{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/01/23/se-o-espaco-schengen-nao-sobreviver-sendo-um-dos-principais-pilares-da-europa" }, "headline": "Primeiro-ministro da Su\u00e9cia: \u0022Se o espa\u00e7o Schengen n\u00e3o sobreviver vai ser devastador\u0022", "description": "Considerada em tempos um para\u00edso humanit\u00e1rio, a Su\u00e9cia aceitou mais refugiados por habitante do que qualquer outro pa\u00eds da Uni\u00e3o Europeia. Mas, hoje", "articleBody": "Considerada em tempos um para\u00edso humanit\u00e1rio, a Su\u00e9cia aceitou mais refugiados por habitante do que qualquer outro pa\u00eds da Uni\u00e3o Europeia. Mas, hoje, assume n\u00e3o ter alternativa sen\u00e3o endurecer a sua posi\u00e7\u00e3o. A Su\u00e9cia \u00e9 o pa\u00eds com mais partidos anti-imigra\u00e7\u00e3o em toda a Europa. A pol\u00edtica de portas abertas aos imigrantes come\u00e7a a ruir neste pa\u00eds. Para analisar este assunto a euronews entrevistou o primeiro-ministro sueco, Stefan L\u00f6fven. Euronews: Em dezembro de 2015, h\u00e1 relativamente pouco tempo, o primeiro-ministro afirmou, e o a citar: \u201cA minha Europa acolhe pessoas que fogem da guerra, a minha Europa n\u00e3o constr\u00f3i muros\u201d. Estes crit\u00e9rios morais parecem ter mudado para a Europa, mas tamb\u00e9m para o pa\u00eds que governa. Olhando para tr\u00e1s, arrepende-se de alguma ingenuidade quando proferiu estas palavras? Stefan L\u00f6fven: N\u00e3o, note que eu disse \u201ca minha Europa\u201d porque estou convencido que isto \u00e9 uma quest\u00e3o que deve ser analisada por todos os pa\u00edses que integram a Uni\u00e3o Europeia. Somos 28 estados membros com mais de 500 milh\u00f5es de habitantes. Se tivessemos agido juntos poder\u00edamos ter obtido melhores resultados. Mas a realidade \u00e9 que poucos pa\u00edses tomaram essa grande responsabilidade. A Su\u00e9cia foi o pa\u00eds que recebeu mais refugiados por habitante. A nossa parte foi cumprida. Por\u00e9m, a aflu\u00eancia dram\u00e1tica de refugiados fez-nos perceber que n\u00e3o conseguir\u00edamos receber todos, dar-lhes abrigo, um tecto que os proteja. Esta quest\u00e3o tamb\u00e9m afeta o sistemas educativo e outras dimens\u00f5es do sistema. Euronews: O resultado tem sido grave na Su\u00e9cia e noutros pa\u00edses europeus, com o controlo de fronteiras a ser refor\u00e7ado, veda\u00e7\u00f5es a serem constru\u00eddas e muros a serem levantados. Acredita que estas medidas v\u00e3o travar a chegada de refugiados e migrantes? Stefan L\u00f6fven: Esse \u00e9 o resultado porque n\u00e3o estamos a resolver o problema em conjunto, os 28 estados membros. Devemos levar o debate a n\u00edvel europeu. Sinceramente, este assunto pode ser resolvido se trabalharmos em conjunto. Euronews: Esta \u00e9 uma situa\u00e7\u00e3o grave, n\u00e3o vemos uma Europa unida capaz de combater este problema. Qual \u00e9 ent\u00e3o o plano B? Stefan L\u00f6fven: O plano B \u00e9 um novo sistema. Tamb\u00e9m \u00e9 importante colocar em discuss\u00e3o o prop\u00f3sito do futuro sistema. Por exemplo, um refugiado que chega \u00e0 Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o pode escolher o pa\u00eds onde quer viver. Os pa\u00edses devem ter uma responsabilidade partilhada. Euronews: Portanto,apoia a adop\u00e7\u00e3o de quotas obrigat\u00f3rias no acolhimento de refugiados. Stefan L\u00f6fven: Em certa medida, para partilhar a responsabilidade de receber refugiados. A t\u00e9cnica \u2013 podemos discutir as formas \u2013 est\u00e1 dispon\u00edvel para discuss\u00e3o. Euronews: Pedimos aos seguidores da euronews no online para enviarem quest\u00f5es sobre o tema desta entrevista. Recebemos uma pergunta de Lucas Broz: \u201cArrepende-se de ter acolhido tantos refugiados? Que