{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2013/11/25/ucrania-dividida-entre-russia-e-ue" }, "headline": "Ucr\u00e2nia dividida entre R\u00fassia e UE", "description": "Ucr\u00e2nia dividida entre R\u00fassia e UE", "articleBody": "Os apoiantes de um acordo de associa\u00e7\u00e3o entre a Ucr\u00e2nia e a Uni\u00e3o Europeia manifestaram-se, este domingo, depois do governo de Kiev ter anunciado que suspendia as negocia\u00e7\u00f5es e que iria privilegiar os neg\u00f3cios com a R\u00fassia. A capital da Ucr\u00e2nia n\u00e3o via tantas pessoas nas ruas, desde a Revolu\u00e7\u00e3o Laranja, em 2004. Os protestos mostram a profunda divis\u00e3o que existe no seio da sociedade do pa\u00eds, dividido entre a heran\u00e7a sovi\u00e9tica e a aproxima\u00e7\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia.H\u00e1 uma d\u00e9cada que se iniciaram as negocia\u00e7\u00f5es para uma futura integra\u00e7\u00e3o da Ucr\u00e2nia \u00e0 UE. Em 2004, o segundo presidente da Ucr\u00e2nia independente, Leonid Kuchma, iniciou as conversa\u00e7\u00f5es com os hom\u00f3logos europeus. A R\u00fassia j\u00e1 tinha atra\u00eddo tr\u00eas antigas rep\u00fablicas sovi\u00e9ticas, para um espa\u00e7o econ\u00f3mico comum.A chegada ao poder de Yulia Tymoshenko e Viktor Yushchenko, marcou uma aproxima\u00e7\u00e3o \u00e0 Europa. Uma \u00e9poca marcada pelas fortes tens\u00f5es com a vizinha R\u00fassia, mas tamb\u00e9m pela incapacidade de encontrarem um acordo\u2026O resultado, a fa\u00e7\u00e3o pr\u00f3-R\u00fassia regressou ao poder. O presidente Viktor Ianoukovicth n\u00e3o virou costas \u00e0 Uni\u00e3o Europeia nem ao caminho percorrido at\u00e9 agora mas ser\u00e1 sincero?A aproxima\u00e7\u00e3o de Kiev ao ocidente implica um afastamento do leste e da R\u00fassia, algo que o presidente n\u00e3o aceita. A poucos dias de o acordo com a Uni\u00e3o Europeia Ianoukovich reuniu, secretamente, com Vladimir Putin.Em cima da mesa estiveram potenciais repres\u00e1lias, caso a Ucr\u00e2nia assinasse o acordo com a UE. H\u00e1 muito que Putin quer que a Ucr\u00e2nia fa\u00e7a parte da uni\u00e3o aduaneira que mant\u00e9m com Bielorr\u00fassia e o Cazaquist\u00e3o.O antigo presidente Yushchenko e outros cr\u00edticos da Uni\u00e3o Aduaneira da Eur\u00e1sia advertiu que \u00fanico objetivo de Moscovo \u00e9 apropriar-se da soberania dos pa\u00edses e destruir a ind\u00fastria local e que, por isso, n\u00e3o pode qualificar-se de parceria.No parlamento, o primeiro-ministro, Mykola Azarov, questiona: \u201co que compensaria os preju\u00edzos se vir\u00e1ssemos as costas \u00e0 uni\u00e3o aduaneira do Kremlin?\u201d Esta segunda-feira Bruxelas criticou a a\u00e7\u00e3o da R\u00fassia e afirmou que mant\u00e9m a disposi\u00e7\u00e3o em fechar os acordos de associa\u00e7\u00e3o e de com\u00e9rcio livre com a Ucr\u00e2nia.Para nos explicar a situa\u00e7\u00e3o, temos Kataryna Wolczuk, o directora-adjunta do Centro de Estudos da R\u00fassia e do Leste Europeu, na Universidade de Birmingham.euronews: A Ucr\u00e2nia suspendeu os preparativos do Acordo de Associa\u00e7\u00e3o com a Uni\u00e3o Europeia. Qual \u00e9 a mensagem que o governo transmite com esta decis\u00e3o?Kataryna Wolczuk: O governo ucraniano est\u00e1 a enviar a mensagem de que os benef\u00edcios da integra\u00e7\u00e3o com a UE n\u00e3o t\u00eam sido claros e n\u00e3o foram comunicados, claramente, ao povo da Ucr\u00e2nia. E isso \u00e9 surpreendente pois as negocia\u00e7\u00f5es duraram muitos anos, mas foram muito, muito\u2026 em vez de tecnocr\u00e1ticas, foram uma esp\u00e9cie de intergovernamentais, como muitos especialistas e dirigentes da Ucr\u00e2nia envolvidos mas n\u00e3o com pessoas reais. e: Isso significa que a Ucr\u00e2nia