{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/05/12/martin-schulz-a-ue-encontra-se-num-estado-lamentavel" }, "headline": "Martin Schulz: \u0022A UE encontra-se num estado lament\u00e1vel\u0022", "description": "\u201cUma promessa quebrada\u201d foi a express\u00e3o utilizada por Martin Schulz. Para um n\u00famero crescente de europeus, a Europa tornou-se sin\u00f3nimo de fracasso", "articleBody": "\u201cUma promessa quebrada\u201d foi a express\u00e3o utilizada por Martin Schulz. Para um n\u00famero crescente de europeus, a Europa tornou-se sin\u00f3nimo de fracasso, quer falemos da crise migrat\u00f3ria, da economia ou da seguran\u00e7a. A jornalista Isabelle Kumar foi a Estrasburgo discutir estes temas com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz. Isabelle Kumar, euronews: Parece que assistimos a um suic\u00eddio lento e doloroso quando observamos a Europa neste momento. Chegamos a um ponto de n\u00e3o retorno? Martin Schulz: A sua descri\u00e7\u00e3o \u00e9 absolutamente justificada. Encontramo-nos num estado lament\u00e1vel no interior da Uni\u00e3o Europeia. H\u00e1 for\u00e7as centr\u00edfugas que ganham elei\u00e7\u00f5es, referendos\u2026 Se pmos a Europa e a integra\u00e7\u00e3o em causa por princ\u00edpio, estamos a brincar com o futuro da pr\u00f3xima gera\u00e7\u00e3o, porque o s\u00e9culo XXI \u00e9 um s\u00e9culo de coopera\u00e7\u00e3o e competi\u00e7\u00e3o das regi\u00f5es mundiais e n\u00e3o de pequenos pa\u00edses como o meu\u2026 Sim, porque a Alemanha tem 80 milh\u00f5es de habitantes, mas a China tem 1,4 mil milh\u00f5es de habitantes. Como podemos sobreviver neste s\u00e9culo XXI s\u00f3s? Aqueles que me dizem que \u00e9 preciso acabar com a Europa tal qual ela \u00e9 e \u201crenacionalizar\u201d brincam com a seguran\u00e7a e o futuro de toda uma gera\u00e7\u00e3o. Isabelle Kumar, euronews: Falou de integra\u00e7\u00e3o\u2026 Um dos grandes dossi\u00eas neste momento \u00e9 o Brexit. Pensa que \u00e9 verdadeiramente poss\u00edvel que o Reino Unido decida abandonar a Uni\u00e3o Europeia? Martin Schulz: \u00c9 bem poss\u00edvel. As sondagens dizem-nos que as duas campanhas est\u00e3o taco a taco. Espero que isso n\u00e3o aconte\u00e7a, mas n\u00e3o est\u00e1 exclu\u00eddo. A sa\u00edda do Reino Unido da Uni\u00e3o Europeia ser\u00e1 um desastre tanto para a Uni\u00e3o Europeia, como para o Reino Unido. Isabelle Kumar, euronews: Mas, segundo algumas opini\u00f5es, o Reino Unido n\u00e3o \u00e9 um membro que respeite as regras, que queira mais integra\u00e7\u00e3o\u2026 Por que quer o Reino Unido dentro da Uni\u00e3o? Martin Schulz: \u00c9 um pa\u00eds do G7, uma pot\u00eancia com direito de veto no Conselho de Seguran\u00e7a, \u00e9 a segunda economia da UE nos mercados internos. N\u00f3s precisamos do Reino Unido. Isabelle Kumar, euronews: H\u00e1 que lidar com isso? Martin Schulz: Sim. O Reino Unido, por outro lado, deve compreender que pertence ao G7, porque \u00e9 a segunda economia europeia, porque \u00e9 um membro integrado nos mercados internos, ou seja, romper com isso vai reduzir a import\u00e2ncia, a influ\u00eancia e a pot\u00eancia econ\u00f3mica que \u00e9 o Reino Unido. Isabelle Kumar, euronews: Est\u00e1 dispon\u00edvel para fazer mais concess\u00f5es ao Reino Unido? Martin Schulz: N\u00e3o. N\u00f3s negoci\u00e1mos com o Reino Unido um pacote que vai ser agora votado. Portanto, a mensagem de alguns de que \u00e9 preciso votar n\u00e3o para conseguir um \u201cbetter deal\u201d, um acordo melhor, n\u00e3o \u00e9 verdade. O acordo j\u00e1 existe. Cabe aos brit\u00e2nicos dizer sim ou n\u00e3o. Biografia: Martin Schulz Martin Schulz \u00e9 o atual Presidente do Parlamento Europeu Come\u00e7ou a carreira pol\u00edtica, aos 19 anos, quando aderiu ao partido Social Democrata Na adolesc\u00eancia queria ser jogador de futebol H\u00e1 rumores de que Schulz est\u00e1 interessado em concorrer \u00e0 chancelaria alem\u00e3 nas elei\u00e7\u00f5es federais de 2017 Isabelle Kumar, euronews: Pedimos aos internautas que nos enviassem quest\u00f5es para esta entrevista. Armin pergunta: \u201cCaso o Reino Unido decida sair da UE a 23 de junho, qual ser\u00e1 o principal desafio depois da sua partida?