impacto est\u00e1 a ter na popula\u00e7\u00e3o sueca? Stefan L\u00f6fven: N\u00e3o me arrependo. Temos estas conven\u00e7\u00f5es, conven\u00e7\u00f5es internacionais, por algum motivo. Temos de trabalhar em tr\u00eas perspetivas. Temos de trabalhar para resolver o conflito na S\u00edria, e a Uni\u00e3o Europeia pode desempenhar um papel importante nesta quest\u00e3o complexa. Conheci o enviado da ONU para a S\u00edria, no caminho para aqui. Stefan de Mistura tem tido um trabalho muito dif\u00edcil e estamos a apoi\u00e1-lo para p\u00f4r fim ao conflito naquele pa\u00eds. Precisamos de apoiar a Turquia, a Jord\u00e1nia e o L\u00edbano porque est\u00e3o a fazer um trabalho tit\u00e2nico. Podemos ajudar estes pa\u00edses e evitar que as pessoas fujam para a Europa. \u00c9 importante haver uma perspetiva europeia melhor. E, por \u00faltimo, numa perspetiva nacional: n\u00e3o lamento ter acolhido os refugiados, mas precisamos de observar os factos e este aumento gritante de refugiados \u00e9 preocupante. Se fizermos um c\u00e1lculo anual, chegaram \u00e0 Su\u00e9cia 500 000 refugiados. O ritmo manteve-se em outubro, novembro e, por isso, tivemos de\u2026 Euronews: O que me leva \u00e0 segunda parte da quest\u00e3o. Que ambiente se vive na Su\u00e9cia neste momento? A popula\u00e7\u00e3o est\u00e1 cansada, h\u00e1 um sentimento de satura\u00e7\u00e3o, de que os recursos s\u00e3o poucos\u2026 Stefan L\u00f6fven: As rea\u00e7\u00f5es s\u00e3o variadas. Por um lado, temos um esp\u00edrito bastante solid\u00e1rio. H\u00e1 pessoas a fazer um trabalho fant\u00e1stico. A nossa sociedade est\u00e1 a fazer um trabalho formid\u00e1vel. Eu pr\u00f3prio constatei. Por outro, h\u00e1 pessoas preocupadas e devemos refletir sobre essa inquieta\u00e7\u00e3o.Tamb\u00e9m depende de que parte do pa\u00eds estamos a falar. Algumas comunidades receberam muitos refugiados e entendem o impacto. Outras n\u00e3o acolheram praticamente ningu\u00e9m e vivem uma realidade diferente. \u00c9 um quadro de contrastes. Mas o governo tem de aceitar a responsabilidade e tomar as decis\u00f5es necess\u00e1rias para o bom funcionamento da sociedade. Euronews: Se considerarmos a quest\u00e3o a n\u00edvel europeu. A Alemanha, tal como a Su\u00e9cia, e em compara\u00e7\u00e3o com outros pa\u00edses europeus, tem sido excetional no acolhimento de refugiados. A chanceler alem\u00e3, Angela Merkel, tem recebido rea\u00e7\u00f5es amargas e o seu ind\u00edce de popularidade baixou na sequ\u00eancia dos ataques em Col\u00f3nia. Acredita que, a curto prazo, algum l\u00edder europeu vai ter coragem de dizer que o seu pa\u00eds est\u00e1 de portas abertas para acolher estas pessoas, v\u00edtimas de conflito e persecu\u00e7\u00e3o. Stefan L\u00f6fven: Mais uma vez n\u00e3o podemos falar de um pa\u00eds em concreto\u2026 Euronews: Ent\u00e3o quem deve assumir o comando. Quem acha capaz de assumir a lideran\u00e7a nesta quest\u00e3o? Stefan L\u00f6fven: Existe um di\u00e1logo entre a Alemanha, a Su\u00e9cia, a \u00c1ustria, a Holanda e a Finl\u00e2ndia porque, como referi anteriormente, precisamos de um novo sistema e de responsabilidade partilhada. A crise de refugiados n\u00e3o vai desaparecer. As pessoas continuam a fugir para salvar a vida e temos estas conven\u00e7\u00f5es internacionais que existem por algum motivo, que remontam \u00e0 Segunda Guerra Mundial e ao que aconteceu na altura. Portanto, \u00e9 imperativo encontrar uma forma de conseguirmos finalmente cooperar. Trata-se de responsabilidade partilhada. Se todos contribuirmos conseguiremos lidar com este problema. Euronews: Uma outra quest\u00e3o. A integra\u00e7\u00e3o \u00e9 um assunto \u00f3bvio e com grande destaque, sobretudo, depois dos ataques em Col\u00f3nia, Andre Flames pergunta : \u201cQue medidas v\u00e3o ser adoptadas nos pr\u00f3ximos cinco anos de forma a integrar os refugiados da S\u00edria e do Iraque no pa\u00eds de acolhimento?