{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2015/04/16/na-linha-da-frente-da-guerra-ao-boko-haram" }, "headline": "Na linha da frente da guerra ao Boko Haram", "description": "Durante mais de uma d\u00e9cada, a seita islamita Boko Haram limitou a sua estrat\u00e9gia a tentar criar um califado no Norte da Nig\u00e9ria, mas entretanto alargou a campanha de terror aos pa\u00edses vizinhos. A euro", "articleBody": "Durante mais de uma d\u00e9cada, a seita islamita Boko Haram limitou a sua estrat\u00e9gia a tentar criar um califado no Norte da Nig\u00e9ria, mas entretanto alargou a campanha de terror aos pa\u00edses vizinhos. Chade, Nig\u00e9ria e Camar\u00f5es responderam com uma alian\u00e7a militar que, desde Janeiro, apoia o governo de Abuja no combate aos radicais. Em Mar\u00e7o, o Boko Haram jurou fidelidade ao autoproclamado Estado Isl\u00e2mico. Uma coliga\u00e7\u00e3o entre terroristas que lan\u00e7ou o alerta por toda a regi\u00e3o e levou ao intensificar da ofensiva militar conjunta. A euronews foi \u00e0 linha da frente, integrada num contingente do ex\u00e9rcito do Chade, que libertou uma importante localidade no Norte da Nig\u00e9ria. Avisamos que esta reportagem cont\u00e9m imagens que podem ferir susceptibilidades. A cidade-fantasma de Malam Fatori Uma das frentes da mais recente guerra em \u00c1frica est\u00e1 numa regi\u00e3o quase deserta, junto ao Lago Chade,um tri\u00e2ngulo de porosas fronteiras entre a Nig\u00e9ria, o N\u00edger, o Chade os Camar\u00f5es. \u00c9 um conflito assim\u00e9trico entre uma coliga\u00e7\u00e3o militar regional e um dos grupos jiadistas mais b\u00e1rbaros e implac\u00e1veis do planeta: o Boko Haram, nascido e sedeado na Nig\u00e9ria. Malam Fatori fica nas margens do Lago Chade. Soldados do Chade e do N\u00edger controlam a cidade desde 31 de Mar\u00e7o, mas ainda existem bolsas de resist\u00eancia do Boko Haram nas redondezas. Aterramos na linha da frente, escoltados pela for\u00e7a militar conjunta do N\u00edger e do Chade. Vamos visitar o posto avan\u00e7ado onde est\u00e1 o contingente que, nos \u00faltimos meses, tem conquistado os principais basti\u00f5es da seita islamita, no nordeste da Nig\u00e9ria. S\u00e3o homens habituados aos combates, aos rigores de um clima implac\u00e1vel, carregado de sol e areia. No campo, a moral est\u00e1 em alta. Os soldados n\u00e3o duvidam que est\u00e3o a ganhar a guerra aos islamitas. N\u00e3o t\u00eam medo da morte, mas sabem que o inimigo tamb\u00e9m n\u00e3o. O Boko Haram \u00e9 um advers\u00e1rio implac\u00e1vel, sem amor \u00e0 vida. Morrer a matar \u00e9 o atalho mais r\u00e1pido para o Para\u00edso que prometem os l\u00edderes radicais na sua vis\u00e3o distorcida do Isl\u00e3o. Centenas de militares e dezenas de blindados est\u00e3o permanentemente em alerta no posto avan\u00e7ado, a 500 metros de Malam Fatori, a \u00faltima cidade libertada. Talvez por causa da vinda da imprensa internacional, nota-se uma presen\u00e7a rara entre os soldados: dois generais de quatro estrelas. S\u00e3o os chefes do Estado Maior do Ex\u00e9rcito do N\u00edger e do Chade. Ainda n\u00e3o sabemos, mas uns dias mais tarde, uma fonte pr\u00f3xima do governo dos Camar\u00f5es confessa-nos que a coliga\u00e7\u00e3o pensava ter morto Abubakar Shekau, o l\u00edder do Boko Haram, na batalha que eclodiu 24 horas ap\u00f3s a liberta\u00e7\u00e3o de Malam Fatori. Mas o esquivo, o elusivo Shekau n\u00e3o estava entre os 200 guerrilheiros do Boko Haram que os soldados do Chade dizem ter eliminado quando recha\u00e7aram uma emboscada em que perderam 9 militares e v\u00e1rias dezenas foram feridos. Desde que assumiu o comando do Boko Haram, em 2009, Shekau, o senhor da guerra transformou a seita numa eficiente m\u00e1quina de matar. As \u00fanicas provas dos combates que nos mostraram foram armas, alegadamente apreendidas aos jiadistas que foram abatidos. Cont\u00e1mos uma meia centena de metralhadoras Kalashnikov, provavelmente roubadas ou abandonadas pelo ex\u00e9rcito da Nig\u00e9ria. Vimos tamb\u00e9m alguma artilharia pesada e in\u00fameras muni\u00e7\u00f5es de v\u00e1rios calibres. N\u00e3o \u00e9 dif\u00edcil encontrar armamento por aqui, o tr\u00e1fico de armas \u00e9 um neg\u00f3cio florescente na regi\u00e3o. A ofensiva militar e, em especial, a participa\u00e7\u00e3o das tropas do Chade, permitiu um volte-face na situa\u00e7\u00e3o. A liberta\u00e7\u00e3o de Malam Fatori \u00e9 uma grande vit\u00f3ria estrat\u00e9gica na luta contra o Boko Haram, que utilizava o enclave como um centro de comando para