\u201d Martin Schulz: Penso que a zona euro deve reagir imediatamente. A zona euro, composta por 19 Estados-membros, tem uma moeda \u00fanica, mas 19 pol\u00edticas econ\u00f3micas diferentes para o trabalho, os impostos\u2026 \u00c9 preciso p\u00f4r ordem na zona euro. Portanto, quer o Reino Unido saia ou fique, penso que a zona euro deve aprofundar a coopera\u00e7\u00e3o pol\u00edtica. Isabelle Kumar, euronews: H\u00e1 um plano de a\u00e7\u00e3o para a sa\u00edda? Martin Schulz: Infelizmente n\u00e3o. Creio que um dos problemas da zona euro \u00e9 o desequil\u00edbrio macroecon\u00f3mico, ou seja, o desenvolvimento bastante heterog\u00e9neo no seio da zona euro. \u00c9 preciso acabar com isso, quer o Reino Unido permane\u00e7a ou saia. Mas creio que no momento da sa\u00edda, os outros membros devem perceber que esse ser\u00e1 o momento de agir e, de qualquer forma, depois de 23 de junho, \u00e9 preciso discutir a futura estrutura da Uni\u00e3o Europeia. Isabelle Kumar, euronews: \u00c9 poss\u00edvel um div\u00f3rcio amig\u00e1vel? Martin Schulz: O div\u00f3rico \u00e9 sempre dif\u00edcil. Creio que ainda \u00e9 muito cedo para especular sobre o que se vai ar depois de 23 de junho. N\u00e3o quero discutir isso agora. O que desejo \u00e9 convencer a maioria dos brit\u00e2nicos a votarem pela perman\u00eancia, porque \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o em que todos ganham, enquanto a sa\u00edda \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o em que todos v\u00e3o perder. Isabelle Kumar, euronews: emos do Brexit ao Grexit. A Gr\u00e9cia \u00e9 not\u00edcia todos os dias. Pensa que os novos sacrif\u00edcios que os credores est\u00e3o a pedir \u00e0 Gr\u00e9cia ser\u00e3o suficientes para tirar o pa\u00eds da crise e mant\u00ea-la na Uni\u00e3o Europeia? Martin Schulz: Tr\u00eas respostas muito breves: primeiro, creio que na segunda-feira encontr\u00e1mos um bom caminho para resolver o problema atual; segundo, penso que n\u00e3o precisamos de uma reestrutura\u00e7\u00e3o da d\u00edvida\u2026 Foi a primeira vez que discutimos isso\u2026 Isabelle Kumar, euronews: Contra a Comiss\u00e3o Europeia e a Alemanha\u2026 Martin Schulz: A Comiss\u00e3o n\u00e3o est\u00e1 reticente a debater e mesmo a Alemanha aceitou o debate. Eu perten\u00e7o a um partido que integra o Governo alem\u00e3o. Somos a favor desse debate e o ministro alem\u00e3o das Finan\u00e7as n\u00e3o o recusou. Terceiro, \u00e9 preciso acabar com a ideia de que \u00e9 poss\u00edvel pedir outros sacrif\u00edcios. N\u00e3o podemos reduzir mais os sal\u00e1rios, nem as pens\u00f5es, nem as reformas. O que \u00e9 preciso \u00e9 reconhecer que a Gr\u00e9cia em 2015 teve um super\u00e1vit prim\u00e1rio, ou seja, os sacrif\u00edcios que pedimos aos gregos est\u00e3o agora a dar resultados positivos. Isabelle Kumar, euronews: Pensa que as medidas de austeridade aplicadas aos gregos foram demasiado longe? Martin Schulz: Sabe muito bem que eu jamais apoiei essas medidas de austeridade. \u00c9 preciso corrigir o or\u00e7amento, reestruturar a d\u00edvida soberana, mas sem crescimento ou emprego que aumente a parte das receitas de um or\u00e7amento, jamais vamos conseguir corrigi-lo a longo prazo. Isabelle Kumar, euronews: Agora que a Gr\u00e9cia se bate contra essas for\u00e7as econ\u00f3micas para salvar a economia, ela est\u00e1 tamb\u00e9m na primeira linha da crise dos refugiados. Sobre o acordo entre a Uni\u00e3o Europeia e a Turquia, o internauta Niko Kulik enviou-nos a seguinte quest\u00e3o: \u201cO que \u00e9 que v\u00e3o sacrificar em nome desse acordo com a Turquia? V\u00e3o fechar os olhos \u00e0s viola\u00e7\u00f5es dos Direitos Humanos ou, pelo contr\u00e1rio, fazer press\u00e3o para que ela os respeite, mesmo que isso leve ao fracasso do acordo?