tem inten\u00e7\u00f5es de fortalecer os la\u00e7os com a R\u00fassia?KW:N\u00e3o necessariamente. A R\u00fassia est\u00e1 a investir no seu pr\u00f3prio regime de integra\u00e7\u00e3o regional, chamado de Uni\u00e3o Econ\u00f3mica da Eur\u00e1sia, que \u00e9 suposto ser criado em 2015. A R\u00fassia est\u00e1 a esfor\u00e7ar-se, muito para que isso aconte\u00e7a. Dito isto, a Ucr\u00e2nia tem resistido, at\u00e9 agora, e mesmo quando suspendeu a do Acordo de Associa\u00e7\u00e3o, disse que n\u00e3o era por causa da ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Econ\u00f3mica da Eur\u00e1sia. A R\u00fassia tem vindo a realizar, ao longo dos \u00faltimos dois anos, uma forte campanha contra o Acordo de Associa\u00e7\u00e3o apelidando-o de suicida para a Ucr\u00e2nia; que a Ucr\u00e2nia iria comprometer-se com todas as decis\u00f5es da UE, sem poder opinar e que os custos, a curto prazo, seriam muito elevados. A R\u00fassia n\u00e3o s\u00f3 ofereceu, por exemplo, descontos nos pre\u00e7os do g\u00e1s mas,amea\u00e7ou, tamb\u00e9m, com a aplica\u00e7\u00e3o de medidas punitivas contra a Ucr\u00e2nia.e: Como qualifica as grandes manifesta\u00e7\u00f5es pr\u00f3-UE, na Ucr\u00e2nia, em defesa do Acordo de Associa\u00e7\u00e3o?KW: Os protestos s\u00e3o muito simb\u00f3licos. Estamos a falar de nove anos ap\u00f3s a Revolu\u00e7\u00e3o Laranja. O presidente da Ucr\u00e2nia \u00e9 quem \u00e9 por culpa da Revolu\u00e7\u00e3o Laranja. As pessoas, nos \u00faltimos tr\u00eas anos, ficaram muito desiludidas com o modo como as coisas t\u00eam acontecido na Ucr\u00e2nia. Basta falar com as pessoas nas ruas para ver este sentimento palp\u00e1vel de frustra\u00e7\u00e3o. A decis\u00e3o de suspender a do Acordo de Associa\u00e7\u00e3o tem sido exemplo, para o povo da Ucr\u00e2nia, das esperan\u00e7as frustradas de que a Ucr\u00e2nia poderia tornar-se num pa\u00eds europeu normal.e: Sem o acordo de associa\u00e7\u00e3o com a Ucr\u00e2nia, a Parceria Oriental pode ainda cumprir seu objetivo ou tem de ser degradada?KW: N\u00e3o creio que possa ser diminu\u00edda. A UE precisa de se certificar que os dois pa\u00edses, a Mold\u00e1via e a Ge\u00f3rgia, que s\u00e3o, a partir de hoje, os mais prov\u00e1veis para o Acordo de Associa\u00e7\u00e3o, sabem que os benef\u00edcios da integra\u00e7\u00e3o com a Europa s\u00e3o imediatos e muito mais vis\u00edveis.e: O acordo de associa\u00e7\u00e3o com a Ucr\u00e2nia poderia ter-se tornado numa das principais realiza\u00e7\u00f5es da pr\u00f3xima cimeira em Vilnius. O que devemos esperar, agora, deste evento?KW: \u00c9 muito dif\u00edcil dizer o que a Ucr\u00e2nia vai fazer a partir de hoje. Estamos a ver que o presidente ucraniano, Yanukovich tem estado, visivelmente silencioso em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 sua posi\u00e7\u00e3o sobre o Acordo de Associa\u00e7\u00e3o. Foi o primeiro-ministro, Mykola Azarov, que anunciou que os preparativos foram abandonados. Em que medida a Ucr\u00e2nia est\u00e1 preparada para fazer uma outra invers\u00e3o de marcha, e como iria ser vista na UE? Creio que a Ucr\u00e2nia perdeu muita credibilidade. \u00c9 muito dif\u00edcil de prever. Assim, os preparativos para a cimeira Vilnius v\u00e3o manter-nos, a todos, suspensos.", "dateCreated": "2013-11-25T19:35:38+01:00", "dateModified": "2013-11-25T19:35:38+01:00", "datePublished": "2013-11-25T19:35:38+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F247352%2F1440x810_247352.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Ucr\u00e2nia dividida entre R\u00fassia e UE", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F247352%2F432x243_247352.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Ucrânia dividida entre Rússia e UE