lan\u00e7ar ataques no N\u00edger e no Chade. A cidade nigeriana est\u00e1 a menos de 4 km da fronteira com o N\u00edger. Os soldados que nos escoltam na visita a Malam Fatori avisam-nos que ainda podem existir armadilhas explosivas ou minas nas casas e no terreno. Pedem-nos para n\u00e3o nos afastarmos da caravana. A viagem dura apenas alguns minutos. \u00c0 chegada, um sil\u00eancio perturbador. As ruas est\u00e3o desertas, as casas vazias, as lojas sem patr\u00e3o nem clientes. Antes, Malam Fatori tinha 30.000 pessoas e um mercado muito concorrido. Recorda\u00e7\u00f5es distantes. Ap\u00f3s 5 meses de aplica\u00e7\u00e3o da lei da Sharia pelo Boko Haram, resta o vazio e o espectro da morte. S\u00f3 conseguimos avistar alguns idosos e umas poucas crian\u00e7as. Quase n\u00e3o h\u00e1 mulheres e os jovens desapareceram. Encontramos um menino a brincar entre a madeira queimada e o ferro manchado de fuligem. A m\u00e3e explica-nos o que aconteceu 72 horas antes: \u201cO Boko Haram fugiu da cidade quando viu que os soldados estavam a chegar. Fugiram em todas as direc\u00e7\u00f5es. Antes de partirem, disseram-nos para sair das casas e queimaram-nas\u201d. Outros habitantes afirmam que, na fuga, o Boko Haram levou consigo dezenas de raparigas. Foram raptadas. Mais uma cena macabra: as jovens foram despidas e partiram nuas para n\u00e3o fugirem dos sequestradores. Nunca mais ningu\u00e9m soube delas. O sequestro das adolescentes \u00e9 confirmado por um grupo de idosas, que tamb\u00e9m conta que os rapazes foram assassinados: \u201cO Boko Haram levou as raparigas para as for\u00e7ar a casar. Tamb\u00e9m raptaram as crian\u00e7as mais jovens. Aos mais velhos, cortaram a garganta. Porqu\u00ea? O Boko Haram tinha olhos e ouvidos por todo o lado. Controlavam cada um dos nossos movimentos: quando sa\u00edamos \u00e0 rua, quando entravamos em casa\u2026 Estavam sempre l\u00e1 a controlar-nos\u201d. O drama desta cidade, como de tantas outras no Norte da Nig\u00e9ria, parece sa\u00eddo de um outro tempo. \u00c9 algo que parecia inconceb\u00edvel no s\u00e9culo XXI. No regresso ao campo, o \u00fanico som que escutamos \u00e9 o do vento numa chapa met\u00e1lica. Sa\u00edmos de uma cidade-fantasma onde n\u00e3o se escuta o riso das crian\u00e7as, as conversas entre vizinhos e nem mesmo o chilrear dos p\u00e1ssaros. O Boko Haram deixou a sua marca: o medo, intenso. A psicose colectiva \u00e9 de tal ordem que se tornou imposs\u00edvel distinguir as informa\u00e7\u00f5es verdadeiras dos sinistros rumores sobre massacres, assassinatos e sequestros. \u00c9 essa, a estrat\u00e9gia do Boko Haram: conquistar pelo terror. O pre\u00e7o da barb\u00e1rie no Chade O rio Chari \u00e9 a fronteira natural entre o Chade e os Camar\u00f5es. Uma barreira facilmente ultra\u00e1vel a nado ou de piroga. Numa das margens, a \u00faltima aldeia nos Camar\u00f5es, Kousseri. Na outra, os sub\u00farbios de N\u2019Djamena, a capital do Chade. No rio, ergue-se um dos locais mais animados da capital, a ponte Ngueli, ponto de encontro e de agem para pessoas e mercadorias.Por aqui, transitam diariamente milhares de cidad\u00e3os e toneladas de produtos. At\u00e9 h\u00e1 pouco, a grande preocupa\u00e7\u00e3o dos guardas fronteiri\u00e7os eram os contrabandistas. Agora, as coisas mudaram. Os controlos de seguran\u00e7a foram refor\u00e7ados para prevenir atentados e evitar a entrada de armas. O Chade leva a amea\u00e7a muito a s\u00e9rio. V\u00e1rios atentados dos islamitas da Nig\u00e9ria ocorreram a poucos quil\u00f3metros daqui. A proximidade com a zona de influ\u00eancia do Boko Haram levanta um s\u00e9rio problema de seguran\u00e7a, mas n\u00e3o s\u00f3. A crise tamb\u00e9m tem uma dimens\u00e3o econ\u00f3mica de monta para o Chade. A barb\u00e1rie da seita colocou em perigo as rotas comerciais de N\u2019Djamena com os seus parceiros-chave, a Nig\u00e9ria e os Camar\u00f5es. A fronteira com a Nig\u00e9ria est\u00e1 fechada h\u00e1 mais de um ano por causa da viol\u00eancia e da inseguran\u00e7a. A \u00fanica op\u00e7\u00e3o que resta ao Chade \u2013 um pa\u00eds sem o ao mar e que importa a maior parte do que consome \u2013 \u00e9 ar pelos Camar\u00f5es. Mas, as mercadorias chegam por estradas que s\u00e3o alvo de ataques, h\u00e1 meses. O governo do Chade desespera. Proteger esta rota comercial tornou-se numa prioridade absoluta. O percurso come\u00e7a no porto camaron\u00eas de Douala e termina em N\u2019Djamena. Mas o caminho mais r\u00e1pido tornou-se impratic\u00e1vel por causa dos ataques. A rota alternativa \u00e9 