{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2013/06/17/dalia-grybauskaite-a-lituania-nao-precisa-de-um-referendo-a-entrada-na-zona-euro" }, "headline": "Dalia Grybauskaite: \u0022A Litu\u00e2nia n\u00e3o precisa de um referendo \u00e0 entrada na Zona Euro\u0022", "description": "Dalia Grybauskaite: \u0022A Litu\u00e2nia n\u00e3o precisa de um referendo \u00e0 entrada na Zona Euro\u0022", "articleBody": "Dalia Grybauskaite \u00e9 a chefe de Estado da Litu\u00e2nia, que assume a presid\u00eancia rotativa da Uni\u00e3o Europeia a 1 de Julho. 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Mas talvez a maior \u2018batata quente\u2019 seja ainda o Or\u00e7amento Europeu dos pr\u00f3ximos sete anos. Durante estes tempos dif\u00edceis, s\u00e3o precisos recursos financeiros, o mais r\u00e1pido poss\u00edvel, j\u00e1 a partir de 2014. Se houver adiamentos, isso significa que os recursos financeiros ser\u00e3o atrasados.\u201dAudrey Tilve, euronews: \u201cO que pode significar para o comum dos europeus se conseguir alcan\u00e7ar esse resultado?\u201dDalia Grybauskaite: \u201cSe conseguirmos o m\u00e1ximo poss\u00edvel \u2013 pois h\u00e1 mais de 70 programas para negociar -, a partir de 2014 podem ser iniciados novos programas, poder\u00e3o entrar novos recursos, sobretudo se estivermos a falar em termos de desemprego entre os mais jovens, que precisam de dinheiro e emprego. 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O fosso entre membros dentro e fora do Euro est\u00e1 a alargar-se\u201d.Dalia Grybauskaite: \u201cEstou um pouco contra esse argumento. \u00c9 claro que a Zona Euro pode ter a sua pr\u00f3pria governa\u00e7\u00e3o, mas o problema das dificuldades econ\u00f3micas, incluindo a crise da d\u00edvida soberana, n\u00e3o \u00e9 exclusivo da Zona Euro. Alguns pa\u00edses t\u00eam problemas, sem terem o Euro. Isso significa que \u00e9 mais geral, n\u00e3o \u00e9 uma crise do Euro, \u00e9 uma crise da d\u00edvida soberana, uma crise financeira, econ\u00f3mica, n\u00e3o necessariamente concentrada na Zona Euro.\u201dAudrey Tilve, euronews: \u201cEnt\u00e3o n\u00e3o teme que os membros sem Euro fiquem na retaguarda\u2026\u201dDalia Grybauskaite: \u201cAt\u00e9 agora isso n\u00e3o aconteceu, por isso espero que n\u00e3o seja o caso.\u201dAudrey Tilve, euronews: \u201cContinua a planear a ades\u00e3o ao Euro em 2015? Os lituanos n\u00e3o est\u00e3o entusiasmados e n\u00e3o os podemos culpar, porque n\u00e3o \u00e9 uma ideia popular de momento.\u201dDalia Grybauskaite: \u201cClaro que existem receios que possamos pagar pelos pa\u00edses pouco disciplinados e que n\u00e3o est\u00e3o a cuidar de si pr\u00f3prios como devem. Mas, para n\u00f3s, como um pequeno pa\u00eds, com uma economia bastante aberta e liberal, que j\u00e1 tem a moeda indexada ao euro, n\u00e3o haver\u00e1 flutua\u00e7\u00e3o\u2026 A pol\u00edtica monet\u00e1ria est\u00e1 fora das nossas m\u00e3os, n\u00e3o podemos desvalorizar a moeda em fun\u00e7\u00e3o das necessidades, como fazem outros pa\u00edses. 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Mas \u00e9 claro que s\u00e3o necess\u00e1rias explica\u00e7\u00f5es adicionais, sobretudo nesta situa\u00e7\u00e3o dif\u00edcil, e precisamos de falar \u00e0 popula\u00e7\u00e3o.\u201dAudrey Tilve, euronews: \u201cO seu pa\u00eds, juntamente com outros dois Estados b\u00e1lticos, aplicou programas de austeridade bastante severos, desde cedo, e o crescimento est\u00e1 de regresso. Porque \u00e9 que isso n\u00e3o funcionou na Gr\u00e9cia e na Espanha?\u201dDalia Grybauskaite: \u201cComo frisa, foi bastante duro, porque fazer pouco n\u00e3o \u00e9 suficiente. Todas estas medidas, sobretudo cortes, devem ser apenas tempor\u00e1rios. Os lituanos sentiram-nos durante dois anos, com a promessa de que compensar\u00edamos as pens\u00f5es e outros cortes e \u00e9 o que estamos a fazer. Come\u00e7\u00e1mos a recuperar apenas um ano e meio depois de uma queda de 15 por cento no PIB. 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Estamos a construir o nosso pr\u00f3prio terminal de g\u00e1s natural l\u00edquido. Estar\u00e1 terminado no fim de 2014 e, em 2015, metade das nossas necessidades estar\u00e3o cobertas pelo g\u00e1s natural l\u00edquido. Em termos de eletricidade, no in\u00edcio de 2015 teremos uma liga\u00e7\u00e3o com a Su\u00e9cia e estamos a construir uma segunda liga\u00e7\u00e3o com a Est\u00f3nia e a Finl\u00e2ndia. 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Dalia Grybauskaite: "A Lituânia não precisa de um referendo à entrada na Zona Euro"