Ucrânia dividida entre Rússia e UE
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

Os apoiantes de um acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia manifestaram-se, este domingo, depois do governo de Kiev ter anunciado que suspendia as negociações e que iria privilegiar os negócios com a Rússia. A capital da Ucrânia não via tantas pessoas nas ruas, desde a Revolução Laranja, em 2004. Os protestos mostram a profunda divisão que existe no seio da sociedade do país, dividido entre a herança soviética e a aproximação à União Europeia.

Há uma década que se iniciaram as negociações para uma futura integração da Ucrânia à UE. Em 2004, o segundo presidente da Ucrânia independente, Leonid Kuchma, iniciou as conversações com os homólogos europeus. A Rússia já tinha atraído três antigas repúblicas soviéticas, para um espaço económico comum.

A chegada ao poder de Yulia Tymoshenko e Viktor Yushchenko, marcou uma aproximação à Europa. Uma época marcada pelas fortes tensões com a vizinha Rússia, mas também pela incapacidade de encontrarem um acordo…

O resultado, a fação pró-Rússia regressou ao poder. O presidente Viktor Ianoukovicth não virou costas à União Europeia nem ao caminho percorrido até agora mas será sincero?

A aproximação de Kiev ao ocidente implica um afastamento do leste e da Rússia, algo que o presidente não aceita. A poucos dias de o acordo com a União Europeia Ianoukovich reuniu, secretamente, com Vladimir Putin.

Em cima da mesa estiveram potenciais represálias, caso a Ucrânia assinasse o acordo com a UE. Há muito que Putin quer que a Ucrânia faça parte da união aduaneira que mantém com Bielorrússia e o Cazaquistão.

O antigo presidente Yushchenko e outros críticos da União Aduaneira da Eurásia advertiu que único objetivo de Moscovo é apropriar-se da soberania dos países e destruir a indústria local e que, por isso, não pode qualificar-se de parceria.

No parlamento, o primeiro-ministro, Mykola Azarov, questiona: “o que compensaria os prejuízos se virássemos as costas à união aduaneira do Kremlin?”

Esta segunda-feira Bruxelas criticou a ação da Rússia e afirmou que mantém a disposição em fechar os acordos de associação e de comércio livre com a Ucrânia.