substancialmente mais longa. Isso significa mais custos em combust\u00edvel, menos mercadorias e pre\u00e7os mais elevados. Poder\u00e1 o presidente Idriss Deby permitir-se uma guerra longa contra o Boko Haram? Mais meses de combates junto \u00e0 fronteira podem acabar por asfixiar a economia do Chade. Dar es Salam: Um ref\u00fagio da guerra Na fuga ao terror do Boko Haram, nos \u00faltimos tr\u00eas meses, cerca de 20.000 nigerianos aram o lago Chade em busca de um ref\u00fagio. Cada um tem uma hist\u00f3ria sobre a forma como o Boko Haram afectou a sua vida. O campo de refugiados de Dar es Salam, no Chade, \u00e9 agora a casa de 4000 deslocados. Muitas fam\u00edlias v\u00eam de Baga, palco de um dos mais b\u00e1rbaros massacres do Boko Haram. Chegam sem nada. Muitos, viram os familiares morrer. Alguns est\u00e3o feridos, mas as feridas que v\u00e3o demorar a sarar s\u00e3o os traumas psicol\u00f3gicos profundos que trazem com eles. Escaparam a situa\u00e7\u00f5es como as que vemos num v\u00eddeo recuperado dos telem\u00f3veis dos guerrilheiros mortos em Damasak, quando a for\u00e7a internacional libertou a cidade no dia 17 de Mar\u00e7o. O Boko Haram gravou as execu\u00e7\u00f5es colectivas em Bama, na Nig\u00e9ria, e numa aldeia nos Camar\u00f5es. Centenas de civis mortos a sangue frio. Entre os assassinos, alguns adolescentes. No campo de Dar es Salam, o que mais se v\u00ea s\u00e3o crian\u00e7as sozinhas ou \u00f3rf\u00e3s. Os pais foram mortos ou perderam-se no alvoro\u00e7o da fuga aos massacres do Boko Haram cometidos na outra margem do lago. Os M\u00e9dicos Sem Fronteiras t\u00eam aqui um servi\u00e7o de apoio psicol\u00f3gico para crian\u00e7as e adultos. \u201cO que estas crian\u00e7as viveram n\u00e3o desejamos nem ao nosso pior inimigo. Os islamitas roubaram-lhes uma parte da adolesc\u00eancia. \u00c9 muito dif\u00edcil\u201d, explica o coordenador do campo de refugiados, Idriss Dezeh. Gra\u00e7as \u00e0 ajuda do ACNUR, da UNICEF, da Cruz Vermelha, do governo do Chade e das ONG, as crian\u00e7as encontram algum conforto em Dar es Salam Uma escola improvisada foi aqui instalada. As crian\u00e7as aprendem can\u00e7\u00f5es em franc\u00eas, mas a maioria s\u00f3 fala ingl\u00eas ou \u2018haussa\u2019, o dialecto local. Viveram horrores inimagin\u00e1veis numa sociedade civilizada. Escutaram o som das armas antes das m\u00fasicas que tentam memorizar num idioma estrangeiro. Ao crep\u00fasculo, os homens re\u00fanem-se para rezar. S\u00e3o as mesmas ora\u00e7\u00f5es que os seus carrascos utilizaram para tentar impor a Sharia, a sangue e fogo. A grande maioria das v\u00edtimas do Boko Haram \u00e9 mu\u00e7ulmana. Combater o Boko Haram: uma quest\u00e3o de sobreviv\u00eancia Idriss D\u00e9by est\u00e1 h\u00e1 25 anos no poder, no Chade. Um quarto de s\u00e9culo em que lutou directa ou indirectamente em todas as guerras na regi\u00e3o. Em N\u2019Djamena, o presidente do Chade explicou-nos as raz\u00f5es da participa\u00e7\u00e3o do seu pa\u00eds nesta derradeira batalha contra o jiadismo. \u00c9 uma quest\u00e3o de sobreviv\u00eancia. Luis Carballo, euronews \u2013 Qual \u00e9 a amplitude da amea\u00e7a do Boko Haram no Chade? Idriss D\u00e9by, presidente do Chade \u2013 At\u00e9 2013, as ac\u00e7\u00f5es do Boko Haram, por muito nefastas que fossem para a popula\u00e7\u00e3o, circunscreviam-se \u00e0 Nig\u00e9ria. Mas, a partir desse ano, o Boko Haram come\u00e7ou a estender as suas ac\u00e7\u00f5es para l\u00e1 da Nig\u00e9ria, especialmente nos camar\u00f5es e no N\u00edger. E, evidentemente, o Boko Haram decidiu atacar o Chade.\u00c9 uma organiza\u00e7\u00e3o extremamente perigosa, que teve tempo para se organizar e recrutar pessoas sem trabalho. O Boko Haram tamb\u00e9m tem v\u00ednculos estreitos ao grupo Estado Isl\u00e2mico. Em termos econ\u00f3micos, o Chade sofreu enormes perdas. O Boko Haram decidiu asfixiar o pa\u00eds, cortando o \u00fanico eixo que nos unia ao porto de Duala, nos Camar\u00f5es, que \u00e9 vital para o Chade.Era um perigo potencial para toda a sub-regi\u00e3o. \u00c9 verdade que nenhum pa\u00eds pode sair sozinho desta nebulosa, da\u00ed a nossa necessidade de dispor dos meios em comum \u2013 muito escassos \u2013 para conseguir reduzir a capacidade destrutiva do Boko Haram. Quais s\u00e3o os objectivos espec\u00edficos desta ac\u00e7\u00e3o militar? Pretendem destruir o Boko Haram ou mant\u00ea-lo afastados das vossas fronteiras? Idriss D\u00e9by \u2013 Destruir o Boko Haram, r\u00e1pida e claramente. H\u00e1 que destrui-los com todos os meios