{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2014/12/02/petroleo-em-queda-o-irao-precisa-rapidamente-de-intervencao-internacional" }, "headline": "Petr\u00f3leo em queda: \u0022O Ir\u00e3o precisa rapidamente de interven\u00e7\u00e3o internacional\u0022", "description": "O Ir\u00e3o n\u00e3o beneficia com o desfecho da reuni\u00e3o da OPEP. Em vez disso, o ministro iraniano do Petr\u00f3leo quer ver san\u00e7\u00f5es revogadas e investimento internacional a entrar no pa\u00eds.", "articleBody": "A decis\u00e3o da OPEP de manter os n\u00edveis atuais de produ\u00e7\u00e3o de petr\u00f3leo agravou ainda mais a queda do valor do ouro negro. A decis\u00e3o final foi, em grande medida, influenciada pela Ar\u00e1bia Saudita. No entanto, a resolu\u00e7\u00e3o do cartel de produtores afeta particularmente o Ir\u00e3o. A jornalista da euronews Reihaneh Mazaheri entrevistou precisamente o ministro iraniano do Petr\u00f3leo, Bijan Namdar-Zanganeh. Reihaneh Mazaheri, euronews: A OPEP realizou aquela que foi a mais determinante reuni\u00e3o que teve nos \u00faltimos seis anos. Apesar das v\u00e1rias tentativas do Ir\u00e3o, o resultado ficou muito aqu\u00e9m do pretendido por este pa\u00eds. Porque \u00e9 que os outros pa\u00edses produtores de petr\u00f3leo da OPEP n\u00e3o refor\u00e7aram a posi\u00e7\u00e3o do Ir\u00e3o? Bijan Namdar-Zanganeh: N\u00f3s defend\u00edamos os cortes na produ\u00e7\u00e3o. N\u00e3o apresent\u00e1mos um n\u00famero concreto, porque este ter\u00e1 de ser determinado por uma avalia\u00e7\u00e3o geral do mercado. Na sequ\u00eancia da ronda de conversa\u00e7\u00f5es, apercebemo-nos de que \u00e9 necess\u00e1rio mais tempo para apurar exatamente a quantidade que pode ser eliminada do circuito produtivo. Para estruturar uma decis\u00e3o final, precisamos de ter ainda mais informa\u00e7\u00f5es sobre a rea\u00e7\u00e3o dos mercados aos novos pre\u00e7os do petr\u00f3leo. Como sabe, todas as decis\u00f5es da OPEP devem ser tomadas de forma consensual. euronews: Fala de consenso, mas aquilo a que assistimos, ali\u00e1s como nos outros encontros da OPEP, \u00e9 \u00e0 imposi\u00e7\u00e3o da vontade da Ar\u00e1bia Saudita. Sendo um pa\u00eds que produz um ter\u00e7o do petr\u00f3leo da OPEP, \u00e9 plaus\u00edvel dizer que \u00e9 sempre a Ar\u00e1bia Saudita que tem a \u00faltima palavra? BNZ: Aparentemente, a OPEP funciona como uma cooperativa, no sentido em que todas as partes, qualquer que seja a sua contribui\u00e7\u00e3o, t\u00eam direito a um voto. No entanto, a verdade \u00e9 que o n\u00edvel de produ\u00e7\u00e3o, a capacidade produtiva e o poder de a desenvolver, tem um papel determinante no mercado. Essa \u00e9 uma li\u00e7\u00e3o que temos de incorporar. Deixe-me salientar que a OPEP \u00e9 uma organiza\u00e7\u00e3o que promove a coopera\u00e7\u00e3o entre pa\u00edses concorrentes. \u00c9 a \u00fanica organiza\u00e7\u00e3o que junta pa\u00edses do Terceiro Mundo h\u00e1 mais de 50 anos e atrav\u00e9s da qual eles podem definir objetivos a longo prazo, entreajudar-se para lutar por interesses comuns, apesar dos desentendimentos internos que possa haver. Seria ben\u00e9fico se esta coopera\u00e7\u00e3o pudesse continuar a existir porque, caso contr\u00e1rio, a OPEP n\u00e3o vai sobreviver. Cada pa\u00eds tem os seus interesses nacionais. A Ar\u00e1bia Saudita \u00e9 um dos principais produtores e exportadores de petr\u00f3leo. \u00c9 um pa\u00eds que exporta diariamente nove milh\u00f5es de barris e de derivados. Se o pre\u00e7o do barril cair 30 d\u00f3lares, os sauditas perdem 110 mil milh\u00f5es de d\u00f3lares por ano. Por detr\u00e1s desta decis\u00e3o final da OPEP, houve certamente outros interesses em quest\u00e3o, nomeadamente em termos de seguran\u00e7a nacional, para justificar tamanhas perdas. euronews: Que interesses s\u00e3o esses? BNZ: Enquanto ministro do Petr\u00f3leo, n\u00e3o me posso pronunciar. Mas v\u00e1rios pol\u00edticos t\u00eam analisado esta quest\u00e3o. N\u00e3o sei dizer qual das an\u00e1lises \u00e9 mais correta ou n\u00e3o. No entanto, s\u00e3o perspetivas que est\u00e3o a\u00ed no mercado e que t\u00eam tido repercuss\u00e3o