\u201d Martin Schulz: Claro. Foi isso que fiz na semana ada. Parei o projeto para a liberaliza\u00e7\u00e3o de vistos que foi apresentado ao Parlamento pela Comiss\u00e3o, porque a Turquia n\u00e3o cumpriu as 72 medidas solicitadas. Entre estas, uma reforma do par\u00e1grafo antiterrorista, uma reforma da prote\u00e7\u00e3o de dados\u2026 tal como esse senhor mencionou, se a Turquia continuar nesse caminho, a dizer que n\u00e3o reforma a lei antiterrorista, n\u00e3o vamos come\u00e7ar aqui com as delibera\u00e7\u00f5es sobre a liberaliza\u00e7\u00e3o dos vistos. Isabelle Kumar, euronews: O que pensa do facto de o presidente Erdogan ter dito \u201cn\u00f3s seguimos \u00e0 nossa maneira e voc\u00eas \u00e0 vossa\u201d. Acha que \u00e9 um parceiro fi\u00e1vel a longo prazo? Mas precisa da ajuda dele, n\u00e3o precisa? Martin Schulz: N\u00f3s somos parceiros que necessitamos de uma coopera\u00e7\u00e3o m\u00fatua. N\u00e3o imagino que o senhor Erdogan possa sair desta coopera\u00e7\u00e3o. N\u00f3s estamos dispostos a cooperar, mas a Turquia prometeu fazer as reformas, para que comecemos com a nossa parte do acordo. Isabelle Kumar, euronews: Vai esperar por medidas concretas? Martin Schulz: Apesar de ter feito promessas, a Turquia est\u00e1 agora a recuar. Esta \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o nova. Por isso, temos de discuti-la, mas se a Turquia n\u00e3o introduzir estas reformas, ent\u00e3o, no Parlamento Europeu n\u00e3o podemos legislar. No entanto, se o senhor Erdogan considera o acordo suspenso, algo em que n\u00e3o acredito, ser\u00e1 uma pena, n\u00f3s vamos encontrar uma solu\u00e7\u00e3o dentro do respeito m\u00fatuo e da coopera\u00e7\u00e3o m\u00fatua. Mas o respeito m\u00fatuo quer dizer, e gostaria de sublinhar isto, que \u00e9 preciso que respeitemos a Turquia, mas tamb\u00e9m que a Turquia respeite as nossas regras. Isabelle Kumar, euronews: A Europa \u00e9 fiel aos seus princ\u00edpios de Direitos Humanos quando trabalha com a Turquia, porque h\u00e1 tamb\u00e9m a forma como ela trata os refugiados. Martin Schulz: Criticamos a Turquia quando achamos que n\u00e3o respeita as regras internacionais. Mas h\u00e1 tamb\u00e9m um ponto em que devo ser sincero \u2013 a raz\u00e3o pela qual respondo \u00e0 sua quest\u00e3o. Estive na Turquia, onde visitei v\u00e1rios campos de refugiados, e gostaria que, em muitos Estados-membros da Uni\u00e3o Europeia, os refugiados fossem tratados como na Turquia. \u00c9 uma cr\u00edtica que n\u00e3o est\u00e1 de todo justificada. Nos campos de refugiados da Turquia, o pa\u00eds faz de tudo para acompanhar os refugiados. Isabelle Kumar, euronews: Um dos efeitos da crise dos refugiados s\u00e3o os muros que se erguem em toda a Europa para parar o afluxo de pessoas. Ser\u00e1 que esta realidade faz parte da paisagem europeia? O que pode fazer contra estes muros? Martin Schulz: Precisamos de proteger as fronteiras exteriores com as regras existentes, tratando todos os casos individualmente e precisamos de um sistema de relocaliza\u00e7\u00e3o entre os 28 membros da Uni\u00e3o Europeia. Isabelle Kumar, euronews: Tendo em conta o estado atual da situa\u00e7\u00e3o\u2026 Martin Schulz: N\u00e3o, esse n\u00e3o \u00e9 absolutamente o estado que temos. Se existir um milh\u00e3o de refugiados e se os repartir por 28 Estados-membros e 500 milh\u00f5es de habitantes, isso n\u00e3o vai causar qualquer