ao nosso alcance. O seu pa\u00eds participou, em 2013, na Opera\u00e7\u00e3o Serval no Mali e, em 2014, na opera\u00e7\u00e3o Barkhane no Sahel, contra grupos fundamentalistas. Agora a Fran\u00e7a proporciona-lhe informa\u00e7\u00e3o sobre o Boko Haram, tal como outros pa\u00edses, mas gostaria de um maior envolvimento da Europa e dos Estados Unidos? Idriss D\u00e9by \u2013 N\u00e3o. Creio que temos que entender que, h\u00e1 60 anos, praticamente desde a independ\u00eancia dos pa\u00edses africanos, que dever\u00edamos ser capazes de cuidar de n\u00f3s mesmos, de gerir as nossas crises, devemos ser capazes de fazer frente aos movimentos terroristas. Devemos come\u00e7ar por unir os nossos esfor\u00e7os, esfor\u00e7os africanos. No princ\u00edpio de Mar\u00e7o, o Boko Haram jurou fidelidade ao autoproclamado Estado isl\u00e2mico. Essa alian\u00e7a refor\u00e7a a perigosidade? Idriss D\u00e9by \u2013 A nossa ac\u00e7\u00e3o enfraqueceu a pot\u00eancia militar do Boko Haram. Desorganiz\u00e1mos o seu Estado Maior. Tudo isto teve o efeito de mostrar o verdadeiro rosto do Boko Haram que n\u00e3o \u00e9, como se costuma dizer, uma organiza\u00e7\u00e3o local que actua em \u00c1frica, ou na Nig\u00e9ria, mas sim uma organiza\u00e7\u00e3o que tem v\u00ednculos a outras organiza\u00e7\u00f5es terroristas em todo o mundo, especialmente ao grupo Estado Isl\u00e2mico. \u00c9 preciso questionar quem est\u00e1 por tr\u00e1s do Boko Haram. N\u00e3o h\u00e1 muita informa\u00e7\u00e3o sobre o n\u00famero de combatentes do Boko Haram nem sobre as fontes de financiamento. S\u00f3 se sabe que obt\u00eam dinheiro atrav\u00e9s de roubos e sequestros. Acredita que recebem financiamento de pa\u00edses estrangeiros? Idriss D\u00e9by \u2013 Claro que os combatentes t\u00eam apoio, que os financiam. Receberam material, incluindo blindados no terreno. De quem? N\u00e3o sei. Mas tem mesmo a certeza de que receberam apoio externo? Idriss D\u00e9by \u2013 Que outra raz\u00e3o pode haver para uma organiza\u00e7\u00e3o terrorista conseguir conquistar um ter\u00e7o de um pa\u00eds enorme como a Nig\u00e9ria, e ter um ex\u00e9rcito organizado, com blindados, com operacionais muito semelhantes aos de um ex\u00e9rcito regular? Na Nig\u00e9ria n\u00e3o se fabricam blindados, nem armas. Tudo isto n\u00e3o caiu do c\u00e9u. Vimos que grupos chegados ao autoproclamado Estado Isl\u00e2mico tamb\u00e9m est\u00e3o operacionais na L\u00edbia. Isso pode abrir uma nova frente na fronteira no Norte? Idriss D\u00e9by \u2013 Em 2011, quando o ocidente e a NATO iniciaram as opera\u00e7\u00f5es militares contra a L\u00edbia, adverti-os. N\u00e3o sentia um grande amor por Khadafi, mas o modo de o tirarem do poder, que deixou um pa\u00eds s\u00faper equipado, do ponto de vista militar, s\u00faper armado, foi decidido sem tomar precau\u00e7\u00f5es. Refiro-me \u00e0 era p\u00f3s-Khadafi, a medidas para que as armas n\u00e3o sa\u00edssem da L\u00edbia. Desde o assassinato de Khadafi que estamos em p\u00e9 de guerra. As armas circulam, tanto no norte como nas outras fronteiras, o EI desenvolve-se, e os terroristas tamb\u00e9m se expandem na L\u00edbia. H\u00e1, realmente, uma amea\u00e7a f\u00edsica para os pa\u00edses africanos no sul do Sahara. O Chade \u00e9 um pa\u00eds com maioria mu\u00e7ulmana, o presidente tamb\u00e9m \u00e9 mu\u00e7ulmano, como mu\u00e7ulmano, o que pensa da apropria\u00e7\u00e3o que o Estado Isl\u00e2mico fez da sua religi\u00e3o, do Isl\u00e3o? Idriss D\u00e9by \u2013 Tanto o autoproclamado Estado Isl\u00e2mico como o Boko Haram e as suas actividades est\u00e3o muito, muito, muito afastados do Isl\u00e3o. Para mim \u00e9 inaceit\u00e1vel, e os mu\u00e7ulmanos n\u00e3o devem apenas observar e deixar fazer. Ignor\u00e1mo-los demasiado tempo e chegou a hora dos mu\u00e7ulmanos enfrentarem esta organiza\u00e7\u00e3o terrorista que n\u00e3o t\u00eam nada de mu\u00e7ulmana. N\u00e3o s\u00e3o mu\u00e7ulmanos e devemos combat\u00ea-los, os mu\u00e7ulmanos t\u00eam de combater estas pessoas. A coliga\u00e7\u00e3o que combate o Boko Haram conseguiu expulsar os islamitas radicais de v\u00e1rias cidades que ocupavam no Norte da Nig\u00e9ria. Mas ser\u00e1 que esses avan\u00e7os s\u00e3o suficientes para se poder dizer que o fim est\u00e1 pr\u00f3ximo para esta sinistra organiza\u00e7\u00e3o? Ou ser\u00e1 que os que consideram a educa\u00e7\u00e3o nos moldes ocidentais como um pecado preparam uma vingan\u00e7a terr\u00edvel? 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Na linha da frente da guerra ao Boko Haram