nos media. euronews: A fatia reduzida do Ir\u00e3o na OPEP significa que tem pouca infu\u00eancia na tomada de decis\u00f5es? BNZ: J\u00e1 abordei essa quest\u00e3o de forma positiva. O peso de cada pa\u00eds da OPEP \u00e9 determinado pelo volume de produ\u00e7\u00e3o e pela capacidade de o aumentar. euronews: Tendo em conta as diverg\u00eancias e as altera\u00e7\u00f5es no mercado do petr\u00f3leo, considera poss\u00edvel que a OPEP venha a perder o controlo do mercado global? BNZ: Uma das mais importantes e hist\u00f3ricas preocupa\u00e7\u00f5es da OPEP reside na fatia que det\u00e9m do mercado. Nos \u00faltimos anos, essa fatia tem decrescido progressivamente. Se essa tend\u00eancia continuar e ultraar um certo limite, ent\u00e3o sim, a influ\u00eancia da OPEP deixa de ser expressiva. euronews: Houve reuni\u00f5es com os patr\u00f5es de empresas como a Total ou a BP \u00e0 margem do encontro da OPEP. S\u00e3o grupos que j\u00e1 tiveram um papel na ind\u00fastria petrol\u00edfera iraniana mas que agora, por causa das san\u00e7\u00f5es, deixaram de ter. O que \u00e9 que esteve em discuss\u00e3o nessas conversa\u00e7\u00f5es? O Ir\u00e3o est\u00e1 a ponderar formas de abrir portas ao investimento estrangeiro apesar do embargo? BNZ: \u00c9 um caminho que estamos a explorar. N\u00f3s queremos que esse grupos internacionais de petr\u00f3leo possam intervir na nossa ind\u00fastria o mais rapidamente poss\u00edvel. N\u00e3o \u00e9 apenas por causa do investimento ou do dinheiro. N\u00f3s precisamos de tecnologia, precisamos de gest\u00e3o de qualidade, mais ainda do que de dinheiro, para poder desenvolver a ind\u00fastria petroqu\u00edmica, de petr\u00f3leo e de g\u00e1s do Ir\u00e3o. euronews: Fala das san\u00e7\u00f5es de uma forma otimista. Mas, mesmo que as coisas evoluam positivamente, mesmo se algumas das san\u00e7\u00f5es forem levantadas, demora muito tempo at\u00e9 normalizar a situa\u00e7\u00e3o. Pode mesmo nem acontecer durante o mandato de Rohani\u2026 BNZ: N\u00e3o partilho desse pessimismo\u2026 euronews: A julgar pelas negocia\u00e7\u00f5es do dossi\u00ea nuclear, parece sempre haver obst\u00e1culos para um acordo\u2026 BNZ: Do nosso ponto de vista, a san\u00e7\u00e3o mais importante \u00e9 a que diz respeito ao petr\u00f3leo, ou seja, se h\u00e1 uma san\u00e7\u00e3o que queremos ver revogada \u00e9 a do petr\u00f3leo. Se essa n\u00e3o for levantada, isso significa que nenhuma outra ser\u00e1. euronews: Qual o pre\u00e7o a pagar para contornar as san\u00e7\u00f5es? BNZ: H\u00e1 um pre\u00e7o elevado a pagar, mas n\u00e3o vamos falar disso por agora. S\u00e3o valores altos, mas n\u00e3o tanto quanto muita gente pensa. euronews: No que diz respeito \u00e0 partilha da zona de explora\u00e7\u00e3o de g\u00e1s com o Qatar\u2026 declarou que, nos pr\u00f3ximos tr\u00eas anos, os valores de produ\u00e7\u00e3o seriam id\u00eanticos. Mas o Ir\u00e3o tem perdido parte da sua quota\u2026 BNZ: N\u00f3s vamos atingir o n\u00edvel de produ\u00e7\u00e3o do Qatar e at\u00e9 os podemos ultraar. N\u00f3s precisamos do abastecimento cont\u00ednuo de g\u00e1s. O Qatar conseguiu arrecadar uma quantidade suplementar que n\u00f3s podemos vir a atingir ao longo do tempo. Mas tamb\u00e9m pode n\u00e3o acontecer. O que \u00e9 importante \u00e9 corrigir a situa\u00e7\u00e3o presente e compensar pelos erros no ado. Se n\u00e3o for poss\u00edvel faz\u00ea-lo, ent\u00e3o n\u00e3o podemos ficar a chorar sobre leite derramado.", "dateCreated": "2014-12-02T13:54:05+01:00", "dateModified": "2014-12-02T13:54:05+01:00", "datePublished": "2014-12-02T13:54:05+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F290632%2F1440x810_290632.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "O Ir\u00e3o n\u00e3o beneficia com o desfecho da reuni\u00e3o da OPEP. Em vez disso, o ministro iraniano do Petr\u00f3leo quer ver san\u00e7\u00f5es revogadas e investimento internacional a entrar no pa\u00eds.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F290632%2F432x243_290632.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Petróleo em queda: "O Irão precisa rapidamente de intervenção internacional"