\u201d Falamos de uma integra\u00e7\u00e3o r\u00e1pida, certo? Face \u00e0 chegada massiva de refugiados como v\u00e3o garantir que a integra\u00e7\u00e3o funciona? Stefan L\u00f6fven: Os refugiados e os suecos t\u00eam as mesmas necessidades b\u00e1sicas. Precisam de uma casa, de um lar, de um trabalho se for um adulto, de educa\u00e7\u00e3o se for um jovem. Mas, claro, \u00e9 preciso um esfor\u00e7o particular para perceber como podemos ajudar estas pessoas que v\u00eam de outro pa\u00eds e dar-lhes uma boa vida na Su\u00e9cia. Com esse intuito, organizamos forma\u00e7\u00f5es para que as pessoas que procuram asilo aprendam a l\u00edngua sueca. Temos um acordo com parceiros sociais sobre o que chamamos um curso r\u00e1pido.Alguns dos refugiados t\u00eam compet\u00eancias que procuramos no pa\u00eds. Por exemplo, mec\u00e2nico. Os parceiros sociais procuram integrar rapidamente estas pessoas no mundo do trabalho, combinar as forma\u00e7\u00f5es de trabalho e de l\u00edngua e tudo o que for preciso. Os procedimentos istrativos devem ser r\u00e1pidos e adequados \u00e0s compet\u00eancias de cada pessoa. Euronews: Portanto, integrar os refugiados na sociedade assim que poss\u00edvel. Stefan L\u00f6fven: O processo deve ser o mais r\u00e1pido poss\u00edvel porque n\u00e3o temos sido suficientemente c\u00e9leres. Isto aplica-se ao anterior e ao atual governo\u2026 Euronews: E no que respeita a valores culturais, sei que a Su\u00e9cia \u00e9 muito progressista na quest\u00e3o do g\u00e9nero. O pa\u00eds est\u00e1 em quarto lugar no ranking mundial de igualdade de g\u00e9nero do F\u00f3rum Econ\u00f3mico Mundial. Como transmite esses valores que v\u00e3o al\u00e9m da integra\u00e7\u00e3o no mercado de trabalho? \u00c9 um assunto muito enraizado e todos sabemos que os refugiados que chegam \u00e0 Europa s\u00e3o jovens com valores culturais muito diferentes. Stefan L\u00f6fven: Distingo duas perspetivas importantes. Por um lado importa defender os valores em que realmente acreditamos. A igualdade de g\u00e9nero, a igualdade em termos gerais, a democracia e todos os princ\u00edpios b\u00e1sicos que devemos defender. Por outro lado, n\u00e3o se trata de pessoas de outras culturas com cren\u00e7as religiosas diferentes, ou sem qualquer religi\u00e3o, pensarem de forma diferente. N\u00e3o quero participar em nenhuma discuss\u00e3o que afirme que quando quem vem de outra cultura n\u00e3o se partilha esses valores. Julgo que seria uma discuss\u00e3o perigosa dentro do nosso pa\u00eds. Seriam criadas tens\u00f5es indesejadas. Euronews: Poderia ter de encarar uma esp\u00e9cie de dilema moral como o da chanceler Merkel. O que far\u00e1 se forem cometidos atos ilegais que v\u00e3o contra os valores morais do seu pa\u00eds, que s\u00e3o basicamente atos criminosos? O que far\u00e1 a essas pessoas? N\u00e3o as pode enviar para a S\u00edria, pode? Stefan L\u00f6fven: O problema \u00e9 esse mesmo. S\u00e3o atos criminosos. Tivemos casos de ass\u00e9dio sexual durante muito anos. Infelizmente, as mulheres suecas t\u00eam sido v\u00edtimas durante muito tempo. N\u00e3o \u00e9 um problema novo com os refugiados. N\u00e3o se trata de um novo fen\u00f3meno. Euronews: A Alemanha, a imprensa alem\u00e3, o governo alem\u00e3o foram criticados por tentarem esconder o esc\u00e2ndalo em Col\u00f3nia: os ataques que ocorreram na noite da agem de ano. A Su\u00e9cia enfrentou algo parecido em 2012. Face ao aumento de for\u00e7a da extrema direita, acredita que a Alemanha agiu da melhor forma ao tentar encobrir o que se ou? Stefan L\u00f6fven: N\u00e3o posso