{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/03/09/reforma-do-trabalho-franca-em-tumulto" }, "headline": "Reforma do Trabalho: Fran\u00e7a em tumulto", "description": "Enquanto Portugal se prepara para repor as 35 horas de trabalho semanal para a fun\u00e7\u00e3o-p\u00fablica, os ses preparam-se para flexibilizar o n\u00famero de", "articleBody": "Enquanto Portugal se prepara para repor as 35 horas de trabalho semanal para a fun\u00e7\u00e3o-p\u00fablica, os ses preparam-se para flexibilizar o n\u00famero de horas semanais permitidas e, entre outras coisas, limitar, de alguma forma, o poder sindical. O executivo fala \u201cnuma nova forma de proteger os ativos\u201d mas o ponto de vista governamental n\u00e3o \u00e9, de todo, partilhado por uma boa parte dos ses, h\u00e1 mesmo quem lhe chame \u201cum erro hist\u00f3rico\u201d e a situa\u00e7\u00e3o promete transformar-se numa quase \u201cbatalha campal\u201d entre executivo e sindicatos. Para muitos gauleses o projeto de lei de reforma do Direito do Trabalho, anunciado pela ministra Myriam El Khomri, no cargo desde setembro do ano ado, vai aumentar o n\u00famero de horas de trabalho, em termos pr\u00e1ticos, sem compensa\u00e7\u00e3o financeira e vai facilitar os despedimentos. Um c\u00f3digo de trabalho que deixa de proteger os trabalhadores a favor do patronato, dizem. A Lei sa do Trabalho antes da reforma O C\u00f3digo do Trabalho franc\u00eas prev\u00ea, desde 1997, 35 horas de trabalho semanais. Os trabalhadores, chamemos-lhes normais, ou seja, que n\u00e3o ocupem cargos que em Portugal t\u00eam isen\u00e7\u00e3o de hor\u00e1rio, podem trabalhar um m\u00e1ximo de 10 horas por dia (as oito legais e duas extraordin\u00e1rias). O n\u00famero de horas de trabalho semanais, horas extraordin\u00e1rias inclu\u00eddas, n\u00e3o pode ultraar as 48. Em circunst\u00e2ncias excecionais pode ir at\u00e9 \u00e0s 60 horas. Ao n\u00edvel executivo n\u00e3o h\u00e1 limite de horas de trabalho mas a lei prev\u00ea compensa\u00e7\u00f5es como a RTT, redu\u00e7\u00e3o do tempo de trabalho. O n\u00famero de horas de trabalho por semana, em m\u00e9dia, para um per\u00edodo de 12 semanas consecutivas, \u00e9 de 44. Pode chegar \u00e0s 46 horas, no m\u00e1ximo, se previsto no contrato de trabalho, ou mais de 46 horas em circunst\u00e2ncias excecionais e com o acordo da Inspe\u00e7\u00e3o Geral do Trabalho. O que muda com a Reforma O projeto de lei sobre a reforma do C\u00f3digo do Trabalho, que ser\u00e1 debatido em Conselho de Ministros extraordin\u00e1rio a 24 de mar\u00e7o, n\u00e3o altera a dura\u00e7\u00e3o legal de 35 horas de trabalho semanal mas torna-a mais flex\u00edvel. Continua a ser poss\u00edvel trabalhar 48 horas (60, excecionalmente) em uma semana e apenas 10 na semana seguinte. A chave \u00e9 que o tempo m\u00e9dio de trabalho, ao longo de tr\u00eas meses, seja de 37,5 horas por semana. Se em Fran\u00e7a esta reforma est\u00e1 a causar pol\u00e9mica noutros pa\u00edses, como o Reino Unido, onde o n\u00famero de horas de trabalho \u00e9 j\u00e1, na pr\u00e1tica, flex\u00edvel, a quest\u00e3o parece consensual. Na verdade, Fran\u00e7a \u00e9 um caso particular na quest\u00e3o do Direito laboral. Na Alemanha, por exemplo, n\u00e3o h\u00e1 um limite de horas semanais de trabalho e na Pol\u00f3nia, o oposto nesta mat\u00e9ria, em rela\u00e7\u00e3o a Fran\u00e7a, pode trabalhar-se at\u00e9 treze horas por dia, em caso de acordo entre