Na linha da frente da guerra ao Boko Haram
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Durante mais de uma década, a seita islamita Boko Haram limitou a sua estratégia a tentar criar um califado no Norte da Nigéria, mas entretanto alargou a campanha de terror aos países vizinhos. A euro

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Durante mais de uma década, a seita islamita Boko Haram limitou a sua estratégia a tentar criar um califado no Norte da Nigéria, mas entretanto alargou a campanha de terror aos países vizinhos.

Chade, Nigéria e Camarões responderam com uma aliança militar que, desde Janeiro, apoia o governo de Abuja no combate aos radicais.

Em Março, o Boko Haram jurou fidelidade ao autoproclamado Estado Islâmico. Uma coligação entre terroristas que lançou o alerta por toda a região e levou ao intensificar da ofensiva militar conjunta.

A euronews foi à linha da frente, integrada num contingente do exército do Chade, que libertou uma importante localidade no Norte da Nigéria.

Avisamos que esta reportagem contém imagens que podem ferir susceptibilidades.

A cidade-fantasma de Malam Fatori

Uma das frentes da mais recente guerra em África está numa região quase deserta, junto ao Lago Chade,um triângulo de porosas fronteiras entre a Nigéria, o Níger, o Chade os Camarões.

É um conflito assimétrico entre uma coligação militar regional e um dos grupos jiadistas mais bárbaros e implacáveis do planeta: o Boko Haram, nascido e sedeado na Nigéria.

Malam Fatori fica nas margens do Lago Chade. Soldados do Chade e do Níger controlam a cidade desde 31 de Março, mas ainda existem bolsas de resistência do Boko Haram nas redondezas.