problema. Isabelle Kumar, euronews: Foi esse o plano A, que n\u00e3o funcionou. Martin Schulz: Porque a maioria dos Estados-membros n\u00e3o contribuiu para a relocaliza\u00e7\u00e3o como o fizeram a Alemanha, a Gr\u00e9cia, a It\u00e1lia. Isso coloca-lhes problemas. A quest\u00e3o n\u00e3o \u00e9 a Europa. A quest\u00e3o \u00e9 o nacionalismo de alguns governos nacionais. Voltando \u00e0 primeira quest\u00e3o, \u00e9 isso que conduz a Europa \u00e0 crise. Alguns pa\u00edses que n\u00e3o participam na relocaliza\u00e7\u00e3o, que levantam o problema pela sua a\u00e7\u00e3o nacionalista, dizem que a Europa \u00e9 incapaz de resolver a crise migrat\u00f3ria. \u00c9 de um cinismo sem precedentes. Isabelle Kumar, euronews: Volto \u00e0 minha quest\u00e3o, os muros foram erguidos e v\u00e3o continuar porque, de momento, n\u00e3o existe uma solu\u00e7\u00e3o para a crise migrat\u00f3ria\u2026 Martin Schulz: A quest\u00e3o justifica-se. \u00c9 verdade, existe uma maioria vis\u00edvel, talvez metade ou menos, dos Estados-membros que dizem que \u00e9 um problema alem\u00e3o, que eles n\u00e3o podem fazer nada. \u00c9 lament\u00e1vel porque o pre\u00e7o n\u00e3o vai ser pago por si, nem por mim, o pre\u00e7o vai ser pago pelos refugiados. Isabelle Kumar, euronews: Mencionou as for\u00e7as euroc\u00e9ticas, falamos sobre a paisagem europeia\u2026 O que deve ser feito agora? Trabalhar com as for\u00e7as euroc\u00e9ticas porque aram a fazer parte da paisagem pol\u00edtica tradicional? Como \u00e9 que se pode trabalhar com eles? Martin Schulz: Tradicionalmente, n\u00e3o. Isabelle Kumar, euronews: Sa\u00edram das margens e fazem parte de \u2026 Martin Schulz: Mas a tradi\u00e7\u00e3o europeia n\u00e3o \u00e9 ser xen\u00f3foba, racista, antieuropeia. Isabelle Kumar, euronews: Poder\u00e1 tornar-se [tradi\u00e7\u00e3o]? Martin Schulz: Eles fazem-se ouvir, fazem muito ru\u00eddo, mas n\u00e3o representam de todo a maioria. De qualquer forma, tem 650 deputados no parlamento europeu, repito 650 deputados, que s\u00e3o pr\u00f3-europeus. Significa que a maioria esmagadora \u00e9 pr\u00f3-europeia. Recuso, com todos os meios, que aqueles que fazem mais barulho sejam considerados a maioria. Isabelle Kumar, euronews: Existem partidos euroc\u00e9ticos que ganham elei\u00e7\u00f5es na Europa\u2026 Martin Schulz: N\u00e3o, eles n\u00e3o ganham as elei\u00e7\u00f5es. Isabelle Kumar, euronews: Preocupa-se com o aumento destes n\u00fameros\u2026 Martin Schulz: N\u00e3o \u00e9 certo que esses n\u00fameros representem a maioria. \u00c9 preocupante que tenham tantos votos. Mas concordo consigo quando diz que, se dermos espa\u00e7o aos que fazem mais barulho e se a maioria silenciosa n\u00e3o se mobilizar, v\u00e3o alcan\u00e7ar o que pretendem. Isto \u00e9, governar o pa\u00eds. A minha estrat\u00e9gia \u00e9, em primeiro lugar, mostrar que as for\u00e7as euroc\u00e9ticas n\u00e3o s\u00e3o a maioria e, em segundo, mobilizar a maioria contra essas for\u00e7as. Isabelle Kumar, euronews: Todas estas crises est\u00e3o relacionadas. O terrorismo designado de \u201corigem interna\u201d, em que os cidad\u00e3os se viram contra os seus, ser\u00e1 a representa\u00e7\u00e3o f\u00edsica de um dos maiores fracassos da Europa. Martin Schulz: Um fracasso da Europa porqu\u00ea? Isabelle Kumar, euronews: Porque se tratam de cidad\u00e3os da Europa que se voltam contra os seus concidad\u00e3os\u2026 Martin Schulz: N\u00e3o acredito que seja contra si ou contra mim. \u00c9 contra um sistema, contra um estilo de vida. Mas a Europa n\u00e3o \u00e9 respons\u00e1vel pelos sub\u00farbios de Paris. N\u00e3o foi a Europa que criou Molenbeek. Talvez se virem contra o modelo de vida europeu. A Marine le Pen tamb\u00e9m nega o modelo europeu. N\u00e3o s\u00e3o apenas estas pessoas que s\u00e3o