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Foi trazido do M\u00e9dio Oriente para o Reino Unido. A fam\u00edlia n\u00e3o pagou o resgate exigido pelos traficantes. \u201cFoi muito mau. Nem sei como descrever. Foi muito, muito dif\u00edcil. Cheguei a desejar a morte para n\u00e3o ter de fazer aquilo. Mas fui for\u00e7ado\u201d afirma. Damon Embling, Euronews: \u201cO caso de Peter \u00e9 chocante. Conseguiu chegar ao Reino Unido num cami\u00e3o. No entanto, foi-nos dito que tamb\u00e9m aqui teria sido v\u00edtima de explora\u00e7\u00e3o sexual se n\u00e3o tivesse sido encontrado por agentes dos servi\u00e7os de imigra\u00e7\u00e3o. Mas este n\u00e3o \u00e9 um caso isolado. Este relat\u00f3rio detalha as v\u00edtimas de tr\u00e1fico humano no Reino Unido em 2015. Num dos casos, trata-se de uma vietnamita for\u00e7ada a trabalhar como prostituta. Os traficantes amea\u00e7aram matar o pai da v\u00edtima. Num outro, um polaco obrigado a trabalhar o dia inteiro por 13 euros. Se tentasse escapar era preso e agredido. 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Tráfico de seres humanos: um pesadelo contado na primeira pessoa

Tráfico de seres humanos: um pesadelo contado na primeira pessoa
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De Damon Embling
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“Bateram-nos e depois pam-nos ao telefone.

“Bateram-nos e depois pam-nos ao telefone. Estávamos a chorar e a gritar. Disseram à minha família: se não pagar o que pedimos, matamo-lo. Mas, também, o podemos usar para outras coisas. Podemos tirar-lhe um rim ou algo do género. Como a minha família não pagou usaram-nos para ter sexo com outras pessoas. Há pessoas que vieram ter sexo connosco e penso que pagaram por isso“afirma Peter (nome fictício) vítima de traficantes.

Peter tinha 15 anos quando os traficantes o apanharam e o venderam para ter sexo com homens. Foi trazido do Médio Oriente para o Reino Unido. A família não pagou o resgate exigido pelos traficantes.

“Foi muito mau. Nem sei como descrever. Foi muito, muito difícil. Cheguei a desejar a morte para não ter de fazer aquilo. Mas fui forçado” afirma.

Damon Embling, Euronews: “O caso de Peter é chocante. Conseguiu chegar ao Reino Unido num camião. No entanto, foi-nos dito que também aqui teria sido vítima de exploração sexual se não tivesse sido encontrado por agentes dos serviços de imigração. Mas este não é um caso isolado. Este relatório detalha as vítimas de tráfico humano no Reino Unido em 2015. Num dos casos, trata-se de uma vietnamita forçada a trabalhar como prostituta. Os traficantes ameaçaram matar o pai da vítima. Num outro, um polaco obrigado a trabalhar o dia inteiro por 13 euros. Se tentasse escapar era preso e agredido. Um catálogo da exploração no século XXI.” Sara (nome fictício) também caiu nas mãos dos traficantes. “Costumava trabalhar 15 horas por dia com direito a duas pausas para ir apenas à casa de banho. Não tínhamos permissão para falar com os colegas, nem como os clientes”

A Sara veio da Ásia para o Reino Unido para estudar. Acabou por ser obrigada a trabalhar num café a troco de quase nada e alvo de ameaças constantes por parte da gerente.

“A gerente do café dizia-me que se fizesse algo contra ela, informaria os serviços de imigração e que eu voltaria para a Ásia. O meu outro medo é que entrasse em o com os meus pais e lhes dissesse que eu estava a fazer algo de errado que manchasse o nome da minha família. Como por exemplo, que andava com vários rapazes. Coisas que vão completamente contra a cultura asiática e que são suficientes para matar alguém” adianta.

Sara viveu quase dois anos nesta situação antes de ser resgatada.

As instituições sociais britânicas acolhem e prestam apoio às vítimas. No ano ado foram identificadas 3.266 presumíveis vítimas no Reino Unido, o que representa um aumento de 40 por cento no espaço de um ano. Sadia Wain trabalha na Hestia e diz que as vítimas têm muitas vezes medo de procurar ajuda para pagar uma dívida sem fim à vista. “A servidão por dívida ocorre quando as pessoas são trazidas com um bilhete que deve ser reembolsado. Se isso não acontecer as vítimas têm de pagar de outra forma e a dívida não diminui. Parece, sim, aumentar. E se eles se recusarem a trabalhar, quer se trate de exploração sexual, servidão doméstica ou de um trabalho forçado os traficantes ameaçam as famílias destas pessoas nos países de origem. É por essa razão que continuam a fazer isto” defende.