Para nos explicar a situação, temos Kataryna Wolczuk, o directora-adjunta do Centro de Estudos da Rússia e do Leste Europeu, na Universidade de Birmingham.

euronews: A Ucrânia suspendeu os preparativos do Acordo de Associação com a União Europeia. Qual é a mensagem que o governo transmite com esta decisão?

Kataryna Wolczuk: O governo ucraniano está a enviar a mensagem de que os benefícios da integração com a UE não têm sido claros e não foram comunicados, claramente, ao povo da Ucrânia. E isso é surpreendente pois as negociações duraram muitos anos, mas foram muito, muito… em vez de tecnocráticas, foram uma espécie de intergovernamentais, como muitos especialistas e dirigentes da Ucrânia envolvidos mas não com pessoas reais.

e: Isso significa que a Ucrânia tem intenções de fortalecer os laços com a Rússia?

KW:Não necessariamente. A Rússia está a investir no seu próprio regime de integração regional, chamado de União Económica da Eurásia, que é suposto ser criado em 2015. A Rússia está a esforçar-se, muito para que isso aconteça. Dito isto, a Ucrânia tem resistido, até agora, e mesmo quando suspendeu a do Acordo de Associação, disse que não era por causa da adesão à União Económica da Eurásia. A Rússia tem vindo a realizar, ao longo dos últimos dois anos, uma forte campanha contra o Acordo de Associação apelidando-o de suicida para a Ucrânia; que a Ucrânia iria comprometer-se com todas as decisões da UE, sem poder opinar e que os custos, a curto prazo, seriam muito elevados. A Rússia não só ofereceu, por exemplo, descontos nos preços do gás mas,ameaçou, também, com a aplicação de medidas punitivas contra a Ucrânia.

e: Como qualifica as grandes manifestações pró-UE, na Ucrânia, em defesa do Acordo de Associação?

KW: Os protestos são muito simbólicos. Estamos a falar de nove anos após a Revolução Laranja. O presidente da Ucrânia é quem é por culpa da Revolução Laranja. As pessoas, nos últimos três anos, ficaram muito desiludidas com o modo como as coisas têm acontecido na Ucrânia. Basta falar com as pessoas nas ruas para ver este sentimento palpável de frustração. A decisão de suspender a do Acordo de Associação tem sido exemplo, para o povo da Ucrânia, das esperanças frustradas de que a Ucrânia poderia tornar-se num país europeu normal.

e: Sem o acordo de associação com a Ucrânia, a Parceria Oriental pode ainda cumprir seu objetivo ou tem de ser degradada?

KW: Não creio que possa ser diminuída. A UE precisa de se certificar que os dois países, a Moldávia e a Geórgia, que são, a partir de hoje, os mais prováveis para o Acordo de Associação, sabem que os benefícios da integração com a Europa são imediatos e muito mais visíveis.

e: O acordo de associação com a Ucrânia poderia ter-se tornado numa das principais realizações da próxima cimeira em Vilnius. O que devemos esperar, agora, deste evento?

KW: É muito difícil dizer o que a Ucrânia vai fazer a partir de hoje. Estamos a ver que o presidente ucraniano, Yanukovich tem estado, visivelmente silencioso em relação à sua posição sobre o Acordo de Associação. Foi o primeiro-ministro, Mykola Azarov, que anunciou que os preparativos foram abandonados. Em que medida a Ucrânia está preparada para fazer uma outra inversão de marcha, e como iria ser vista na UE? Creio que a Ucrânia perdeu muita credibilidade. É muito difícil de prever. Assim, os preparativos para a cimeira Vilnius vão manter-nos, a todos, suspensos.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Suíça e Sérvia oferecem-se para acolher encontro entre Putin e Trump

Líderes da UE e Ucrânia congratulam-se com abstenção de Orbán e luz verde às negociações de adesão

Conflito na UE: veto do primeiro-ministro húngaro desafia aliança europeia