Dalia Grybauskaite: "A Lituânia não precisa de um referendo à entrada na Zona Euro"
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Dalia Grybauskaite é a chefe de Estado da Lituânia, que assume a presidência rotativa da União Europeia a 1 de Julho. Ligada desde a primeira hora ao processo de integração do seu país e comissária europeia antes de se tornar na primeira mulher presidente da Lituânia, conhece perfeitamente as “entranhas” do bloco comunitário.

Audrey Tilve, euronews: “A presidência da União Europeia chamará as atenções sobre a Lituânia. Imagino que pretende tirar o melhor partido disso, mas seis meses é bastante curto e muitas vezes vemos que algumas ‘batatas quentes’ são adas de uma presidência para a próxima. Quais são as suas ambições? O que está disposta a alcançar?”

Dalia Grybauskaite: “É claro que, na maior parte das vezes, estamos dispostos a fazer mais do que conseguimos, porque não depende apenas da presidência, mas de todas as instituições, incluindo os Estados-membros, o Parlamento e a Comissão, parcialmente. Mas talvez a maior ‘batata quente’ seja ainda o Orçamento Europeu dos próximos sete anos. Durante estes tempos difíceis, são precisos recursos financeiros, o mais rápido possível, já a partir de 2014. Se houver adiamentos, isso significa que os recursos financeiros serão atrasados.”

Audrey Tilve, euronews: “O que pode significar para o comum dos europeus se conseguir alcançar esse resultado?”

Dalia Grybauskaite: “Se conseguirmos o máximo possível – pois há mais de 70 programas para negociar -, a partir de 2014 podem ser iniciados novos programas, poderão entrar novos recursos, sobretudo se estivermos a falar em termos de desemprego entre os mais jovens, que precisam de dinheiro e emprego. Isto vai depender da presidência, do Parlamento e dos Estados-membros.”

Audrey Tilve, euronews: “Um país de três milhões de pessoas, fora do Euro, pode influenciar a União Europeia, totalmente focada na crise na Zona Euro? Não teme ser deixada de lado?”

Dalia Grybauskaite: “Não, porque todas as principais decisões, estejam ou não predefinidas na Zona Euro, têm de ser confirmadas por vinte e oito países a partir de 1 de Julho. Isso significa que estamos a confirmar ou reconfirmar em conjunto as grandes decisões.”

Audrey Tilve, euronews: “Mas o movimento de integração está centrado na Zona Euro, onde se fala num ‘governo’ económico, cimeiras mais regulares e mudanças institucionais. O fosso entre membros dentro e fora do Euro está a alargar-se”.

Dalia Grybauskaite: “Estou um pouco contra esse argumento. É claro que a Zona Euro pode ter a sua própria governação, mas o problema das dificuldades económicas, incluindo a crise da dívida soberana, não é exclusivo da Zona Euro. Alguns países têm problemas, sem terem o Euro. Isso significa que é mais geral, não é uma crise do Euro, é uma crise da dívida soberana, uma crise financeira, económica, não necessariamente concentrada na Zona Euro.”

Audrey Tilve, euronews: “Então não teme que os membros sem Euro fiquem na retaguarda…”

Dalia Grybauskaite: “Até agora isso não aconteceu, por isso espero que não seja o caso.”

Audrey Tilve, euronews: “Continua a planear a adesão ao Euro em 2015? Os lituanos não estão entusiasmados e não os podemos culpar, porque não é uma ideia popular de momento.”