empregador e empregado. Em compara\u00e7\u00e3o com outros pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia, Fran\u00e7a \u00e9, talvez, aquele que mais protege os trabalhadores, tamb\u00e9m pelo peso dos sindicatos. \u00c9 tamb\u00e9m daqueles onde se trabalha menos horas por semana, em m\u00e9dia, ainda assim superado por outros como a Noruega, segundo dados de 2014 do EUROSTAT. O fim das 11 horas de Descanso Consecutivas Em Fran\u00e7a \u00e9 obrigat\u00f3rio cumprir um per\u00edodo de descanso de 11 horas consecutivas entre cada dia de trabalho. O projeto de lei do Minist\u00e9rio do Trabalho autoriza os quadros e funcion\u00e1rios, remunerados ao dia, e se aprovado pelo empregador, a repartirem o tempo de trabalho. Esta pr\u00e1tica n\u00e3o vai contra a diretiva europeia, relativa \u00e0s horas de trabalho, e que imp\u00f5e um descanso de 11 horas, j\u00e1 que a mesma n\u00e3o especifica se elas devem ser consecutivas ou n\u00e3o. Os trabalhadores alem\u00e3es, brit\u00e2nicos e polacos t\u00eam direito a um tempo de repouso semelhante ao dos ses. Espanha, por sua vez, imp\u00f5e um dia e meio de descanso consecutivo por semana e os suecos s\u00e3o convidados a ficar em casa entre a meia-noite e as cinco horas da manh\u00e3. Em Portugal os trabalhadores t\u00eam direito a um per\u00edodo m\u00ednimo de descanso de 11 horas seguidas entre dois per\u00edodos di\u00e1rios de trabalho consecutivos. H\u00e1, naturalmente, exce\u00e7\u00f5es \u00e0 regra, como \u00e9 o caso de trabalhadores que ocupem cargos de istra\u00e7\u00e3o, dire\u00e7\u00e3o ou com poder de decis\u00e3o aut\u00f3nomo que estejam isentos de hor\u00e1rio de trabalho, quando os per\u00edodos normais de trabalho forem fracionados ao longo do dia, de acordo com as caracter\u00edsticas da sua atividade, etc. Horas de Trabalho Extraordin\u00e1rias Muitas empresas, em Fran\u00e7a, pagam 25% nas primeiras 8 horas suplementares e 50% nas seguintes. Estas s\u00e3o as taxas fixadas por lei. No entanto, \u00e9 poss\u00edvel fixar, por acordo, a taxa em 20%, por exemplo, para todas as empresas do mesmo setor. A \u00fanica restri\u00e7\u00e3o \u00e9 que n\u00e3o pode ficar abaixo do limite m\u00ednimo de 10%, previsto por lei. Este \u00e9 o caso dos trabalhadores da \u00e1rea da restaura\u00e7\u00e3o. O projeto de lei n\u00e3o n\u00e3o altera as taxas mas permite \u00e0s empresas definirem a sua pr\u00f3pria majora\u00e7\u00e3o \u00e0s taxas relativas ao trabalho suplementar, por simples acordo, mesmo sem que haja um acordo para o setor. Os funcion\u00e1rios ficam, portanto, menos protegidos contra um poss\u00edvel corte da taxa, ainda que os 10% estejam garantidos. Um luxo comparado \u00e0 maioria dos pa\u00edses europeus, principalmente porque a UE n\u00e3o estabelece nenhuma obriga\u00e7\u00e3o sobre esta mat\u00e9ria. Em Portugal as horas extraordin\u00e1rias s\u00e3o autorizadas quando pontuais, ou seja, quando a empresa se depara com um aumento pontual de trabalho que n\u00e3o justifique um refor\u00e7o dos recursos humanos, por motivos de for\u00e7a maior ou para prevenir ou reparar preju\u00edzos graves. O n\u00famero de horas extraordin\u00e1rias permitidas por lei \u00e9 de 150 ou 175 horas, anuais, para empresas com mais ou menos de 50 funcion\u00e1rios. Os limites anuais podem ser ultraados apenas em casos de for\u00e7a maior e sem que o trabalho semanal ultrae as 48 horas. Ser\u00e1 mais f\u00e1cil despedir por