Aterramos na linha da frente, escoltados pela força militar conjunta do Níger e do Chade. Vamos visitar o posto avançado onde está o contingente que, nos últimos meses, tem conquistado os principais bastiões da seita islamita, no nordeste da Nigéria.

São homens habituados aos combates, aos rigores de um clima implacável, carregado de sol e areia.

No campo, a moral está em alta. Os soldados não duvidam que estão a ganhar a guerra aos islamitas.

Não têm medo da morte, mas sabem que o inimigo também não. O Boko Haram é um adversário implacável, sem amor à vida. Morrer a matar é o atalho mais rápido para o Paraíso que prometem os líderes radicais na sua visão distorcida do Islão.

Centenas de militares e dezenas de blindados estão permanentemente em alerta no posto avançado, a 500 metros de Malam Fatori, a última cidade libertada.

Talvez por causa da vinda da imprensa internacional, nota-se uma presença rara entre os soldados: dois generais de quatro estrelas. São os chefes do Estado Maior do Exército do Níger e do Chade.

Ainda não sabemos, mas uns dias mais tarde, uma fonte próxima do governo dos Camarões confessa-nos que a coligação pensava ter morto Abubakar Shekau, o líder do Boko Haram, na batalha que eclodiu 24 horas após a libertação de Malam Fatori.

Mas o esquivo, o elusivo Shekau não estava entre os 200 guerrilheiros do Boko Haram que os soldados do Chade dizem ter eliminado quando rechaçaram uma emboscada em que perderam 9 militares e várias dezenas foram feridos.

Desde que assumiu o comando do Boko Haram, em 2009, Shekau, o senhor da guerra transformou a seita numa eficiente máquina de matar.

As únicas provas dos combates que nos mostraram foram armas, alegadamente apreendidas aos jiadistas que foram abatidos. Contámos uma meia centena de metralhadoras Kalashnikov, provavelmente roubadas ou abandonadas pelo exército da Nigéria. Vimos também alguma artilharia pesada e inúmeras munições de vários calibres. Não é difícil encontrar armamento por aqui, o tráfico de armas é um negócio florescente na região.

A ofensiva militar e, em especial, a participação das tropas do Chade, permitiu um volte-face na situação.

A libertação de Malam Fatori é uma grande vitória estratégica na luta contra o Boko Haram, que utilizava o enclave como um centro de comando para lançar ataques no Níger e no Chade.

A cidade nigeriana está a menos de 4 km da fronteira com o Níger.

Os soldados que nos escoltam na visita a Malam Fatori avisam-nos que ainda podem existir armadilhas explosivas ou minas nas casas e no terreno. Pedem-nos para não nos afastarmos da caravana. A viagem dura apenas alguns minutos.

À chegada, um silêncio perturbador. As ruas estão desertas, as casas vazias, as lojas sem patrão nem clientes.

Antes, Malam Fatori tinha 30.000 pessoas e um mercado muito concorrido. Recordações distantes. Após 5 meses de aplicação da lei da Sharia pelo Boko Haram, resta o vazio e o espectro da morte.

Só conseguimos avistar alguns idosos e umas poucas crianças. Quase não há mulheres e os jovens desapareceram.

Encontramos um menino a brincar entre a madeira queimada e o ferro manchado de fuligem. A mãe explica-nos o que aconteceu 72 horas antes:

*“O Boko Haram fugiu da cidade quando viu que os soldados estavam a chegar. Fugiram em todas as direcções. Antes de partirem, disseram-nos para sair das casas e queimaram-nas”.*Outros habitantes afirmam que, na fuga, o Boko Haram levou consigo dezenas de raparigas. Foram raptadas. Mais uma cena macabra: as jovens foram despidas e partiram nuas para não fugirem dos sequestradores. Nunca mais ninguém soube delas.

O sequestro das adolescentes é confirmado por um grupo de idosas, que também conta que os rapazes foram assassinados:

“O Boko Haram levou as raparigas para as forçar a casar. Também raptaram as crianças mais jovens. Aos mais velhos, cortaram a garganta. Porquê? O Boko Haram tinha olhos e ouvidos por todo o lado. Controlavam cada um dos nossos movimentos: quando saíamos à rua, quando entravamos em casa… Estavam sempre lá a controlar-nos”.

O drama desta cidade, como de tantas outras no Norte da Nigéria, parece saído de um outro tempo. É algo que parecia inconcebível no século XXI.

No regresso ao campo, o único som que escutamos é o do vento numa chapa metálica. Saímos de uma cidade-fantasma onde não se escuta o riso das crianças, as conversas entre vizinhos e nem mesmo o chilrear dos pássaros. O Boko Haram deixou a sua marca: o medo, intenso.

A psicose colectiva é de tal ordem que se tornou impossível distinguir as informações verdadeiras dos sinistros rumores sobre massacres, assassinatos e sequestros. É essa, a estratégia do Boko Haram: conquistar pelo terror.