Petróleo em queda: "O Irão precisa rapidamente de intervenção internacional"
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

O Irão não beneficia com o desfecho da reunião da OPEP. Em vez disso, o ministro iraniano do Petróleo quer ver sanções revogadas e investimento internacional a entrar no país.

PUBLICIDADE

A decisão da OPEP de manter os níveis atuais de produção de petróleo agravou ainda mais a queda do valor do ouro negro. A decisão final foi, em grande medida, influenciada pela Arábia Saudita. No entanto, a resolução do cartel de produtores afeta particularmente o Irão. A jornalista da euronews Reihaneh Mazaheri entrevistou precisamente o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namdar-Zanganeh.

Reihaneh Mazaheri, euronews: A OPEP realizou aquela que foi a mais determinante reunião que teve nos últimos seis anos. Apesar das várias tentativas do Irão, o resultado ficou muito aquém do pretendido por este país. Porque é que os outros países produtores de petróleo da OPEP não reforçaram a posição do Irão?

Bijan Namdar-Zanganeh: Nós defendíamos os cortes na produção. Não apresentámos um número concreto, porque este terá de ser determinado por uma avaliação geral do mercado. Na sequência da ronda de conversações, apercebemo-nos de que é necessário mais tempo para apurar exatamente a quantidade que pode ser eliminada do circuito produtivo. Para estruturar uma decisão final, precisamos de ter ainda mais informações sobre a reação dos mercados aos novos preços do petróleo. Como sabe, todas as decisões da OPEP devem ser tomadas de forma consensual.

euronews: Fala de consenso, mas aquilo a que assistimos, aliás como nos outros encontros da OPEP, é à imposição da vontade da Arábia Saudita. Sendo um país que produz um terço do petróleo da OPEP, é plausível dizer que é sempre a Arábia Saudita que tem a última palavra?

BNZ: Aparentemente, a OPEP funciona como uma cooperativa, no sentido em que todas as partes, qualquer que seja a sua contribuição, têm direito a um voto. No entanto, a verdade é que o nível de produção, a capacidade produtiva e o poder de a desenvolver, tem um papel determinante no mercado. Essa é uma lição que temos de incorporar.