motivos econ\u00f3micos? At\u00e9 agora, em Fran\u00e7a, o despedimento por motivos econ\u00f3micos n\u00e3o estava, particularmente, regulado. Com este projeto de lei os empres\u00e1rios ses poder\u00e3o fundamentar um despedimento se virem uma redu\u00e7\u00e3o de trabalho, durante um semestre, ou uma redu\u00e7\u00e3o significativa no n\u00famero de encomendas durante, pelo menos, quatro trimestres. Ainda assim, Fran\u00e7a n\u00e3o ar\u00e1 a ser o caso mais problem\u00e1tico na UE. No Reino Unido, por exemplo, um funcion\u00e1rio pode ser despedido sem causa justificada se estiver na empresa h\u00e1 menos de 2 anos. Em Portugal n\u00e3o s\u00e3o permitidos despedimentos sem justa causa, ainda que em termos pr\u00e1ticos, isso seja sempre relativo. Na Alemanha, a lei contempla o despedimento por causas econ\u00f3micas desfavor\u00e1veis ainda que a empresa esteja obrigada a realizar uma sele\u00e7\u00e3o dos trabalhadores a despedir tendo em considera\u00e7\u00e3o a sua situa\u00e7\u00e3o social e familiar. Normalmente, os jovens acabam por ser os mais afetados. Os Empregadores Podem Diminuir os Sal\u00e1rios? Este \u00e9 um dos aspetos da reforma laboral sa que provoca maior indigna\u00e7\u00e3o. Segundo o projeto de lei, a empresa poder\u00e1 modificar um contrato de trabalho, com o acordo do trabalhador, mas sem alterar o seu sal\u00e1rio. Ou seja, um empregado pode trabalhar mais sem ver aumentado o sal\u00e1rio. Para al\u00e9m disso, os sindicatos frisam que o facto de estipular a import\u00e2ncia do \u201cacordo do trabalhador\u201d nada impede que se fa\u00e7a press\u00e3o para que o mesmo aceite a vontade do empregador. Estas disposi\u00e7\u00f5es, previstas na reforma laboral, p\u00f5em em perigo o Sal\u00e1rio M\u00ednimo Nacional, de 1.466,62 euros mensais brutos. Pa\u00edses como a Bulg\u00e1ria t\u00eam um sal\u00e1rio m\u00ednimo de 200 euros brutos mensais, Portugal n\u00e3o vai al\u00e9m dos 530. Ainda assim, \u00e9 preciso ter em considera\u00e7\u00e3o as diferen\u00e7as no custo de vida, em cada um destes pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia. Que fazem toda a diferen\u00e7a. As indemniza\u00e7\u00f5es por despedimento injustificado diminuir\u00e3o? O projeto de reforma do C\u00f3digo do Trabalho prev\u00ea limita\u00e7\u00f5es para as indemniza\u00e7\u00f5es em caso de despedimento injustificado, ou seja 15 meses de sal\u00e1rio. O objetivo, segundo o Governo franc\u00eas, \u00e9 evitar que algumas empresas deixem de contratar por temerem ter de desembolsar grandes somas no caso dos trabalhadores despedidos recorrerem aos tribunais. Mas esta limita\u00e7\u00e3o n\u00e3o dever\u00e1 afetar a maioria dos trabalhadores despedidos j\u00e1 que, em m\u00e9dia, as indemniza\u00e7\u00f5es n\u00e3o atingem estes valores.", "dateCreated": "2016-03-09T10:51:37+01:00", "dateModified": "2016-03-09T10:51:37+01:00", "datePublished": "2016-03-09T10:51:37+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F325977%2F1440x810_325977.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Enquanto Portugal se prepara para repor as 35 horas de trabalho semanal para a fun\u00e7\u00e3o-p\u00fablica, os ses preparam-se para flexibilizar o n\u00famero de", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F325977%2F432x243_325977.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
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Reforma do Trabalho: França em tumulto