contra a Europa. N\u00e3o podemos dizer que a \u00fanica coisa que funciona s\u00e3o os governos das capitais nacionais e o que n\u00e3o funciona \u00e9 a Europa. N\u00e3o se trata de um fracasso da Uni\u00e3o Europeia, mas talvez de um ataque contra a sociedade europeia \u2013 nesse ponto concordo consigo. Mas, mais uma vez, a sociedade europeia \u00e9 amea\u00e7ada por diferentes lados. Isabelle Kumar, euronews: Comemor\u00e1mos recentemente o Dia da Europa, uma data importante para alguns. George Kozi pergunta: \u201orque \u00e9 que os dirigentes europeus fazem um mau trabalho de comunica\u00e7\u00e3o sobre as coisas boas trazidas pela Uni\u00e3o Europeia?\u201d Martin Schulz: N\u00e3o percebi a quest\u00e3o. Trabalho de manh\u00e3 \u00e0 noite com o prop\u00f3sito de ar uma mensagem construtiva na Europa. Isabelle Kumar, euronews: Porque motivo n\u00e3o entendem a sua mensagem? Martin Schulz: N\u00e3o sei. N\u00e3o lhe posso responder a isso. \u00c9 uma quest\u00e3o absolutamente injustificada porque a minha mensagem, o meu objectivo, \u00e9 recebido. Isabelle Kumar, euronews: Porque n\u00e3o percebem os seus argumentos? Martin Schulz: Mais uma vez, n\u00e3o posso responder a essa quest\u00e3o porque n\u00e3o acredito que aborde o problema principal. A quest\u00e3o central \u00e9 que a Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o \u00e9 um Estado federal, nem a comiss\u00e3o um governo federal, nem eu sou o Presidente de um parlamento federal. Somos uma associa\u00e7\u00e3o, uma uni\u00e3o de Estados soberanos com governos nacionais. Os governos nacionais, como a Fran\u00e7a, o Reino Unido em particular, a Alemanha, a It\u00e1lia t\u00eam a mesma estrat\u00e9gia. No caso de sucesso, o \u00eaxito \u00e9 do pa\u00eds e no caso de insucesso, o fracasso \u00e9 da Europa. \u00c9 um dos maiores problemas para ar uma mensagem positiva porque ap\u00f3s 20 anos adot\u00e1mos esta estrat\u00e9gia: o sucesso \u00e9 nacionalizado, o fracasso \u00e9 europeizado. E talvez seja por existir esse problema que me coloca esta quest\u00e3o. Isabelle Kumar, euronews: emos \u00e0 \u00faltima quest\u00e3o. Analis\u00e1mos o futuro da Europa \u2013 e quanto ao seu futuro? O seu mandato dever\u00e1 terminar em 2017, por coincid\u00eancia no mesmo ano das elei\u00e7\u00f5es federais na Alemanha e Friedel Koch, pergunta: \u201cEst\u00e1 perto de se tornar o pr\u00f3ximo chanceler da Alemanha?\u201d Pedi-lhe que fosse sincero no in\u00edcio da entrevista e volto a pedir-lhe agora. Martin Schulz: Antes de mais, deixe-me elogi\u00e1-la porque nunca ouvi ningu\u00e9m que n\u00e3o \u00e9 alem\u00e3o pronunciar o apelido Koch de uma maneira t\u00e3o precisa. \u00c9 dif\u00edcil. Fui eleito at\u00e9 janeiro de 2017. Especular sobre o que se ar\u00e1 no outono de 2017\u2026 Isabelle Kumar, euronews: N\u00e3o falta muito tempo. Martin Schulz: Sinceramente, a minha resposta \u00e0 quest\u00e3o\u2026 N\u00f3s discutimos intensamente \u2013 \u00e9 o meu estilo \u2013 os problemas graves da Europa. Sou presidente de uma institui\u00e7\u00e3o europeia que tem o dever de salvar este projeto \u00fanico da hist\u00f3ria do nosso continente. O meu papel \u00e9 salvar esse projeto. Isabelle Kumar, euronews: Por enquanto. Isso n\u00e3o \u00e9 um n\u00e3o\u2026 Martin Schulz: Na vida pol\u00edtica, e sabe isso porque \u00e9 jornalista, tal como soube pronunciar Friedel Koch\u2026Na vida pol\u00edtica, hoje em dia, uma semana corresponde a um ano no ado. Ningu\u00e9m tem a certeza de nada. O meu lugar \u00e9 aqui. Trabalhei na pol\u00edtica europeia durante toda a minha vida pol\u00edtica. We're filming now with @EP_President & asking some of your #AskSchulz questions! 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Martin Schulz: "A UE encontra-se num estado lamentável"