O preço da barbárie no Chade

O rio Chari é a fronteira natural entre o Chade e os Camarões. Uma barreira facilmente ultraável a nado ou de piroga.

Numa das margens, a última aldeia nos Camarões, Kousseri. Na outra, os subúrbios de N’Djamena, a capital do Chade.

No rio, ergue-se um dos locais mais animados da capital, a ponte Ngueli, ponto de encontro e de agem para pessoas e mercadorias.
Por aqui, transitam diariamente milhares de cidadãos e toneladas de produtos. Até há pouco, a grande preocupação dos guardas fronteiriços eram os contrabandistas. Agora, as coisas mudaram.

Os controlos de segurança foram reforçados para prevenir atentados e evitar a entrada de armas.

O Chade leva a ameaça muito a sério. Vários atentados dos islamitas da Nigéria ocorreram a poucos quilómetros daqui.

A proximidade com a zona de influência do Boko Haram levanta um sério problema de segurança, mas não só. A crise também tem uma dimensão económica de monta para o Chade.

A barbárie da seita colocou em perigo as rotas comerciais de N’Djamena com os seus parceiros-chave, a Nigéria e os Camarões.

A fronteira com a Nigéria está fechada há mais de um ano por causa da violência e da insegurança. A única opção que resta ao Chade – um país sem o ao mar e que importa a maior parte do que consome – é ar pelos Camarões.

Mas, as mercadorias chegam por estradas que são alvo de ataques, há meses. O governo do Chade desespera. Proteger esta rota comercial tornou-se numa prioridade absoluta.

O percurso começa no porto camaronês de Douala e termina em N’Djamena. Mas o caminho mais rápido tornou-se impraticável por causa dos ataques.

A rota alternativa é substancialmente mais longa. Isso significa mais custos em combustível, menos mercadorias e preços mais elevados.

Poderá o presidente Idriss Deby permitir-se uma guerra longa contra o Boko Haram?

Mais meses de combates junto à fronteira podem acabar por asfixiar a economia do Chade.

Dar es Salam: Um refúgio da guerra

Na fuga ao terror do Boko Haram, nos últimos três meses, cerca de 20.000 nigerianos aram o lago Chade em busca de um refúgio. Cada um tem uma história sobre a forma como o Boko Haram afectou a sua vida.

O campo de refugiados de Dar es Salam, no Chade, é agora a casa de 4000 deslocados. Muitas famílias vêm de Baga, palco de um dos mais bárbaros massacres do Boko Haram. Chegam sem nada. Muitos, viram os familiares morrer. Alguns estão feridos, mas as feridas que vão demorar a sarar são os traumas psicológicos profundos que trazem com eles.

Escaparam a situações como as que vemos num vídeo recuperado dos telemóveis dos guerrilheiros mortos em Damasak, quando a força internacional libertou a cidade no dia 17 de Março.

O Boko Haram gravou as execuções colectivas em Bama, na Nigéria, e numa aldeia nos Camarões. Centenas de civis mortos a sangue frio. Entre os assassinos, alguns adolescentes.

No campo de Dar es Salam, o que mais se vê são crianças sozinhas ou órfãs. Os pais foram mortos ou perderam-se no alvoroço da fuga aos massacres do Boko Haram cometidos na outra margem do lago.

Os Médicos Sem Fronteiras têm aqui um serviço de apoio psicológico para crianças e adultos.

*“O que estas crianças viveram não desejamos nem ao nosso pior inimigo. Os islamitas roubaram-lhes uma parte da adolescência. É muito difícil”, explica o coordenador do campo de refugiados, Idriss Dezeh.*Graças à ajuda do ACNUR, da UNICEF, da Cruz Vermelha, do governo do Chade e das ONG, as crianças encontram algum conforto em Dar es Salam

Uma escola improvisada foi aqui instalada. As crianças aprendem canções em francês, mas a maioria só fala inglês ou ‘haussa’, o dialecto local. Viveram horrores inimagináveis numa sociedade civilizada. Escutaram o som das armas antes das músicas que tentam memorizar num idioma estrangeiro.

Ao crepúsculo, os homens reúnem-se para rezar. São as mesmas orações que os seus carrascos utilizaram para tentar impor a Sharia, a sangue e fogo.

A grande maioria das vítimas do Boko Haram é muçulmana.

Combater o Boko Haram: uma questão de sobrevivência

Idriss Déby está há 25 anos no poder, no Chade. Um quarto de século em que lutou directa ou indirectamente em todas as guerras na região.

Em N’Djamena, o presidente do Chade explicou-nos as razões da participação do seu país nesta derradeira batalha contra o jiadismo. É uma questão de sobrevivência.