comentar o que est\u00e1 certo ou errado na Alemanha. N\u00e3o conhe\u00e7o as condi\u00e7\u00f5es. Mas posso dizer que na Su\u00e9cia est\u00e1 errado esconder factos. \u00c9 necess\u00e1rio dizer a verdade. Isto aconteceu. Euronews: Quantas pessoas gostaria de receber por ano? Stefan L\u00f6fven: Esta quest\u00e3o j\u00e1 me foi colocada v\u00e1rias vezes. N\u00e3o existe um n\u00famero exato. Mas se observarmos o aumento dr\u00e1stico de refugiados este outono, \u00e9 um problema acompanhar todos menores que chegam sem pais, por exemplo. Precisam de um cuidado especial. Foi uma situa\u00e7\u00e3o insustent\u00e1vel para estes jovens. Criamos quase uma centena de novas classes nas escolas todas as semanas. Houve muita tens\u00e3o no sistema escolar que estava sob uma enorme press\u00e3o. Por esse motivo, o governo tomou a decis\u00e3o de reduzir o n\u00famero de pessoas que podem beneficiar de asilo na Su\u00e9cia, porque o sistema social n\u00e3o foi capaz de fazer frente a este problema. Euronews: Outro efeito colateral desta crise \u00e9 o aumento da extrema-direita em toda a Europa. A Su\u00e9cia tem um dos maiores partidos anti-imigra\u00e7\u00e3o na Europa. Teremos de aceitar agora a extrema direita como parte integrante do sistema pol\u00edtico europeu e trabalhar com estes partidos? Stefan L\u00f6fven: Em primeiro lugar, \u00e9 preciso perceber por que t\u00eam tido tanto sucesso, por que \u00e9 que estes movimentos t\u00eam prosperado. Fui sindicalista durante muitos anos. Estou convencido de que o principal motivo \u00e9 o medo. As pessoas est\u00e3o preocupadas com o futuro. Numa altura em que se v\u00ea um mercado de trabalho muito inseguro, as pessoas questionam-se se v\u00e3o continuar a ter trabalho na semana seguinte. Que impacto ter\u00e1 na economia. Tivemos um per\u00edodo desafortunado de oito anos em que o nosso sistema social diminuia, diminuia a seguran\u00e7a\u2026 Tudo isto criou espa\u00e7o para solu\u00e7\u00f5es simplistas como: se os refugiados e migrantes n\u00e3o estivessem c\u00e1 a situa\u00e7\u00e3o do pa\u00eds estaria melhor, o que n\u00e3o \u00e9 verdade. O nosso foco neste momento, \u00e9 proporcionar trabalho \u00e0s pessoas. \u00c9 importante para os indiv\u00edduos, mas tamb\u00e9m para a sociedade. \u00c9 igualmente importante assegurar que as pessoas sem trabalho s\u00e3o apoiadas, erecebem mais forma\u00e7\u00e3o de modo a encontrarem um novo emprego. Euronews: A crise dos refugiados afeta diferentes partes da sociedade. Tamb\u00e9m na Europa o tema de Schengen tem sido um problema massivo. Quais s\u00e3o os riscos que Schengen est\u00e1 a criar na seguran\u00e7a europeia? Teremos de reavaliar o espa\u00e7o Schengen? Stefan L\u00f6fven: N\u00e3o. Precisamos de ter a certeza de que controlamos as fronteiras, caso contr\u00e1rio Schengen est\u00e1 amea\u00e7ado. Euronews: Se olharmos para as fronteiras exteriores acha que as conseguimos controlar? Stefan L\u00f6fven: Estou confiante que sim. Podemos combinar esfor\u00e7os, muito mais do que fazemos hoje. Por isso, sim, acredito que podemos controlar as fronteiras. Euronews: O Presidente da Comiss\u00e3o Europeia, Jean-Claude Juncker, fez soar o alarme e disse recentemente que sem Schengen a Europa n\u00e3o faz sentido. V\u00e1rias pessoas dizem que Schengen j\u00e1 est\u00e1 morto. Se Schengen se desintegra, acha que a Europa corre o mesmo risco? Stefan L\u00f6fven: Ser\u00e1 uma perda enorme. Se o espa\u00e7o Schengen n\u00e3o sobreviver, sendo um dos pilares principais da Europa, vai ser devastador para os neg\u00f3cios e para qualquer indiv\u00edduo. Euronews: Tendo em conta a situa\u00e7\u00e3o atual, acredita que Schengen pode continuar a existir? Stefan L\u00f6fven: Tenho a certeza de que