Reforma do Trabalho: França em tumulto
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Enquanto Portugal se prepara para repor as 35 horas de trabalho semanal para a função-pública, os ses preparam-se para flexibilizar o número de

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Enquanto Portugal se prepara para repor as 35 horas de trabalho semanal para a função-pública, os ses preparam-se para flexibilizar o número de horas semanais permitidas e, entre outras coisas, limitar, de alguma forma, o poder sindical. O executivo fala “numa nova forma de proteger os ativos” mas o ponto de vista governamental não é, de todo, partilhado por uma boa parte dos ses, há mesmo quem lhe chame “um erro histórico” e a situação promete transformar-se numa quase “batalha campal” entre executivo e sindicatos. Para muitos gauleses o projeto de lei de reforma do Direito do Trabalho, anunciado pela ministra Myriam El Khomri, no cargo desde setembro do ano ado, vai aumentar o número de horas de trabalho, em termos práticos, sem compensação financeira e vai facilitar os despedimentos. Um código de trabalho que deixa de proteger os trabalhadores a favor do patronato, dizem.

A Lei sa do Trabalho antes da reforma

O Código do Trabalho francês prevê, desde 1997, 35 horas de trabalho semanais. Os trabalhadores, chamemos-lhes normais, ou seja, que não ocupem cargos que em Portugal têm isenção de horário, podem trabalhar um máximo de 10 horas por dia (as oito legais e duas extraordinárias). O número de horas de trabalho semanais, horas extraordinárias incluídas, não pode ultraar as 48. Em circunstâncias excecionais pode ir até às 60 horas. Ao nível executivo não há limite de horas de trabalho mas a lei prevê compensações como a RTT, redução do tempo de trabalho.

O número de horas de trabalho por semana, em média, para um período de 12 semanas consecutivas, é de 44. Pode chegar às 46 horas, no máximo, se previsto no contrato de trabalho, ou mais de 46 horas em circunstâncias excecionais e com o acordo da Inspeção Geral do Trabalho.

O que muda com a Reforma

O projeto de lei sobre a reforma do Código do Trabalho, que será debatido em Conselho de Ministros extraordinário a 24 de março, não altera a duração legal de 35 horas de trabalho semanal mas torna-a mais flexível. Continua a ser possível trabalhar 48 horas (60, excecionalmente) em uma semana e apenas 10 na semana seguinte. A chave é que o tempo médio de trabalho, ao longo de três meses, seja de 37,5 horas por semana.

Se em França esta reforma está a causar polémica noutros países, como o Reino Unido, onde o número de horas de trabalho é já, na prática, flexível, a questão parece consensual. Na verdade, França é um caso particular na questão do Direito laboral. Na Alemanha, por exemplo, não há um limite de horas semanais de trabalho e na Polónia, o oposto nesta matéria, em relação a França, pode trabalhar-se até treze horas por dia, em caso de acordo entre empregador e empregado.

Em comparação com outros países da União Europeia, França é, talvez, aquele que mais protege os trabalhadores, também pelo peso dos sindicatos. É também daqueles onde se trabalha menos horas por semana, em média, ainda assim superado por outros como a Noruega, segundo dados de 2014 do EUROSTAT.

O fim das 11 horas de Descanso Consecutivas

Em França é obrigatório cumprir um período de descanso de 11 horas consecutivas entre cada dia de trabalho. O projeto de lei do Ministério do Trabalho autoriza os quadros e funcionários, remunerados ao dia, e se aprovado pelo empregador, a repartirem o tempo de trabalho. Esta prática não vai contra a diretiva europeia, relativa às horas de trabalho, e que impõe um descanso de 11 horas, já que a mesma não especifica se elas devem ser consecutivas ou não. Os trabalhadores alemães, britânicos e polacos têm direito a um tempo de repouso semelhante ao dos ses. Espanha, por sua vez, impõe um dia e meio de descanso consecutivo por semana e os suecos são convidados a ficar em casa entre a meia-noite e as cinco horas da manhã. Em Portugal os trabalhadores têm direito a um período mínimo de descanso de 11 horas seguidas entre dois períodos diários de trabalho consecutivos. Há, naturalmente, exceções à regra, como é o caso de trabalhadores que ocupem cargos de istração, direção ou com poder de decisão autónomo que estejam isentos de horário de trabalho, quando os períodos normais de trabalho forem fracionados ao longo do dia, de acordo com as características da sua atividade, etc.