Dalia Grybauskaite: “Claro que existem receios que possamos pagar pelos países pouco disciplinados e que não estão a cuidar de si próprios como devem. Mas, para nós, como um pequeno país, com uma economia bastante aberta e liberal, que já tem a moeda indexada ao euro, não haverá flutuação… A política monetária está fora das nossas mãos, não podemos desvalorizar a moeda em função das necessidades, como fazem outros países. Na realidade, é como se já tivéssemos o Euro, com todas as obrigações mas não todos os direitos.”

Audrey Tilve, euronews: “Avançaria, mesmo com o apoio de apenas um terço da população?”

Dalia Grybauskaite: “Tentaremos explicar à população.”

Audrey Tilve, euronews: “Colocaria a questão em referendo? A Polónia está a pensar nisso…”

Dalia Grybauskaite: “Não, não penso que seja necessária uma consulta popular. Em 2004 a Lituânia teve um referendo acerca da entrada na União e o nosso tratado de adesão explicita que, assim que a Lituânia estiver preparada, vai entrar na Zona Euro. Isso significa que já tivemos o apoio em referendo. Mas é claro que são necessárias explicações adicionais, sobretudo nesta situação difícil, e precisamos de falar à população.”

Audrey Tilve, euronews: “O seu país, juntamente com outros dois Estados bálticos, aplicou programas de austeridade bastante severos, desde cedo, e o crescimento está de regresso. Porque é que isso não funcionou na Grécia e na Espanha?”

Dalia Grybauskaite: “Como frisa, foi bastante duro, porque fazer pouco não é suficiente. Todas estas medidas, sobretudo cortes, devem ser apenas temporários. Os lituanos sentiram-nos durante dois anos, com a promessa de que compensaríamos as pensões e outros cortes e é o que estamos a fazer. Começámos a recuperar apenas um ano e meio depois de uma queda de 15 por cento no PIB. Começámos a recuperar imediatamente e, por isso, as pessoas confiaram em nós, porque prometemos e cumprimos, foi temporário e estamos a compensar.”

Audrey Tilve, euronews: “Não terá funcionado porque se trata de uma pequena economia baseada nas exportações, onde o salário médio é pouco mais de 600 euros?”

Dalia Grybauskaite: “Não é só isso. Funciona porque fomos capazes de explicar à população, obter um consenso e começámos pelos políticos, incluindo-me a mim, o maior de todos. O meu salário foi reduzido em cerca de trinta por cento.”

Audrey Tilve, euronews: “Gostaria de falar agora em energia. A Lituânia depende 100 por cento do gás russo e a Gazprom obriga-vos a pagar muito mais do que aos vossos vizinhos. Poderão libertar-se desta dependência?”

Dalia Grybauskaite: “Sim. Estamos a construir o nosso próprio terminal de gás natural líquido. Estará terminado no fim de 2014 e, em 2015, metade das nossas necessidades estarão cobertas pelo gás natural líquido. Em termos de eletricidade, no início de 2015 teremos uma ligação com a Suécia e estamos a construir uma segunda ligação com a Estónia e a Finlândia. Por isso, estaremos totalmente integrados no sistema Nord Pool no fim de 2014, início de 2015.”

Audrey Tilve, euronews: “Estamos então a falar de anos e não décadas…”

Dalia Grybauskaite: “Só precisamos de sobreviver dois anos porque, como diz corretamente, agora pagamos mais cerca de trinta por cento pelo gás do que, por exemplo, a Alemanha.”

Audrey Tilve, euronews: “Esse preço alto tem muito a ver com a posição política firme face à Rússia…”

Dalia Grybauskaite: “Não é só uma posição política. É uma posição firme sobre reforma energética, também porque estamos a introduzir o terceiro conjunto de reformas energéticas na União Europeia. Estamos a tentar reduzir a nossa dependência da Rússia e é claro que eles não estão contentes.”

Audrey Tilve, euronews: “Ainda é necessária essa firmeza face à Rússia, 23 anos depois da independência?”

Dalia Grybauskaite: “Penso que o preço que pagamos mostra que a Rússia ainda usa os recursos energéticos como meio de pressão política e económica.”

Audrey Tilve, euronews: “Uma questão mais pessoal: é pouco habitual um chefe de Estado cinturão negro em karaté…”

Dalia Grybauskaite: “Isso foi quando era jovem…”

Audrey Tilve, euronews: “Pode fazer-se um paralelismo entre a política e esta arte marcial que lhe é tão familiar?”

Dalia Grybauskaite: “Penso que a arte marcial não e apenas uma questão de forma física na juventude, mas sobretudo uma filosofia de vida, uma disciplina e compromisso que se assume para atingir um objetivo. E isso e aplicável a qualquer trabalho que fazemos, incluindo política.”

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