Martin Schulz: "A UE encontra-se num estado lamentável"
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“Uma promessa quebrada” foi a expressão utilizada por Martin Schulz. Para um número crescente de europeus, a Europa tornou-se sinónimo de fracasso

“Uma promessa quebrada” foi a expressão utilizada por Martin Schulz. Para um número crescente de europeus, a Europa tornou-se sinónimo de fracasso, quer falemos da crise migratória, da economia ou da segurança. A jornalista Isabelle Kumar foi a Estrasburgo discutir estes temas com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

Isabelle Kumar, euronews: Parece que assistimos a um suicídio lento e doloroso quando observamos a Europa neste momento. Chegamos a um ponto de não retorno?

Martin Schulz: A sua descrição é absolutamente justificada. Encontramo-nos num estado lamentável no interior da União Europeia. Há forças centrífugas que ganham eleições, referendos… Se pmos a Europa e a integração em causa por princípio, estamos a brincar com o futuro da próxima geração, porque o século XXI é um século de cooperação e competição das regiões mundiais e não de pequenos países como o meu… Sim, porque a Alemanha tem 80 milhões de habitantes, mas a China tem 1,4 mil milhões de habitantes. Como podemos sobreviver neste século XXI sós? Aqueles que me dizem que é preciso acabar com a Europa tal qual ela é e “renacionalizar” brincam com a segurança e o futuro de toda uma geração.