todos os pa\u00edses precisam de Schengen. Julgo que todos conseguem ver a gravidade da situa\u00e7\u00e3o se Schengen n\u00e3o sobreviver. Temos consci\u00eancia das consequ\u00eancias, do que pode acontecer \u00e0 Uni\u00e3o Europeia. Perder\u00edamos tudo o que foi constru\u00eddo ao longo destes anos. Euronews: Os pa\u00edses t\u00eam reagido de forma muito diferente \u00e0 crise dos refugiados. A Gr\u00e3-Bretanha det\u00e9m um referendo que foi largamente inspirado e provocado por preocupa\u00e7\u00f5es sobre a imigra\u00e7\u00e3o, entre outras. H\u00e1 um grande est\u00edmulo contra a integra\u00e7\u00e3o europeia. Que impacto teria se a Gr\u00e3-Bretanha sa\u00edsse da Uni\u00e3o Europeia? Stefan L\u00f6fven: A Su\u00e9cia deixou claro que \u00e9 importante que a Gr\u00e3-Bretanha continue na Uni\u00e3o Europeia. Seria uma perda enorme a Gr\u00e3-Bretanha sair, mas tamb\u00e9m seria mau para a Europa, pois \u00e9 um membro importante da Uni\u00e3o Europeia. Euronews: Muitos dizem que a sa\u00edda da Gr\u00e3-Bretanha poderia ser o come\u00e7o de um efeito domin\u00f3. Stefan L\u00f6fven: \u00c9 dif\u00edcil dizer. Mas n\u00e3o seria um bom sinal um pa\u00eds sair, parece claro. Espero, por isso, que consigamos negociar um acordo equilibrado entre as reivindica\u00e7\u00f5es da Gr\u00e3-Bretanha por um lado e os princ\u00edpios fundamentais da Uni\u00e3o Europeia por outro. Euronews: Em termos pessoais, a sua hist\u00f3ria de vida poderia ser vista como um sonho sueco, equivalente ao sonho americano. Cresceu numa fam\u00edlia de acolhimento e hoje \u00e9 primeiro-ministro. Sonhos desses ainda s\u00e3o poss\u00edveis na Su\u00e9cia? Stefan L\u00f6fven: Espero que sim. Queremos um sistema de igualdade social. Liberdade para toda a gente que vive numa sociedade baseada na solidariedade. Quando se sabe que todas as crian\u00e7as t\u00eam uma boa educa\u00e7\u00e3o, o direito a uma boa educa\u00e7\u00e3o, que t\u00eam a possibilidade de se tornarem indiv\u00edduos fortes quando adultos, que beneficiam de um sistema social, um trabalho, uma casa e de todos os bens b\u00e1sicos\u2026 um sistema de sa\u00fade para todas as pessoas\u2026Se h\u00e1 tudo isso, ent\u00e3o h\u00e1 uma forte rela\u00e7\u00e3o entre as pessoas. Estou convencido disso. Todos devem ser capazes de viver os seus sonhos e acredito que construir uma sociedade forte com seguran\u00e7a e prote\u00e7\u00e3o trar\u00e1 esperan\u00e7a a um n\u00famero cada vez maior de pessoas que crescem num meio pobre ou cujos pais n\u00e3o receberam uma boa educa\u00e7\u00e3o. Dar a essas pessoas a oportunidade de desenvolver compet\u00eancias e realizar os seus sonhos. Euronews: Finalmente, uma \u00faltima quest\u00e3o. Hazel Michelle Chandra pergunta: \u201cQual \u00e9 o segredo para um pa\u00eds ter sucesso?\u201d Stefan L\u00f6fven: Um ponto importante \u00e9 assegurar que a sociedade \u00e9 constru\u00edda para todos. \u00c9 uma sociedade inclusiva onde qualquer pessoa pode sentir que \u00e9 livre, sentir seguran\u00e7a, sentir que tem um futuro. A possibilidade de um futuro brilhante. Que pode exclamar: depende de mim. Tenho de fazer a minha parte. Sei que tenho essa possibilidade.", "dateCreated": "2016-01-23T20:30:13+01:00", "dateModified": "2016-01-23T20:30:13+01:00", "datePublished": "2016-01-23T20:30:13+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F322063%2F1440x810_322063.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Considerada em tempos um para\u00edso humanit\u00e1rio, a Su\u00e9cia aceitou mais refugiados por habitante do que qualquer outro pa\u00eds da Uni\u00e3o Europeia. 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Primeiro-ministro da Suécia: "Se o espaço Schengen não sobreviver vai ser devastador"

