Os ataques lançados na madrugada desta sexta-feira por Israel, contra o Irão, têm merecido a condenação de vários líderes internacionais, desde o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.
Por todo o mundo, multiplicam-se as reações ao asseverar das tensões no Médio Oriente, depois de, pelas 3:00 da madrugada desta sexta-feira, hora local (1:00 em Portugal continental) se terem registado várias explosões em Teerão orquestradas por Israel.
As investidas levadas a cabo por Israel, que se estenderam igualmente por outras zonas do país, resultaram na morte de figuras importantes da liderança militar iraniana, nomeadamente do comandante da Guarda Revolucionária, o general Hossein Salami, e do chefe do Estado-Maior iraniano, Mohammad Hossein Bagheri. Tendo atingido, além do mais, as principais instalações iranianas de enriquecimento de urânio, em Natanz.
Os bombardeamentos motivaram o Irão a retaliar, tendo sido lançados, segundo o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês), mais de 100 drones nas últimas horas, grande parte dos quais terá sido intercetada.
Após os ataques de Israel, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, disse que o atacante vai ter uma "dura punição", tendo acrescentado, em comunicado, que o "regime sionista aplicou a sua mão perversa e sangrenta num crime contra o Irão esta manhã e revelou a sua natureza vil". Esperando-lhe, por isso, concluiu, "um destino amargo".
Mas as reações aos ataques de Israel não se cingem ao Irão. Vários líderes europeus e internacionais apressaram-se a pedir uma desescalada das tensões na região.
Reino Unido: "Estabilidade deve ser a prioridade"
O líder do governo britânico, Keir Starmer, foi o primeiro líder europeu a reagir, tendo escrito no X que os "relatos destes ataques são preocupantes", instando "todas as partes a recuarem e a reduzirem urgentemente as tensões".
Considerou ainda que a "escalada não serve ninguém na região" e que este é " o momento para a contenção, a calma e o regresso à diplomacia"
Após terem sido reportados os ataques, destacou ainda que a "estabilidade no Médio Oriente deve ser a prioridade", acrescentando que o Reino Unido estava já a "envolver" os seus "parceiros no sentido de desanuviar a escalada".
Trump diz estar pronto para se defender e proteger Israel
"O Irão não pode ter a bomba nuclear e nós esperamos voltar à mesa das negociações. Veremos", declarou o presidente norte-americano Donald Trump após os ataques, citado pela Fox News.
Trump sublinhou ainda que "os Estados Unidos estão preparados para se defender e defender Israel caso o Irão responda".
Mais tarde, na rede social Truth Social, fez uma publicação onde se pode ler:
Por sua vez, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, numa publicação partilhada, também no X, pela Casa Branca, começou por deixar a garantia de que "Israel tomou medidas unilaterais contra o Irão" - e que, portanto, os Estados Unidos não estavam, de modo algum, envolvidos "em ataques contra o Irão".
Apontou ainda que Israel avisou Washington "que considera que esta ação é necessária para a sua autodefesa" e que, consequentemente, a prioridade dos Estados Unidos a por "proteger as forças americanas na região" enquanto permanece "em estreito o" com os parceiros regionais.
Tendo deixado ainda um aviso a Teerão, a propósito de uma eventual medida de retaliação que pudesse surgir: "o Irão não deve visar os interesses ou o pessoal dos EUA".
Mais tarde, em declarações à Fox News, o presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou estas mensagens, afirmando que o "Irão não pode ter uma bomba nuclear" e que, além disso, esperam "voltar à mesa das negociações", de modo a discutir o programa nuclear de Teerão.
Alemanha pede contenção a ambas as partes
Também o chanceler alemão já reagiu às investidas israelitas. De acordo com a Reuters, que cita um comunicado oficial de Friedrich Merz, disse ter sido informado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sobre os ataques perpetrados contra o Irão, durante uma chamada telefónica na manhã desta sexta-feira.
Considerou, sobre as tensões na região, que o Irão não deve desenvolver armas nucleares e, além do mais, que Israel tem o direito de se defender. No entanto, apelou "a ambas as partes para que se abstenham de tomar medidas que possam conduzir a uma nova escalada e desestabilizar toda a região”.