Na capital londrina, os atores vestem a pele de traficantes: “Boa tarde, hoje temos algumas pechinchas. Na oferta especial temos seres humanos. Pode perguntar, o que fazer com um ser humano. Digo-lhe que pode fazer imensas coisas”

A organização Exército da Salvação está nas ruas de Londres para despertar consciências. De acordo com a Polícia britânica, cada vítima de tráfico humano pode ser vendida por cerca de 13 mil euros. Esta é uma das atividades mais lucrativas no mundo do crime organizado.

“Não precisam de pagar muito por ela. Hoje, estou a pedir 10 libras. 10 libras por esta bela mulher” propõe um ator.

No início deste ano, a polícia lançou uma operação durante uma semana de combate ao tráfico e exploração no Reino Unido. Mais de 100 presumíveis vítimas foram identificadas e, pelo menos, 25 pessoas detidas. Mas esta é uma gota no oceano já que alguns ativistas estimam que o número de vítimas na Grã-Bretanha possa chegar às 80 mil. O Centro de Combate ao Tráfico de Seres Humanos ite que a crise de migrantes da Europa possa fazer disparar os números. Martin French, responsável pelo Centro integrado na Agência Nacional Contra o Crime considera que “o elevado número de pessoas na Europa representa um risco para o Reino Unido. Alguns desses indivíduos estão decididos a entrar no Reino Unido e as condições em que chegam pode levar a uma situação de desespero para encontrar um emprego ou um trabalho. Por isso, estão mais vulneráveis a diferentes formas de exploração. Este é um crime oculto e o facto de estar, muitas vezes, ligado a questões culturais dificulta a resposta da polícia. Só podemos responder se virmos as coisas e se tivermos casos para investigar.”

As vítimas de tráfico no Reino Unido vêm do mundo inteiro. Albânia, Nigéria, Eritreia e Afeganistão estão entre os países de origem. Dentro da União Europeia, o destaque vai para a Hungria, Lituânia, Polónia e Roménia.

Em fevereiro, um empresário foi preso em Inglaterra depois de ter utilizado um grupo de homens húngaros para fazer prosperar o negócio a troco de 13 euros por dia em condições sub-humanas.
Mas entre as vítimas não há apenas adultos. As crianças são uma presa fácil para os traficantes.

Damon: “Dados publicados pela Comissão Europeia no início do ano revelam que os traficantes estão a recrutar um número de crianças cada vez maior. Isto, ao mesmo tempo que se desconhece o destino de milhares de menores não acompanhados que, aparentemente, desapareceram durante a atual crise migratória.”

Neil Giles da organização Stop the Traffik alerta “há crianças não acompanhadas de lugares distantes a chegar ao Reino Unido. Quando são descobertas são encaminhadas para o sistema de acompanhamento de crianças e depois desaparecem. É claro que muitas delas são controladas pelos traficantes, talvez porque a família esteja a ser ameaçada ou por outras razões. Eu sempre disse que as crianças e as pessoas traficadas têm uma ligação aos traficantes que ao fim de um certo um tempo é difícil de quebrar. As respostas ao crime neste país estão centradas nos relatos e nas ameaças emergentes. Ainda não temos uma visão global do tráfico ou, pelo menos, suficientemente boa neste país e é preciso fazer mais para melhorar essa imagem. “

Nos últimos anos, o governo britânico reforçou a legislação de modo a processar e punir os autores destes crimes e adotou medidas de proteção e apoio às vítimas.

Sara reconhece ter percorrido um longo caminho, mas ite as memórias continuam presentes. A realidade é, no entanto, diferente: “Não preciso ouvir aquelas palavras que me torturavam, nem preciso de me preocupar se quiser ir à casa de banho mais de duas vezes. Agora já posso tomar conta de mim mesma.”

Também Peter confessa que esta experiência afetou muito a sua vida e de forma muito negativa. “Até hoje, não consigo dormir à noite. Tenho medo de sonhar. E todas as noites antes de ir dormir certifico-me várias vezes que as portas estão fechadas. Não confio em ninguém” conclui.

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