Primeiro-ministro da Suécia: "Se o espaço Schengen não sobreviver vai ser devastador"
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Considerada em tempos um paraíso humanitário, a Suécia aceitou mais refugiados por habitante do que qualquer outro país da União Europeia. Mas, hoje

Considerada em tempos um paraíso humanitário, a Suécia aceitou mais refugiados por habitante do que qualquer outro país da União Europeia. Mas, hoje, assume não ter alternativa senão endurecer a sua posição. A Suécia é o país com mais partidos anti-imigração em toda a Europa. A política de portas abertas aos imigrantes começa a ruir neste país. Para analisar este assunto a euronews entrevistou o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven.

Euronews: Em dezembro de 2015, há relativamente pouco tempo, o primeiro-ministro afirmou, e o a citar: “A minha Europa acolhe pessoas que fogem da guerra, a minha Europa não constrói muros”. Estes critérios morais parecem ter mudado para a Europa, mas também para o país que governa. Olhando para trás, arrepende-se de alguma ingenuidade quando proferiu estas palavras?

Stefan Löfven: Não, note que eu disse “a minha Europa” porque estou convencido que isto é uma questão que deve ser analisada por todos os países que integram a União Europeia. Somos 28 estados membros com mais de 500 milhões de habitantes. Se tivessemos agido juntos poderíamos ter obtido melhores resultados. Mas a realidade é que poucos países tomaram essa grande responsabilidade. A Suécia foi o país que recebeu mais refugiados por habitante. A nossa parte foi cumprida. Porém, a afluência dramática de refugiados fez-nos perceber que não conseguiríamos receber todos, dar-lhes abrigo, um tecto que os proteja. Esta questão também afeta o sistemas educativo e outras dimensões do sistema.