Informou também estar em estreita coordenação com parceiros como os Estados Unidos, o Reino Unido e França.
António Costa pede contenção e diplomacia
"Estou profundamente preocupado com os últimos acontecimentos no Médio Oriente", referiu Costa, numa mensagem divulgada nas redes sociais, na qual apelou "à contenção e à diplomacia".
O ex-primeiro-ministro apelou ainda a que seja evitada "uma nova e perigosa escalada, que desestabilizaria toda a região" do Médio Oriente.
Rutte fala em "ação unilateral" de Israel
Mark Rutte, secretário-geral da NATO, foi também uma das vozes a acusar Israel de ter tomado uma "ação unilateral", tendo pedido aos aliados do país que se mobilizem de modo a contribuir para um alívio das tensões.
Numa conferência de imprensa em Estocolmo, na Suécia, citada pela Agence -Presse (AFP), afirmou: "Penso que é agora crucial que muitos aliados, incluindo os Estados Unidos, trabalhem, neste preciso momento, para desanuviar as tensões. Sei que estão a fazer isso e penso que essa é agora a principal prioridade do dia.“
Notícias “profundamente alarmantes”, diz von der Leyen
A partir de Bruxelas, os dirigentes das instituições da União Europeia também se pronunciaram sobre a rápida evolução dos acontecimentos.
“A Europa apela a todas as partes para que usem da máxima contenção, reduzam imediatamente a escalada e se abstenham de retaliações”, afirmou Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, considerando as notícias “profundamente alarmantes”.
“Uma resolução diplomática é agora mais urgente do que nunca, a bem da estabilidade da região e da segurança global”, acrescentou von der Leyen.
Já a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, descreveu a situação como “perigosa” e afirmou que “a diplomacia continua a ser o melhor caminho a seguir”.
Itália está a acompanhar a situação e apela ao diálogo
Giorgia Meloni, a primeira-ministra de Itália, informou estar a acompanhar a evolução da situação no Irão e que convocou, para esta tarde, uma reunião por videoconferência com alguns ministros e os dirigentes dos serviços secretos nacionais.
Já o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, negou qualquer envolvimento do país nos ataques e que pretendia falar com o homólogo iraniano, Abbas Araghchi, com vista a “tentar desanuviar a tensão e regressar ao diálogo”.
Isto depois de já ter conversado com o ministro israelita responsável pela mesma pasta, Gideon Sa'ar, tendo igualmente apelado a que se tentasse evitar uma escalada na região.
Países Baixos pedem "calma"
Na mesma linha surge a reação do primeiro-ministro neerlandês, Dick Schoof.
“Ataques alarmantes no Médio Oriente”, afirmou, acrescentando: "Os Países Baixos apelam a todas as partes para que mantenham a calma e se abstenham de novos ataques e retaliações. No interesse da estabilidade na região, é necessário um desanuviamento imediato".
Outros países também reagem
Outros países apresentaram as suas primeiras reações através dos seus Ministérios dos Negócios Estrangeiros.
“A situação no Médio Oriente é profundamente preocupante e é necessário pôr fim ao ciclo de escalada militar”, afirmou a finlandesa Elina Valtonen, referindo que o pessoal da embaixada finlandesa em Teerão estava "em segurança" e continuava a trabalhar “normalmente”.
Jean-Noël Barrot, de França, afirmou que é “essencial que todos os meios diplomáticos sejam mobilizados” para reduzir as tensões crescentes, enquanto Simon Harris, da Irlanda, advertiu que “uma nova escalada traria um risco muito real de alastramento regional”.
“Seria desastroso para todos os povos da região”, disse Harris.
O novo conflito entre Israel e o Irão ocorre dois dias antes de os líderes do Grupo dos Sete (G7) se reunirem para uma cimeira de dois dias no Canadá. A agenda da cimeira deveria centrar-se na guerra da Rússia contra a Ucrânia e no sistema de comércio internacional, mas os últimos acontecimentos poderiam facilmente ter impacto na mesma.