{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/06/09/slavoj-zizek-trump-diz-coisas-muito-acertadas" }, "headline": "Slavoj \u017di\u017eek: \u0022Trump diz coisas muito acertadas\u0022", "description": "Incisivo, controverso, para alguns revolucion\u00e1rio, cr\u00edtico da Europa, ide\u00f3logo da mudan\u00e7a de paradigma econ\u00f3mico: o fil\u00f3sofo esloveno Slavoj \u017di\u017eek foi o convidado do jornalista Sergio Cantone no The G", "articleBody": "Incisivo, controverso, para alguns revolucion\u00e1rio, cr\u00edtico da Europa, ide\u00f3logo da mudan\u00e7a de paradigma econ\u00f3mico: o fil\u00f3sofo esloveno Slavoj \u017di\u017eek foi o convidado do jornalista Sergio Cantone no The Global Conversation em Liubliana. Sergio Cantone: Para si, a globaliza\u00e7\u00e3o \u00e9 uma das causas principais da crise migrat\u00f3ria atual. Porqu\u00ea? Slavoj \u017di\u017eek: Para mim, o outro lado da globaliza\u00e7\u00e3o \u00e9 o aparecimento de novos muros invis\u00edveis. Temos desemprego por todo o lado, o trabalho \u00e9 prec\u00e1rio \u2013 aqui na Eslov\u00e9nia tamb\u00e9m. Li algures que quase metade dos trabalhadores hoje em dia se encontra em condi\u00e7\u00f5es prec\u00e1rias. Temos pa\u00edses desorientados, temos pessoas a viver na mis\u00e9ria, pessoas exclu\u00eddas da sociedade. O que est\u00e1 em vigor n\u00e3o \u00e9 a antiga separa\u00e7\u00e3o de classes, bem marcada: \u00e9 uma divis\u00e3o muito mais vaga entre aqueles que fazem parte do sistema, que usufruem de seguran\u00e7a, de direitos civis na integralidade e aqueles que se encontram do lado de fora. N\u00f3s precisamos de um poder transnacional que force a tomada de decis\u00f5es a n\u00edvel global. Sem esse mecanismo, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel salvar o ambiente, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel combater o fen\u00f3meno da migra\u00e7\u00e3o. SC: E a Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o tem conseguido lidar com essas quest\u00f5es transnacionais\u2026 SZ: Exato e essa \u00e9 a trag\u00e9dia da Uni\u00e3o Europeia. A Europa n\u00e3o sabe o que quer. Hoje em dia h\u00e1, basicamente, duas Europas: uma, \u00e9 a Bruxelas dos tecnocratas que, tamb\u00e9m eles, s\u00f3 querem fazer parte do mercado global, n\u00e3o t\u00eam uma ideia clara das coisas; depois temos uma Europa populista anti-imigra\u00e7\u00e3o \u2013 e esta \u00e9 a grande amea\u00e7a. Eu n\u00e3o tenho medo de que sejamos invadidos em massa. Tenho medo \u00e9 daqueles que dizem querer defender a Europa. Ser\u00e1 que uma Europa onde, por exemplo, Marine Le Pen esteja no poder em Fran\u00e7a, continuar\u00e1 a ser a Europa que todos conhecemos e amamos? A Europa continua a afirmar-se pelos seus valores de emancipa\u00e7\u00e3o, pela seguran\u00e7a social, pela igualdade, pelos direitos das mulheres, e por a\u00ed fora. I saw the best Slovenian Neo-Lacanian Post-Hegelians of my generation destroyed by Photoshop. pic.twitter.com/eQJbzY5FoI\u2014 Nein. (@NeinQuarterly) 28 d\u00e9cembre 2014 SC: Que argumentos unem a fragilizada classe m\u00e9dia dos pa\u00edses ocidentais e as popula\u00e7\u00f5es empobrecidas doutros continentes? SZ: \u00c9 uma quest\u00e3o muito relevante que a maior parte da esquerda evita. Quando se fala no medo dos migrantes que o cidad\u00e3o comum tem, isso at\u00e9 faz algum sentido. Se a Europa se abrir totalmente aos migrantes, n\u00e3o ser\u00e3o os ricos que v\u00e3o pagar a fatura. \u00c9 o cidad\u00e3o comum que vai ter menos emprego e sal\u00e1rios mais baixos, provavelmente. A \u00fanica solu\u00e7\u00e3o que consigo vislumbrar \u00e9 tornar claro que este \u00e9 um combate partilhado entre todos. O problema n\u00e3o se centra apenas na quest\u00e3o humanit\u00e1ria, em receber ou n\u00e3o os refugiados. O problema assenta tamb\u00e9m no facto de haver uma certa raiva na Europa, onde se assiste ao decl\u00ednio do Estado social. As insatisfa\u00e7\u00f5es dos europeus, as suas preocupa\u00e7\u00f5es, fazem parte do desequil\u00edbrio do capitalismo global. \u00c9 absolutamente crucial associar os nossos conflitos aos conflitos deles. Se n\u00e3o aceitarmos isto, se reduzirmos a quest\u00e3o ao medo e ao fardo que os refugiados podem representar, ent\u00e3o estaremos perdidos. Precisamos de organismos transnacionais que tomem decis\u00f5es vigorosas. SC: E com capacidade para aplicar a lei? SZ: Exatamente. N\u00e3o vejo qualquer problema\u2026 SC: Mas isso tem sido rejeitado na Uni\u00e3o Europeia\u2026 SZ: E isso deixa-me muito triste. Tudo bem, \u00e9 rejeitado. Mas qual \u00e9 a alternativa? Eu n\u00e3o vejo nenhuma. 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Slavoj Žižek: "Trump diz coisas muito acertadas"

