponibilizar terras, dinheiro e serviços às zonas mais desfavorecidas para ajudar a população. As FARC transformam-se num partido político com 10 mandatos no Congresso que conta 268 assentos. Os sete milhares de combatentes rebeldes devem também entregar as armas no prazo de 180 dias e integrar uma das 28 zonas de desarmamento estabelecidas pela ONU. As FARC concordaram parar com a produção de cocaína nas áreas que controlam e assim ajudar o governo na guerra à droga. O governo de Bogotá compromete-se a ajudar os agricultores a mudar de modo de subsistência. Os crimes políticos vão ser amnistiados, enquanto os massacres, os atos de tortura e a violência sexual serão alvo da justiça. Algumas vítimas criticam a possibilidade de os dirigentes rebeldes escaparem assim a eventuais condenações.

A guerra matou cerca de 260 mil colombianos, civis na sua esmagadora maioria, e provocou mais de seis milhões de deslocados. Mas o acordo não agrada a todos. Os colombianos são agora chamados a decidir em referendo se dão esta oportunidade à paz.

Um dos movimentos que agiu como mediador no longo processo de negociações foi a Comunidade de Santo Egídio, um movimento italiano de inspiração católica. Gianni La Bella foi um dos mediadorese falou do processo à Euronews.

Gianni La Bella, o senhor testemunhou a do acordo e acabou de chegar da Colômbia. Pode descrever-nos a atmosfera que se vive no país? As pessoas acreditam neste acordo?

Gianni La Bella: A do acordo, em Cartagena, foi acolhida com grande entusiasmo e alegria. Os colombianos estão à espera da paz há 52 anos e a cerimónia de foi seguida por todo o país. Contudo as explosões de alegria misturam-se com preocupações e muita gente tem dúvidas. As pessoas querem a paz mas receiam que o processo não vá até ao fim ainda desta vez.

Euronews: Os políticos colombianos da ala direita criticaram fortemente o acordo. Este foi o melhor compromisso que poderiam alcançar.?

G.L.B: “É um acordo muito complexo, com mais de 290 páginas, que vai guiar o processo de paz. Como todos os acordos baseia-se em compromissos, mas vai demorar ainda muito tempo até à reconciliação. Agora, o que é importante é transformar os compromissos em ações concretas, que tenham repercussões na vida das pessoas e na sociedade colombiana”.

E: As negociações arrastaram-se por quatro anos. Indubitavelmente houve momentos críticos. Chegou a pensar que poderiam falhar?

G.L.B: “Penso que o mais crítico foi negociar a transição para um quadro de justiça. O que fazer com os guerrilheiros das FARC. Se seriam julgados e presos, ou não. Estas foram as negociações mais difíceis e demoraram meses. Muita gente trabalhou para se encontrar uma solução inovadora que conjugue a justiça não só punitiva, mas também integração na sociedade civil”.

E: O que vai acontecer neste 3 de outubro?

G.L.B: “Assim que o governo anunciar os resultados do referendo, o acordo começará a ser implementado progressivamente, de acordo com o calendário estabelecido. Os guerrilheiros das FARC vão mudar-se progressivamente para áreas transitórias, uma espécie de novas aldeias e, pouco a pouco, vão entregar as armas e ar a ser protegidos de eventuais represálias por uma força governamental, para começarem a enfrentar os processos judiciais”.

E: A Comunidade de Santo Egídio vai acompanhar de perto a implementação do acordo. Quanto tempo precisará a Colômbia para atingir a estabilidade?

G.L.B: “Muito, muito tempo. Claro que tentámos prever no acordo todas as medidas para facilitar a implementação, mas isto tem que ar pelo coração e pela cabeça do povo colombiano. O acordo é suposto mudar comportamentos e atitudes e isso não acontecerá de um dia para o outro. É muito importante que a comunidade internacional, a sociedade civil e a igreja façam grandes esforços para ajudar o processo de reconciliação”.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Colômbia: acordo de paz é assinado hoje

Colômbia: FARC aprovam por unanimidade acordo de paz

Putin "nunca teve intenção de ir" às conversações de Istambul, diz analista