O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, confirmou o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, este verão, revelando a extensão das operações de Israel contra os líderes militantes.
Israel assassinou, no verão ado, o líder máximo do Hamas, Ismail Haniyeh, no Irão, confirmou o ministro da Defesa, Israel Katz.
Os comentários de Katz parecem tratar-se da primeira vez que Israel reconhece ter assassinado Haniyeh, que morreu numa explosão em Teerão, em julho. A opinião generalizada era de que Israel estava por detrás da explosão, mas os dirigentes do país apenas insinuaram o seu envolvimento.
Num discurso proferido na segunda-feira, Katz referiu também que Israel matou outros líderes do Hamas e do Hezbollah, ajudou a derrubar o regime sírio de Bashar al-Assad e destruiu os sistemas de defesa antiaérea do Irão. Agora, segundo o ministro da Defesa, Israel está a concentrar as suas forças nos rebeldes Houthi do Iémen.
"Vamos atacar as infraestruturas estratégicas (dos Houthis) e cortar a cabeça aos líderes", referiu ainda.
"Tal como fizemos com Haniyeh, (Yahya) Sinwar e (Hassan) Nasrallah em Teerão, Gaza e Líbano, fá-lo-emos em Hodeida e Sanaa", disse também, referindo-se aos líderes do Hamas e do Hezbollah mortos em anteriores ataques israelitas.
Quem era Ismail Haniyeh?
Haniyeh, de 62 anos, foi o líder da ala política do Hamas e uma figura proeminente da organização durante décadas.
Em julho, observadores afirmaram que a morte de Haniyeh tinha sido um golpe significativo para o Hamas, numa altura em que as tensões no Médio Oriente se agravavam devido à guerra devastadora em Gaza e levantavam questões sobre o futuro das negociações entre o grupo militante e Israel.
Nos últimos anos, Haniyeh dirigiu o gabinete político do grupo a partir do exílio no Catar, mas a sua carreira estende-se por décadas.
Nascido a 29 de janeiro de 1963 no campo de refugiados de al-Shati, na Faixa de Gaza, Haniyeh iniciou a carreira política em estreita ligação com o fundador do Hamas, o xeque Ahmed Yassin, juntando-se ao grupo paramilitar durante a Primeira Intifada, no final da década de 1980.
Apelidado de Abu al-Abd, foi nomeado membro da equipa secreta de "liderança coletiva" em 2004, depois de o xeque Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi - os dois anteriores líderes do Hamas - terem sido mortos por Israel.
Na sequência do ataque de 7 de outubro ao território de Israel, em que combatentes do Hamas mataram pelo menos 1.200 pessoas e fizeram mais de 200 reféns, Haniyeh tornou-se uma figura-chave nas negociações para pôr fim à guerra que se seguiu na Faixa de Gaza.
No entanto, os funcionários israelitas responsabilizaram-no várias vezes pelo fracasso das conversações de paz e culparam-no por se recusar a libertar os reféns ainda vivos em cativeiro em Gaza.
Apesar de ocupar uma posição de liderança, Haniyeh enfrentou a sua quota-parte de críticas no seio do Hamas em mais de uma ocasião desde o início da guerra.
Houve relatos de desentendimentos entre ele e Sinwar, líder militar do Hamas em Gaza que foi morto por Israel em outubro, tanto sobre a abordagem a tomar nas negociações do cessar-fogo, como sobre a estratégia militar.
Em abril, a polícia israelita deteve uma das irmãs de Haniyeh por suspeita de ter ligações a membros do movimento. Pouco tempo depois, três dos seus filhos e quatro dos seus netos foram mortos em ataques aéreos israelitas.