Isabelle Kumar, euronews: Falou de integração… Um dos grandes dossiês neste momento é o Brexit. Pensa que é verdadeiramente possível que o Reino Unido decida abandonar a União Europeia?

Martin Schulz: É bem possível. As sondagens dizem-nos que as duas campanhas estão taco a taco. Espero que isso não aconteça, mas não está excluído. A saída do Reino Unido da União Europeia será um desastre tanto para a União Europeia, como para o Reino Unido.

Isabelle Kumar, euronews: Mas, segundo algumas opiniões, o Reino Unido não é um membro que respeite as regras, que queira mais integração… Por que quer o Reino Unido dentro da União?

Martin Schulz: É um país do G7, uma potência com direito de veto no Conselho de Segurança, é a segunda economia da UE nos mercados internos. Nós precisamos do Reino Unido.

Isabelle Kumar, euronews: Há que lidar com isso?

Martin Schulz: Sim. O Reino Unido, por outro lado, deve compreender que pertence ao G7, porque é a segunda economia europeia, porque é um membro integrado nos mercados internos, ou seja, romper com isso vai reduzir a importância, a influência e a potência económica que é o Reino Unido.

Isabelle Kumar, euronews: Está disponível para fazer mais concessões ao Reino Unido?

Martin Schulz: Não. Nós negociámos com o Reino Unido um pacote que vai ser agora votado. Portanto, a mensagem de alguns de que é preciso votar não para conseguir um “better deal”, um acordo melhor, não é verdade. O acordo já existe. Cabe aos britânicos dizer sim ou não.


Biografia: Martin Schulz

  • Martin Schulz é o atual Presidente do Parlamento Europeu
  • Começou a carreira política, aos 19 anos, quando aderiu ao partido Social Democrata
  • Na adolescência queria ser jogador de futebol
  • Há rumores de que Schulz está interessado em concorrer à chancelaria alemã nas eleições federais de 2017

Isabelle Kumar, euronews: Pedimos aos internautas que nos enviassem questões para esta entrevista. Armin pergunta: “Caso o Reino Unido decida sair da UE a 23 de junho, qual será o principal desafio depois da sua partida"> Notícias relacionadas

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