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O hemiciclo do Parlamento Europeu deve representar todos os cidad\u00e3os europeus, seja qual for a sua religi\u00e3o, e tamb\u00e9m os que n\u00e3o tenham religi\u00e3o. Muito provavelmente, h\u00e1 uma maioria de cidad\u00e3os europeus que n\u00e3o s\u00e3o cat\u00f3licos\u201d.MS/euronews: \u201cDiz que talvez se tenha dado muito protagonismo \u00e0 Igreja Cat\u00f3lica, mas houve outros l\u00edderes religiosos, tais como o Dalai Lama, que discursaram no Parlamento Europeu.\u201dAM/ULB: \u201cH\u00e1 sempre alguma ambiguidade. Alguns dizem que o Papa foi convidado enquanto chefe de Estado, mas trata-se de um micro-Estado. Ent\u00e3o teria de se receber da mesma forma os pr\u00edncipes do Liechtenstein, de Andorra ou do M\u00f3naco, o que n\u00e3o \u00e9 o caso. 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Os seus antecessores certamente teriam insistido nestas quest\u00f5es, bem como nas do aborto ou da eutan\u00e1sia\u201d.MS/euronews: \u201cFoi um discurso pol\u00edtico?\u201dAM/ULB: \u201cEvidentemente, isto serve para dar aos eurodeputados orienta\u00e7\u00f5es que se coadunam com a vis\u00e3o que o Vaticano tem da pol\u00edtica\u201d.", "dateCreated": "2014-11-25T21:18:16+01:00", "dateModified": "2014-11-25T21:18:16+01:00", "datePublished": "2014-11-25T21:18:16+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F289880%2F1440x810_289880.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Papa evitou temas pol\u00e9micos nas \u0022orienta\u00e7\u00f5es\u0022 aos eurodeputados", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F289880%2F432x243_289880.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
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Papa evitou temas polémicos nas "orientações" aos eurodeputados

Papa evitou temas polémicos nas "orientações" aos eurodeputados
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Pela segunda vez na história, um Papa visitou o Parlamento Europeu, tendo Francisco aproveitado o convite para apelar a uma política mais humanista.

Na sessão plenária em Estrasburgo, esta terça-feira, o Papa alertou contra o risco de exploração e marginalização em que vivem muitos europeus.

Francisco disse que “os grandes ideais que inspiraram a Europa parecem ter perdido força atrativa, em favor dos tecnicismos burocráticos”.

A Europa tenta debelar uma crise económica, mas não pode querer progresso a qualquer preço, defendeu o Papa.

Numa alusão às receitas da austeridade e ao flagelo do desemprego, o Santo Padre disse que “é preciso encontrar novas formas de combinar a flexibilidade do mercado com a necessidade de estabilidade e de segurança nas perspetivas de emprego, que são essenciais para o desenvolvimento humano dos trabalhadores.”

O líder espiritual dos católicos falou também do problema da imigração, sobretudo dos que fogem da guerra e da pobreza no Médio Oriente e em África.

“É intolerável que o mar Mediterrâneo se tenham tornado num grande cemitério. Nesses barcos que chegam todos os dias às costas europeias, há homens e mulheres que precisam de ajuda e de hospitalidade”, disse o Sumo Pontífice, que recebeu um forte aplauso neste momento.

A seguir ao discurso no Parlamento Europeu, o Papa terminou a visita no Conselho da Europa, uma organização de defesa dos direitos humanos com 47 países-membros, incluindo os 28 da União Europeia.

Neste segundo discurso, o Papa adovogou maior colaboração entre esta instituição e a Igreja Católica.

Para analisar o discurso do Papa Francisco em Estrasburgo, a corresponente da euronews em Bruxelas, Margherita Sforza, entrevistou a historiadora Anne Morelli, professora no Centro Interdisciplinar para o Estudo das Religiões e Secularismo, da Universidade Livre de Bruxelas.

Margherita Sforza/euronews (MS/euronews): “O que foi surpreendente no discurso do Papa?”

Anne Morelli/Universidade Livre de Bruxelas (AM/ULB): “Absolutamente nada. Fez a habitual argumentação contra o aborto e a eutanásia, de forma discreta. Além disso, falou de coisas muito amáveis tais como acolher os migrantes e evitar a solidão dos idosos”.

MS/euronews: “Houve também um forte apelo para uma economia socialmente mais justa…”

AM/ULB: “São apelos simpáticos, mas que consequências práticas poderão vir a ter? O Papa falou para autoridades ligadas a vários governos. Será que vão mudar alguma coisa nas suas políticas a partir de amanhã? Será que vão alterar os equilíbrios económicos? Será que vão dizer não ao tratado transatlântico de livre comércio porque tal vai dar ainda mais poder à economia? Não me parece.”

MS/euronews: “Pensa que há um problema de princípio no facto de se ter convidado o Papa para o Parlamento Europeu?”

AM/ULB: “Sim, penso que há de facto um problema de princípio. O hemiciclo do Parlamento Europeu deve representar todos os cidadãos europeus, seja qual for a sua religião, e também os que não tenham religião. Muito provavelmente, há uma maioria de cidadãos europeus que não são católicos”.

MS/euronews: “Diz que talvez se tenha dado muito protagonismo à Igreja Católica, mas houve outros líderes religiosos, tais como o Dalai Lama, que discursaram no Parlamento Europeu.”

AM/ULB: “Há sempre alguma ambiguidade. Alguns dizem que o Papa foi convidado enquanto chefe de Estado, mas trata-se de um micro-Estado. Então teria de se receber da mesma forma os príncipes do Liechtenstein, de Andorra ou do Mónaco, o que não é o caso. Mas se o convite é enquanto líder religioso, então também se devem convidar os líderes das igrejas Anglicana, Protestante e Ortodoxa; e isso não é feito à mesma escala”.

MS/euronews: “Pensa que o Papa foi capaz de falar também para os não-católicos?”

AM/ULB: “A esperança da Igreja Católica é que se diga que tem um líder moral capaz de ser aceite por todos os eurodeputados.”

MS/euronews: “Em comparação com os seus antecessores, o que há de diferente neste Papa? Isto é, quando comparado com Bento XVI e João Paulo II.”

AM/ULB: “Ele não falou de assuntos polémicos, sabe desviar-se habilmente desses assuntos. Um exemplo é o facto de se opôr à laicização na Europa. Também não abordou temas que foram tratados no Sínodo e que não obtiveram unanimidade, tais como a homossexualidade ou os segundos casamentos dos divorciados. Os seus antecessores certamente teriam insistido nestas questões, bem como nas do aborto ou da eutanásia”.

MS/euronews: “Foi um discurso político?”

AM/ULB: “Evidentemente, isto serve para dar aos eurodeputados orientações que se coadunam com a visão que o Vaticano tem da política”.

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