Slavoj Žižek: "Trump diz coisas muito acertadas"
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Incisivo, controverso, para alguns revolucionário, crítico da Europa, ideólogo da mudança de paradigma económico: o filósofo esloveno Slavoj Žižek foi o convidado do jornalista Sergio Cantone no The G

Incisivo, controverso, para alguns revolucionário, crítico da Europa, ideólogo da mudança de paradigma económico: ofilósofo esloveno Slavoj Žižekfoi o convidado do jornalista Sergio Cantone no The Global Conversation em Liubliana.

Sergio Cantone: Para si, a globalização é uma das causas principais da crise migratória atual. Porquê?

Slavoj Žižek: Para mim, o outro lado da globalização é o aparecimento de novos muros invisíveis. Temos desemprego por todo o lado, o trabalho é precário – aqui na Eslovénia também. Li algures que quase metade dos trabalhadores hoje em dia se encontra em condições precárias. Temos países desorientados, temos pessoas a viver na miséria, pessoas excluídas da sociedade. O que está em vigor não é a antiga separação de classes, bem marcada: é uma divisão muito mais vaga entre aqueles que fazem parte do sistema, que usufruem de segurança, de direitos civis na integralidade e aqueles que se encontram do lado de fora. Nós precisamos de um poder transnacional que force a tomada de decisões a nível global. Sem esse mecanismo, não é possível salvar o ambiente, não é possível combater o fenómeno da migração.

SC: E a União Europeia não tem conseguido lidar com essas questões transnacionais…

SZ: Exato e essa é a tragédia da União Europeia. A Europa não sabe o que quer. Hoje em dia há, basicamente, duas Europas: uma, é a Bruxelas dos tecnocratas que, também eles, só querem fazer parte do mercado global, não têm uma ideia clara das coisas; depois temos uma Europa populista anti-imigração – e esta é a grande ameaça. Eu não tenho medo de que sejamos invadidos em massa. Tenho medo é daqueles que dizem querer defender a Europa. Será que uma Europa onde, por exemplo, Marine Le Pen esteja no poder em França, continuará a ser a Europa que todos conhecemos e amamos? A Europa continua a afirmar-se pelos seus valores de emancipação, pela segurança social, pela igualdade, pelos direitos das mulheres, e por aí fora.

I saw the best Slovenian Neo-Lacanian Post-Hegelians of my generation destroyed by Photoshop. pic.twitter.com/eQJbzY5FoI

— Nein. (@NeinQuarterly) 28 décembre 2014


SC: Que argumentos unem a fragilizada classe média dos países ocidentais e as populações empobrecidas doutros continentes?