Euronews: O resultado tem sido grave na Suécia e noutros países europeus, com o controlo de fronteiras a ser reforçado, vedações a serem construídas e muros a serem levantados. Acredita que estas medidas vão travar a chegada de refugiados e migrantes?

Stefan Löfven: Esse é o resultado porque não estamos a resolver o problema em conjunto, os 28 estados membros. Devemos levar o debate a nível europeu. Sinceramente, este assunto pode ser resolvido se trabalharmos em conjunto.

Euronews: Esta é uma situação grave, não vemos uma Europa unida capaz de combater este problema. Qual é então o plano B?

Stefan Löfven: O plano B é um novo sistema. Também é importante colocar em discussão o propósito do futuro sistema. Por exemplo, um refugiado que chega à União Europeia não pode escolher o país onde quer viver. Os países devem ter uma responsabilidade partilhada.

Euronews: Portanto,apoia a adopção de quotas obrigatórias no acolhimento de refugiados.

Stefan Löfven: Em certa medida, para partilhar a responsabilidade de receber refugiados. A técnica – podemos discutir as formas – está disponível para discussão.

Euronews: Pedimos aos seguidores da euronews no online para enviarem questões sobre o tema desta entrevista. Recebemos uma pergunta de Lucas Broz: “Arrepende-se de ter acolhido tantos refugiados? Que impacto está a ter na população sueca?

Stefan Löfven: Não me arrependo. Temos estas convenções, convenções internacionais, por algum motivo. Temos de trabalhar em três perspetivas. Temos de trabalhar para resolver o conflito na Síria, e a União Europeia pode desempenhar um papel importante nesta questão complexa. Conheci o enviado da ONU para a Síria, no caminho para aqui. Stefan de Mistura tem tido um trabalho muito difícil e estamos a apoiá-lo para pôr fim ao conflito naquele país. Precisamos de apoiar a Turquia, a Jordánia e o Líbano porque estão a fazer um trabalho titânico. Podemos ajudar estes países e evitar que as pessoas fujam para a Europa. É importante haver uma perspetiva europeia melhor.
E, por último, numa perspetiva nacional: não lamento ter acolhido os refugiados, mas precisamos de observar os factos e este aumento gritante de refugiados é preocupante. Se fizermos um cálculo anual, chegaram à Suécia 500 000 refugiados. O ritmo manteve-se em outubro, novembro e, por isso, tivemos de…

Euronews: O que me leva à segunda parte da questão. Que ambiente se vive na Suécia neste momento? A população está cansada, há um sentimento de saturação, de que os recursos são poucos…

Stefan Löfven: As reações são variadas. Por um lado, temos um espírito bastante solidário. Há pessoas a fazer um trabalho fantástico. A nossa sociedade está a fazer um trabalho formidável. Eu próprio constatei. Por outro, há pessoas preocupadas e devemos refletir sobre essa inquietação.Também depende de que parte do país estamos a falar. Algumas comunidades receberam muitos refugiados e entendem o impacto. Outras não acolheram praticamente ninguém e vivem uma realidade diferente. É um quadro de contrastes. Mas o governo tem de aceitar a responsabilidade e tomar as decisões necessárias para o bom funcionamento da sociedade.

Euronews: Se considerarmos a questão a nível europeu. A Alemanha, tal como a Suécia, e em comparação com outros países europeus, tem sido excetional no acolhimento de refugiados. A chanceler alemã, Angela Merkel, tem recebido reações amargas e o seu indíce de popularidade baixou na sequência dos ataques em Colónia. Acredita que, a curto prazo, algum líder europeu vai ter coragem de dizer que o seu país está de portas abertas para acolher estas pessoas, vítimas de conflito e persecução.

Stefan Löfven: Mais uma vez não podemos falar de um país em concreto…

Euronews: Então quem deve assumir o comando. Quem acha capaz de assumir a liderança nesta questão?

Stefan Löfven: Existe um diálogo entre a Alemanha, a Suécia, a Áustria, a Holanda e a Finlândia porque, como referi anteriormente, precisamos de um novo sistema e de responsabilidade partilhada. A crise de refugiados não vai desaparecer. As pessoas continuam a fugir para salvar a vida e temos estas convenções internacionais que existem por algum motivo, que remontam à Segunda Guerra Mundial e ao que aconteceu na altura. Portanto, é imperativo encontrar uma forma de conseguirmos finalmente cooperar. Trata-se de responsabilidade partilhada. Se todos contribuirmos conseguiremos lidar com este problema.

Euronews: Uma outra questão. A integração é um assunto óbvio e com grande destaque, sobretudo, depois dos ataques em Colónia, Andre Flames pergunta : “Que medidas vão ser adoptadas nos próximos cinco anos de forma a integrar os refugiados da Síria e do Iraque no país de acolhimento"> Notícias relacionadas

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