Luis Carballo, euronews – Qual é a amplitude da ameaça do Boko Haram no Chade?Idriss Déby, presidente do ChadeAté 2013, as acções do Boko Haram, por muito nefastas que fossem para a população, circunscreviam-se à Nigéria. Mas, a partir desse ano, o Boko Haram começou a estender as suas acções para lá da Nigéria, especialmente nos camarões e no Níger. E, evidentemente, o Boko Haram decidiu atacar o Chade. É uma organização extremamente perigosa, que teve tempo para se organizar e recrutar pessoas sem trabalho. O Boko Haram também tem vínculos estreitos ao grupo Estado Islâmico. Em termos económicos, o Chade sofreu enormes perdas. O Boko Haram decidiu asfixiar o país, cortando o único eixo que nos unia ao porto de Duala, nos Camarões, que é vital para o Chade. Era um perigo potencial para toda a sub-região. É verdade que nenhum país pode sair sozinho desta nebulosa, daí a nossa necessidade de dispor dos meios em comum – muito escassos – para conseguir reduzir a capacidade destrutiva do Boko Haram.Quais são os objectivos específicos desta acção militar? Pretendem destruir o Boko Haram ou mantê-lo afastados das vossas fronteiras? Idriss Déby - Destruir o Boko Haram, rápida e claramente. Há que destrui-los com todos os meios ao nosso alcance.

O seu país participou, em 2013, na Operação Serval no Mali e, em 2014, na operação Barkhane no Sahel, contra grupos fundamentalistas. Agora a França proporciona-lhe informação sobre o Boko Haram, tal como outros países, mas gostaria de um maior envolvimento da Europa e dos Estados Unidos? Idriss Déby - Não. Creio que temos que entender que, há 60 anos, praticamente desde a independência dos países africanos, que deveríamos ser capazes de cuidar de nós mesmos, de gerir as nossas crises, devemos ser capazes de fazer frente aos movimentos terroristas. Devemos começar por unir os nossos esforços, esforços africanos.

No princípio de Março, o Boko Haram jurou fidelidade ao autoproclamado Estado islâmico. Essa aliança reforça a perigosidade? Idriss Déby – A nossa acção enfraqueceu a potência militar do Boko Haram. Desorganizámos o seu Estado Maior. Tudo isto teve o efeito de mostrar o verdadeiro rosto do Boko Haram que não é, como se costuma dizer, uma organização local que actua em África, ou na Nigéria, mas sim uma organização que tem vínculos a outras organizações terroristas em todo o mundo, especialmente ao grupo Estado Islâmico. É preciso questionar quem está por trás do Boko Haram.

Não há muita informação sobre o número de combatentes do Boko Haram nem sobre as fontes de financiamento. Só se sabe que obtêm dinheiro através de roubos e sequestros. Acredita que recebem financiamento de países estrangeiros? Idriss Déby - Claro que os combatentes têm apoio, que os financiam. Receberam material, incluindo blindados no terreno. De quem? Não sei.

Mas tem mesmo a certeza de que receberam apoio externo? Idriss Déby - Que outra razão pode haver para uma organização terrorista conseguir conquistar um terço de um país enorme como a Nigéria, e ter um exército organizado, com blindados, com operacionais muito semelhantes aos de um exército regular?
Na Nigéria não se fabricam blindados, nem armas. Tudo isto não caiu do céu.

Vimos que grupos chegados ao autoproclamado Estado Islâmico também estão operacionais na Líbia. Isso pode abrir uma nova frente na fronteira no Norte? Idriss Déby – Em 2011, quando o ocidente e a NATO iniciaram as operações militares contra a Líbia, adverti-os. Não sentia um grande amor por Khadafi, mas o modo de o tirarem do poder, que deixou um país súper equipado, do ponto de vista militar, súper armado, foi decidido sem tomar precauções. Refiro-me à era pós-Khadafi, a medidas para que as armas não saíssem da Líbia. Desde o assassinato de Khadafi que estamos em pé de guerra. As armas circulam, tanto no norte como nas outras fronteiras, o EI desenvolve-se, e os terroristas também se expandem na Líbia. Há, realmente, uma ameaça física para os países africanos no sul do Sahara.

O Chade é um país com maioria muçulmana, o presidente também é muçulmano, como muçulmano, o que pensa da apropriação que o Estado Islâmico fez da sua religião, do Islão? Idriss Déby – Tanto o autoproclamado Estado Islâmico como o Boko Haram e as suas actividades estão muito, muito, muito afastados do Islão. Para mim é inaceitável, e os muçulmanos não devem apenas observar e deixar fazer. Ignorámo-los demasiado tempo e chegou a hora dos muçulmanos enfrentarem esta organização terrorista que não têm nada de muçulmana. Não são muçulmanos e devemos combatê-los, os muçulmanos têm de combater estas pessoas.

A coligação que combate o Boko Haram conseguiu expulsar os islamitas radicais de várias cidades que ocupavam no Norte da Nigéria. Mas será que esses avanços são suficientes para se poder dizer que o fim está próximo para esta sinistra organização? Ou será que os que consideram a educação nos moldes ocidentais como um pecado preparam uma vingança terrível?

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Posted by euronews on Tuesday, 7 April 2015

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