SZ: É uma questão muito relevante que a maior parte da esquerda evita. Quando se fala no medo dos migrantes que o cidadão comum tem, isso até faz algum sentido. Se a Europa se abrir totalmente aos migrantes, não serão os ricos que vão pagar a fatura. É o cidadão comum que vai ter menos emprego e salários mais baixos, provavelmente. A única solução que consigo vislumbrar é tornar claro que este é um combate partilhado entre todos. O problema não se centra apenas na questão humanitária, em receber ou não os refugiados. O problema assenta também no facto de haver uma certa raiva na Europa, onde se assiste ao declínio do Estado social. As insatisfações dos europeus, as suas preocupações, fazem parte do desequilíbrio do capitalismo global. É absolutamente crucial associar os nossos conflitos aos conflitos deles. Se não aceitarmos isto, se reduzirmos a questão ao medo e ao fardo que os refugiados podem representar, então estaremos perdidos. Precisamos de organismos transnacionais que tomem decisões vigorosas.

SC: E com capacidade para aplicar a lei?

SZ: Exatamente. Não vejo qualquer problema…

SC: Mas isso tem sido rejeitado na União Europeia…

SZ: E isso deixa-me muito triste. Tudo bem, é rejeitado. Mas qual é a alternativa? Eu não vejo nenhuma. Se renunciarmos a isso e jogarmos o jogo dos países mais poderosos… É a ideia em Inglaterra…

SC: Mas aí o problema não é Bruxelas, é a globalização…

SZ: É o senhor que está a dizer…

SC: A crise do Estado social não se deve a Bruxelas, é a adaptação…

SZ: Os críticos de Bruxelas muitas vezes ignoram o facto de que Bruxelas não consiste apenas em má burocracia. Bruxelas também impõe condições laborais mínimas, define o limite máximo de horas de trabalho… Por isso é que continuo a achar que a batalha deve ser feita no seio da União Europeia.

SC: O fenómeno Donald Trump: os Estados Unidos enfrentam uma espécie de período revolucionário?

SZ: É claro que Trump é uma personalidade repugnante, racista, ordinária e por aí fora. Mas, ao mesmo tempo, diz coisas muito acertadas sobre a Palestina e Israel, aborda com mais neutralidade os interesses palestinianos e todo o contexto. Também afirmou que não pretende antagonizar a Rússia, quer promover o diálogo. Também defende um salário mínimo mais elevado. Sugeriu igualmente que não vai anular o sistema de saúde universal, o Obamacare…

SC: É um centrista liberal…

SZ: Sim, é a tese que defendo e que é considerada provocadora. Se formos além da camada do ridículo – que é perigosa, ito -, Trump é um candidato muito mais oportunista. Talvez a política que advoga não seja assim tão má…


Biografia: Slavoj Žižek

  • Filósofo e psicanalista esloveno
  • Considerado um liberal de esquerda, é conhecido por criticar o capitalismo global e o neoliberalismo
  • No seu último livro, “ Against the Double Blackmail: Refugees, Terror and Other Troubles with the Neighbours”, teoriza uma nova luta de classes a nível global
  • É professor convidado em várias universidades, incluindo Liubliana, Columbia e Princeton.

SC: A Rússia e a China representam a alternativa de um modelo económico e político diferente que pode vir a antagonizar o Ocidente?

SZ: Sim, mas aí situo-me moderadamente do lado do Ocidente. Porque, sim, representam uma alternativa, mas no sentido capitalista, autoritário e protofascista. Sei bem do que falo. Já estive na China, já participei em debates com eles. Todos aqueles fundamentos supostamente discretos do regime comunista, inspirados em Confúcio, apontam para um caminho só: “Nós não nos podemos dar ao luxo da democracia, porque isso significaria uma explosão social…”. Eles utilizam constantemente termos fascistas sem sequer se darem conta: “Precisamos de uma estabilidade corporativa, toda a gente deve ocupar o seu próprio lugar, tem de haver uma ordem que garanta a solidariedade…” . Ou seja, querem modernizar, mas de forma conservadora. Infelizmente, é nessa direção que o capitalismo está a seguir…

SC: Uma última pergunta, mais pessoal…

SZ: Eu nem sou bem uma pessoa, sou mais um monstro…

SC: É verdade que se considera o Elvis da Filosofia?

SZ: Não, não considero. Odeio isso! Está a falar como um inimigo, do género: “Quando o povo tomar o poder, vais para o gulag durante cinco anos.” Quem diz essas coisas são pessoas que me querem atacar de uma forma mais inteligente, não direta. Dizem que sou um estalinista louco e baralhado. São pessoas que reconhecem que tenho uma certa popularidade, mas depois a estratégia é ar uma mensagem que significa: “Olhem para ele. É o Elvis! É divertido. Podem até ouvir o que ele diz, mas não levem muito a sério: é uma anedota da filosofia pop!”.

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