Horas de Trabalho Extraordinárias

Muitas empresas, em França, pagam 25% nas primeiras 8 horas suplementares e 50% nas seguintes. Estas são as taxas fixadas por lei. No entanto, é possível fixar, por acordo, a taxa em 20%, por exemplo, para todas as empresas do mesmo setor. A única restrição é que não pode ficar abaixo do limite mínimo de 10%, previsto por lei. Este é o caso dos trabalhadores da área da restauração.

O projeto de lei não não altera as taxas mas permite às empresas definirem a sua própria majoração às taxas relativas ao trabalho suplementar, por simples acordo, mesmo sem que haja um acordo para o setor. Os funcionários ficam, portanto, menos protegidos contra um possível corte da taxa, ainda que os 10% estejam garantidos. Um luxo comparado à maioria dos países europeus, principalmente porque a UE não estabelece nenhuma obrigação sobre esta matéria.

Em Portugal as horas extraordinárias são autorizadas quando pontuais, ou seja, quando a empresa se depara com um aumento pontual de trabalho que não justifique um reforço dos recursos humanos, por motivos de força maior ou para prevenir ou reparar prejuízos graves. O número de horas extraordinárias permitidas por lei é de 150 ou 175 horas, anuais, para empresas com mais ou menos de 50 funcionários. Os limites anuais podem ser ultraados apenas em casos de força maior e sem que o trabalho semanal ultrae as 48 horas.

Será mais fácil despedir por motivos económicos?

Até agora, em França, o despedimento por motivos económicos não estava, particularmente, regulado. Com este projeto de lei os empresários ses poderão fundamentar um despedimento se virem uma redução de trabalho, durante um semestre, ou uma redução significativa no número de encomendas durante, pelo menos, quatro trimestres.

Ainda assim, França não ará a ser o caso mais problemático na UE. No Reino Unido, por exemplo, um funcionário pode ser despedido sem causa justificada se estiver na empresa há menos de 2 anos. Em Portugal não são permitidos despedimentos sem justa causa, ainda que em termos práticos, isso seja sempre relativo. Na Alemanha, a lei contempla o despedimento por causas económicas desfavoráveis ainda que a empresa esteja obrigada a realizar uma seleção dos trabalhadores a despedir tendo em consideração a sua situação social e familiar. Normalmente, os jovens acabam por ser os mais afetados.

Os Empregadores Podem Diminuir os Salários?

Este é um dos aspetos da reforma laboral sa que provoca maior indignação. Segundo o projeto de lei, a empresa poderá modificar um contrato de trabalho, com o acordo do trabalhador, mas sem alterar o seu salário. Ou seja, um empregado pode trabalhar mais sem ver aumentado o salário. Para além disso, os sindicatos frisam que o facto de estipular a importância do “acordo do trabalhador” nada impede que se faça pressão para que o mesmo aceite a vontade do empregador.

Estas disposições, previstas na reforma laboral, põem em perigo o Salário Mínimo Nacional, de 1.466,62 euros mensais brutos. Países como a Bulgária têm um salário mínimo de 200 euros brutos mensais, Portugal não vai além dos 530. Ainda assim, é preciso ter em consideração as diferenças no custo de vida, em cada um destes países da União Europeia. Que fazem toda a diferença.

As indemnizações por despedimento injustificado diminuirão?

O projeto de reforma do Código do Trabalho prevê limitações para as indemnizações em caso de despedimento injustificado, ou seja 15 meses de salário. O objetivo, segundo o Governo francês, é evitar que algumas empresas deixem de contratar por temerem ter de desembolsar grandes somas no caso dos trabalhadores despedidos recorrerem aos tribunais. Mas esta limitação não deverá afetar a maioria dos trabalhadores despedidos já que, em média, as indemnizações não atingem estes valores.

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