Deixe-me salientar que a OPEP é uma organização que promove a cooperação entre países concorrentes. É a única organização que junta países do Terceiro Mundo há mais de 50 anos e através da qual eles podem definir objetivos a longo prazo, entreajudar-se para lutar por interesses comuns, apesar dos desentendimentos internos que possa haver. Seria benéfico se esta cooperação pudesse continuar a existir porque, caso contrário, a OPEP não vai sobreviver.

Cada país tem os seus interesses nacionais. A Arábia Saudita é um dos principais produtores e exportadores de petróleo. É um país que exporta diariamente nove milhões de barris e de derivados. Se o preço do barril cair 30 dólares, os sauditas perdem 110 mil milhões de dólares por ano. Por detrás desta decisão final da OPEP, houve certamente outros interesses em questão, nomeadamente em termos de segurança nacional, para justificar tamanhas perdas.

euronews: Que interesses são esses?

BNZ: Enquanto ministro do Petróleo, não me posso pronunciar. Mas vários políticos têm analisado esta questão. Não sei dizer qual das análises é mais correta ou não. No entanto, são perspetivas que estão aí no mercado e que têm tido repercussão nos media.

euronews: A fatia reduzida do Irão na OPEP significa que tem pouca infuência na tomada de decisões?

BNZ: Já abordei essa questão de forma positiva. O peso de cada país da OPEP é determinado pelo volume de produção e pela capacidade de o aumentar.

euronews: Tendo em conta as divergências e as alterações no mercado do petróleo, considera possível que a OPEP venha a perder o controlo do mercado global?

BNZ: Uma das mais importantes e históricas preocupações da OPEP reside na fatia que detém do mercado. Nos últimos anos, essa fatia tem decrescido progressivamente. Se essa tendência continuar e ultraar um certo limite, então sim, a influência da OPEP deixa de ser expressiva.

euronews: Houve reuniões com os patrões de empresas como a Total ou a BP à margem do encontro da OPEP. São grupos que já tiveram um papel na indústria petrolífera iraniana mas que agora, por causa das sanções, deixaram de ter. O que é que esteve em discussão nessas conversações? O Irão está a ponderar formas de abrir portas ao investimento estrangeiro apesar do embargo?

BNZ: É um caminho que estamos a explorar. Nós queremos que esse grupos internacionais de petróleo possam intervir na nossa indústria o mais rapidamente possível. Não é apenas por causa do investimento ou do dinheiro. Nós precisamos de tecnologia, precisamos de gestão de qualidade, mais ainda do que de dinheiro, para poder desenvolver a indústria petroquímica, de petróleo e de gás do Irão.

euronews: Fala das sanções de uma forma otimista. Mas, mesmo que as coisas evoluam positivamente, mesmo se algumas das sanções forem levantadas, demora muito tempo até normalizar a situação. Pode mesmo nem acontecer durante o mandato de Rohani…

BNZ: Não partilho desse pessimismo…

euronews: A julgar pelas negociações do dossiê nuclear, parece sempre haver obstáculos para um acordo…

BNZ: Do nosso ponto de vista, a sanção mais importante é a que diz respeito ao petróleo, ou seja, se há uma sanção que queremos ver revogada é a do petróleo. Se essa não for levantada, isso significa que nenhuma outra será.

euronews: Qual o preço a pagar para contornar as sanções?

BNZ: Há um preço elevado a pagar, mas não vamos falar disso por agora. São valores altos, mas não tanto quanto muita gente pensa.

euronews: No que diz respeito à partilha da zona de exploração de gás com o Qatar… declarou que, nos próximos três anos, os valores de produção seriam idênticos. Mas o Irão tem perdido parte da sua quota…

BNZ: Nós vamos atingir o nível de produção do Qatar e até os podemos ultraar. Nós precisamos do abastecimento contínuo de gás. O Qatar conseguiu arrecadar uma quantidade suplementar que nós podemos vir a atingir ao longo do tempo. Mas também pode não acontecer. O que é importante é corrigir a situação presente e compensar pelos erros no ado. Se não for possível fazê-lo, então não podemos ficar a chorar sobre leite derramado.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

O ouro negro está a perder o brilho

Irão afirma ter obtido segredos nucleares de Israel sem apresentar provas

Jogos de espionagem no Irão. Como é que Teerão convence os israelitas a trair a Pátria?