{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2015/10/21/os-desafios-do-nepal-seis-meses-depois-do-forte-sismo" }, "headline": "Os desafios do Nepal seis meses depois do forte sismo", "description": "A situa\u00e7\u00e3o mant\u00e9m-se cr\u00edtica no Nepal, seis meses ap\u00f3s o forte sismo. O terramoto de 25 de abril, com 7,8 graus na escala de Richter, fez quase 9", "articleBody": "A situa\u00e7\u00e3o mant\u00e9m-se cr\u00edtica no Nepal, seis meses ap\u00f3s o forte sismo. O terramoto de 25 de abril, com 7,8 graus na escala de Richter, fez quase 9 mil mortos. Milhares de pessoas continuam desalojadas. Segundo a ONU, as organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o-governamentais correm contra o tempo para levar a ajuda necess\u00e1ria \u00e0s zonas mais afetadas antes que as temperaturas sejam negativas. 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Os protestos multiplicam-se e pa\u00eds est\u00e1 paralisado h\u00e1 meses. Tarai, no sul, \u00e9 o principal centro industrial do Nepal e uma das regi\u00f5es contestat\u00e1rias. A situa\u00e7\u00e3o levou a \u00cdndia a cortar o abastecimento de combust\u00edveis ao Nepal, afetando o funcionamento das empresas da zona. O jornalista John Narayan Parajuli explica: \u201cOficialmente, a \u00cdndia evoca receios com a seguran\u00e7a dos motoristas devido aos protestos na parte nepalesa, mas a verdadeira raz\u00e3o \u00e9 que a \u00cdndia n\u00e3o est\u00e1 satisfeita porque a nova Constitui\u00e7\u00e3o n\u00e3o tem em conta as preocupa\u00e7\u00f5es da popula\u00e7\u00e3o madhesi, que vive no sul do Nepal\u201d. O corte no abastecimento provocou uma redu\u00e7\u00e3o dr\u00e1stica das reservas. As autoridades foram obrigadas a lan\u00e7ar um pedido internacional para o abastecimento de emerg\u00eancia. Situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia O Nepal corre contra o tempo, j\u00e1 que o transporte de combust\u00edveis ter\u00e1 de ser feito atrav\u00e9s dos Himalaias e a partir do final de outubro os riscos aumentam devido \u00e0s quedas de neve. Um fator que dificulta tamb\u00e9m o trabalho das organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o-governamentais, que procuram aumentar as pr\u00f3prias reservas de bens essenciais. Com a falta de combust\u00edveis, os pre\u00e7os de todos os bens est\u00e3o a subir, dificultando ainda mais a recupera\u00e7\u00e3o do pa\u00eds. O jornalista John Barayan Parajuli estima que haja 2,5 milh\u00f5es de pessoas desalojadas: \u201cAs pessoas vivem em tendas h\u00e1 seis meses. Sobreviveram \u00e0 mo\u00e7\u00e3o, mas no inverso ser\u00e1 mais dif\u00edcil, com temperaturas abaixo dos 10 graus negativos\u201d. O governo tinha previsto cinco anos para a recupera\u00e7\u00e3o, mas poucos acreditam que tal aconte\u00e7a. A crise econ\u00f3mica A instabilidade pol\u00edtica bloqueou a ajuda \u00e0 popula\u00e7\u00e3o e, mais uma vez, atingiu o turismo. Em 2013, o setor do turismo representou 3,9% do PIB do Nepal e era respons\u00e1vel por 504 mil empregos diretos, de acordo com o World Travel and Tourism Council, o f\u00f3rum de dirigentes de empresas do setor do turismo e viagens. \u201cO sismo foi uma trag\u00e9dia. Muitas das receitas do Nepal est\u00e3o ligadas ao turismo\u201d, refere David Jones, diretor de Exodus Himalaya Treks and Expeditions, empresa especializada em viagens no Nepal. A empresa quase n\u00e3o tem reservas. O empres\u00e1rio acrescenta: \u201cO Nepal ainda tem atra\u00e7\u00f5es tur\u00edsticas e a hospitalidade do seu povo \u00e9 famosa. Mas, em Kathmandu as pessoas ainda vivem em tendas e os turistas n\u00e3o querem ver isso\u201d. 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Os desafios do Nepal seis meses depois do forte sismo

Os desafios do Nepal seis meses depois do forte sismo
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A situação mantém-se crítica no Nepal, seis meses após o forte sismo. O terramoto de 25 de abril, com 7,8 graus na escala de Richter, fez quase 9

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A situação mantém-se crítica no Nepal, seis meses após o forte sismo.

O terramoto de 25 de abril, com 7,8 graus na escala de Richter, fez quase 9 mil mortos. Milhares de pessoas continuam desalojadas.

Segundo a ONU, as organizações não-governamentais correm contra o tempo para levar a ajuda necessária às zonas mais afetadas antes que as temperaturas sejam negativas.

John Narayan Parajuli, jornalista do Kathmandu Post, contou à euronews que “o país iniciou apenas a recuperação”: “A recuperação tem sido lenta. Na realidade, o governo tem sido incapaz de a iniciar. Transferiu apenas dinheiro para centros de acolhimento temporários, após o fim das operações de busca e salvamento”.

O jornalista de 33 anos acrescenta: “A ONU e ONG estão no terreno, na ausência de um organismo público que dirija a recuperação e reconstrução. Não há dirigentes.”.

O governo nepalês não conseguiu ainda aceder aos quase 4 mil milhões de euros de ajuda internacional, prometida em junho. O país ainda não criou a Autoridade Nacional de Reconstrução, que vai decidir onde gastar o dinheiro.

O Nepal, com um Produto Interno Bruto de 19 mil milhões de dólares, é um dos países mais pobres do mundo. A situação económica é catastrófica.

A associação patronal nepalesa estima que as perdas vão ascender a dez mil milhões de dólares este ano. Às consequências do sismo, juntaram-se os protestos políticos e o bloqueio no abastecimento de combustível por parte da Índia.

A crise política

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— Indiacom (@indiacom) 12 outubro 2015

Em finais de agosto, o Nepal aprovou a nova Constituição. A monarquia, com 240 anos de história., foi abolida em 2008, após a vitória eleitoral dos rebeldes maoistas, que durante décadas combateram as forças governamentais.

Mas a Magna Carta é contestada por várias comunidades minoritárias, que se opõem à divisão istrativa. Os protestos multiplicam-se e país está paralisado há meses.

Tarai, no sul, é o principal centro industrial do Nepal e uma das regiões contestatárias. A situação levou a Índia a cortar o abastecimento de combustíveis ao Nepal, afetando o funcionamento das empresas da zona.

O jornalista John Narayan Parajuli explica: “Oficialmente, a Índia evoca receios com a segurança dos motoristas devido aos protestos na parte nepalesa, mas a verdadeira razão é que a Índia não está satisfeita porque a nova Constituição não tem em conta as preocupações da população madhesi, que vive no sul do Nepal”.

O corte no abastecimento provocou uma redução drástica das reservas. As autoridades foram obrigadas a lançar um pedido internacional para o abastecimento de emergência.

Situação de emergência

O Nepal corre contra o tempo, já que o transporte de combustíveis terá de ser feito através dos Himalaias e a partir do final de outubro os riscos aumentam devido às quedas de neve. Um fator que dificulta também o trabalho das organizações não-governamentais, que procuram aumentar as próprias reservas de bens essenciais.

Com a falta de combustíveis, os preços de todos os bens estão a subir, dificultando ainda mais a recuperação do país.

O jornalista John Barayan Parajuli estima que haja 2,5 milhões de pessoas desalojadas: “As pessoas vivem em tendas há seis meses. Sobreviveram à moção, mas no inverso será mais difícil, com temperaturas abaixo dos 10 graus negativos”.

O governo tinha previsto cinco anos para a recuperação, mas poucos acreditam que tal aconteça.

A crise económica

A instabilidade política bloqueou a ajuda à população e, mais uma vez, atingiu o turismo.

Em 2013, o setor do turismo representou 3,9% do PIB do Nepal e era responsável por 504 mil empregos diretos, de acordo com o World Travel and Tourism Council, o fórum de dirigentes de empresas do setor do turismo e viagens.

“O sismo foi uma tragédia. Muitas das receitas do Nepal estão ligadas ao turismo”, refere David Jones, diretor de Exodus Himalaya Treks and Expeditions, empresa especializada em viagens no Nepal.

A empresa quase não tem reservas. O empresário acrescenta: “O Nepal ainda tem atrações turísticas e a hospitalidade do seu povo é famosa. Mas, em Kathmandu as pessoas ainda vivem em tendas e os turistas não querem ver isso”.

Gordon Steer, da empresa World Expeditions, revela que as reservas para outubro, o início da época de “trekking” no Nepal, são 40% inferiores às do mesmo período de 2014. Mas mesmo assim mantém-se otimista e conta que está a realizar viagens para turistas que querem ajudar na reconstrução.

A destruição do património do Nepal

O “trekking” tem sido a base do setor turístico do Nepal, mas os visitantes deslocavam-se também para irar os templos e outros edifícios de Kathmandu e arredores.

Thomas Schrom, arquiteto especializado em restauração, estima que serão necessários 158 milhões de euros para recuperar os locais históricos do Nepal.

This breaks my heart. Basantapur Durbar square, one of the historic places of Nepal, before and after. pic.twitter.com/OLqnoluqnz

— FG (@FunnyGooner) April 25, 2015

Schrom afirma: “Os danos foram massivos. Todos os locais registados pela UNESCO foram danificados”.

Só um terço dos 750 monumentos foi seriamente danificado, mas todos foram afetados.

A prioridade é reforçar os monumentos que resistiram ao sismo e às centenas de réplicas que se seguiram. Mas para muitas cidades e aldeias a reconstrução será muito difícil, a começar pela parte emocional.

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